sábado, dezembro 30, 2006

Votos?

Percorro alguns blogs e em todos, os subscritores desejam um Feliz Ano Novo, Boas festas, Boas entradas and so on, and so on...
Assumindo o meu papel habitual enquanto escritor neste blog, o de cínico, digo-vois simplesmente: até segunda-feira. Sim, é 2007, mas... e então?

P.S: Será que alguém desejou um Feliz Ano Novo a Saddam Hussein?

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Previsão

Não se preocupem, daqui a uns anos, ele entrará pelas nossas casas adentro em estado líquido.

http://publico.clix.pt/shownews.asp?id=1281051&idCanal=35

quarta-feira, dezembro 27, 2006

O exemplo


A UE, num relatório publicado hoje, refere Portugal como um exemplo a não seguir no que toca a políticas económicas após a entrada na organização, para os países recém-chegados em 2004 e aqueles que se estão a propôr à adesão. Isto faz de nós o bado boy da turma ou o aluno idiota chapado com quem todos os meninos gozam? Difícil, difícil...

terça-feira, dezembro 26, 2006

TV: o melhor do que se vê - 2006

E em final de ano, há sempre esta coisa dos balanços. Como se o términus de 2006 fosse marcar realmente uma diferença abismal em relação ao que se passará em 2007. Não é verdade. Isto contiua sempre na mesma, salvo uma ou outra desfibrilhação ou um ou outro coma.
No entanto, é sempre bom deixar registado aquilo que de melhor se viu ou ouviu. Deixando a parte do ouvir para aqueles que realmente cobrem as bases todas (J.P, é esperada a tua colaboração no blog), açambarco a do ver. Vou adiar o cinema para outra altura desta semana, pois ainda necessito de ver duas fitas para organizar definitivamente o meu top, e avanço para a televisão, esse território dementemente criativo onde me perco e no qual escolher os melhores é tarefa difícil. Mas se fosse fácil, era como aceitar um país no zénite da bancarrota: não teria piada. Vamos a isto, e vai ser como em cerimónias de prémios e tudo!

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO

Michael Emerson (Henry Gale/Ben, Lost)
Josh Holloway (James Ford "Saywer", Lost)
Robert Sean Leonard (Dr. James Wilson, House)
John Scurti (Kenny Shea, Rescue me)
Alec Baldwin (Jack Donaghue, 30 rock)
Clarke Peters (Dt. Lester Freamon, The wire)
Masi Oka (Hiro Nakamura, Heroes)
Gregory Itzin (Presidente Logan, 24)

Vencedor: Uma escolha difícil e mesmo deixando alguns de fora, há que destacar o trabalho de Michael Emerson, como Benry, o (aparentemente) líder dos The others em Lost. desde que entrou na série, foi construindo um personagem admiravelmente ambíguo, num trabalho digno dos melhores actores de composição. Na verdade, o melhor trabalho de olhar na televisão actual.



Menção honrosa: Gregory Itzin (Vejam a 5ª temporada de 24, mesmo vocês que odeiam a série e apreciem Shakespeare no século XXI.

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA

Jean Smart (Martha Logan, 24)
Mary-Lynn Raskjub (Chloe O'Brien, 24)
Elizabeth Mitchell (Juliet, Lost)
Sonja Sohn (Lt. Shakima Greggs, The wire)
Ali Larter (Niki Sanders, Heroes)
Callie Thorne (Sheila Keefe, Rescue me)

Vencedora: Noutra luta renhida, é impossível não destacar a espantosa Jean Smart na 5ª temporada de 24, como uma primeira-dama dos EUA com uma trip mental que parece saída do Kafka, onde demora algum tempo até saber em que realidade está a pôr os pés. Para mais, o seu confronto como o marido ao logno de toda a season é superlativa por si só, numa relação de amor/ódio absolutamente bizarra, mas nunca descabida.



MELHOR ACTOR

Denis Leary (Tommy Gavin, Rescue me)
Kiefer Sutherland (Jack Bauer, 24)
Hugh Laurie (Gregory House, House)
Matthew Fox (Jack Shepard, Lost)
Dominic West (James "Jimmy" McNulty, The wire)
Michael C. Hall (Dexter Morgan, Dexter)
James Gandolfini (Anthony Soprano, The Sopranos)

Vencedor: Num empate, pois o meu coração balança, Hugh Laurie e, em nota de destaque para publicidade à série, Denis Leary. Sobre o primeiro, vejam a votação do ano passado, basta dizer que elevou a fasquia e continua, bem, superior a si mesmo; Denis Leary, apesar do seu passado de stand-up comedy, consegue encaranar um personagem tão curtido pelas desgraças de vida que só não saímos verdadeiramente deprimidos de cada episódio, porque Leary exala humor na sua interpretação. A tragédia como uma comédia. Brilhante.





MELHOR ACTRIZ

Evangeline Lilly (Kate Austin, Lost)
Tina Fey (Lizzie Lemmon, 30 Rock)
Edie Falco (Carmela Soprano, The Sopranos)
Mary-Louise Parker (Nancy Botwin, Weeds)
Helen Mirren (Jane Tennison, Prime Suspect: Final act)

Vencedora: Helen Mirren. Que espantosa actriz, num personagem feminino feito á sua medida: uma mulher dura e biatch na Scotland Yard inglesa. Façam o favor de ver e de abrir alas para o Oscar por The Queen.



MELHOR SÉRIE

LOST
RESCUE ME
THE WIRE
HEROES
24


Vencedora: Qualquer uma delas seria uma boa hipótese, mas Lost que me perdoe este ano: The wire vence através da sua segunda temporada. A melhor série de televisão desconhecida de que me lembro.

domingo, dezembro 24, 2006

Divertido

Ouvir a minha mãe a usar a palavra "fixe" a torto e a direito, como se a tivesse utilizado a vida toda. À centésima vez, ainda tem piada.

sábado, dezembro 23, 2006

Zé, Zé, Zé...


José Figueiras a apresentar o programa de Natal da SIC, transmitido em directo da prisão de Custóias. Eis que se vira para a audiência, composta por presos, e diz com um sorriso: "Ainda bem que estão todos aqui hoje!".
E sem usar yodlling!

Tocar de carago!

Eu nem vou escrever mais. Mas gostava de saber tocar guitarra assim. Era a minha prenda de Natal.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

A bela da prenda

Para os homens, rapazes, miúdos e afins que andam com dúvidas sobre o que dar às namoradas no Natal, este blog deixa uma sugestão, num vídeo instrutivo e educacional.



P.S: Recebi queixas de que deixei este blog por alimentar durante tempo a mais. Tirei umas férias dos posts. Não se queixem, vós também haveis tirado férias dos comments! :) Quase todos, quero dizer.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Coisas que nunca ouviremos no futebol português

Seguindo a deixa de outro blog, o http://fute-blogues.blogspot.com/, continuo a piada. Se quiserem, usem a secção de commnents para seguirem. Não sei se já vos disse, mas podem utilizá-la.

"Com Paulo Bento em terceiro e professor Neca em segundo, Manuel Machado foi eleito o treinado com mais sex-appeal da Super Liga."

"Nuno Gomes uma vez mais a evidenciar o seu faro matador de golo"

"Pinto da Costa admitiu que a lesão de Quaresma por parte do jogador do Benfica se deveu puramente a coisas do futebol"

"Mantorras não parou de correr durante os 90 minutos"

"Perante a evidência da falta, Ricardo Rocha não protesta."

"Há já quem compare o futebol de Jaime Pacheco ao de Cruyff"

"Uma das razões para o sucesso do clube sadino é a sua estabilidade administrativa"

"Mais uma da série impressionante de contratações acertadas que o Benfica tem feito"

"E Carlos Paredes a ganhar incrivelmente aquela bola em sprint."

"Como Jorge Jesus é eloquente!"

"Novamente, o Municipal de Leiria esgotou para ver a sua equipa jogar."

"Moretto é candidato a melhor guarda-redes da Europa, segundo o jornal "A Bola"."

"José Mota aparece na conferência de imprensa sem boné."

Estava na hora.


Ennio Morricone vai receber um Óscar este ano, apesar de honorário. Scorsese, não é querer levantar falsas esperanças, mas parece que pode ser desta...

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Revolucion

Em apontamento rápido, uma piada contada por um cubano (que, curiosamente, ainda não foi convidado a visitar uma das salas de interrogatórios da polícia do seu país): Numa aula do ensino primário, a professora mostra uma foto de George W. Bush aos seus alunos e pergunta:
- Alguem me sabe dizer quem é este homem?
Onstala-se o silêncio: nenhuma das crianças parece saber responder à pergunta. A professora decide dar uma pista:
- Vá, meninos, este é o homem que faz com que haja fome e miséria no nosso grande país...
Responde então o Pepito:
- Ah, professora, já poda ter dito. É que sem as barbas, nem o consigo reconhecer...

terça-feira, dezembro 12, 2006

Noddy - Lord of the darkness

Para quem pensa que as bandas de metal não têm sentido de humor, aqui fica um hit instantâneo dos Moonspell. Simplesmente qualquer coisa.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Daqui lavo as minhas mãos

Estava para nem comentar aqui a morte de Pinochet. Normalmente, dou a minha opinião sobre vários assuntos, mas para isso é necessário que haja um outro lado com uma opinião diferente e válida. Achei que este, vá lá, não seria o caso: qual será o contrário de ditador sanguinário? Por outro lado, a piada do assunto foi feita pelos Gato Fedorento ("Pinochet internado devido a enfarte. É curioso como isto pode acontecer com um homem que não tem coração"). Mas li este artigo no Público online, e não gosto de hipocrisia. Passado esse esgar bílico, ler isto até tem a sua piada, para quem sabe da história.

A Casa Branca lembrou hoje a ditadura de Augusto Pinochet como um dos “períodos mais difíceis” da história do Chile, lamentando as vítimas do regime do general chileno.

“A ditadura de Augusto Pinochet no Chile representou um dos períodos mais difíceis da história da nação”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, horas depois do anúncio da morte do antigo ditador, aos 91 anos.

“Os nossos pensamentos estão com as vítimas do seu regime e as suas famílias. Elogiamos o povo do Chile por ter construído uma sociedade baseada na liberdade, lei e respeito pelos direitos humanos”, acrescentou o representante da Administração de George W. Bush.

Pinochet morreu esta tarde no hospital militar onde se encontrava hospitalizado após ter sofrido um enfarte do miocárdio, agravado por complicações pulmonares e problemas cardiovasculares causados por hipertensão e diabetes. Tinha 91 anos.

sábado, dezembro 09, 2006

Trip down memory lane 2


Ontem, voltei a reviver emoções. Num zapping fortuitio, apanhei na RTP Memória o melhor jogo de futebol que alguma vez vi. Aqueles com memória verdinha pensarão que a história do futebol português, em termos de emoção, se resume a jogos de Portugal-Inglaterra resolvidos em penaltis, mas antes disso, também há adrenalina e quase choro com fartura. A época de 1993/1994 é de particular importãncia para a construção da minha identidade desportiva (e sim, mulheres e odiadores do futebol, batam-me por referir que há uma identidade desportiva), pois 2 das melhors partidas da minha memória deram-se nessa altura: um Roménia-Argentina, no Mundial de 94, que acabou 3-2 a favor dos romenos (numa equipa onde pontuavam génios como Hagi, Raducioiu e Lupescu) e a partida pela qual comecei a escrever neste post: Bayer Leverkusen-Benfica, quartos de final da Taça das Taças (uma campanha onde o Benfica chegaria às meias-finais, onde perderia com o Parma, numa escandalosa roubalheira em Itália). Foi um jogo mítico, que acabou com um 4-4, sendo que 7 golos foram marcados na segunda parte, numa hora e meia de futebol de ataque a contra-ataque para ambos os lados, impróprio para cardíacos e precoces. Acho que foi este jogo que me fez, primeiro, gostar de futebol, e segundo, fez-me saber que há valores sagrados e intocáveis pelos quais uma devo reger; que há uma entidade superior a todos nós, na qual devemos acreditar, por muito difícil que seja, porque essa crença é algo de estruturante na nossa personalidade, e essa fé pode fazer-nos conseguir coisas impossíveis. Estou a falar claro na minha conversão ao Sport Lisboa e Benfica. Fica aqui o 11 dessa gesta heróica, dessa epopeia, onde os alemães, esses teutónicos louros, vergaram perante a força dos lusos viriatos.

Neno; Abel Xavier; William; Hélder; Schwarz; Kulkov; Rui Costa; Isaías; Vítor Paneira; João Pinto; Yuran

Saber é poder?


Sei o que é o tratado de Westfália. Sei quem ganhou o Óscar de Melhor filme em 1971. Sei quem pintou "A caçada nocturna". O nome Humboldt é-me imediatamente familiar. Sei dizer quem era a equipa inicial do Benfica na maior parte dos jogos da Taça Uefa da época 1993/1994. Sei quem ofi o 12º rei de Portugal. Já li a maior parte dos livros de Eça de Queirós. Já ouvi quase todas as 9 sinfonias de Beethoven. Sei quem são Himmel, Speer e Bormann. Consigo explicar e compreender e teoria da relatividade.
E no entanto, não sei como arranjar uma rapariga, o que parece algo de óbvio, não? Sinto que quando as correntes de ADN de cada um estavam a ser tecidas, as minhas ficaram com as sobras.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Voltando atrás...


Nos idos de 2004, falei aqui de um pianista italiano chamado Ludovico Einaudi, a propósito da descoberta que foi, para mim, o álbum "Una mattina". Pois bem, em 2006, Einaudi está de volta com nova empreitada. Tendo actuado há uma semana no nosso país, em Aveiro (J.P, é a tua deixa!), lançou também, no final deste ano, "Divenire", o sucessor da já citada obra. Enquanto que "Una mattina" é um disco puramente minimalista, só com piano e um violoncelo ocasional, em "Divenire", Einaudi utiliza uma orquestra e um pouco de música electrónica para vaguear por entre os espaços vazios que as suas composições para piano deixam, elevando-se assim para outro patamar, e fazendo com que a sua música realmente nos atinja em cheio. Não faltam as composções pop de Einaudi (um dos únicos clássicos que se atreve a cometer tamanha heresia no mundo actual) e o seu tom intimista que nos obriga a ouvir e a, lentamente, a assimilar o que ele diz com teclas e notas de música.
Quem quiser saber mais, pode ir a www.ludovicoeinaudi.com.

terça-feira, dezembro 05, 2006

5 House quotes


E numa pequena lembrança de que a edição portuguesa de "House", na sua primeira série, será provavelmente a maior vegronha no que toca à tradução e legendagem nas edições DVD nacionais, aqui ficam algumas frases de "House" na sua linguagem mais pura e verdadeira: inglês.

Boy's Mother: I worry about children taking such strong medicine so frequently.
Dr. House: Your doctor was probably concerned about the strength of the medicine too. She probably weighed that danger against the danger of not breathing. Oxygen is so important during those prepubescent years, don't you think?


Dr. House: No, there is not a thin line between love and hate. There is, in fact, a Great Wall of China with armed sentries posted every twenty feet between love and hate.

Medical student: You're reading a comic book.
Dr. House: And you're calling attention to your bosom by wearing a low-cut top.
[Medical student stares at him]
Dr. House: Oh, I'm sorry, I thought we were having a state-the-obvious contest. I'm competitive by nature.


Dr. Cuddy: I need you to wear your lab coat.
Dr. House: I need two days of outrageous sex with someone obscenely younger than you. Like half your age.


Dr. House: You're a black kid from the ghetto who made it to Yale Law and the United States Senate. That's a sufficiently mythical story, you don't need to lie about your tongue.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A outra luta livre


A chegada do Smackdown ao nosso país para duas noites de pancada de meia-noite e distribuição de bananos tem levantado curiosidade entre as pessoas normais e delírios homo-eróticos entre fãs. A presença de montanhas de músculos que, por um acaso da natureza, também pensam e falam, é comentada e referida pelos jornais como um grande evento, a que o local em que se desenrolará, o pavilhão Atlântico, não será alheio. O que é desconhecido, mas não do blog I´m a complex guy, sweetheart, é que todas as semanas, clandestinamente nas grutas da serra da Gardunha um show de esgadanhada bofetada de criar bicho nos mais resistentes.
Quem são os participantes? Vários e de diferentes quadrantes, mas todos eles com problemas entre si para resolver. Na verdade, também estes, como os de Smackdown e Raw, usam nomes falsos para ocultar a sua verdadeira identidade. Neste "Fight club" sem regras, não existem Rey Mysterio, Undertaker, Batista e John Cena, mas sim personalidades que hoje serão expostas perante o mundo neste blog. Orgulhamos-nos de revelar, por fim, os participantes e lutas desta semana do "Parte-costados".

Concurso Luta Tripla:

Sinistra da Educação (Ministra da Educaão vs Tó Cajó (Aluno de uma secundária da Damaia) vs Encostado (Professor do último escalão)

Luta de pares

Portuguese Clooney (José Sócrates) e Infalível de Boliqueime (Cavaco Silva) vs Poeta Pateta (Manuel Alegre) e Mini de Laranja (Marques Mendes)

Portuguese Clooney (José Sócrates) e Infalível de Boliqueime (Cavaco Silva) vs Beto João Lambão (Albeto João Jardim), em versão dupla: o labrego e o demagogo

Fruteiro (Petit) e Jaime do Açaime (Jaime Pacheco) vs Amnistia Internacional (a ser realizado no palco Haia)

Disputa do prémio Al Capone

O Luxembourgais (José Veiga) contra o Vale Tudo (Jão Vale e Azevedo)

Taça Um contra todos

Senhor procurador (Fernando Pinto Monteiro) vs Escândalo Casa Pia, Processo Apito Dourado, Processo Saco Azul (e a lista continua)

Taça Intercontinental

Proletário Vermelho (Jerónimo de Sousa) vs Modernidade

Todos contra todos

Bancada parlamentar do PP

Campeão Parte-costados


Messias da Direita (Sá Carneiro) vs Equipa Laranja (vários políticos que, no futuro próximo, tentarão usar os novos desenvolvimentos do caso Camarate em seu proveito politicamente: prevê-se um showdown até à última gota de sangue)

Séries de que não se fala: "Rescue me"


A partir do 11 de Setembro, a figura do bombeiro ganhou contornos quase religiosos no tecido mítico norte-americano: a imagem desses homens abengados, duros, e no entanto capazes de chorar, a entrar destemidamente nas Torres Gémeas para salvar as vítimas, e a fugir da torrente de entulho decorrente da queda dos edifícios, cristalizaram-se na mente dos norte-americanos. Nasce um novo culto em redor dos "heróis": existe muito isso nos EUA; e se os soldados são os heróis da nação, protótipos de guerreitos que combatem lá fora e pelo país, os bombeiros e os polícias são aqueles que defendem o interior, as cidades, as aldeias. Há, talvez, uma ligação sentimental mais óbvia e imediata. Por isso, estava claro de adivinhar que de alguma maneira os bombeiros (pois os polícias já têm o seu próprio espaço) chegariam à televisão, tentando capitalizar a simpatia. "Rescue me" foi essa tentativa, que fracassou terrivelmente na obtenção de grandes audiências. Parte das razões que explicam esse fracasso tem a ver com a forma como retrata precisamente as figuras de anjo, mas fardadas.

"Rescue me" parte de Tommy Gavin, um bombeiro num quartel em Nova Iorque, atingido pelo 11 de Setembro com a morte de 4 dos seus elementos, incluindo o melhor amigo, e primo, de Tommy. No momento em que a série arranca, Tommy está a passar por uma fase pré-divórcio da sua mulher, Janet, com os 3 filhos a serem apanhados no meio. Para piorar tudo, Janet vive na casa em frente da sua. No quartel, a pequena equipa de Tommy, constituída por mais 6 elementos, fucniona como uma família coesa, mas todos têm pequenas particularidades: Franco é o womanizer, engatatão, que gosta de viver o momento; Garrity não deve particularmente à sua inteligência; Lou é um bombeiro que traduziu o seu sofrimento para poemas, embora não deixe ninguém saber; MIke "Probie" é o novato e está sempre sujeito à gozação dos restantes elementos; e Riley, o chefe, é um homem com padrões morais muito restritos, principalmente no que toca à homossexualidade. E embora o trabalho dos bombeiros esteja sempre em foco, são os problemas pessoais de cada um destes diversos homens que fazem avançar a série e que lhe dão a sua importância.

A série é imensamente real, quer na forma como é filmada (quase sempre de câmara em ombro), como também na própria relação entre os personagens, destacando-se o male-bouding entre os bombeiros: há espaço, num episódio, para um concurso de apuramento da maior pila do quartel, enquanto que noutro, Garrity e Franco, num encontro duplo de gémeas, tentam trocar um com outro sem que elas se apercebam. Tommy Gavin, esse, é um personagem absolutamente real e o herói anti-herói: sabota as tentativas da mulher em recomeçar a vida, é um alcoólico não assumido, está sempre mal-disposto e para piorar as coisas, começa a ver o fantasma do primo morto no 11 de Setembro, e pouco tempo depois, os das pessoas que não consegue salvar, o que contribui para que passe uma primeira temporada bastante stressada.

"Rescue me" não foge ao descaramento: Tommy Gavin está sempre a invocar o 11 de Setembro para fugir a multas e para desculpar o seu comportamento, afastando uma imagem limpa dos bombeiros e do próprio evento; e se os bombeiros, como indivíduos e instituição, são vistos com olhar crítico, o seu trabalho, afinal, é mostrado pela série como aquilo que os redime e que torna as suas acidentadas vidas pessoais em algo de significativo. Como Tommy Gavin, Dennis Leary, comediante habitual, mostra um personagem tão curtido e atropelado pela vida que chega a meter dó. Aliás, não me lembro de ver uma série que coloca aos seus personagens tantas desgraças. Não vou aqui revelá-las, correndo o risco de estragar, mas acreditem quando vos digo: são socos no estômago, uns atrás dos outros, e todos doem. Algo que, na televisão, consiga mostrar isto e soar a vida real, é em si um grande feito. "Rescue me" consegue-o. É uma série de grande categoria. Façam o favor de a ver.

sábado, dezembro 02, 2006

Mas onde é que anda esse gajo?


Aqui há uns tempos, alguém se queixava, num comment, da ausência forçada do senhor do negrume que habitualmente aqui dissecava pormenores irritantes da vida e episódios auto-biográficos grotescamente aumentados no seu negrume. Tenho a informar que esse senhor, que eu também conheço e que com o tempo aprendi a abraçar e a amar como um dos meus, ainda por aqui está. O grave probelma é que acometeu-se de uma razoável dose de compreensão para com os outros. Não todos, é certo; mas metamorfoses levam tempo. Para além disso, arranjou um base de amigos fixa, com quem fala sem se sentir, como é que dizia Sócrates, um traste. Acho que este é o termo filosófico mais correcto.
Portanto, o senhor poderá voltar a escrevinhar por aqui. É bem possível, visto que aparentemente, ele está sempre deslocado do mundo e a maneira como vê as minudências do quotidiano e de tudo em volta causa sempre estrilho.
Ah, e continua a ver House. Parecendo que não, ajuda ao ácido.