sexta-feira, março 28, 2008

Teasing

quarta-feira, março 26, 2008

Benning


Benjamin Linus, da série "Lost", é proventura o melhor vilão da actualidade televisiva. A sua vilania vai para lá da mesquinhez dos seus actos e da incapacidade que temos em confiar nele: o facto de conseguir ler perfeitamente as pessoas e conseguir prever os seus actos futuros baseado nessa habilidade é o que mais arrepia e aspecto e, num mundo onde existe um monstro de fumo negro, complicações magnéticas, baralhações do continuum espaço/tempo e um homem que tem flashes do tempo que há-de vir, essa é a parte mais sobrenatural de "Lost". Porque ninguém consegue ler as pessoas de forma tão clara.
Conheço uma ou outra pessoa que o fazem razoavelmente bem. Espanta-me a maneira como o fazem, mas acertam nas suas previsões. Algum calo de relações humanas ou simplesmente perspicácia natural ajudam a explicá-lo. Escusado será dizer que eu não tenho nem uma, nem outra. À minha incapacidade de ler pessoas, junta-se o facto de estas serem todas complicadas e imprevisíveis. Quando se julga conhecer alguém, eis que nos puxam o tapete debaixo dos pés e ficamos ali no chão, à nora, sem saber muito bem o que se passou. Mas não vimos isso chegar.
Ora, nos últimos tempos, tenho-me abstido de falar de um assunto que era o pão nosso de cada dia desde o início deste blog: a minha vida pessoal, suas desventuras e o eterno Mar dos Supersargaços em que esta navega. Foi propositado, até porque tinha assunto sobre o qual escrever. No entanto, tomei a decisão de que algumas coisas que sentia e vivia devia guardá-las para mim. Uma opção. Continuo a achar isso, mas algumas reflexões que tive durante esse período andam a saltar demasiado alto para que as continue a prender com uma corrente, como faço ao meu cão.
Começo por frisar desde já um facto na minha personalidade que é por demais evidente: sou emocionalmente imaturo. Algumas mulheres mais espirituosas terão logo a piada "Claro, és homem", mas isto mostra que, além de gostarem da piada fácil, têm muito pouca capacidade de auto-análise. A minha imaturidade emocional, que me faz, aos 25 anos, lidar com os sentimentos como se tivesse 12, é normal: eu não lido muito com pessoas, ainda por cima no caso de sentimentos ais extremos. Por isso, aprendi algo que é universalmente conhecido: quando raspamos em alguém de forma mais intensa, mesmo que seja por pouco tempo ou com intenções que nada têm a ver com sentimentos, não podemos prever o resultado. Só uma obrigatoriedade, que é a de que vamos arranjar problemas. Para nós e para a outra pessoa. É inevitável, é tão certo como o Edcarlos falhar aquele golo de baliza aberta. Eu pensava que não, mas é verdade, verdadinha.
Uma outra ideia que tinha era a de que só eu é que era emocionalmente imaturo, ou que tinha incapacidade em lidar com os meus sentimentos e os dos outros. Ok, sou egocêntrico. Já sei, não precisam olhar co esse ar reprovador. Há mais gente assim. O interessante é encontrar pessoas que não são nem melhore,s nem piores do que eu a lidar com o que sentem. São apenas diferentes, e nós temos de expandir a nossa mente se quisermos perceber porque é que algumas pessoas agem da maneira como agem. Por ves, há que pareça estar desculpar-se perante nós, quando na verdade está a dar desculpas a si própria. Eu sei o que isso é, também me acontece. Mas eu estou aqui a admitir isso.
Ok, afinal não sou tão emocionalmente imaturo como penso. Podia ser bem pior.
Por fim, para não alongar mais isto, descobrir que não somos aquilo que dizemos ser é interessante. Cria um dilema moral que dá dores de barriga (literalmente), mas uma vez que nos habituamos, percebemos que há mais na vida do que aquilo que está no ecrã de um computador. Não que passemos a perceber melhor as pessoas por causa disso, mas de repente, a vida parece-nos mais suportável e andamos mais calmos durante um tempo.

Ah, uma lição extra: o Dr. Dre, através do Ben Folds, tem toda a razão. Não é, Vitó?

sexta-feira, março 21, 2008

Satisfação pessoal

Estou sem telemóvel há uma semana e posso dizer, orgulhosamente, que ainda não entrei em paranóia, nem me deu vontade de bater num professor.
Acho nalgumas coisas que ainda pertenço ao século XIX . Quando eu entrar na modernida, ou seja começar a trepar pelas paredes, avisarei. Até lá, a novela continua.

Perfil: Jesus Cristo


Não é fácil ser o Messias. Que o digas Jesus Cristo. "O pior mesmo é quando nem nos chamam pelo nosso nome. A minha mãe baptizou-me de Emanuel!" queixa-se, meio a brincar. De facto, a alcunha vem do seu tempo de convivência com os apóstolos, ou como Jesus gosta de recordar, "Um pouco como a série "Entourage", mas sem Hollywood". Cristo tinha uma péssima pronúncia francesa, pois nunca andara na escola. Em vez de dizer "Je suis", dizia "Je sus". E a coisa pegou. Pedro foi o principal responsável. Galhofeiro como era, tratou logo de espalhar a brincadeira por toda a Galileia. O próprio Cristo só se apercebeu quando foi aclamado em ramos por Jerusalém. Por isso é que inicialmente nem pensou ser ele o Messias. Pensara que, na realidade, era um vizinho seu chamado Brian.

Quando estamos prestes a comemorar 2008 anos sobre a sua morte, Jesus relembra como um dos jantares mais conhecidos de sempre esteve até para não acontecer: "O Tiago estava para reservar o restaurante, mas entretanto, um centurião tinha conquistado a Dalmácia e de repente, havia comezainas por todo o lado. Apenas arranjámos aquele à última hora, porque eu conhecia o dono e ocasionalmente, transformava-lhe alguns barris de água em vinho."
Sempre que é entrevistado, a sua recusa em falar em todo o processo que conduziu à sua execução é clara: "Não gosto de alimentar polémicas sobre o estado da justiça na Palestina." No entanto, adianta que o Sinédrio não terá conduzido o processo da melhor maneira, e que Pilatos era, nas suas palavras, "um banana." E não fala da ressurreição, porque "os verdadeiros mágicos não revelam os seus segredos." Adianta, porém, que guardar o seu corpo físico depois da morte foi uma prerrogativa de que não abdicou: "A mente pode ter as ideias e as aspirações todas, mas o corpo é que se diverte."

No entanto, Cristo revela-se frontal em tudo o resto. Quando instado a comentar o trabalho de outros colegas, não há papas na língua: "Maomé é um porreiro, um amigalhão, mas irrita-se com facilidade. Mas eu percebo-o: se eu tivesse milhões de pessoas a deturpar a minha mensagem, também ficava naquele estado. O Buda é muito mais calmo, é um parceiro de sueca extraordinário, porque nunca sabemos o que está a pensar. No entanto, ultimamente, tem andado mais tenso. No outro dia, apanhámo-lo mesmo a dizer "Bolas", só para verem o grau de exasperação a que chegou." Comentando também o cristianismo hoje, Jesus é claro: "Podia estar melhor. Se eu quisesse que fôssemos todos extremistas, não me teria chateado com os fariseus e deixava tudo como estava. Acham que isto tem piada?", pergunta-nos, mostrando as chagas. "Quando vou fazer jogging com o meu pai, começa a doer a partir de uma certa altura e ele farta-se de gozar comigo, a correr de costas. Como pensam que me sinto quando um velhote com centenas de milhar de anos me ganha numa corrida?"
Sobre Maria Madalena: "Não confirmo, nem desminto. O Dan Brown é que é esperto!"
No final da entrevista, Jesus Cristo exigiu que lhe fizéssemos um inquérito de Verão, embora estejamos a entrar apenas na Primavera. "Famoso que é famoso tem de responder a um inquérito de Verão nos dias que correm. E quem é o gajo mais famoso do mundo, quem é?" questiona, enquanto aponta discretamente para si.

Local para uma férias de sonho: "O Lago Tiberíades. Se não fosse isto da missão messiânica, ia viver para lá. Mas lá está, deixava de ser um local de férias se lá morasse."

Com quem não passaria férias: "Com o Herodes. Chatinho, o homem."

Praia ou campo?: "Campo. Já tive areia que chegue, e para tirar aquilo no banho, não é nada fácil. Perdia mais tempo nisso do que a compôr parábolas."

Que roupa usa mais no Verão?: "Túnica branca. Espera, isso uso eu todo o ano."

Comida e bebida preferidas: "O pão e o vinho. Desculpem, sou um nostálgico."

Livro preferido: "Neste momento, ando a reler a obra completa de Arthur C. Clarke. Falei com o tipo ontem e ele moeu-me a cabeça! Mas normalmente, gosto de coisas mais ligeirinhas, como os livros em que inventam sobre a minha vida. Gosto de me rir, sobretudo, sou um amigo da paródia. Na verdade, fui eu que inspirei a ideia de Santana Lopes ter sido primeiro-ministro. Não pensei era que as pessoas acreditassem que a brincadeira era a sério."

Filme preferido: "Academia da Polícia 5". Estou a brincar, eu disse que era um gozão. Gosto muito do "Fight club", porque me lembra a camaradagem masculina do apostolado; e também do "E.T" e "Alien Ressurrection", porque nunca tive oportunidade de ver alguém a ressuscitar do lado de fora. No entanto, não apreciei "A paixão de Cristo". Se eu tivesse levado uma coça daquelas, nem comigo podia, quanto mais com a cruz. O Mel Gibson precisava de andar com um mono de madeira com 300 e tal quilos no lombo. Aí, ia ver o que era."

Banda preferida: "Adoro Jesus and Mary Chains. Também estou muito numa onda de Madredeus, ultimamente."

Se não tivesse esta profissão, qual escolheria?: "Carpinteiro. Tinha muito jeito para aquilo, mas infelizmente, não pude conciliar."

O que espera que Deus lhe diga quando entrar no céu?: "Só agora?"

La mala educacion


Não sei qual o ângulo pelo qual devo abordar o caso da professora "brutalizada." Normalmente, quando escrevo neste blog sobre casos da vida real a sério, retorço-os um bocado, acabando por dar um toque de humor negro à coisa. O problema é que toda esta situação é um desfile de anedotices pegadas.
Quando leio a palavra brutalizada, espero algo de violento. Imaginei a professora a levar estalos, ou a ser deitada ao chão. Isso sou eu, que tenho sempre expectativas altas. Em vez disso, ela anda de um lado para o outro, como uma aluna a tiracolo, a gritar agarrada ao telemóvel e a berrar como se tivesse 2 anos e quisesse o biberão, só que utilizando vocabulário extremo que, nem mesmo nos dias de hoje, crianças de 2 anos conhecem. Claro que o verbo "brutalizar" fica sempre bem na venda de uma notícia, principalmente quando somos o "Expresso".
Não estou aqui a desdramatizar o caso: a miúda não merecia um par de estalos, merecia que a Inquisição Espanhola aparecesse e a levasse por uns minutos. Na verdade, toda a turma merece isso. O rapaz que filma o acontecimento com um telemóvel (o que dá um tom irónico à situação) ri-se, comenta alarvemente o que se passa, chama "gorda" e "estúpida" a duas colegas que se colocam à frente da câmara, apenas porque querem afastar a colega da docente... Enfim, um festival.
A DREN (Direcção Regional de Educação do Norte) parece não ter Internet, ou saber o que é o Youtube, pois disse não ter conhecimento da situação até hoje de manhã, quando uma cidadã enviou um e-mail à instituição. O próprio Conselho Executivo da escola Carolina Michaelis no Porto (que ou muito me engano, ou ficou classificada no último top das dez melhores escolas públicas do país, caindo assim o velho mito que estas situações só se dão em bairros de delinquentes ou estabelecimentos de ensino perdidos no meio de lugares onde a civilização não chegou) só teve conhecimento através da própria DREN, o que deixará os professores da escola extremamente descansados. E pelos comentários que li ao vídeo no Youtube, vamos ter aqui grandes discussões sobre a forma como educamos as nossas crianças, mas pelos caminhos errados: em vez de abordarmos o laxismo com que se trata a avaliação dos alunos; e o falhanço do sistema de ensino como forma de integrá-los a todos de maneira semelhante; e a formação deficiente e teórica dos docentes; e a própria acção dos pais junto dos filhos; em vez disso, grita-se que nunca deviam ter sido retirados crucifixos das escolas, e que as penas físicas deviam voltar.

Peço desculpa: tentei não anedotizar isto, mas eu avisei que seria impossível.

Ter olho para a questão


Amiudemente me apanham aqui a louvar quem cria e escreve séries. É merecido. Mas uma posição tão importante, seja em televisão, seja no cinema, é a de director de casting. Ter de escolher os actores certos para os personagens é mais complicado do que parece. Alguém imagina, por exemplo, outro actor que não Leonarod di Caprio em "Titanic"? Ou outra que não Julia Roberts em "Pretty woman"? Esteve para acontecer.
No entanto, o director de casting supremo é não só aquele que sintoniza papel com actor, mas que vai mais longe e vai arrancar os intérpretes das entranhas do desconhecido, criando-lhes uma carreira. O prémio de "supremo" terá de ir para Alexa L. Fogel. Eu não sei quem é, nunca a vi, mas foi ela quem escolheu os actores de "Oz", espantosa série ambientada em cenário prisional (7 anos antes de "Prison break"), de um realismo extremo, excelentemente bem escrita e bem à frente do seu tempo. Poucos se lembram, mas este foi o primeiro hit de culto da então tímida HBO, que é hoje um canal de cabo poderosíssimo e de quem se esperam as coisas mais transgressores. Pois amigos, a transgressão começa aqui: desde criminosos que não são totalmente maus, linguagem extrema, violações, nudez masculina, homossexualidade, uso de drogas ou conflitos-étnico-religiosos a sério, a caixa de Pandora foi aberta aqui.
O conjunto de actores que deu literalmente o corpo ao manifesto é hoje conhecido de boa parte dos telespectadores através de outros programas, e essa é uma das marcas de genialidade desta série. Passa na SIC Radical, às quintas à noite, e este blog aconselha vivamente.
Os actores de "Oz" entram em "Lost", "The wire", "Law and order", "Rescue me", "Scrubs", "Band of brothers", "The sopranos", "Dexter", "24", ... Um regalo.

quarta-feira, março 19, 2008

A curta

Já realizei várias coisas que se podem comparar a curtas-metragens. Tenho demasiado respeito pelo cinema para lhes dar um nome tão pomposo, mas tudo o que fiz para os míticos Óscares é, desde os filmes com mísero meio minuto até aos gloriosos épicos de 20 minutos que dão pelo nome de "Ceira witch project" e "Crimes invisíveis" tem um lugar aqui guardado, como pequenos andores que me transportam mais além naminha criatividade.
O Fantasporto e a TMN fizeram o favor de organizar um concurso em que o comum cidadão, armado da câmara de uma telemóvel e obdecendo à temática do terror e do fantástico, tem de filmar uma curta-metragem com o tempo máximo de 3 minutos. Dentro da minha cabeça complicada, 3 minutos é muito pouco. Mas encorajamento geral, vindo de diversos quadrantes, fez-me vencer essa maquineta derrotista e preguiçosa que trabalha dentro de mim e deitar mãos à obra.
O resultado é uma obra de demência óbvia e um regressar a outros tempos. Deu-me um prazer enorme filmar isto, a sério, foi como se tivesse regressado uns anos atrás. Apesar das limitações do telemóvel (o que se reflecte na qualidade visual), creio ter feito algo que pelo menos entretém. A história? Tentem descobrir por vós próprios, será um teste à minha própria capacidade como realizador. O desafio maior que se pode fazer a alguém que é palavroso por natureza é ter de usar o mínimo de palavras possível para contar uma história. Penso ter sido razoavelmente bem sucedido.
Os meus agradecimentos aos meus acolegas do Thíasos, o grupo de teatro que é dono do meu coiro às terças e quintas à noite e que, por uma hora, me deixou ser o patrão do coiro deles. Espero não os ter envergonhado, embora, claro, isso seja utópico.
Sem mais delongas, cá está ela. Espero que gostem e votem. Quanto mais não seja, por despeito.

Rendez-vous with Rama


Não conheço muito acerca de Arthur C. Clarke. Sabia que era ele o autor da short story que deu origem a "2001: uma odisseia no espaço", a genial obra de Stanley Kubrick. Há alguns dias, um amigo meu fez-me chegar às mãos um daqueles produtos que ele considerava de primeira necessidade e parecia assumir contornos vitais na definição da sua infância. Era uma série documental chamada "The mysterious world of Arthur C. Clarke", onde o escritor patrocinava um conjunto de reportagens sobre os mais variados fenómenos bizarros. De imediato, ao ver o genérico, viajei até à minha infâncioa e lembrei-me de que sim, também eu já assistira aquilo. Escondido debaixo de camadas e mais camadas de inconsciente, estava Clarke, ali, deitado no fundo da minha cabeça, ele próprio um mistério.
Talvez seja o facto de o ter redescoberto agora que lhe provocu a morte, eu tenho esse poder kármico (no entanto, permitam-me que me inocente de outro óbito de hoje, o do realizador inglês Anthony Minghella: já conhecia "O paciente inglês", "O talentoso mr. Ripley" e "Cold mountain"). Eu e Clarke partilhamos uma coisa, e não é, obviamente, a genialidade: é a curiosidade. Era isso que o movia e, em certa media, é isso que também me move, mesmo qaundo tudo na vida se augura sombrio. Diagnosticado comum tipo de poliomielite desde os anos 60, Clarke foi ganhadno dificuldades em mover-se; porém, acho que era um sintoma de que o sue corpo não podia acompanhar a mente. De certeza. O homem que coleccionava ficheiros com referências a caveiras de cristal, dragõs marinhos, serpentes gigantes, chuvas estranhas ou OVNI era como um Cahrles Fort dos tempos modernos, apenas mais popular, mas igualmente bem humorado perante aquilo que não conhecemos.
E ele conseguiu finalmente o que queria: uma maneira de ver respondidas todas as suas perguntas. Deste mundo misterios e do outro também. Se ele existir claro. Clarke projectava sempre a sobra da dúvida.

quarta-feira, março 12, 2008

Lição dos últimos tempos


Menosprezo o impacto das minhas acções na vida dos outros. De várias maneiras. O que quer dizer que também me menosprezo.

segunda-feira, março 10, 2008

Memórias

Muita gente me diz que ser adepto do Benfica é condenado a ser feliz apenas no passado, pois é lá que estão as alegrias. Na realidade, imagino-as plantadas num quintal e eu passeando por entre elas, como se fosse o refúgio de um louco feliz.
Numa altura em que o meu clube está longe de estar bem (e é imitado, como sempre de forma rasca, pelo "Sportem"), estou sentado à sombra de uma das minhas grandes memórias como benfiquista: esta aqui em baixo, e que já referi algures no ano passado. A diferença é que, desta vez, há imagens.

Final grades


Tudo o que é bom tem um fim, mesmo a melhor série da actualidade: "The wire tem hoje o seu último episódio. Acabou-se a literatura em forma de televisão nos nossos ecrãs. A série que Barack Obama confessou ser a sua preferida, o que tendo em conta o habitual tacto em não confrontar directamente lobbies instalados por parte de candidatos presidenciais, é uma afirmação elucidativa da sua linha de pensamento. "The wire" é um dos únicos fóruns públicos de discussão dos problemas das cidades actuais.
E tem personagens inesquecíveis e uma escrita de calibre balzaquiano. Por isso é mesmo boa.
Mas tinha de acabar: citando Omar Little, "It's all in the game".

domingo, março 09, 2008

sábado, março 08, 2008

Um dia delas?


Eu aplico ao Dia Internacional da Mulher a mesma lógica que aplico na minha mente ao dia dos namorados: os dias internacionais ou comemoram efemérides ou então flagelos. Por muito que o meu lado Gulherme Leite queira aqui fazer uma piada com o género feminino, abster-me-ei. Mas não porque não tenha um fundo de verdade.
Posto isto, arrepio já caminho: eu gosto de mulheres. Não lhes bato. Não as discrimino. Não as vejo como objectos. Faço piadas sobre elas, mas hei, elas também fazem, portanto comungamos do princípio da igualdade entre sexos. Faço tarefas que, por força da tradição, são despachadas para o sexo feminino: trabalhos na cozinha, estender roupa, lida doméstica; e a coisa que mais facilmente faz subir em mim a minha libido é a inteligência da rapariga. Ok, minto, é a segunda coisa.
Estamos entendidos, não estamos? Gosto de mulheres e enfim, não encaixo no cargo de porco chuavinista. Logo, um pedido às mulheres que querem advogar e falar de feminismo e queixar-se acerca do tratamento péssimo que os homens dão às mulheres: eu sou homem e consigo ver na mulher um ser igual a mim. Se querem pregar que as mulheres têm direitos e merecem igualdade, estarei lá para dizer que sim e concordar; apenas não ateiem o fogo em mato ardido: nada arde e ainda desgasta o terreno. A sério.
Outra coisa: feminismo não é bazófia acerca de como as mulheres são mais inteligentes que os homens. Se é para isso, salto fora do barco e não contem comigo. Também não é dizer: "Nós, complicadas? Vocês é que são uns complicados do caraças!". Deixem-me corrgir: nós somos ocasionalmente idiotas. Não confundir isso com complicação. Há um homem que gosta de duas raparigas e não se decide? É idiota; há um homem que vos confunde pois não se decide se é homossexual ou heterossexual? É idiota; há um tipo que gosta de vocês, mas não consegue estar convosco? É idiota... E também faz parte do grupo da segunda pergunta. Uma coisa é idiotice; outra é armadilhar os homens com perguntas como "Este vestido fica-me bem?" (um dos caminhos do Inferno vai dar a um quarto onde uma mulher pergunta isto); ou, num lampejo súbito e inexplicável (e muitas vezes, nem vocês mulheres nos explicam), não falarem para nós durante uma semana. Isso é complicação, e quando nos queixamos, é porque não percebemos. Não é porque sejamos machistas ou vos odiemos: é porque não vivemos nos vosso mundo. E desculparem a vossa complicação com a nossa intolerância é, há que dizê-lo idiota. Se o vosso desejo é igualdade, há coisas em que vos aconselho a não serem iguais a nós.
Também vos odeio ocasionalmente. A todo o género por igual. Canto "Bitches ain´t shit", quero imprimir t-shirts e tudo com a frase.
E depois, apaixono-me, e passo uma amnistia a todas por igual.

Enfim, é isto. Agora, venha histeria, irritação e porrada para o otário.

quinta-feira, março 06, 2008

À lupa


Nunca vos deu um daqueles acessos de nostalgia que vos obriga a remexer em coisas velhas?
Sim? Ainda bem, porque a mim não. Mas pus-me antes de ontem a ouvir "Lupa", originald e Sérgio Godinho, editado em 2000. Há muito que aquelas múscias não estimulavam o meu cérebro.
Godinho é um excelente escritor, literalmente falando, de canções. As suas letras contnuarão a fazer sentido e a serem obras de arte daqui a 1000 anos, se este planeta ainda girar. "Lupa" tem uma das músicas que mais gosto, cujas palavras me passam a língua pelo lóbulho da orelha. Chama-se "Dancemos no mundo" e sempre que a ouço, tenho de me sentar e bater o pé várias vezes. Podia colocar a música, mas prefiro centrar-me nas palavras. São as que mais vezes nos passam ao lado.

Isto é como tudo, não há-de ser nada
a minha namorada é tudo que eu queira
mas vive para lá da fronteira

Separam-nos cordas, separam-nos credos
e creio que medos e creio que leis
nos colam à pele papéis

Tratados, acordos são pântanos, lodos
Pisemos a pista, é bom que se insista
dancemos no mundo

Eu só queria dançar contigo sem corpo visível
dançar como amigo se fosse possível
dois pares de sapatos levantando o pó
dançar como amigo só

Por ódio passado que seja maldito
amor favorito não tem importância
se for é de circunstância

Separam-nos crimes, separam-nos cores
a noite é de horrores, quem disse que é lindo
o sol-posto de um dia findo

Sozinho adormeço e em teu corpo apareço

Pisemos a pista, é bom que se insista
dancemos no mundo

Eu só queria dançar contigo sem corpo visível
dançar como amigo se fosse possível
dois pares de sapatos levantando o pó
dançar como amigo só

Em passos tão simples trocar endereços
num mundo de acessos, ar onde sufocas
lugar de supostas trocas

Separam-nos facas, separam-nos fatwas
pai-nossos e datas e excomunhões
acondicionando paixões

Acenda-se a tua luz na minha rua

Pisemos a pista, é bom que se insista
dancemos no mundo

Eu só queria dançar contigo sem corpo visível
dançar como amigo se fosse possível
dois pares de sapatos levantando o pó
dançar como amigo só

terça-feira, março 04, 2008

Cavalos

É uma opinião muito pouco consensual, mas "Millennium" é uma grande série de televisão, das melhroes e mais criativas que já vi. Estreou em 1997 e em três temporadas, antecipu, de uma assentada, as séries que carregam forte na medicina forense e os dramas místicos sobre sociedades secretas. O autor? Deus )para quem nnãoe stá familiarizado, Chris Carter)
O maior ponto fraco de "Millennium" era a sua heterogeneidade enquanto conjunto: de facto, cada temporada parece uma série à parte, habitada por dois ou três personagens comuns. Se a primeira temporada é uma análise pura da essência do mal e a terceira um manuel de sobrevivência ao desepero, a segunda é a que aposta mais na mitologia do chamado "Millennium group", uma empresa privada que tem interesses altamente obscuros e que serve como motor da série no seu todo.
O último episódio desta temporada contém uma sequência que ficou gravada na minha mente desde a primeira vez que a vi e que se tem tornado impossível de esquecer. Um dos personagens, a visionária Lara Means, interpretada por Kirsten Cloke, está trancada num quarto de hotel, enquanto uma aparente epidemia mortífera grassa no exterior. Acaba de lhe ser revelado o que acontecerá no Apocalipse. O que se segue são nove minutos de um tour de force apocalíptico apropriadamente ao som de "Horses", de Patti Smith. São nove minutos que nunca irei esquecer e que me deixam com pele de galinha de cada vez que os vejo.
Os cavalos também lá estão. Quatro. E assim como em 1997, também nos dias de hoje eles se passeiam pelo nosso planeta.

Empreendimento

O tema do resto de ano pioneiro vai ser a cor, em todas as suas valências e significados. Fica aqui, para celebrar isso, um videoclip com um engenhoso trabalho de câmara, de uma das mais recentes cantautoras femininas a triunfar na cena musical indie norte-americana: Feist. O realizador é Patrick Daughters e a canção é simplesmente "1,2,3,4". Entra no ouvido à primeira.

segunda-feira, março 03, 2008

Esquisito


Sentir que estão neste momento diversos eus a viverem várias vidas deles dentro da minha. Não conseguir descobrir qual desses eus sou mesmo eu. E saber que nenhum deles é o eu adulto que devia estar a enfrentar a minha vida neste momento.
No entretanto, cada um deles me vai trazendo coisas diferentes, que já não tinha há algum tempo, ou que nunca tive. Como se a minha personalidade tivesse decido estilhaçar-se e dar uma volta por avenidas na vida que, burro, não queria percorrer. E agora que as percorro, tenho de finalmenten me perguntar o que sou eu, quem sou, o que quero. Olhar em volta e ver opções das pessoas e perguntar se estas são "normais" e se eu quero ser "normal". Se o ser "normal" me basta; ou se, pelo contrário, a "normalidade" matará alguns dos meus eus, sem que outros saiam fortalecidos.

Pois é, já estavam fartos de cinema e sentiam falta destas merdas, não é? :)

sábado, março 01, 2008

Conectivity

A Converse faz 100 anos em 2008 e para celebrar o facto, a empresa (que pertence à Nike, não sabia disto) decidiu fazer uma campanha baseada em ícones que estão ligados ao uso da famosa marca de sapatilhas. Todos diferentes, todos ligados uns aos outros por um par de calçado.



Da esquerda para a direita: Hunter S. Thompson, Dwayne Wade, Sid Vicious, M.I.A, James Dean, Karen O., Common, Joan Jett e Billie Joe Armstrong

Intermission



"Longview", Lea Delaria (o original pertence aos Green Day)