terça-feira, julho 31, 2007

Hiato

Durante os próximos 7 dias, o estaminé parará. Afazeres mirins assim o obrigam. A dúvida é: uma semana para elevar moral ou um saco de novas desventuras daquelas de que vive este blog? Não én coisa que me preocupe. Tenho edições do Courrier Internacional para meter em dia. Até já!

segunda-feira, julho 30, 2007

Returns


Para os fãs de Indiana Jones, um nome basta: Marion Ravenwood.

The best

No Campeonato do Mundo de Futebol de Rua, em que as selecções nacionais são compostas por sem-abrigo, Portugal já espetou 12-2 ao Zimbabué e 8-1 ao Brasil. Não me admiro: está claro que veste tipo de eventos, nós somos uma potência, porque apostamos na formação.

Bergman


Morreu o realizador Ingmar Bergman. Mesmo que não tenham visto qualquer filme do realizador sueco, conhecem o nome, e pelo menos uma das imagens mais marcantes da sua filmografia: a da Morte, no clássico " O 7º selo", um filme existencial, onde se discute o sentido da vida. A coisa mais engraçada nos filmes de Ingmar Bergman, pelo menos na minha óptica, era a sua capacidade de conseguir tratar de temas metafísicos e filosóficos de uma forma reconhecivelmente europeia e fazer-se compreender por um público mais vasto. Algo que fazia dele o realizador preferido de Woody Allen, e uma capacidade que escapa, por exemplo, a Manoel de Oliveira. Mesmo os melodramas bergmanianos têm algo de intrinsecamente reflexivo... Seja no ambiente que Bergman dava aos filmes (ajudado pela magnífica direcção de fotografia de Sven Nykvvist, o seu director de fotografia habitual), seja pela forma como o sueco encarava os filmes como peças de teatro filmadas por uma câmara.

Para quem não conhece a filmografia Bergman, deixam-se 5 sugestões óbvias: "Morangos Silvestres"; "Persona"; "Sonata de Outono"; "Fanny e Alexander"; e claro, "O sétimo selo", o filme já referido, que conta a história de um cavaleiro medieval, regressado das Cruzadas, que encontra a Morte. Esta diz que o vem buscar, mas ele aproveita para a desafiar para uma partida de xadrez, onde o que está em jogo é a sua vida. Fica um pedaço do primeiro encontro entre os dois. Reparem como, por entre o tom "arty" da premissa do filme, Bergman consegue manter toda a sequência escorreita, como a de um filme mainstream.

sábado, julho 28, 2007

Escolhas da vida e suas consequências

Estava em casa, combanho tomado, quando me lembram: "Então mas não é para ir lá abaixo carregar a madeira?"
Podia ter ignorado a minha consciência, faezr como 95% das pessoas e baldado-me? Olaré que podia.
Fiz isso. Está claro que não.
Montei na minha bicicleta e na descida, parti o esticador. Mais tarde tive de a trazer à mão para casa.

Venho da empreitada. Uma amiga tinha ficado de gravar um depoimento, mas como eu moro mais perto do local onde ela marcou com a pessoa, tenho a possibilidade de fazer isso por ela.
POdia ter ficado calado? Podia sim senhor.
Fiquei de boca fechada? Está claro que não.
Chego a casa no final da gravação e descubro que o ficheiro audio está corrompido e não pode ser lido. E a pessoa de quem gravámos o depoimento vai-se embora de fim de semana para Lisboa e só volta na sexta. Quando já estamos em acampamento.

Da próxima, vou fazer como 95% das pessoas. Nem para fazer o que está certo tenho sorte.

quinta-feira, julho 26, 2007

Aqui há gato...

O gato Óscar não é médico. Na verdade, não consta que tenha sequer frequentado o ensino básico. Mas, apesar da evidente falta de qualificações, e mesmo com a grande desvantagem que é não ter polegares oponíveis, Óscar é uma referência para os profissionais de saúde do Steere House Nursing and Rehabilitation Centre, em Providence, nos Estados Unidos, que trata doentes com Alzheimer e Parkinson. Uma espécie de Dr. House, mas com mais pêlo e sem o vício em Vicodin. Só que Óscar não tem o dom de salvar vidas — a sua especialidade é saber qual dos pacientes já tem hora marcada com a morte.

Num artigo publicado no prestigiado New England Journal of Medicine, o geriatra e professor universitário David Sosa explica como Óscar anuncia a morte iminente de um doente. Todos os dias, Óscar levanta-se da sua posição favorita e dá início a um passeio pelo 3º piso do centro de saúde. Quarto após quarto, o gatinho de dois anos de idade vai-se abeirando das camas, cheira os doentes e, de vez em quando, entrega a sua mensagem de morte: sobe para a cama, enrosca-se no corpo do doente e fica ao seu lado até ao último suspiro.

Este comportamento já foi verificado por mais de 25 vezes, segundo o professor da Universidade Brown, num testemunho corroborado pela sua colega Joan Teno. Em declarações à Associated Press, esta especialista em tratamento de doentes terminais da Universidade Brown diz mesmo que Óscar não tem rival na desagradável tarefa de predizer a morte de um paciente.

Jean Teno conta que ficou convencida quando presenciou o 13º caso do mensageiro da morte de quatro patas. Numa das suas incursões aos quartos do hospital, Óscar não subiu para a cama de uma doente que os médicos sabiam estar a viver as suas últimas horas. Quando Joan Teno esperava que Óscar transformasse em comportamento aquilo que já todos sabiam, o gatinho retirou-se do quarto, deixando a especialista convicta de que tudo afinal não passava de uma série de coincidências. Dez horas mais tarde, a paciente soltava o seu último suspiro, já sem a presença de Joan Teno. O que a médica só veio a saber mais tarde é que Óscar tinha regressado ao quarto da doente duas horas antes da sua morte. Subiu para a cama, enroscou-se e ficou ao seu lado até ao último suspiro. A médica tinha errado o seu prognóstico por algumas horas, mas o gato estivera lá no último momento.

Sem explicações

Ninguém sabe explicar o comportamento de Óscar. Para a médica Jean Teno, o gato responderá a cheiros, ou então conseguirá interpretar algo a partir do comportamento das enfermeiras, que o criaram desde bebé.

Já Nicholas Dodman, especialista em comportamento animal no hospital veterinário da Universidade de Tufts, no estado do Massachusetts, considera que a chave está no tempo que Óscar dispensa aos vivos e aos moribundos. Para Dodman, quando o gato sobe para a cama de um doente pode estar apenas à procura do cobertor aquecido com que as enfermeiras costumam tapar as pessoas que estão prestes a morrer.

Seja qual for a explicação, os médicos e as enfermeiras do Steere House Nursing and Rehabilitation Centre consideram que a colaboração de Óscar é inestimável, já que lhes permite telefonar aos familiares dos doentes para que estes não passem sozinhos os seus últimos momentos de vida. Ou pelo menos que os passem acompanhados pelos seus entes queridos, já que ninguém lhes tira o calor de uma pequena bola de pêlo cinzento e branco.

Pela estrada fora...


Consigo ver uma transmissão televisiva de ciclismo da Volta à França.

Pronto, já acabaram de se rir? Vou seguir o texto então.

As etapas de montanha da Volta à França sempre me fascinaram. Há algo na luta que homens em cima de bicicleta travam contra rampas desgastantes, condições climáticas adversas e a estupidez dos espectadores que assitem ao vivo às tiradas que me faz seguir as coisas até ao fim. Quando a equipa do camisola amarela impõe um ritmo demolidor que abate, um a um, potenciais candidatos ao primeiro lugar; o ataque dos pretendentes, que fazem vir ao de cima a verdadeira fibra do homem que leva o símbolo de líder; a máscara de esforço que aqueles indivíduos escondem, como se tudo fosse fácil; e claro, no caso português, ouvir os comentários de Marco Chagas, o seu conhecimento da modalidade e psicologia dos atletas, ao mesmo tempo que reduz à burrice Alexandre Albuquerque, o seu sidekick entusiasmado, mas que se farta de meter o pé na argola.

Todas estas histórias de doping no ciclismo vêm tirar a aura mítica a vários dos ciclistas que gostava de ver trepar por ali acima, e ao próprio ciclismo em geral. Em parte, todas esta smanobras ilegais devem-se ao nosso desejo pessoal, satisfeito pelas organizações da provas velocipédicas, de ver proezas ainda mais incríveis, subidas de arrasar pernas, cansaço extremo. A nossa velha sede de sangue, que ainda hoje se pode ouvir na ruínas do Coliseu de Roma. Quando se fala de ndurain, Hinault, Mercx, Agostinho, Armstrong, não estamos a falar de homens comuns, mas sim de verdadeiros sobre-humanos, ciclistas fora de série como há poucos. O grosso dos ciclistas actuais não consegue enfrentar as durezas impostas pelo ciclismo mderno e dar espectáculo em simultâneo. Por isso caem Basso, Rasmussen, Ulrich, Vonokourov, Heras, Pantani...
POrque explicar o doping no desporto pela simples batota é um facilitismo. Podem deixar a vossa opinião na secção do costume.

Post parvo

Só mesmo para informar que descibri uma nova palavra na língua inglesa e, num gesto autista compulsivo, não consigo deixar de a dizer: Behemoth.

Outra vez: Behemoth...

domingo, julho 22, 2007

O meu abecedário de...

... nomes que nunca vou dar a uma criança.

A - Anacleto
B - Bonifácio
C - Carmela
D - Dânia
E - Eustáquio
F - Felisberta
G - Genoveva
H - Hermenegildo
I - Ildefonso
J - Jacqueline
K - Kelly
L - Leopoldina
M - Martim
N - Nivaldo
O - Osvaldo
P - Pancrácio
Q - Quitéria
R - Reginaldo
S - Sabrina
T - Tancredo
U - Urraca
V - Violante
W - Walter
X - Ximena
Y - Yolanda
Z - Zuleica

sábado, julho 21, 2007

Just can't get enough


Fui este domingo a Lisboa, de comboio e com mais duas pessoas pelas quais estava, na teoria, responsável, ver um concerto da banda Nouvelle Vague.
Nesta primeira frase, estão contidas uma séries de impossibilidades, e quem gosta de jogos, pode-se entreter a descobri-las durante uns segundos. Quando se cansar, passe para o parágrafo seguinte.
A mais óbvia é, claro, a inclusão da palavra responsável, que tem tanto a ver comigo como a palavra decoro está relacionada com Paris Hilton. E isso é só o princípio: ir a Lisboa é a parte seguinte, pois tenho uma fobia irracional de ir sozinho a sítios que não fiquem no raio de 10 quilómetros de casa, e dos quais não consiga ter um controlo suficiente para me safar em caso de imprevistos. Vá, digam lá "Mas é assim que se cresce". Bem sei, mas sou apenas teimoso, não burro. Depois, ir ver um concerto é a anormalidade seguinte. O único concerto a sério que vi na vida, humilho-me, foi um dos Santos e Pecadores, aquando da Expo. Vá lá, foi à pala. E não, ver os Xutos na Queima não é ir a um concerto, é um cumprir um ritual académico.

Posto este esclarecimento, passemos ao concerto. Tendo os Nouvelle Vague no seu repertório bastantes músicas calmas e melancólicas, esperava que o concerto fosse intimista e numa onda cool. Soube de início que seria um excelente concerto: quando escolheram "The killing moon" para abrir as hostilidades, estava na cara que algo de muito especial se ia passar; e passou mesmo! Embora tenha começado com dois temas calmos (o referido e "Don't go"), arrancou para uma sequência de canções que deixaram o público aos saltos, ou pelo menos a balançar naquele jeito parvo de quem está a ouvir música e quer fingir que está a viver uma experiência religiosa. "Ever fallen in love" e "This is not a love song" puseram o público a cantar, mas foi com "Too drunk to fuck"que a fama de "sing-a-long" do público português foi chamada a prestar provas; e com mérito: a obsessão que a vocalista feminina tinha com a palavra "fuck" obrigou-nos alegremente a acompanhá-la na cantoria. Na altura em que ela diz "You may be too drunk to fuck; but not me!", eu soube que a queria levar para casa e provar-lhe que sou verdadeiramente abstémio.
Esta senhora, de seu nome Mélanie Pain, mostrou como se pode ter presença em palco e ser vivaça sem embarcar em coreografias ou solos vocais aborrecidos: um simples gesto seu podia mudar o comportamento do público e a sua espontaneidade, aliado ao seu ar genuíno, conquistou quem estava na Casa da Pesca. Para mais, ela é mesmo gira. Pronto, já disse.
Uma revelação, pelo menos para mim, foi o cantor que os Nouvelle Vague trouxeram para Oeiras, o senhor Gerard Toto: de origem francesa, o homem mostrou-se um senhor, com constantes improvisos de voz e brincadeiras com o público, para além do gozo reconhecível que mostrava quando cantava ou, melhor ainda, quando sentia os outros cantar e a dar prazer ao público. Um homem carismático e felino, que levou alguma sjovens que estavam ao meu lado a suspirar... A sua interpretação do tema "Relax", doas Frankie go to Hollywood num tom intimista foi absurdamente tocante.
O facto de os Nouvelle Vague terem tocado 4 temas que não estão ainda publicados (o referido "Relax", "Tainted Love" dos Soft Cell, "Sweet dreams", dos Eurythmics, e "Sweel hooligan", dos Smiths) deram um sabor especial a tudo isto, aquele sabor que nos leva a picar posteriormente quem gosta da banda e não foi ver. Faltou uma ou outra música (as versões de "A forest", dos The cure", e "Just cant' get enough", dos Depeche mode", saltam-me instantaneamente), mas com 3 encores, um concerto de duas horas e estilo a rodos naquele palco, não é por aí que me vão ver queixar. Enfim, uma excelente estreia pessoal em concertos ao vivo para mim. O meu tipo de espectáculo ao vivo, definitivamente. E ouvir o público a cantar durante uns dois minutos "Love will tear us apart" (claramente sem ideia nenhuma do que estavam a dizer, pois faziam-no alegremente)arrepia. A sério que arrepia.

Para quem não foi, deixo aqui "Tainted love", gravado não cá, mas no espectáculo anterior, na Hungria.

quinta-feira, julho 19, 2007

Where's the love?

Saíram agora as nomeações dos Emmys deste ano. Normalmente, respeito mais estes prémios que os Oscares, pela simples razão habitualmente premeiam a qualidade. Digo normalmente, porque temos também de entender que isto são prémios entregues em grandes cerimónias: o cínico dentro demim percebe porque é que série profundamente boas mas insignificantes ao nível de audiência (como "The wire") nunca aparecem nas principais nomeações.
No entanto, este ano, com um sistema de voto alterado e que dá preponderância ao voto popular (que na prática indica que a qualidade de uma série é correspondente ao número de espectadores que tem), os Emmys foram piores que os Óscares têm sido ultimamente.
Os nomeados para melhor série são "The sopranos" (justo), "House" (série razoável, que é carregada às costas por Hugh Laurie), "Boston Legal" (bem escrita, mas, vá lá, simpática), "Heroes" que teve uma queda a pique no final de temporada) esse violento e mal-cheiroso bozeiro chamado "Grey's anatomy", que, e a generalidade da crítica concorda, teve uma temporada para esquecer. Agradeceu-se deixarem de fora "24", na sua pior season de sempre, mas eu pergunto: onde está "Lost"? Posso parecer parcial, mas só quem não tem olhos na cara não reconhece que a partir do décimo episódio, "Lost" foi a coisa mais criativa que va na TV este ano (e acreditem que vejo muita série!). Onde está "Friday night lights", um drama sobre futebol norte-americano quase demasiado complexo e subtil para passar em sinal aberto? E "Dexter", que, oh desespero, nem sequer está nomeado para melhor actor, num roubo digno de figurar no panteão da indignação que rodeu a ausência de Hugh Laurie no ano passado? E "Rescue Me"? E podíamos continuar por aí fora.
Ok, obviamente estou a ser parcial. Estou a falar do meu gosto. Mas quem me conseguir provar que perante a boa televisão que foi deixada de fora, aquela lista de nomeados faz sentido, ou seja, deve ser chamada de as 5 melhores séries do ano, ganha um prémio. A sério

(E vá lá, Terry O'Quinn e Michael Emerson, o Locke e o Ben Linus, de "Lost foram nomeados. Mas gostava de saber onde está Elizabeth Mitchell, a Juliet. Expliquem-me esta também.)

quarta-feira, julho 18, 2007

Banda sonora



No outro dia, falava via net com um amigo (e a Interweb tem destas coisas, quase parecia estar num bar em Bogotá...) sobre músicas que nos fazem pensar na vida. Ele deu a sua, esta é a minha (que é bem mais óbvia, diga-se...). Quem me conhece, não se sentirá surpreendido. É assim, amigos: de vez em quando, têm de me deixar ser óbvio...

P.S: Foi a única versão que encontrei ao vivo com orquestra...

Cliché


Vou a chegar ao largo da Portagem em Coimbra e começa a circular no meu ouvido interno a banda sonora de "O fabuloso detino de Amélie". Acho estranho: como posso eu estar a delirar sobre isto, especialmente num lugar tão sombrio como é a Baixa de Coimbra?
Descubro que um grupo de jovens turcos (não de nacionalidade, é o que costumo chamar àqueles senhores e senhoras muito peace and love, roupas coloridas e estilo de vida livre)se instalou a pouca distância da estátua do velho Mata-Frades. Se ele fosse feito de carne e não de bronze, teria zurzido o ajuntamento. Foi ele que perseguiu as ordens religiosas no nosso país durante o meio do século XIX, incluindo os Jesuítas, que, como os jovens turcos, também tinham delírios ocasionais por inspirarem fumos estranho (no seu caso, incenso.) Mas continuou quietinho; e os jovens, ao som de Yann Tiersen, lá giravam uns malabares, enquanto um ou outro pediam dinheiro às pessoas que passavam.
Primeiro, um comentário que tem pouca a ver com o assunto deste post: animar as ruas de Coimbra de livre e espontânea vontade não é uma profissão. Logo, ninguém tem de lhes pagar. Não tenho nada contra estes jovens turcos. Na verdade, pelo menos em espírito preguiçoso, tenho algo a ver com eles. São boas pessoas. Mas ninguém tem de lhes dar dinheiro por isso. Por isso, não compreendo porque mostravam má cara quando os transeuntes não levavam a mão à carteira. Enfim, sempre há um limite na tolerância da liberdade de escolha.
Segundo, o assunto: já se tornou um cliché básico que Amélie e tudo o que se lhe relacione é exemplo para grupos de jovens turcos. Há razões para isso: falamos de um filme incrivelmente cromático, com uma heroína que veste de forma fora do normal, sem nunca entrar em piroseiras Floribélicas e ainda por cima, a fita é francesa! Se fosse americana, era um parvalheira estúpida sobre o amor. Mas é francesa, por isso, deve ter profundidade algures, certo? No entanto, se analisarmos bem, os princípios subjacentes à personagem Amélie são estranhamente anti-hippie movement: ela ajuda os outros, é certo, mas descobre que só consegue ser feliz quando é egoísta e decide dar atenção a si mesma e esquecer as outras pessoas; ao invés de respeitar a privacidade dos outros, mete-se na vida deles, muitas vezes com resultados catastróficos (vide mulher que vende tabac no café/stalker deliciosamente parvo); exerce vingança. Enfim, acessos de pessoa horrível.
Mas hei, é a Amélie. Eu gosto da Amélie. Na verdade, acredito que todos têm o direito a uma. No entanto, permito que a minha Amélie tenha acessos de cabreza. Isso está no interior de todas as pessoas. Excepto dos jovens turcos, claro.

sexta-feira, julho 13, 2007

Much ado about nothing

Vou eu rua abaixo e passa ao meu lado um cortejo de carros a apitar. Olho e é uma manifestação de funcionários da função pública, que nos fazem acreditar, se lhes demros ouvidos, que opaís está a rumar ao colapso.
Ora, eu não percebo o buzinão como forma de protesto Só irrita o transeunte, que não nutrirá qualquer simpatia pela nossa causa, e ainda é crime segundo o código da estrada. As pessoas não gostam de barulho: gostam de peixeirada. Por isso as manifestações são o modo de revolução oficial dos sindicatos e partidos de esquerda.

13

A sexta-feira é, segundo a tradição, um dia de má sorte por excelência, ou seja tem-se mais azar do que nos outros dias. Eu nunca entendi esta superstição, talvez pelo factode não conhecer esse conceito de "um dia mais azarado que os outros".

terça-feira, julho 10, 2007

Filmes que tenho visto nos últimos dias I


"Transformers" - Sou defensor de que, uma vez por ano, devemos ir ver ao cinema um filme que saibamos à partida que não vamos gostar. Acho que um pouco de trash nos faz apreciar o bom cinema que vemos nos outros dias do ano, e dar-lhe valor. Por outro lado, acredito num sentido de equilíbrio no mundo de cinema: por cada grande realizador que gostamos e amamos, há-de haver outro que tem, quase diria, o prazer de estragar as prodições em que se vê envolvido, com relativo gozo, e na cara do espectador. E se há semanas fui ver "Zodiac", de Fincher, esta semana, entrei numa sala de cinema para engolir "Transformers", de Michael Bay.
Confesso desde já um ódio de estimação por Bay, o homem cujo nome do meio é certamente "Porra, vocês viram bem aquela explosão de 300 carros que acabei mesmo agora de provocar?". No entanto, e ninguém pode negar, ele pode ser cxlassificado um "auteur", pela definição dada pelos Cahiers du cinema: um homem cujas marcas estilísticas são perfeitamente reconhecíveis em cada obra e que usa a câmara de filmar como o escritor usa uma caneta, usando os recursos da indústria do cinema para impôr a sua visão. A sua obra, desde "Bad Boys" até "The island" possui um fio condutor, que alcança em "Transformers" um apogeu orgíaco.
Negros cujo único objectivo de existir é tranformar, através de uma frase calão, conceitos difíceis que estão a ser explicados, apenas para que o espectador se ria? Checked!
Personagens femininas com a espessura de uma folha de papel? Checked!
Mulheres bonitas ao pontapé em cargos que habitualmente não seriam encontradas (neste caso, uma especialista em informática? Checked!
Aparição de um actor, em intenso over-acting (aqui, John Turturro), que interpreta um personagem bizarro e que, pelo meio, consegue-nos faezr esquecer de que estamos a ver um filme horrível? Checked.
Explosões, correria, demolições, explosões, correria, demolições? Checked.
Planos de câmara que surgem sem outra razão aparente que não seja "olhem como eu vos estou a dar um ponto de vista que vocês nunca tinham pensado"? Checked.
Uma tentativa de esquemtizar um romance que não nos vai interessar durante a história toda por causa de tanta explosão? Checked!

Tirando as marcas autorias de Bay, ficam os robôs (a ILM excedeu-se: 20 em 10) e uma ou outra cena que mostra no que poderia ter-se transformado este filme se Bay se controlasse: um jogo de escondidas eenvolvendo 5 Autobots, uma casa e os pais do personagem principal, um rato subtil por entre uma manada de elefantes descontrolados. E Optimus Prime está muito, muito bem. Eu admito.
Mas pronto: se estiverem interessados numa história que tenha uma ordem aparente (e quando vou ver um blockbuster, já vou preparado para histórias incoerentes, por isso...), esqueçam "Transformers". A não ser que sejam fãs dos robots. E mesmo assim, tendo em conta o falhanço de Bay em estabelecer uma empatia entre o espectador e 85% das máquinas (para não dizer relegá-las completamente para segundo plano), tenham cuidado...


"Die Hard 4" - Li em muita crítica que "Die Hard" é John McClane. Para mim, "Die Hard" envolve outro John, McTiernan, o realizador dos primeiro e terceiro filmes da série, sendo que, para mim, no terceiro ele consegue igualar o primeiro, e por vezes superá-lo. Este é um auteur de acção à séria (o homem que está também por trás de "Predador", "The last action hero" e "The Thomas Crown affair"). Não esteve no segundo "Die Hard", que é, sejamos sérios, um deserto de coolness.
Este "Die Hard 4" tenta fazer regressar o tom mais durão de McClane, um homem a quem a vida nunca corre bem, que está sempre no sítio errado à hora errada e anda lixado com tudo e com todos. O protótipo do personagem auto-destrutivo, que se colou à pele de Willis de tal maneira que os polícias que interpretou na sua carreira são variações do seminal personagem. No entanto, a dureza que se tenta impôr nunca é completa, porque está enredada pelas malhas do politicamente correcto. Temos explosões, pancada com fartura (e parece que o parkour é a nova moda dos filmes de acção) e os tradicionais one-liners de "Die Hard" (que não são assim tão bons), mas o travão que põem nas asneiras não ajuda a que esqueçamos que esté um McClane mudado, e que tem de se conter, porque enfrenta os seus piores inimigos: os censores. Len Wiseman, o escolhido para comandar este 4º capítulo, prova que sabe filmar cenas de acção, mas insiste, por tudo e por nada, em colocar uns filtros azuis despropositados que tiram o ar de acção naturalista que caracteriza a série. Pelo menos para mim.
Destaque para Justin Long, um excelente comic-relief, e Timothy Olyphant, o vilão que mantém uma coolness interessante, embora tenha dado por mim, nalguns momentos, a suspirar por Jeremy Irons e, especialmente, Alan Rickman, um actor que podia passar um filme todo a ler a lista telefónica que ninguém despregeria os olhos do ecrã.

sábado, julho 07, 2007

5 actores capazes de salvar filmes

Ou como a simples presença de um intérprete torna um filme mau suportável, ou uma obra fraquinha em algo que vemos com gosto. E até revemos, se passar ao domingo à tarde na televisão.

1 - Steve Buscemi: Este é um homem que vale a pena ver actuar quanto mais não seja porque é sempre o melhor dos filmes em que participa. Mesmo os bons. Mas quando entra em obras de bosta, é aí que brilha realmente: Buscemi tem um ar alucinado, próprio de um indivíduo acabado de sair do manicómio. O personagem tipo de Steve Buscemi é o gajo que conta histórias engraçadas, fala depressa e mesmo quando tem um papel "sério" (onde a seriedade só é indicada porque estamos na presença de um Dr.), debita a informação de uma forma tão cool que é impossível não nos lembrarmos no final: "Lembras-te daquele gajo que...". Buscemi entrou em excelentes fitas ("Pulp Fiction", "Reservoir dogs" "Fargo", "Ghost world"), mas compensa largamente o seu pedigree de verdadeiro actor com colaborações com alguns dos génios do trash: Michael Bay não passa sem ele, como se viu em "Armaggedon" (onde, vamos todos confessar, é o único tipo pelo qual torcemos) e "The island" (o que era aquilo?). "Con air" é toda uma demonstração do seu poder de elevar o filme, ao fazer-nos esquecer que há qualquer coisa de violento entre Malkovich e Cage, com o seu pedófilo "simpático". Depois, fez 3 filmes com Adam Sandler e vai faezr um quarto. Depois de pelo mieo participar nos Sopranos. Ou seja, temos aqui um senhor sem medo.
E claro, todos nos lembramos de Desperado. Mas é em "Armaggedon" que a capacidade messiânica de Buscemi brilha verdadeiramente.


Christopher Walken - Um homem maior que a vida. Um actor que define um estilo próprio e que obriga os críticos de cinema a criarem o conceito de "personagem Walkeniana". Quando está num filme, Walken parece caído de um outro planeta, e é por isso que aparece recorrentemente na companhia de Tim Burton. Se Walken até já ganhou um Óscar de melhor actor secundário (por "The deer hunter", em 1978), também já fez trampa de primeira. Enrou num dos piores filmes Bond ("A view to a kill", ou o constatar da decadência de Roger Moore), onde ainda assim conseguiu ser um dos melhores vilões Bond, o que prova a sua categoria; fez a trilogia "The prophecy", série B do mais pura que foi editado directamente para vídeo; em "Não acordem o rato adormecido"; ou nesse grande clássico da comédia moderna que é "Kangaroo jack". No entanto, ver Christopher Walken a representar é entrar num número de hipnose em que não conseguimos tirar os olhos daquele homem bizarro, com uma cadência de voz única e inconfundível.
E é dos únicos actores não ítalo-americanos capazes de fazer um mafioso convincente.
Para mostrar todo o poder deste homem, fica a famosa cena do relógio no cu de um filme que não é mau, mas foi feito por Tarantino, um tipo que pega em bons actores perdidos em filmes maus.


John Cusack - O apelo de John Cusack difere do de Walken e Buscemi. Cusack não é estranho: é simplesmente demasiado carismátrico para existir num mundo real, por isso o metem em filmes, e sempre a fazer de homem normal. Devia ser lei que Cusack fizesse de protagonista em todas as comédias românticas que apanhasse. Mesmo queo argumento sej mau, mesmo que a realização seja medíocre, comédia românica com Cusack é sempre qualquer coisa que me apetece ver. Exemplo? "America's sweethearts": Billy Crystal, Cathrine Zeta-Jones e Julia Roberts, habitualmente bons neste género, deixam-se levar pela degsraça que é o filme; Cusack mantém a sua coolness, mesmo com as piadas mais baixas. E este homem conseguiu entrar em "Con air" e sair vivo em termos de reputação. Simplesmente porque é John Cusack. E não há quem não goste de John Cusack.
Eis John Cusack, the loveable, em "High fidelity".


4 - Peter Stormare: Este sueco pertence à mais clássica escola de actores capazes de salvar um filme: "Armaggedon", de onde poderíamos destacar,se estivéssemos para aí virados, William Fichtner ou Will Patton. Stormare é um dos raros actores de cara de mau que faz maus simpáticos. Claro que já fez o Diabo num filme (em "Constantine"), mas tem também no seu bolso os tradicionais papeis de capanga (em "Fargo", por exemplo), de mafioso (na série "Prison Break") e de cientista desmiolado ("Minority Report").
E que maus filmes fez este senhor? "The tuxedo", onbra intragável com Jackie Chan e Jennifer Love Hewitt (uma actriz também ela capaz de salvar um filme, embora isso se posso dever mais a um soutien bem ajustado), "Bad boys I" (outro cocktail de explosões à la Bay) ou "Bad company", pretensa comédia com Chris Rock, realizado por esse outro realizador esquizofrénico que é Joel Schumacher.
A capacidade que Stormare tem para superlativar tudo em que toca está bem patente em "Constantine", filme cool de Francis Lawrence, onde Keanue Reeves faz de caçador de demórnios que veste de preto. Uma espécie de Neo, mas sob a alçada do Vaticano. Quando Stormare entre em cena, ele e a sua interpretação de Lúcifer fazem com que Reeves pareça, na realidade, ter talento.


5 - Joe Pantoliano: Durante muito tempo, ocupou o lugar de actor que mais vezes nos fazia dizer "Hei, mas não é aquele gajo do...?". Era o gajo do "Bound", de "The fugitive", do "Matrix", do "Memento. Mas também era esse Joe Pantoliano que entrou em "Bad boys "(ambos!), "Pluto Nash", comédia sem piada da fase decadente de Eddie Murphy, "Daredevil" ou "Forces of nature". Pantoliano é sempre um bom rapaz quando entra em maus fil,es, seja como o amigo sarcástico, mas de bom coração do protagonista, ou o chefe duro, mas copreensivo com os devaneios do ehrói ou heróis. Em bons filme,s normalmente, é maus como as cobras, cobarde ou faz-nos simplesmente desconfiar dele desde o início.
Também entrou em "The sopranos", cumprindo assim o requisito, como ítalo-americano, de também ter desempenhado o papel de mafioso. Mas Pantoliano tem sempre carisma suficiente para que embora cheiremos que ele tem essa origem étnica, nunca realmente repararmos nisso até vermos o seu nome.
Joe Pantoliano, em todo o seu esplendor de irritação em "Bad boys II".

sexta-feira, julho 06, 2007

Encostemo-nos

É a nova de Jorge Palma, um dos melhores autores de canções que por cá andam, num vídeo que é uma espécie de reunião de amigos, um Palma's 11... sem roubos, mas com um calor no coração.

Também tu, pá?


Como se não bastasse estarem a morrer, os bons actores ameaçam-se retirar mais cedo do que deviam. Desta vez, é Gary Oldman que ameaça seriamente não entrar em qualquer filme até ao final dos seus dias. Diz que perdeu o gosto pelo meio.
Sim, é esse Gary Oldman que estão a pensar. O Drácula de Coppola. Beethoven. Sid Vicious. Lee Harvey Oswald. O comissário Gordon. E para todos aqueles para quem nenhuma destas referências fez sentido (em que planeta andam você a ver filmes?), Sirius Black, das aventuras daquele miúdo feiticeiro de óculos.
Mas anda aí alguma doença ou quê? Eu não quero um mundo cheio de Keanus e Orlandos.

quarta-feira, julho 04, 2007

Ele não é assim tão bom...

Numa livraria, pego num livro todo negro, com o título a vermelho. O meu tipo de comb inação cromática. Vejo a contra-capa e dero que a obra consiste num resumo de longa shoras de entrevista feitas a um assassino da Máfia, que matou 213 pessoas. Chamam-lhe "Iceman", o que faz pensar que o departamento legal da Marvel devia abrir os olhos...
O texto refere que este homem era um mestre na arte de matar (presumimos que o acto de tuirar a vida a alguém tem alguma coisa de artístico) sem deixar rasto.
Estou a ser enganado, penso. Se ele fosse assim tão bom como dizem, não estariam a entrevistá-lo na prisão.

Pressão

Morreu hoje Henrique Viana. O que significa que o tempo vai passando e os actores que sonho ter um dia a trabalhar nas coisas que vou escrevendo desaparecem e eu nunca vou poder trabalhar ocm eles, porque nem nunca mais acabo de ecsrever isto, nem arranjo coragem para vencer os meus medos e ter outra oportunidade. Já com Canto e Castro e Filipe Ferrer senti o mesmo.
E o Camilo de Oliveiraainda aí anda. Logo ele, com quem eu não quero nada.