quarta-feira, novembro 30, 2005

Mas espera aí!



É a segunda vez esta semana que um voluntário de uma daquelas organizações que tenta prevenir a SIDA junto das pessoas me entrega um saco com material informativo sobre a doença, uma fita vermelha e um preservativo. Quererão lembrar-me que ando a falhar nalguma coisa, ao entregar-me algo para o qual, neste momento, não posso dar a mínima utilidade? Senti que me passaram um atestado de incompetência....

Faz hoje anos...


... que morreram uns quarenta e tal gajos, entre os quais o Álvaro de Campos, o Ricardo Reis, o Alberto Caeiro, o Bernardo Soares, o Fernando Pessoa...

À descarada...



O último anúncio publicitário da SIC é, talvez, um dos maiores roubos intelectuais dos últimos tempos no nosso País, que já de si está habituado a ser constante placo de apropriação de ideias de outrém e em declará-las como suas.
Neste caso, temos a voz da estação, de que agora não me lembro o nome, a gravar o último spot da SIC, que consiste em apregoar um canal de televisão viraod para o século XXI, com grandes séries e filmes. O homem lá vai desfinado chavões costumeiros da publicidade televisiva: "um furacão de prazer", "uma batalha de audiências", "Uma guerra pela qualidade"; e o funcionário de sonoplastia que está a gravar está sempre a corrigi-lo: "Não é uma guerra"; "Mas qual batalha? A gente até gosta disto", e afins. Quem vê aquilo, acha muita piada. E teria, se fosse verdadeiramente original.
O problema é que este anúncio é praticamente decalcado do modelo do teaser-trailer da fita "Comedian", de Christina Charles, documentário que segue a carreira de Jerry Seinfeld por bares de stand-up após o sucesso mundial da sua série televisiva. O teaser apresenta a conhecida voz da garnde parte dos trailers de filmes norte-americanos a aplicar chavões ao suposto trailer de "Comedian".
Isto é um aproveitamento descarado de uma boa ideia, à custa da falta de informação das pessoas. A SIC de Penim veio para revolucionar, é certo; mas pelos vistos, para plagiar também. Prevê-se um "CSI - Lisboa", o "Lost" em versão portuguesa anunciado neste blog irá mesmo avançar, mas com o elenco d' "O crime do padre Amaro" e palpita-me que "Duarte e companhia terá versão 2006, com Rodrigo Guedes de Carvalho, herman José e Fátima Lopes.

Pensamentos

Nestes últimos dias, e sem saber bem porquê, dei por mim a pensar numa frase famosa de Blaise Pascal: "O maior drama do Homem é poder fazer tão pouco por aqueles que ama." E concluo que o homem tinha razão, mesmo tendo vivido há 4 séculos, o que significa que o ser humano, como pessoa sentimenatl, não mudou tanto assim. Claro que a frase se pode entender em dois sentidos. Por um lado, que por mais que amemos uma pessoa ou que simplesmente lhe queiramos bem, nunca poderemos fazer tudo aquilo que queremos para lhe tornar a vida mais feliz, seja lá a felicidade o que for (para mim, às vezes, a felicidade é apenas um cobertor e uma boa série de televisão; mas noutras vezes, ter uma brutal morenaça em roupa interior para fazer os meus desejos e respondendo-me à dúvida de porque é que quando uma mulher me passa a língua pelas orelhas, eu começo logo a enrolar as palavras e a perder coerência de discurso já pode ser considerado algo bastante aceitável). Por outro, por mais que gostemos da pessoa, temos de considerar a possibilidade de que a pessoa não nos ache assim tanta piada e que a estima e a amizade que temos por ela pode ser mesmo um caminho de uma via e sem grande retribuição do outro lado.
Parece algo masoquista, mas acontece. Por isso acho piada quando se diz que só é mau quem faz trai os amigos e lhes faz trinta por uma linha (sendo que estes trinta por uam linha são coisas tipo roubar-lhe a namorada, decepar-lçhe membros, queimar-lhe o carro, insultá-lo ou fazê-lo ouvir durante uma noite inteira toda a discografia dos NIckelback). Acho que quem tem amigos que gostam dele/a e os trata desta maneira tem também um certo fundo de malvadez em si. Uma malvadez mais requintada e questionável, mas ainda assim malvadez, quiçá crueldade. Conscientemente ou incoscientemente, todos somos assim. Todos temos pessoas que gostam realmente de nós, mas a quem não damos grande importância e a quem não permitimmos a entrada no noss círuclo mais interno de amigos. Curiosamente, alguns a quem às vezes oferecemos esse bilhete acabam por se revelar grandes desilusões, mesmo com os avisos do noso cão que ladra furiosamente quando eles estão presentes. É curioso como os animais julgam melhro as pessoas que os próprios seres humanos.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Faz anos hoje...





... e eu votava nele para Presidente!

domingo, novembro 27, 2005

Coisas tristes

Por força do trauma, só agora coloco aqui aquele que se rá conhecido num futuro a médiuo prazo como um dos piores onzes titulares que o Benfica terá utilizado num jogo oficial nos últimos dez anos:

JOGO: LILLE SC X SL BENFICA

BENFICA

Guarda-redes: Quim

Defesas: Ricardo Rocha, Luisão, Anderson, Alcides

Médios: Léo, Beto, Petit, Nélson

Avançados: Miccoli, Nuno Gomes

sexta-feira, novembro 25, 2005

E ninguem se lembra...


A maior parte dos portugueses foi acometida hoje de uma amnésia colectiva, mas neste 25 de Novembro faz 30 anos de que o país esteve para descambar e a entrar em guerra civil, com a ajuda dos paraquedistas de Tancos e a malta mais revolucionária do PCP. O estranho é como um dos momentos mais quentes da nossa história moderna é assim votado ao esquecimento. Valeu-nos a RTP, com a exibição de curtas, mas informativas reportagens sobre os momentos chaves desse Verão Quente que conduziu ao golpe do 25 de Novembro. Porra, isto podia ter virado a União Soviética! OK, piada sem qualquer base científica e merecedora de um raspanete por qualquer um dos meus professores de Mestrado...

Pêsames




O blog pára num sentido minuto de silêncio para prestar a homenagem ao sensei de todos nós: morreu Pat Morita, o Mr Myagi de Karate Kid. Rest in peace!

"Wan on... Wax off!"

quarta-feira, novembro 23, 2005

A minha vida amorosa é tão má...

... tão má, tão má, quando me perguntam como é que ela anda, a única que resposta que posso dar é "Qual vida amorosa?"

O meu álbum




O álbum que mais marcou a minha vida, e ainda continua a marcar, é "Nimrod", dos norte-americanos Green Day. A banda de Oakland, California, conseguiu gravar um disco que parece feito especialmente para mim e para a minha personalidade, além de, musicalmente, ser muito bom. Todas as letras, o tom das músicas, são meus. Acho que a certa altura, deixou de ser o álbum dos Green Day e passou a ser "o meu álbum". Desde a clássica "Time of your life" passando por uma arrojada abordagem instrumental chamada "Last ride in", que acaba por ser uma reflexão sobre a morte e o que há para além dela, e acabando em hinos de homens que se vestem de mulheres como "King for a day", é um álbum rock, mas em que cada canção soa diferente do anterior e onde a arte de Billie Joe Armstrong escrever versos que condensam no mínimo uma grande quantidade de sentimentos vem ao de cima. Fica aqui o alinhamento do álbum e a letra de uma canção que, em muitos momentos da minha vida, é o discurso que faço para mim mesmo.

1. Nice Guys Finish Last
2. Hitchin' A Ride
3. Grouch
4. Redundant
5. Scattered
6. All the time
7. Worry rock
8. Platypus (I Hate You)
9. Uptight
10. Last ride in
11. Jinx
12. Haushinka
13. Walking alone
14. Reject
15. Take back
16. King for a day
17. Good Riddance (Time Of Your Life)
18. Prosthetic Head

"WALKING ALONE"

Come together like a foot in a shoe
Only this time I think I stuck my foot in my mouth.
Thinking out loud and acting in vain.
Knocking over anyone that stands in my way.
Sometimes I need to apologize.
Sometimes I need to admit that I ain't right.
Sometimes I should just keep my mouth shut, or only say hello.
Sometimes I still feel I'm walking alone.
Walk on eggshells on my old stomping ground,
Yet there's really no one left, that's hanging around.
Isn't that another familiar face?
Too drunk to figure out they're fading away.

terça-feira, novembro 22, 2005

Algo para rir...




Há quem diga que a forma como Portugal e os portugueses tratam a cultura é um dos defeitos da nossa sociedade. Eu cá até acho o contrário, que é uma grande benção. Em que outro lugar podeira eu comprar uma edição especial de Taxi Driver, um clássico do cinema realizado por Martin Scorsese, por menos de 10 euros? Só num país onde o que é bom não é valorizado pelo preço que lhe dão! E o Alien vs Predator continua acima dos 22 euros!

Gostar de alguém

Gostar de alguém é às vezes tudo menos gostoso, principalmente se a outra pessoa não sente o mesmo que nós e nem podemos fazer grande coisa em relação isso. Apenas olhar para ela, com um ar meio catatónico e sentir um pequeno desespero a comer-nos cá dentro. É bem triste, e damos por nós a faezr figuras patetas, não tanto para os outros, mas para nós próprios. Além disso, todo o tipo de ideias peregrinas passam pela nossa mente e começamos a duvidar de nós próprios de uma maneira que roça a auto-comiseração. É por isso, que na sua generalidade, detesto gostar de alguém. Dá-me vontade de partir loiça, tal é a frustração que sinto. Ando sempre de tal maneira que não caibo em mim, mas não é de alegria: é de tristeza.
Fico irritado, marado, descontrolado, deprimido, em baixo, morto, triste, incontrolável, intratável, ácido, cínico, demasiado sarcástico, anti-social, fechado em mim mesmo e para os outros, palerma, parvo, estúpido. Fico diferente, para pior. Tudo aquilo que eu sou e queor mostrar não consigo. Perco-me. E acabou mesmo antes de ter começado.
E eu fico assim como estou agora: em lamentos e com vontade de chorar.

segunda-feira, novembro 21, 2005

O nome diz tudo



Li uma entrevista, já numa revista antiga, em que Camilo de Oliveira responde aos seus críticos com o facto de ele já ter chegado à gloriosa categoria onde apenas o primeio nome já o define. Se as pessoas disserem Camilo, toda a gente se lembra dele.
Começo a pensar então que outras pessoas englobadas nesse grupo restrito são o Ossama, o Adolf, o Mao ou o Benito e não sei se me ria do Camilo ou se tenha simplesmente pena dele...

Ideia algo parva

O melhor tempo para eu estar apaixonado são os 15 segundos inicias em que me apercebo que gosto da rapariga e fico um bocado abananado, sem nada na cabeça, a sonhar e em ilusão colossal. O restante tempo é uma roda viva de insegurança, pessimismo e auto-estima que me leva ao ponto mais baixo da depressão. Por isso, se me apaixono, estou triste; se não me apaixono, estou cabisbaixo. Mal por mal, prefio viver iludido.

O maior drama da amizade

Uma das muitas boas razões para se ter um amigo é podermos partilhar com ele coisas muito nossas, muito íntimas. Mas não será errado fazer isso se o pertubamos com as nossas ideias? Será isso amizade ou egoísmo?

Relatividade

Gostar de uma rapariga que não gosta de nós é uma coisa má; mas viver em África e morrer à fome é bem pior.

Sugestão

Um tributo a um blog incrível, indispensável a revivalistas como eu: www.caderneta-da-bola.blogspot.com é um fbuloso tratado de mmeória futebolísitica, recuperando as velhas glórias esquecidas dos pequenos e grandes cluibes portugueses na década de 90. Desde míticos jogadores que todos recordamos (que saudades de um Karoglan, de um Cacioli, do grande Toniño ou ainda o incontornável mauro Airez) a momentos que ficaram de imediato para a história (o pé torcido de Jokanovic, num famoso União da Madeira, culpa do tobaguenho Latapy ou o estranho episódio da camisola de Kmet após um momeumental golo frente ao Bahrein), nada falha, ainda por cima traduzido por um português e um estilo simplesmente deliciosos, dignos das grandes crónicas. Um must a não perder!

Frases para qualquer ocasião




O maior auotr de punch-lines ou quotations que existe no mundo inteiro é Woody Allen e quem diz o contrário é tolo. A sua inteligência e o sue humor sarcásticoi, cínio e recheado de non-sense sobressai em qualquer uma das suas frases. Por isso, este blog vai fazer serviço público e compilar algumas da melhores frases e diálogos de Woddy Allen, para usar em qualquer ocasião que o leitor necessite. Desde a fila para pagar os impostos até àquela discussão com o seu namorado/a ou marido/esposa acerca do facto de os cortinados estarem todos cheios de nódoas, porque ambos descobriram que não existe diversão sexual totalmente limpa, este post servirá uma panóplia de situações. Como este é um blog de respeito, está óbvio que se evitarão traduções...

"Human Beings are divided into mind and body. The mind embraces all the nobler aspirations, like poetry and philosophy, but the body has all the fun."

"I don't want to achieve immortality through my work, I want to achieve it by not dying."

"For some reason I'm more appreciated in France than I am back home. The subtitles must be incredibly good."

"Join the army, see the world, meet interesting people - and kill 'em."

"If only God would give me some clear sign! Like making a large deposit in my name at a Swiss bank."

"Is sex dirty? Only if it's done right."

"That sex was the most fun I ever had without laughing."

"My love life is terrible. The last time I was inside a woman was when I visited the Statue of Liberty."

"Love is the answer - but while you're waiting for the answer, sex raises some pretty interesting questions."

"I was thrown out of college for cheating on the metaphysics exam: I looked into the soul of another boy."

"A fast word about oral contraception. I asked a girl to sleep with me and she said 'no'."

"And my parents finally realize that I'm kidnapped and they snap into action immediately: they rent out my room."

"Bisexuality immediately doubles your chances for a date on Saturday night."

"I'm astounded by people who want to 'know' the universe when it's so hard to find your way around Chinatown."

"The only time my wife and I had a simultaneous orgasm was when the judge signed the divorce papers."

"Sex between 2 people is a beautiful thing. Between 5, it's fantastic."

domingo, novembro 20, 2005

"Once more, with feeling"




Tive o prazer de assistir hoje a um dos momentos mais criativos da televisão recente, englobado numa série que já por si é um poço de imaginação e estilo: o episódio "Once more, with feeling", de "Buffy, the vampire slayer". Embora inserido na trama greal da série e na sua temática, é em si um musical, filmado como se de um da MGM se tratasse, que dura uma hora, onde um demónio que parece saído da Broadway faz com que as pessoas desatem a dançar e cantar desenfreadamente o que lhe vai na alma, o que no caso das personagens da série inclui os segredos e medos que escondem dos outros.
Joss Whedon, criador da série (e de "Firefly", outra série de que se falará também noutro dia...) e um dos homens mais pujantemente criativos da televisão norte-americana, faz tudo com um coolness impecável e um sentido de nostalgia e homenagem aos velhos musicais do cinema, aplicando a uma linguagem que, actualmente, está mais irrequieta e arrojada que o próprio cinema.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Incompletas

Se há coisa que eu tenho a mais no meu computador, são histórias incompletas. Começo-as, acho-as uma grande ideia e depois a minha vontade vai esmorecendo Sei que está errado, mas eu estou a tentar ganhar a luta contra a minha própria natureza. Este é um excerto de uma, que ainda não tem título:

O acontecimento daquela noite fez com que Xavier se perdesse ainda mais nos dias que se seguiram. No trabalho, não se conseguia concentrar e os colegas já o haviam alertado para isso, pois cada um dependia do trabalho do outro e ele não se podia distrair; as horas de refeição eram passadas a olhar o infinito, procurando respostas, pouco ligando ao que o alimentava e é melhor nem falar do tempo livre: a rotina estelar passava para um segundo plano, quando a dúvida e a curiosidade lhe consumiam as noites no terraço do prédio. Quem seria aquela pessoa que, vinda do nada, parecia compreendê-lo? Saberia realmente ela as dúvidas que dançavam no seu cérebro? As perguntas primordiais: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que é a vida e o que é a morte? O que será o futuro e o porquê de um passado que todos têm, mas poucos compreendem os motivos pelos quais os acontecimentos se sucederam; tantas dúvidas...
Passou-se entretanto uma semana; num sábado de manhã, Xavier saía de casa, para ir às compras. Ao abrir a porta, teve novamente uma surpresa: um seta pintada no chão. Apontava para as escadas que seguiam para cima. Podia ter muito bem virado as costas e não ligado mais à brincadeira, mas o seu íntimo dizia-lhe para arriscar e seguir. Por isso, pôs-se a subir, encontrando outras setas pelo caminho. O objectivo era, surpreendentemente, o seu terraço. Antes de abrir a porta, mediu bem o que ia fazer. A partir dali, não voltaria atrás. Respirou fundo e preparou-se para conhecer o que lhe atiçara a curiosidade.
Do outro lado, em pé, à beira do edifício, estava uma figura virada de costas para ele. pelo aspecto, devia ser uma mulher. Foi-se aproximando, pensando na melhor frase para quebrar o gelo, mas ela antecipou-se-lhe:
- Já se perguntou porque é que o céu é azul?
Perguntou sem o olhar, nem sequer se virar na sua direcção. Xavier baqueou, ficou sem saber o que dizer. Mais uma vez, ela interrompeu o silêncio.
- Se acreditarmos em Deus, podemos dizer que ele escolheu essa cor na sua paleta pois esta lhe era mais conveniente; se formos científicos, podemos afirmar que é a uma mistura de gases que deve esta coloração; se ficarmos na nossa, podemos inventar. Eu cá acho que um dia alguém decidiu ver assim o céu e, de súbito, toda a gente passou a partilhar essa visão. Vemos aquilo que somos ditos para ver, o que não quer dizer que aquilo que fica nos nossos olhos seja realmente a verdade das coisas. E você? Qual acha que é a verdade?
Não ousou dizer o que quer que fosse, com medo de errar. Ela leu-lhe os pensamentos.
- Eu sei que tem medo, é natural, ainda não nos conhecemos bem. Mas você vai perder esse receio. Eu também moro no edifício, mas você nunca me viu, apesar de eu já o espiar há algum tempo. Sei das suas inquietações, sei que vem aqui todas as noites procurando respostas e encontrando ainda mais perguntas. Não lhe trago nada disso, por agora, apenas uma proposta: já ouviu falar de Santiago de Compostela?
- Sim... - disse, quase com medo de falhar. Aquela mulher deixava-o desconfortável - É uma cidade na Galiza.
- Essa perspectiva é muito, muito redutora. A cidade de Santiago é um importante centro de peregrinação desde a Idade Média, pois é lá que estão sepultados os restos do mártir S. Tiago, que mais tarde se viria a tornar numa importante referência sagrada para a Reconquista cristã. Ainda hoje é um dos centros católicos da Europa, juntamente com santuários como Fátima, Lourdes ou Cracóvia.
- Onde é que a senhora quer chegar com isso?
- Faço parte de um grupo que todos os anos faz peregrinações até Santiago e de cada vez que lá vai, tenta recrutar novos membros, novos companheiros de viagem. É por isso que me estou a dirigir a si: quero que nos acompanhe.
- Ainda falta muito para o próximo Verão, acho que tenho tempo de sobra para pensar.
Ela ri. Xavier não percebe, mas é elucidado.
- Qual Verão, nós partimos depois de amanhã. Decida-se.
- Depois de amanhã? Mas eu tenho um emprego, eu trabalho, vocês não?
- O que é que você acha? Bem, dou-lhe até hoje à noite para se decidir. Não se dê ao trabalho de me procurar, eu telefono-lhe.
Finalmente, ela sai da beira do edifício e passa por ele.
- Não seja burro ao ponto de o destino lhe mostrar o caminho da felicidade até ao fim dos seus dias e você não o seguir.
Depois, sai do terraço e desapareceu da vista de Xavier, que, com aqueles primeiros esclarecimentos, ficou ainda mais confuso do que estava

Seriedade

E agora espaço para alguma seriedade: em homenagem às hras que passei fechado numa sala da Universidade hoje, deixo um excerto do meu trabalho de seminário do ano passado, sobre as razízes ocultistas do Partido Nazi.



Uma história que define bem a diferente percepção do mundo que os Nazis tinham da nossa é contada pelo massagista de Heinrich Himmler, o doutor Kersten. Conta ele que, numa manhã de Inverno de 1942, entra-lhe o seu famoso paciente no seu consultório. Vinha triste e acabrunhado, tendo-se virado para o doutor dizendo: “Caro senhor, estou numa terrível angústia.” Kersten tremeu: estaria Himmler a começar a duvidar da vitória? Obviamente que não. Começou a sessão de massagens e Himmler explicou calmamente o seu problema: Hitler compreendera que não haveria paz na Terra enquanto continuasse com vida um único judeu que fosse… Ordenara então a Himmler que liquidasse imediatamente todos os judeus em poder dos Nazis. Tendo-se calado de seguida, Kersten pareceu vislumbrar um sentimento positivo pelas palavras do líder das S.S, no mestre da Ordem Negra, talvez piedade por todas aquelas almas. Disse esperançosamente: “Sim, sim, sei que no fundo da sua consciência não aprova essa atrocidade… Compreendo a sua tristeza horrível.” A resposta de Himmler deixou Kersten aterrado: “Mas não se trata disso! De forma nenhuma! Não está a perceber!” Ele lá lhe explicou o que o afligia: o Fuhrer pedia-lhe que suprimisse milhões de pessoas de imediato. Era uma tarefa extenuante e Himmler estava sobrecarregado de trabalho nas S.S. Era desumano exigir um redobrar de esforços. Fora o que lhe dera a entender, Mas Hitler não ficara satisfeito, ficara furioso e Himmler arrependia-se agora de ter sido egoísta naquele momento.
Para Himmler, portanto, o problema não era o de ordem moral e de direitos humanos: era apenas o da sobrecarga do trabalho e do facto de ter desiludido o seu líder bem amado. O caminho que leva um ser humano a encarar a morte de outros como um número e não na sua verdadeira percepção é aberrante. Embora nos permita compreender a maneira como os Nazis puderam contemplar e executar a chamada “Solução final”, não explica cabalmente todo esse horror. O objectivo deste trabalho não é, de forma alguma, explicar definitivamente o que terá precipitado os eventos que decorreram durante o regime nazi, ou mesmo a sua ideologia. Assume-se apenas como um ponto de vista alternativo, que tentou provar a influência estrangeira, mais que nacional, na ideologia nazi, mostrando de facto a permeabilidade das ideologias nacionais, por mais arreigadas que elas sejam e também os pontos de união que por vezes existem em mitologias de países geográfica e culturalmente diferentes.
Poderia continuar a referir outros pormenores bizarros da curta história do regime nazi. Por exemplo, quando, em 1943, Mussolini cai, o Fuhrer reúne numa vivenda dos arredores de Berlim os seis maiores ocultistas da Alemanha para descobrir o local onde o Duce está prisioneiro. Este interesse pela astrologia não é nada de novo: o próprio Hitler acreditava que era médium. Além disso, acreditava em sinais dos astros e no destino. Ele conhecia o que uma astróloga inglesa chamada Elsbeth Ebertin tinha escrito num almanaque intitulado A glimpse into the future: “Um homem de acção nascido a 20 de Abril de 1889, com o Sol a 29º de Áries na altura do seu nascimento, pode expor-se a perigo pessoal por acções excessivamente impetuosas e, segundo todas as improbabilidades, despoletará uma crise incontrolável. As suas constelações mostram que este homem deve ser tomado seriamente. Está destinado a desempenhar o papel de Fuhrer em futuras batalhas…” Hitler nasceu na referida data e em 1923, ano do almanaque, dá-se o Putsch da cervejaria, em Munique. É de facto de uma coincidência arrepiante, mas Hitler acreditava que não havia coincidências. Brannau-Inn, terra natal de Hitler, era aliás, um viveiro de médiuns, ou pseudo-médiuns. O próprio Hitler afirmava ter tido um sonho premonitório, quando combatera durante a 1ª Guerra Mundial, ao sonhar que se encontrava soterrado de destroços de aço e lama. Ao acordar, ergueu-se temerosamente e entrou em terra de ninguém, apenas para ver a caserna onde estava ser atingida por fogo inimigo. Verdade ou não, mostra pelo menos a predisposição do líder do Partido Nazi para aceitar um lado alternativo e oculto da vivência humana.
Acredite-se ou não nesse lado oculto, ou em qualquer uma das influencies externas que referi ao longo do trabalho, o certo é que o Nazismo continua a ser algo que não sai do nosso quotidiano e que continua no seu mistério a fazer os cientistas pensarem, ou a fazer alguns escritores sensacionalistas inventarem numerosas teorias absurdas sobre a figura de Hitler e o funcionamento do Partido. No entanto, a pior herança do Nazismo acaba por ser a da memória: a palavra nazi tem hoje a pior das conotações e a única acção efectuada para tentar clarificar o funcionamento do regime nazi e punir os culpados de crimes contra a humanidade, os famosos juramentos de Nuremberga, acabaram por ter um saldo negativo. Primeiro, a nível de conhecimento do que era o Nazismo, pois muitos dos réus nem sequer admitiram a sua culpa (porque, tendo em conta a sua mundividência, deviam acreditar mesmo que não eram culpados); segundo, a nível legal: calcula-se que 100 000 alemães estiveram envolvidos nas execuções, mas desse número, apenas metade foi capturado, e pouco mais de 5000 julgados e condenados. Destes, 818 forma condenados à morte e 489 executados. É muito pobre o saldo de justiça da humanidade. A perseguição a estes criminosos continuou, mas resultou apenas num punhado de capturas importantes, como sejam as de Adolph Eichman (o mentor do processo da Solução final) e Klaus Barbie (o carniceiro de Bordéus), sendo que homens como Martin Borman e Joseph Mengele ou nunca forma capturados ou a alegação da sua morte deixa algumas dúvidas.
Na verdade, qualquer ideia absurda que surja sobre o Nazismo tem sucesso por causa disso: o folclore e mística nazis são muito engraçados quando explicados de maneira romanceada, mas pouca gente o tenta abordar seriamente. Aliás não só o folclore, como todo o movimento nazi. Isto porque a humanidade tem um talento muito próprio para aplicar em si própria, uma amnésia selectiva que ignora os problemas do seu passado histórico. No fundo, em relação ao nazismo, nenhum de nós se quer lembrar. Apenas esquecer.

Tens medo de crescer?




Estás com razão! Ouve o que o tio Billie Joe tem para te dizer!

I was a young boy that had big plans.
Now I'm just another shitty old man.
I don't have fun and I hate everything.
The world owes me, so fuck you.

Glory days don't mean shit to me.
I drank a six pack of apathy.
Life's a bitch and so am I.
The world owes me, so fuck you.

Wasted youth and a fistful of ideals.
I had a young and optimisitic point of view.
Wasted youth and a fistful of ideals.
I had a young and optimisitic point of view.

I've decomposed, yet my gut's getting fat.
Oh my god I'm turning out like my dad.
im always rude ive got a bad attitude.
The world owes me, so fuck you.

The wife's a nag and the kid's fucking up.
I don't have sex `cause i can't get it up.
im just a grouch sitting on the couch.
The world owes me, so fuck you.

Wasted youth and a fistful of ideals.
I had a young and optimisitic point of view.
Wasted youth and a fistful of ideals.
I had a young and optimisitic point of view.

I was a young boy that had big plans.
Now I'm just another shitty old man.
I don't have fun and I hate everything.
The world owes me, so fuck you.

Glory days don't mean shit to me.
I drank a six pack of apathy.
Life's a bitch and so am I.
The worlds owes me, so fuck you.
The world owes me, so fuck you.
The world owes me, so fuck you.

Dores sem cura à vista

O problema do arrependimento está no próprio conceito: quando arrependemo-nos do que dizemos, só podemos fazer isso mesmo, arrependermo-nos; e às vezes, quando nos arrependemos, ficamos mais tarde a arrependermo-nos de nos termos arrependido.

Dedos




Sabe bem descobrir coisas novas: o pianista Ludovico Einaudi era um músico de que já ouvira falar, mas de quem nunca ouvira nada. Consegui finalmente pôr as mãos num álbum dele, intitulado "Una mattina" e devo dizer que é a minha banda sonora do momento. É muito simples, Einaudi fala através de um piano (algumas vezes acompanhado por um violino) e eu inclino-me para ouvir o que tel ele para dizer. A música é leve, e Einaudi parece tocar piano com a mesma gentileza que eu gostava que me lavassem o cabelo. É bom saber que música intaliana actual não redunda apenas no Eros Ramazotti e em Laura Pausini...

Já que se falou aqui em palermices...





A melhor da semana, para mim, vem de uma conversa que estava a ter com uma amiga. Discutíamos séries de televisão e eu referi que "Seinfeld", a divinal sitcom criada por Larry David e Jerry Seinfeld, era um marco na história da comédia televisiva. Ela engelhou o nariz e disse que não gostava.
A partir desse momento, lancei-me numa emocionante arengada, argumentando que a série tinha sido pioneira ao pegar nas relações humanas e na forma como estas se processam, desconstruindo-as e ridicularizando aqueles pequenos pormenores nelas que nao fazem grande sentido. Ter um conceito destes em comédia televisiva é algo bastante arrojado e "Seinfeld" conseguia-o tornar extremamente divertido, agradando ao apelo intelectual e de massas, fazendo com que fosse umas das séries mais madas dos anos 90.
Toda a minha tentativa de intelectualizar o meu gosto caiu por terra quando ela ripostou: "Pois, se calhar. mas eu não percebo. Aliás, há séries cómicas portuguesas que são simples e que têm muito mais piada. Olha aquele de agora com o Camilo de Oliveira!"
Devo dizer que perante esta, me calei. Nada podia tornar o momento mais divertido. Não admira portanto que tenha ficado com a cara que acima vêem...

quinta-feira, novembro 17, 2005

Faz anos hoje...


Martin Scorsese, um dos maiorees realizadores vivos, faz anos hoje. É daquelas pessoas de quem tenho especial orgulho por partilhar o signo astrológico e gosto de pensar que dessa forma estamos próximos em talento, embora, claro, isso seja impossível. É difícil escolher uma obra, mas é um homem a quem devem um Óscar há muito (e de "Taxi Driver" a "Casino, passando por "Goodfellas" e "Raging Bull", há muito por onde escolher) e que já garantiu o seu lugar na história do cinema. Parabéns então ao realizador que fala mais rápido do que pensa!

A torneira

Escrever é como abrir uma torneira. Neste caso, a torneira são os meus dedos, que embora não se abram (o que seria assaz doloroso), deixam escorrer as palavras. Normalmente, essas palavras estão no meu cérebro, que continuando a analogia, será o reservatório. Bem, a analogia acaba por aqui, porque ao contrário do SMASC, não cobro nada a quem usa.
Mas hoje a torneira está fechada. Não sai nada. Se saísse, teria uma daquela placas a dizer "Imprópria para consumo". Estou a pensar, e quanod penso, é melhor não escrever aquilo sobre o que estou a pensar. Posso-me arrepender mais tarde, Por outras palavras, corro o risoc de me afogar.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Dramas que nem à pancada se resolvem





O drama da negação amorosa é daqueles que mais dói e já dizia a música, "No is the saddest experience you'll ever know". O que mais custa na negação amorosa é que temos uma escada feita de esperança, que começam a despedaçar por baixo sem sabermos muito bem proquê. esse mistério que é o "Não" do sexo oposto (no meu caso uma rapariga) raramente nos é desvendado. O "Não" é dito e pronto. Acabou. É inapelável e não se dão justificações. A outra pessoa é um pouco como o feiticeiro de OZ, atrás da cortina, a controlar a situação; nós acabamos por ser um dos que o visitam, à espera de respostas; e ser mantido na ignorância é a pior coisinha que se pode fazer a quem é rejeitado. Principalmente, como é o meu caso, se esse alguém for inseguro.

Porque aí a negação torna-se uma cruz pessoal pronta a carregar e levar por aí. Se já nos custava termos levado uma tampa de uma rapariga de quem gostamos a sério, começamos a interrogar-nos acerca do porquê da negativa. Começa então a maravilhosa fase de auto-comiseração, de flagelação pessoal, de um caminho neurótico do qual não há propriamente retorno: apenas umas folgas de vez em quando, para fazer uma paragem no oásis à beira da estrada. O círculo vicioso aparece: se somos inseguros, é pouco provável que alguma rapariga volte a olhar para nós com olhos de ver; sentimo-nos então cada vez mais deprimidos porque achamos que a coisa não tem remédio e damos por nós sozinhos, azedos com a vida, cínicos e achando que a coisa nunca mais tem solução.

Vamos pensando que a primeira é que custa, as outras serão menos dolorosas porque já estamos preparados para ouvir a maldita palavra. Mas não. Uma, e outra, e outra vez, é como uma punhalada que dói, mas dor a sério. Daquela que queima, que arde, que arrepia. Cada tiro, é cada melro, cada tentativa um fracasso. É então que aquela coragem natural que se tem para se avançar em frente desaparece, e fechamos a loja. Passamos a amedrontar-nos ao gostarmos de alguém, pois se queremos estar com essa pessoa de forma diferente, mais tarde ou mais cedo temos de lhe dizer o que sentimos. Mas como, se dói? Se de cada vez que fazemos dói mais que as outras? Como, se cada "Não" é como um prego que estão a enfiar no nosso caixão?

É então que o nosso drama pessoal, que apesar de forte começou pequenino, ganha contornos de cabala cósmica. A culpa deixa de ser só nossa e é partilhada por essa entidade abastracta que responde pelo nome de Destino. Muitas vezes, há quem procure Deus, não para pedir ajuda, mas para ter alguém para descarregar as culpas. Num certo sentido, todas estas artimanhas acabam por nos aliviar, pois já não temos a consciência pesada: não somos só nós que somos imprestáveis, pois algures, no sítio onde as teias do acaso são tecidas, alguém tem uma agenda de maldade preparada para nos chatear e arranja maneira de dar nós no nosso fio. Acaba por não melhorar tanto a situação, piora-a mesmo porque o facto de não arranjarmos alguém é mais trágico e impossível que aparenta (como pensar o contrário se até o Destino está contra nós?), mas por outro lado desculpabiliza-nos; e logo aí se perdem uns 10 quilos de peso (parecendo que não, a culpa não é nada levezinha).


terça-feira, novembro 15, 2005

Dilemas



Não gosto de dilemas. Aliás, qualquer coisa que me obriga a escolhas difíceis me mete medo; e o problema é que não podemos escolher se queremos ter ou não dilemas. Essa é a chamada "ironia trágica" da coisa.

Eis que pergunto:

Porque é que não consigo deixar de ser palerma? É uma doença assim tão incurável? É algo que goste assim tanto de ser? Aceitam-se sugestões.

P.S - Fica-se com a satisfaçaõ, ao menos de se saber que não se é doente sozinho... :P

Todos diferentes...

... mas no fundo, todos iguais: Koeman, Adriaanse e Paulo Bento acabam por partilhar entre si o facto de não dominarem correctamente a Lingua Portuguesa.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Os limites do humor



Há dois tipos de pessoas para quem os que gostam de mandar piadas deveriam ser encerrados numa caixa e deixados no fundo do mar: os fundamentalistas religiosos e os comunistas. Pensando bem, estes últimos até se misturam bem com os primeiros, portanto vamos fazer deles um único grupo. Os únicos fundamentalistas que eu tenho hipótese de conhecer fundamentalmente são os católicos, embora me pareça que os das restantes religiões tenham também um nível de ferocidade e de tacanhice bastante apreciável. Há uma outra coisa bastante comum entre eles: todos pensam que são mais liberais e abertos que os restantes, quando a única coisa que difere não são os seus padrões, mas sim o alcance que as suas punições podem alcançar: se um padre pode apenas excomungar ou obrigar um humorista a rezar um terço (coisas que, por si, já são bem puxadas), um imã pode mandar apedrejar alguém. Parecendo que não, ainda é um diferençazinha.

A Igreja Católica tem um historial já longo de censura e repressão a artistas e quando toca a àqueles que se atrevem a fazer pouco da instituição, é o Carmoe a Trindade. Porque podem até nem abordar as divindadesem si, mas basta chatear os homens da hierarquia e já se ganha o direito a apanhar com as chamuças da morte, de regressar ao tempo das belas fogueiras no Terreiro do Paço. Que saudosismo!, exclamaria um padre meu conhecido.

Mas a coisa que mais me espanta é que, nesta história, acabam por ser bem mais divertidos os sacerdotes e demais pessoas ligadas à Igreja Católica do que aqueles que tentam brincar com ela. Acaso alguém terá permanecido sério quando o cardeal patriarca de Lisboa, D, José Policarpo, afirmou que a a Igreja não era masculina e não tinha nada congra as mulheres? Ou quando um padre do Norte, há uns meses, bradou que era mais grave o aborto que o infanticídio, em pleno funeral de uma criança de 3 anos, assassinada dias antes? Digno de qualquer cómico de stand-up!

Por isso me irrita quando me lançam olhares reprovadores quando faço qualquer graçola ligada à religião. Fazem-me sentir como se eu estivesse a calcar território proibido. Querem-me dizer que não se pdoe brincar com a religião? Claro que se pode. Qual é o medo, não fica bem? Faz zangar Deus? E se houver um Deus lá em cima, eu, como agnóstico, prefiro a visão original da Bíblia do gajo que também comete os seus erros no Antigo Testamento (Sodoma e Gomorra, pá? Podias ter sido bem mais subtil e menos abrutalhado) e se torna num tipo fixe com aquela história de paz na Terra e amor para todos à criada pela Igreja, a do velho de barbas que brande raios lá em cima e os aponta aos pecadores e aos malvados, sendo dominado por uma misoginia doentia. Além disso, ninguém em convence que Deus, a existir, é um gajo sem sentido de humor. Acredito aliás que ele é o mais dado a rambóias que há: seria um gajo cinzentão e sisudo capaa de criar o ornitorrinco e o equidno, inspirar a Odete Santos a entrar numa revista à portuguesa e convencer o padre Broga a lançar discos?

sexta-feira, novembro 11, 2005

Preguiça

Não quero ir às aulas; e tenho! Pronto, é isto, é preciso alguma piada para amplificar a dor deste dilema?

quinta-feira, novembro 10, 2005

E as pessoas disseram:

CASTRO

Parabéns!!! Mais 1 ano... Mais responsabilidade... Mais juízo... Mais... Bem, no teu caso, simplesmente mais 1 ano! Abraço!

KATI

I know today Is the day; so Happy Birthday to you! I sent you a little envelope with something; hope you'll get it! Have an extraordinary nice day today! K

LONGUINHO

Parabéns, Bruno, tudo de bom para ti. Muita alegria, animação e muita tesão. Diverte-te!

LISA

Um dia cheio de coisas fixes pra ti! :) ai, eu tenho um dia cheio de tralhas para ir buscar e fazer :P Parabéns meus e da minha irmã :) té logo

FRANÇA

Então parabéns, pá. Não consigo dizer mais daquelas lamechices, porque dói-me a barriga. Até logo

MARIANA

PARABÉNS, B! Que o dia de hoje seja diferente e se repita por muitos e bons anos! Vê se ganhas juizo... Acho que já lá não vai, mas pronto... :) Jinhos

ISABEL

Olá, Bruno, Parabéns! Espero que tenhas passado este dia com muita alegria e felicidade. Desejo-te tudo de bom! Beijinhos!

BONDAGE, MARIA JOÃO E RAIMUNDA

Parabéns, parabéns, este é o teu dia, que dia mais feliz... Parabéns, parabéns! Beijinhos da Maria JOão, Raimunda e claro: Bondage...

quarta-feira, novembro 09, 2005

As coisas têm a importância que se lhes dá





Se é que isso interessa, eu até faço anos hoje...

segunda-feira, novembro 07, 2005

Coincidência é quando...

...estou a passar defronte da sede da IURD em Coimbra e começo a ouvir aleatoriamente no meu Discman o tema "Jesus of Suburbia", dos Green Day.

Tudo a dançar!





A propósito da minha ida, hoje de tarde, ao Centro de Emprego, nada como recuperar um tema de um dos mais divertidos autores de letras musicais da Língua Portuguesa: Gabreil, o pensador. É uma divertida sátira ao mundo dos desempregados, em versão brazuca...



Dança do Desempregado

Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E vai levando um pé na bunda vai
Vai por olho da rua e não volta nunca mais
E vai saindo vai saindo sai
Com uma mão na frente e a outra atrás
E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota a mão na carteira (Não tem nada)
E bota a mão no outro bolso (Não tem nada)
E vai abrindo a geladeira (Não tem nada)
Vai porcurar mais um emprego (Não tem nada)
E olha nos classificados (Não tem nada)
E vai batendo o desespero (Não tem nada)
E vai ficar desempregado
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E vai descendo vai descendo vai
E vai descendo até o Paraguai
E vai voltando vai voltando vai
"Muamba de primeira olhaí quem vai?"
E vai vendendo vai vendendo vai
Sobrevivendo feito camelô
E vai correndo vai correndo vai
O rapa tá chegando olhaí sujô!...
E vai rodando a bolsinha (Vai, vai!)
E vai tirando a calcinha (Vai, vai!)
E vai virando a bundinha (Vai, vai!)
E vai ganhando uma graninha
E vai vendendo o corpinho (Vai, vai!)
E vai ganhando o leitinho (Vai, vai!)
É o leitinho das crianças (Vai, vai!)
E vai entrando nessa dança
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota a mão na carteira (Não tem nada)
E não tem nada pra comer (Não tem nada)
E não tem nada a perder
E bota a mão no trinta e oito e vai devagarinho
E bota o ferro na cintura e vai no sapatinho
E vai roubar só uma vez, pra comprar feijão
E vai roubando e vai roubando e vai virar ladrão
E bota a mão na cabeça!! (É a polícia)
E joga a arma no chão
E bota as mãos nas algemas
E vai parar no camburão
E vai contando a sua história lá pro delegado
"E cala a boca vagabundo malandro safado"
E vai entrando e vai olhando o sol nascer quadrado
E vai dançando nessa dança do desempregado
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você

Homenagem a Inês de Castro: Parte I

- Boa tarde a todos. Como sabem, Inês de Castro morreu há 650 anos e isto agora anda aí num valente 31 por causa disso. Fazem-se peças, exposições, obras de arte (ou pelo menos chamam-lhe isso), discursos, inaugurações, a senhora Leontina diz que sim, o senhor Adalberto diz que não, uns chamam-lhe nomes feios, outros nomes bonitos, outros ficam obcecados e professores estagiários têm notas à custa dela; e ninguém lhe pede autorização, o que é mais grave. Isto hoje em dia dá dinheiro e a senhora está com o túmulo que parece uma lástima, caramba.
Por isso, nós decidimos fazer o impensável: comemorar a aniversariante para a festa. Já parecia de mau tom haver forrobodó e a principal convidada estar de fora. Porque de uma coisa ninguém tenha dúvidas: existe um mundo invisível. Resta saber se fica longe da Baixa e a que horas está aberto. Estão constantemente a acontecer fenómenos inexplicáveis. Um homem vê-se a voar; o outro, ouve vozes; outra, acorda em cima de uma bicicleta a descer da Alta até à Baixa de Coimbra, todo nu, com um sombrero na cabeça e um saco de serapilheira às costas. Quem de entre nós não sentiu o contacto de uma mão fria contra a nuca em sua casa? Eu não, Aida bem, mas há quem tenha. O que está por detrás dessas experiências? Ou pela frente, já que estamos a falar sobre o assunto? Será verdade que certos homens podem comunicar com fantasmas? E é possível tomar duche depois da morte?
Os fantasmas são gente que geralmente morre de forma misteriosa. O meu vizinho Alfredo, por exemplo, morreu de forma estranha, quando um tractor com arado de ferro lhe passou por cima. A mulher, um dia, viu-o à noite no quarto. Perguntou-lhe como era o outro mundo e ele respondeu-lhe que era pouco diferente da Solum. Quando ele se foi embora, atravessando uma parede, ela seguiu-o e como resultado, partiu o nariz. Outro caso que conheço é o do meu primo Josué. Ele disse-me que o espírito dele saiu do seu corpo e foi dar uma volta. Ao que parece, foi até ao Conselho de Ministros ver se eles faziam alguma coisas, mas quando começaram a jogar às adivinhas, ele logo viu que não dava em nada e veio-se embora. Depois, foi até à Cervejaria do Martelo, onde ficou a dever 60 euros; e ainda teve tempo para tocar em violino a Nona sinfonia de Beethoven com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Quando deu pelas horas, ia dar o Benfica e ele voltou para casa.
Felizmente, temos connosco um homem capaz de responder a todas as dúvidas e melhor, falar com Inês de Castro. Ele é o autor de livros como “Buu!”, “Ai que susto” “Ah ah ah – gargalhadas meio esquisitas numa noite de luar, quando passeamos por um pântano onde habitam vaga lumes, lagartos e um ou outro crocodilo, vá lá”. Connosco, o doutor Abílio Barbosa. Palmas para ele.

O universo joga aos dados...





Eu estava sentado no chão, a falar com a pessoa ao meu lado. Já nem me lembro sobre o que era, mas por muito importante que fosse o assunto, a sua pertinência desapareceu quando ela se chegou junto de nós,me tocou no ombro, e sorrindo atrapalhadamente, me perguntou num inglês razoável se que queria ir faezr um pão com ela. O cínico dentro de mim pensou primeiramente que era uma piada, e de seguida que certamente ela se enganara na pessoa. Estive tentado a dizer-lhe "desculpa, mas deves estar a confundir: as pessoas interessantes estão do outro lado do edifício", mas contive-me. Num acto que mais tarde eu classificaria como a maior parvoíce justificada que alguém cometeu, disse que sim. Levantei-me e tentei meter conversa com ela.

Só aí reparei que ela já me tinha saltado à vista. Pensando bem agora, se ela não tivesse, eu devia ser cego, ou então ter péssimo gosto em raparigas. Só não sabia o nome. Perguntei-lhe então, e ela respondeu. Ri um bocadinho, e ela perguntou porquê. Respondi-lhe que era um diminutivo de nome de emigrante, na minha língua materna. Ela também achou piada e ripostou, dizendo que o meu era comummente dado aos cães do país onde ela vinha. Engraçado, pensámos. No entanto, se calhar já desconfiávamos que a nossa estranheza não começava sequer nos nomes que nos tinham sido postos pelos nossos pais...

E foi assim que fizemos um pão. Não tenho ideia de ter ciado bem feito, mas certamente que fermentou o que crescia entre nós. Se calhar, não devia ter crescido, ma shá coisas que não se podem de todo impedir. A partir desse pão, conversámos cada vez mais, rimos um com outro, trocámos alguns olhares e aprendemos que víamos no outro as coisas que queríamos acreditar que ele tinha, e que nós gostávamos. De facto, inventámo-nos um ao outro, e foi nessa invenção que nos aprendemos a sonhar.

Daquele pedido culinário, acabámos defronte um do outro, numa estação, a perguntarmo-nos o que raio se tinha passado. Embora ambos soubéssemos falar inglês, sabíamos que não havia idioma algum que pudesse traduzir tudo o que víamos um no outro. Por isso, respondemos da única maneira que soubemos: abraçámo-nos. Nos segundos que demoraram esse abraço, apercebi-me de quão frágil ela era, e de quão pequenos eram os meus 1,87 quando se viam envolvidos na sua saudade; e foi então que me senti frágil. Como se ela, simplesmente por me abraçar, tivesse ganho o poder de me ferir simplesmente por respirar. Podia arrepender-me, mas não: senti que por fim era alguém. Quanod parámos de nos abraçar, ela beijou-me na face e falou por detrás dos óculos: "Goodbye. I hope we can see each other again." Eu, que normalmente falo pelos cotovelos, só disse: "Yes", e tudo o que não disse em palavras, ela leu-o nos meus movimentos nervosos. Sorrimos ambos um para o outro. Enquanto ela entrava no comboio, eu queria ir atrás dela, mas fui palerma e fiquei especado. Assim, o comboio arrancou e ela veio à janela dizer-me adeus. Eu respondia-lhe; e ela partiu.

Nesse momento, um rapaz na estação ficou com um ligeira impressão na barriga, como se algo andasse para cima e para baixo apenas pelo pronunciar de um simples nome, ao mesmo tempo que tentava enxguar uma alma salgada de lágrimas. Esse rapaz sou eu.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Jogo de palavras





Se há palavra que deve ser bem pesada e utilizada num filme de língua inglesa, de modo a ter o sue efeito máximo, essa palavra é o "Fuck". Em diferente sistuações, pode acentuar vários sentimentos, provocar o riso, lançar o desespero ou simplesmente enfatizar uma expressão de um personagem. Porque para além da história ser interessante ou não, as palavras que uma argumentista põe no papel guiam o espectador na trama. Autores como David Mamet ou Woody Allen, em campos diferentes, são exímios em esgrimir vocábulos e a colocá-los em folhas como se preenchessem pautas de música, e há géneros fílmicos que têm com as palavras uma forte relação (o film-noir, por exemplo).

O maior mestre do uso do "fuck" é, indubitavelmente, o actor Joe Pesci. Colaborador regular dos filems de Scorsese, ele é, juntamente com Al Pacino e Marlon Brando, o protótipo do mafioso para o espectador comum. Mas enquanto Pacio e Brando dão uma dimensão operática às suas personagens (algo potenciado também pela realizçaão de Coppola), Pesci é o homem de rua que sobe a pulso na vida e resolve as coisas com muito menos finesse e com a maior requinte de malvadez que se lembrar. Lembremos o Nicky Santoro, de "Casino", e cena com a cabeça no torno de madeira. Mas provavelmente, o melhro exemplo do uso de "fucks" por parte de Pesci esteja no filme "JFK", de OLiver Stone, com a personagem de David Ferry a abusar desta palavra até à exaustão, mas sem nunca parecer descabido. Cada fuck pronunciado por este actor arrepia-nos, ou diverte-nos, e por vezes nem nos lembramos que é um fuck ou um palavrão. Essa é a arte de Joe Pesci.

Fica também na memória, no 4º episódio da série "The wire" uma cena, de quase cinco minutos, em que dois detectives, interpretados por Frankie Faison e Dominic West desvendam uma cena de crime, usando como único diálogo vários "fucks" de espanto espalhados em momentos chave de descobrimento de um novo pormenor, ou um esporádico motherfucker, conduzindo-nos assim pela trama sem o uso de qualquer outro estratagema de argumento. Brilhante!

quarta-feira, novembro 02, 2005

Quero viver


Vou viver
Ate quando eu não sei
Que importa o que serei
Quero é viver

Amanhã
Espero sempre um amanhã
E acredito que será
Mais um prazer

A vida é sempre uma curiosidade
Que me desperta com a idade
Interessa-me o que está para vir.

E a vida
Em mim é sempre uma certeza
Que nasce da minha riqueza
Do meu prazer em descobrir
Encontrar, renovar, vou fugir ao repetir

Vai estrear...





... a versão portuguesa de "Lost", a conhecida série norte-americana. O sucesso promete ser igual à sua congénere. Gravada nas Berlengas, o Havai português, será a grande aposta da RTP para as sextas à noite, salvando o público da praga "séries históricas escritas por Moita Flores", que de há um tempo para cá vinha a assolar o panorama de ficção televisiva da estação pública. Ao que este blog conseguiu apurar, o elenco já está definido e as personagens mantêm os nomes dos correspondente norte-americanos:

Shannon Rutherford - Rita Andrade
Hugo "Hurley" Reyes - Fernando Mendes
Kate - Alexandra Lencastre
Jin - Paulo China
Sayid Jarrah - Olavo Bilac
Jack Shepard- Jorge Gabriel
John Locke - Marcelo Rebelo de Sousa
Sun - Sandra Cóias
Michael Dawson - Pedro Mantorras
Claire - Marisa Cruz
Charlie - Miguel Ângelo
James Ford "Sawyer" - Alexandre Frota