quarta-feira, fevereiro 25, 2009

A VERGONHA


Sim, eu sei que era previsível e que eu antevi e essa coisada toda, mas não posso deixar de dizer que atribuir os Oscar de melhor filme a "Slumdog millionaire" é a VERGONHA! Como tenho escrito sempre em maiúsculas, faço questão de ser coerente. Já aqui dei a minha opinião sobre o filme, achei-o bom, mas havia pelo menos dois filmes superiores: "Milk" e "The curious case of Benjamin Button". Não será a primeira, nem a última, vez que a Academia premeia o filme que menos merece (ou que pelo menos nomeia filmes que não merecem a distinção), mas quando se estava emocionalmente investido numa obra, como eu estava, torna-se difícil de engolir. No fundo, os Oscars foram o que sempre são, ou seja, um reflexo do tempo presente; e de momento, a esperança está a caminho. É muito melhor premiar uma obra de força positiva universal do que um tratado sobre a passagem do tempo, a vida e a morte. Parecendo que não, a morte e a passagem do tempo são coisas pouco positivas.
De resto, justiça na atribuição do Oscar a Penelope Cruz, e também a Heath Ledger. Vi nove em dez interpretações nas categorias secundárias (faltou-me Michale Shannon, em "Revolutuonary Road", e ambas eram as mais fortes na respectiva categoria, deixando de ser meros papéis para se tornarem em abstractas forças da natureza. Para melhor actor, Sean Penn foi uma boa escolha, tão boa como Mickey Rourke. Era uma questão de opção: a habildiade Penn em desaparecer no seu personagem ou as viscerais força e pungência de Rourke, num incrível desempenho em "The wrestler".
Nas categorias técnicas, não me oponho à maior parte dos prémios ganhos pelo filme de Danny Boyle (que merece aquele Oscar, porque o filme dele; David Fincher tem um trabalho superiormente mais difícil, mas não achei um Oscar mal atribuído, tanto mais que Boyle é um dos tipos mais originais a trabalhar no cinema actual), porque se pode sempre argumentar a seu favor. Agora, direcção de fotografia e banda sonora são dois flagrantes erros de casting. A banda sonora de "Slumdog millionaire" é um agrafado de sampes, canções pop e orquestrações banais, longe de representar aquilo que é bom na música de um filme. Os trabalhos de Alexandre Desplat, em "Benjamin Button", e Thomas Newman, em "Wall-E" são claramente superiores, e até se escutaram excertos durante a cerimónica prová-lo. Quanto a fotografia, embora Anthony Dod Mantle tenha um registo interessante por detrás da frenética câmara de Danny Boyle, penso que esta seria uma competição entre Claudio Miranda, na citada obra de Fincher, e Wally Pfister, em "The daki knight". O cinema como arte ficaria muito mais bem servido com estes dois reconhecimentos
Mas enfim, são os Oscars, e todos os anos, cá estamos nós para desilusões e afins. Faz parte da rotina de ver isto e ter interesse pelo careca dourado. Ao que parece, ha mais para o ano; e cá estejamos todos com saúde.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Desafio aceite


Tenho apanhado em blogs que leio um desafio interessante: temos de escrever nove afirmações acerca de nós próprios e três delas devem ser mentira, sem que as anunciemos. Cabe ao leitor opinar e tentar adivinhar, sendo que o enunciado de descodificação (traduzindo: o que é peta) será revelado posteriormente pelo autor, neste espaço público. Ora vamos lá a isto.

1- Envolvi-me numa cena de pancadaria com um tipo que praticava karate

2 - Recebi uma prenda de anos de uma professora, sem nunca ter ido para a cama com ela

3 - Andei ao banho nu numa praia frequentada

4 - Em Budapeste, andei em transportes públicos sem nunca ter pago um tostão

5 - Vi uma pessoa a morrer à minha frente

6 - O Vítor Paneira já me fez um pirete, antes de me mandar para o caralho e me chamar filho da puta

7 - Já vi o fantasma de um familiar

8 - Fui operado sob o efeito de uma anestesia defeituosa, o que levou a que tivesse sido exposto a dor sem limites

9 - Já menti a uma rapariga por causa de uma série de televisão



E é assim. Deixando histórias mais escabrosas no baú, penso que estas, embora light, dão espaço para teorizações várias.

O desafio pedia-nos que passássemos em corrente esta brincadeira para outros bloggers. Por isso, sugeria à Maryland, à Post-it, à Ela, à Meli, ao Classiquê, ao Lupin, à Shelyra e outros dos quais me esquecie, mas que têm blog e frequentam este para continuarem.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Predictions, predictions...


Antes de mais, quem estiver realmente interessado neste post, deve acompanhar lateralmente a sua leitura com este artigo:
Agora, siga!

Os Óscares são domingo e é seguro dizer que este ano é dos mais previsíveis de que me lembro. Desde praticamente Dezembro que se adivinha o vencedor da categoria de melhor filme, e mesmo realizador, e nem o facto de não ser o filme mais nomeado acrescenta suspense à noite de domingo. É nas categorias de interpretação que estão as verdadeiras indecisões da noite. O "I'm a complex guy, sweetheart", deixa aqui as suas previsões, mas não garante certezas. Por isso, recusará terminantemente ser levado a tribunal em processos manhosos de extorsão.

Melhor filme: Slumdog Millionaire - Diria 100% de certeza, mas mesmo com todo o apoio incondicional, não quero brincar a esse jogo perigoso com os Óscares. Ainda me lembro de quando "Brokeback mountain" perdeu...

Melhor realizador: Danny Boyle, "Slumdog millionaire" - Lógico. Mesmo que apeteça aos votantes enveredar por outro candidato, nenhum reúne suficiente consenso. A surgir alternativa, apostava em Fincher, que está no filme mais nomeado.

Melhor actor: Mickey Rourke, "The wrestler" - Parece-me que é entre Mickey Rourke, por "The wrestler" e Sean Penn, por "Milk". Acho que, com tudo esta história do regresso da cova, Rourke tem a vantagem, mas é mínima, e sinceramente, pode virar para qualquer um dos lados. Na remota hipótese de o voto se dividr entre os dois candidatos, não se surpreendam se chamarem Frank Langella, por "Frost/Nixon".

Melhor actriz: Meryl Streep, "Doubt" - O bom senso pede que se escolha Kate Winslet, pelo "The reader", e de facto, foi a minha primeira escolha. Mas quanto mais penso, mais me inclino para Streep. Winslet entra num filme que tem um apoito declarado, e tem um sotaque, e envelhece, e despe-se, e essas coisas que dão o Oscar; e ainda por cima, é Kate Winslet e nunca ganhou em seis nomeações! No entanto, interpreta uma, vá lá, nazi, e nunca ninguém ganhou por esse tipo de papel. Mas Streep, embora seja a actriz mais nomeada, já não ganha um Oscar há mais de 25 anos; e nunca se deve subestimar Streep. Se pudesse dar dois nomes, Winslet estava lá.

Melhor actor secundário: Heath Ledger, "The dark knight" - Mais que entregue e decidido. Se não for, motins acontecerão no exterior e cadeiras voarão no Kodak theatre.

Melhor actriz secundária: Penelope Cruz, "Vicky Christina Barcelona" - Tem sido, desde cedo, a candidata mais consistente: um filme de Woody Allen, que normalmente é sinónimo de prémios nesta categoria, uma campanha orquestrada por Harvey Weinstein e a sensação de que já pode levar o prémio. No entanto, as categorias secundárias são imprevisíveis e tenho a impressão de que Viola Davis, em "Doubt", pode surpreender.

Melhor argumento original: "Milk" - Uma competição entre Dustin Lance Black, em "Milk", e Andrew Stanton em "Wall-E". Não acho que "Milk" saia de mãos vazias da cerimónia, por isso será aqui que poderá receber o seu prémio

Melhor argumento adaptado: Simon Beaufoy, "Slumdog millionaire" - É outra daquelas categorias que, salvo um ou outro apocalipse, não merece discussão.

Melhor montagem: Chris Dickens, "Slumdog millionaire"

Melhor fotografia: Claudio Miranda, "The curious case of Benjamin Button"" (A aposta segura, no entanto, é Anthony Dod Mantle, por "Slumdog millionaire"; mas os Óscares, optam tradicionalmente pelo que é estético, daí a minha opção por Miranda)

Melhor direcção artística: Donald Graham Burtt e Victor J. Zolfo, "The curious case of Benjamin Button" - Com 13 nomeações, é impossível este filme ir para casa de mãos vazias, e este é um dos seus pontos mais fortes.

Melhor guarda-roupa: Michael Carlin, Rebecca Alleway, "The duchess" - Tendo em conta os gostos habituais da Academia, é a escolha mais óbvia, mas se "Benjamin Button" começar a engrenar, Jaqueline West ganha aqui.

Melhor caracterização: Greg Cannom, "Benjamin Button" - O homem é uma lenda neste departamento, e a caracterização é uma parte tão integral do filme que acho impossível haver outro vencedor.

Melhor banda sonora: Alexandre Desplat, "Benjamin Button" - A.R Rahman, por "Slumdog millionaire", é a escolha segura, porque esta é uma categoria que facilmente é arrebanhada pelo filme que acaba por ganhar mais prémios, mas bandas sonoras pop não entram muito no gosto da Academia (veja-se a vergonhosa não nomeação de Newton Howard e Hans Zimmer em "The dark knight)e aí, seguindo a lógica de mais nomeações, Alexandre Desplat pode conquistar finalmente o seu primeiro e merecido Oscar.

Melhor som: Tom Myers, Michael Semanick, Ben Burtt, "Wall-E" - O trabalho de Ben Burtt no filme, onde dá som ao personagem principal, é definitivo e genial, e a Academia, normalmente, não dá este prémio aos gigantescos blockbusters de Verão.

Melhor montagem sonora: Richard King, "The dark knight" - É entre "Iron Man" e "The dark knight", mas digo que vai para o homem-morcego, só por palpite.

Melhores efeitos visuais: Eric Barba, Steve Preeg, Burt Dalton, Craig Barron, "Benjamin button" - O trabalho neste filme é daqueles que faz avnçar o próprio campo dos efeitos especiais, e embora "Iron man" e "The dark knight" sejam obras mais tradicionais a este nível, não me parece que ofereçam grande obstáculo.

Melhor canção: "Jai Ho", "Slumdog Millionaire"

Melhor filme de animação: "Wall-E" - É um filme que ao todo tem seis nomeações; é da Pixar. Não tem nada que saber.

Melhor documentário: "Man on wire" - Um documentário sobre esperança e sonhos. Ou seja, o panfleto perfeito da era Obama.

Melhor filme estrangeiro: "Valsa com Bashir" - O bom senso manda que se escolha entre "A turma", de França, e "Valsa com Bashir", de Israel. Mas esta categoria é tão imprevisível que, aqui entre nós, tenham atenção a "Departures", do Japão.

Curtas:
Documental - "The conscience of Nhem En"
Animação - "Presto"
Curta-metragem - "Spielzeugland" ("Toyland")

E aqui fica! Amanhã, podem insultar-me!

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

The electrical morning


Time gets trapped like drops
On a spider's web
Pictures never taken
Are burning in my head

I hear my brother mending something in the backyard
My mama's hand holding a book
Time gets trapped like drops

I'm saving for a rainy day all the sunlight
That warms up my skin
And all the love you left behind
Has begun to seed in

Tiny earthquakes
That shook my world
Nights with words
Going 'round my head

I hear my mother singing something in the kitchen
My father's hand wrapped in mine
Time gets trapped like drops

("Walkin in Soho")

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

1


Nobody likes you
Everyone left you
They're all out without you
Having fun...

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Uma vergonha!

Já não basta uma pessoa andar deprimida por outras coisas, até os pequenos prazeres nos querem estragar...

http://clix.expresso.pt/pedro_proenca_avaliado_com_24_no_fc_portobenfica=f498296

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Sábado 14


Eu tinha prometido a mim mesmo que ficaria longe de tal sítio, naquele dia em particular, mas o certo é que, no Sábado, à noite, ainda por cima, entre num centro comercial. Motivos de força maior a isso obrigaram e é por isso que eu odeio os motivos de força maior.
Perante o confirmar de que a praga da doença 14-V estava de facto em plena fase de alastramento, o plano instalou-se: entrar, comprar o que precisava, sair e nem sequer olhar para trás, sob o risco de entrar no AKI e a compra de uma pistola de pregos se transformar no início de uma noite extremamente interessante para mim, e para a polícia, mas algo aborrecida para dezenas de pares de namorados.
Ora, felizmente, o dia dos Namorados não é só coisas bacocas e instintos homicidas: é também a oportunidade para campanhas de marketing despropositadas. Algumas despertam-me um sentimento próximo àquele que José Sócrates tem por certos parentes, mas outras são demasiado ridículas para não gozarmos impunemente. Uma foi iniciativa da Box, que arrebanhou alguns filmes e colocou-os a preços apetecíveis.O lema era o romantismo e látinhamos comédias românticas e histórias de fazer chorar as pedras da calçada; e também tínhamos doi exemplares num erro de casting monumental: "Closer" e "Encontros Imediatos de 3º grau".
"Closer", e quem viu sabe, é tudo menos o filme indicado para um par de apaixonados ver no dia dos Namorados. Em condições ideias, pode ser o início de um belo apaclipse na relação. É um filme não sobre amar aspessoas, mas simplesmente precisar delas, para usar e abusar, e ser iludido por si próprio e levado por desejos que se confundem com sentimentos. É sobre a mentira, sobre o jogo de esconder, sobre a falta de transparência numa relação. É sobre sacanagem. Basicamente, é tudo aquilo que uma relação amorosa tem normalmente, mas que não verão aparecer em anúncios do dia dos Namorados. Ideal para se ouvirem umas verdades; péssima sugestão para publicitar o belo do amor.
"Encontros imediatos" entra já me territórios de casamento é nada mais do que uma história de amor entre um homem e a sua obsessão, e de como o chamamento interior e o desejo de saber valem mais do que a estabilidade uma família. Fala de uma mulher incapaz de compreender o marido, que o vilaniza e acha que ele está louco, e faz por esquecê-lo. O feel good movie do ano para Hillary Clinton, mas acredito que, para além de este filme não ter nada a ver com o romantismo, mais ninguém o encarará como a coisa certa para criar um clima romântico. Estava à espera de ver "Hostel" ou mesmo "Porkys", mas provavelmente, tinham esgotado depressa, depressinha.
Depois, fui ter com um amigo meu a uma loja de videojogos e ficámos a discutir estes Óscares. Não se falou de problemas problemas cardíacos, nem coisadas semelhantes. Ambots tínhamos o sentido de decoro e respeito por cada um. Foi um final de noite de conversa interessante, e estranhamente, o mundo não acabou.

sábado, fevereiro 14, 2009

Ah, o amor...


No, there is not a thin line between love and hate. There is, in fact, a Great Wall of China with armed sentries posted every twenty feet between love and hate.

Yeah. Right. True love. That's just how we match organs these days. There's a couple in France, high school sweethearts - they're trading brains.

The Love Doctor has made an art of breaking up with women. 'Cause you're convinced that the loss of you would be too devastating for any woman to handle.

You know how they say, "you can't live without love"? Well, oxygen is even more important.

Every minute that we refuse to love one another, another puppy cries another tear.

There's a reason we don't let kids vote, or drink, or work in salt mines. They're idiots! Twenty year olds fall in and out of love more often than they change their oil filters. Which they should do more often.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Sexta-feira 13


Há quem pense ser este o dia mais azarado do ano (pessoalmente, penso que é o dia 14, quando calha em Fevereiro). A sexta-feira 13, para além de ser uma sangrenta saga de filmes de terror e o único amigo que Robinson Crusoé fez enquanto esteve na ilha deserta, é uma espécie de assombraçãopara supersticiosos de todo o mundo, mesmo quando na prática não existem grandes motivos para isso. Há, no entanto, um poder simbólico encerrado no número 13, que é impossível de negar; e mais do que em factos ou evidências, as pessoas acreditam em simbolismos e poderes místicos. Mesmo quando batem no peito e proclama mais racionalistas que Darwin.
A sua associação mais famosa, claro, é à Última Ceia, onde estavam 13 convidados à mesa, e ao que parece, um deles morreu. Mas depois, dizem, resuscitou, por isso não sei quanto azar poderá estar aí. Outra associação cristã remete para a Epifania do mesmo Messias, porque este terá recebido a visita dos Reis Magos no seu décimo terceiro dia de vida. No Judaísmo, 13 é a idade em que um rapaz faz o seu Bar Mitzvah, o sue ritual de passagem à idade adulta (bem doloroso, por sinal). 13 é também o número de atributos de Deus, segundo a Tora, e se confiarmos no teólogo Mamonides, a quantidade de princípios da fé judaica. Um outra ceia que deu para o torto encontra-se na mitologia nórdica, onde 12 deuses convivas viram o penetra Loki aparecer e matar um deles (13 pessoas, portanto), o que previsivelmente terá causado atrasos no consumo da sobrememsa.
O 13, portanto, não foge da sua associação nefasta (nenhum corredor de Fórmula 1 usa este número desde 1976), mas no entanto, os Sikhs associam o 13 à fartura e os italianos consideram-no um número de sorte. Claramente, não sofrem de Triskaidekafobia, o medo deste algarismo. É mais comum e profundo do que possamos pensar. Muitos edifícios norte-americanos não têm o 13º andar (a câmara municipal de Buffalo, Nova Iorque, por exemplo), usando o M, que é a letra 13 do alfabeto. No Irão, a maior parte das casas 13 aparecem designadas como 12+1, e em Inglaterra, são normalmente embargadas as propostas de construção de casas que vão ficar com este número. Em companhias aéreas, como a Alitalia, a Continental e a Meridiana, não existe o lugar 13 nos aviões. Ainda na aeronáutica, há aeroportos que não têm o porta 13, e o avião que sucedeu ao F-12 foi o f-14, não o F-13.
13 eram os degraus que normalmente conduziam às galés de um navio, e o número original dos estados fundados dos EUA. Os membros da Mafia mexicana identificam-se com o 13, e há dois filmes com nomes de números, cuja soma dos dígitos é 13 ("THX-1138" e "1408"), sendo que um aborda um futuro sob o domínio da tirania e o outro uma história de homicídios fantasmagóricos.

Quer dizer, se a nosa paranóia não actuasse, o 13 era um número como os outros...

Production design

Como bem me lembrou o designer por detrás do cabeçalho costumeiro deste blog, faziam dois anos desde a criação da imortal obra. O problema é que ela não era tão imortal assim, porque morreu; ou pelo menos, reencarnou. Desta vez, o complex guy é visto ao raio X e ganha uma companheira, certamente mil vezes mais complexa que ele. Neste caso, acho que isso não são boas notícias.
Um agradecimento especial ao artista e abre-se o espaço à discussão, desde a opinião estética até à teoria de que este novo par poderá ser um prenúncio positivo para a vida amorosa do senhor luminary (que a seguir se vai tornar num jogador de futebol, porque acabou de se dirigir a si proprio na terceira pessoa).

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Publicidade institucional


Um festival de Rock em Ceira? Parece impossível... Mas brevemente...

www.ceirarockfest.com

Maio, 2009

"Slumdog millionaire"


Revelo já desde o início uma previsão que vai condicionar toda esta review: este é o filme que dia 22 vai ganhar o Oscar de melhor filme, entre outros.É impossível pará-lo, isso é certoo.A questão que se põe é se é merecido. Qual a resposta? Fiquem para o final.
"Slumdog millionaire" parte de um estratagema engenhoso: na Índia, um jovem, Jamal, está a uma pergunta de poder ganhar 20 milhões de rupias na versão local do "Quem quer se milionário". Nesse momento, o filme faz um flashback até ao início do concurso e até todas as perguntas a que este já respondeu, sendo que cada resposta dada corresponde a um momento em particular na sua vida, o que provoca um novo flashback que conta a história de Jamal, do irmão mais velho Salim e Latika, uma jovenzinha que faz de amor da vida de Jamal. O que nos aguarda é uma história de dor e sofrimento, que não deverá andar longe da realidade dos bairros de lata de Bombaim, a cidade onde decorre a maiorparte da acção da história. Jamal e Salim vivem a história praticamente toda juntos, mas as suas diferenças (Jamal é o ingénuo e bondoso, que acredita no destino, em ajudar os outros e na inocência e nos sonhos; Salim é prático e por isso sabe que o mundo é mau, e que para se sobreviver tem de se comportar à altura) fazem com que cada uma tenha uma vivência diferente e a certa altura, uma existência separada.
Não querendo contar a história do filme ( e por isso, quem quiser ir realmente "virgem", pare por aqui), o final acaba por se tornar previsível a certa altura. A história é demasiado dickensiana para acabar mal. De certa forma, é quase a mais velha história do mundo: um rapaz de bom coração, que luta contra tudo e contra todos para poder conquistar a rapariga e ser feliz. No seu básico, o filme é isto. Os bons são muito bons, os maus são vilanescos e o único personagem com real espessura nesta história acabar por ser Salim, que tem alguma complexidade no seu comportamento e motivações. Jamal, para mim, pelo menos, parece-me um pretexto de personagem e Dev Patel, que acredito ser bom intérprete, apeas a insufla como pode, o suficiente para que criemos empatia com ela. A priemira metade do filme, que retrata a infância dura dos personagens, pelo meio da degradaão e ao mesmo tempo do exótico e da cor das paisagens humanas da Índia, é a melhor. A partir de certa altura, quando Jamal já é adulto e tem um emprego, e ainda procura Latika, começa a parecer desinteressante, porque se assemelha a trezentos filmes de Bollywood. No momento em que Jamal está para responder à última pergunta e o país se pendura na sua resposta, como se fosse uma saída para a sua miséria, como se fosse um motivo para ter esperança, estamos em plena fantasia de Frank Capra, e a dureza com que o filme começa é enviada para as urtigas. Nem falta um número de dança pelo meio.
O filme tem sido celebrado pela sua mensagem de esperança, pelo retrato do colorido e da alegria do Oriente, por ser uma celebração da vida, e em anod e Obama, qualquer filme que retrate esperança tem de ser o filme da moda. A meu ver, é aqui que nasce a sua excessiva valorização: o filme parece-me algo básico e nível de história e interpretações. A sua mensagem, num filme americano, seria acusada de simplista e bacoca, mas como é um filme britânico passado na Índia, estamos bem. Penso que é por isso que não consigo gostar verdadeiramente deste filme: porque me parece que querem transformá-lo em algo que não é. É pena, porque tem realmente coisas muito boas. Para começar, Danny Boyle volta a confirmar que não fez jamais um mau filme. A sua realização cinética (que parece muito pouco britânica) é o ideal para o filme, e maneira como ele e o seu director de fotografia Anthony Dod Mantle (num trabalho bastante interessante) captam a vida das gentes indianas é extraordinária. Aliás, a equipa técnica do filme tem um trabalho muito bom, e faz com que o filme pareça ter sido produzido por mais dinheiro que aquele que está escrito no sue orçamento. No entanto, Danny Boyle já abordou os temas do filme bem melhor boutras obras suas: crianças e sonhos? o subvalorizado "Millions"; uma história em tom de fábula? o bizarro "A life less ordinary"; paisagens orientais? "The Beach"; e degradação e decadência urbana? aquela que continua a ser a sua obra-prima, "Trainspotting", um dos grandes filmes da década de 90.
"Slumdog millionaire" é um filme que vai cair bem nos Óscares, porque é um pretexto para uma série de coisas. Primeiro, é um pretexto para celebrar a esperança e Obama, de atingir o zeitgeist de uma nação, da mesma maneira que o ano passado o fizera através de filmes com negrume abundante em tempos turbulentos; em segundo, é o encontro entre as duas maiores indústrias cinematográficas do mundo, a norte-americana e a indiana, que têm aqui uma oportunidade de se celebrarem mutuamente. A mediação é feita pela britância, que ocupa um papel importante em ambas (grande númeor de membros nos EUA; temáticas e heranças de estrutura de história na Índia(. Aliás, o filme é uma fusão entre o escapismo de Bollywwod e o realismo social britânico; em terceiro, depois de anos a premiar obras complexas e pessimistas, é a altura de a Academia regressar à luz e entrar em contacto com os seus sentimentos. E que melhor do que a história de um menino pobrezinho que passa horrores, mas recebe a sua recompensa plena no final? Não me interpretem mal: eu sou um sucker por histórias destas, mas bem feitas. Esta nunca me deixou de soar forçada. Tenho pena. É um bom filme, não o nego, mas mais pela excelente realização de Boyle do que pela sua mensagem.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Filmúsica






O salvador


Com a economia em queda livre, ao mesmo ritmo da sua imagem pública, fonte próxima do governo contou ao corpo redactor deste blog que José Sócrates está a pensar em ministeriar o piloto do Airbus que há umas semanas aterrou no rio Hudson.

sábado, fevereiro 07, 2009

Prosas bem bárbaras


O sistema de educação português está pelas ruas da amargura, segundo dizem, e eu concordo. No entanto, há uma razão, solitária e resistente, pela qual não consigo desistir desse cadáver: Eça de Queirós. O que é que o genial bigodaço, mestre no uso da nossa língua, tem a ver para o caso? É simples e explico no próximo parágrafo.
Cá estamos. As obras de lietratura que temos de ler no secundário (ou pelo menos, comprar aqueles caderninhos giallo-neros da Europa-América) costumam suscitar em nós, enquanto estudantes, comoções desdenhosas que arrepiam. Não lhes queremos pôr a vista em cima, porque, ao que parece, transmitem doenças. Nalguns casos, é verdade, pois para quem sofre de idiotice crónica, o saber pode causar choque hipotérmico. Felizmente para mim, tive uma estrondosa professora no secundário, que acompanhou a minha turma durante os três anos. Era o tipo de pessoa que conseguia tornar a vida privada de José Castelo-Branco algo de interessante. Não se limitava a debitar teorias e conceitos: identificava-nos com os livros e autores portugueses, transportava os seus temas e problemas para os nossos dias, e de repente, tudo nos parecia familiar e fascinante. Penso que, ainda assim, consegui ter sempre boas notas em testes sem ler uma única obra completa. No entanto, quando tiev um 19 à custa de "Os Maias", senti algum remorso e obriguei-me a ler a obra. Resultado: é o meu livro preferido e partir daí, ajoelho no altar que endeusa Queirós como autor maior não só da língua portuguesa, mas também da prosa mundial.
Ora, nestes dias de chuva e frio, o que apetece é ficar em casa. Juntando a isso uma solidão crónica, cumpro à risca esse preceito, e por isso, dei por mim a olhar para as minhas estantes, em busca de entretém para situações de cobertor por cima. Lá estava, alinhada como uma fila de soldados, a minha colecção incompleta da obra queirosiana. Fui acometido de uma vontade súbita de auto-flagelamento, pois reparei que havia livros que, comprados em febre de promoções de hiper-mercado, haviam ficado ali a um canto, como a Vénus Citreia no Ramalhete de Afonso da Maia. Ignomínia! Toque a rebate na minha cabeça e ficou firmada a promessa de ler o que me falta. "A cidade e as serras" marchou numa semana. Hoje, acabei "A ilustre casa de Ramires", enquanto lanchava; e para começar a ler, chamando a vontade de dormir, já me espera "O primo Basílio". Era um crime de lesa-majestade, claramente, mas tendo em conta a remessa de livros para pôr em dia (e não, ainda não retomei "O fantasma de Harlot", como prometera aqui), justificadíssima. No entanto, o Eçazinho já merecia a minha atenção, mesmo depois de ter a minha reverência; e há que admitir: a sua escrita é de estalo, meninos!

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Intermission


Her morning elegance, Oren Lavie

Cover up

No Cover up desta semana, chega a vez da música pop moderna ter a sua releitura por, quem mais, uma igreja evangélica. Tendo em conta que a estrela pop a ser relida é Britney Spears,pode estar a concretizar-se um dos sinais do fim dos tempos.
Achando possivelmente que os métodos normais estavam esgotados, uma seita religiosa brasileira teve a briçhante ideia de fazer aquilo a que chama "versão mística" de músicas conhecidas de todos os fiéis e futuros fiéis. A receita é simples: uma jovenzinha de cabelos claros apresenta, dá informações sobre a música e lança pistas de fé, para dar espaço a duas intérpretes de gabarito internacional, Asusana e Alíbera (é msmo assim, tudo pegado). Infelizmente, a minha pesquisa não conseguiu desenterrar informações válidas sobre as duas intérpretes, mas eu não tenho acesso a ficheiros de instalações psiquiátricas brasileiras.
As duas moças parecem ter passado ao lado de uma grande carreira na música. Aqui, com INRI Cristo, o líder da seita, suposta encarnação de Jesus, têm finalmente a oportunidade de encontrar um público dispostas a ouvi-las. Começando como qualquer boa banda de garagem, apostam em covers, arrojadas, espalhando a mensagem do senhor. Quase sempre apostando numa indumentária discreta, "Toxic" prova ser a sua aposta rumo ao estrelato, vestindo a mesma roupa de hospedeiras de bordo que Spears enverga no videoclip. Sexy. No entanto, o objectivo principal é mesmo espalhar a palavra do Senhor, e desafio qualquer um que escutar tal melodia a não googlar INRI Cristo em busca de mais informações. Senhoras e senhores, ei-las!

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Complex guy at the movies: "Vicky Christina Barcelona"


De de quatro em quatro filmes, a crítica de cinema em geral pronuncia palavras de júbilo: "Woody Allen está de regresso". É admirável ver um tipo que faz um filme por cada ano a regressar tantas vezes. A última vez que ouvíramos a alvíssara fora em "Match point" e agora, com este "Vicky Christina Barcelona", escutamos e lemos a mesma coisa. Quem segue este blog, sabe que tenho para mim que o homem é genial, um dos maiores nomes da comédia, um deus de óculos grossos que se passeia por este mundo, abordando temas fundamentais com a atitude de um operário que gosta de cerveja, almôndegas e ver o basquete à noite na televisão. O homem é profundo, mas na maiorparte dos seus filmes, isso não se nota.
Essa é a verdade acerca de "Vicky Christina Barcelona", uma, digamos, parábola acerca do amor, suas diferentes manifestações e afinal para que é que ele serve. A Vicky e a Christina do título são duas turistas norte-americanas, melhores amigas completamente diferentes uma da outra (Vicky, a racional e a estável; Christina a exageradamente romântica e impulsiva)que vão passar umas semanas de férias a Barcelona. Vicky estás prestes a casar-se com o seu noivo, um jovem corretor de Wall Street, que lhe chama babe sempre que tem oportunidade; Christina é uma artista à procura de saber se é artista. Ela sabe que tem de exprimir, não sabe bem é como. VEndo a Europa como pátria da arte, pretende descobrir a sua alma artística e divertir-se pelo meio. Surge Juan Antonio, um morenão espanhol, macho latino, homem que vai direito ao assunto e libertino, que as convida para um fim de semana em Oviedo. A partir daqui, é o reviralho na vida das duas e quando aparece Maria Elena, auto-destrutiva e ex-mulher só emoções de Juan Antonio, o filme assume todo o seu lado parabólico acerca dessa emoção fugidia e bem danada que é a amorosa.
Como quase todos os bons filmes de Woody Allen, o filme tem uma estrutura bem definida e personagens interessantes. Mesmo sendo uma parábola, estes não são personagens tipo e têm nuancas. Não há Woody Allen, mas há Vicky (uma extraordinariamente subtil Rebecca Hall, uma actriz a ver) a fazer do nova-iorquino, enquanto que Scarlett Johansson é um cocktail sexual pronto a explodir. Quando, numa conversa mais ardente com Juan Antonio, ela diz "Se não começas a despir já, isto vai transformar-se num debate", é perceptível isso. Embora ganhe o personagem no aspecto, Johansson tem pormenores de boa actriz, e leva o seu papel de impulsiva até às últimas consequências. Juan Antonio (um Javier Bardem em charming mode) é a figura central da intriga amorosa e representa para as três mulheres uma diferente faceta do amor, mas no fundo uma fuga a si próprias. É uma perspectiva curiosa na filmografia Alleniana, visto que normalmente os papéis invertem-se. Quando Juan Antonio enceta um ménage à trois de sonho com Christina e María Elena (Penelope Cruz, uma força da Natureza neste filme, e que quando engata a quinta em castelhano, é uma espectáculo à parte; totalmente merecida a nomeação para actriz secundária), a coisa parece-nos normal durante uns tempos, porque resulta; e isto não advém de uma promoção de Allen à poligamia, mas sim a triste constatação de que os personagens são incompletos e sedentos de vida, e no fundo não a encontram numa só pessoa. Querem engolir o mundo e deitam a razão pela janela. Mesmo Vicky o faz, a certa altura. Mas o ser humano e por natureza insaciável e quando não se controla isso, nada resulta na vida. A incapacidade de contentamento e suas consequências é uma das morais do filme e um tema que o realizador já explorou noutros filmes, talvez melhor.
Woody Allen faz o filme funcionar melhor do ponto de vista filosófico que do ponto de vista cinematográfico. Há belas paisagens de Barcelona (desafio alguém a ver um filme e não querer de imediato visitar a cidade), uma música que se repete e faz as vezes de banda sonora (de lembrar que Woody Allen nunca usa banda sonora propriamente dita nos seus filme,s e sim músicas soltas) e alguns belos planos, mas escasseiam os tradicionais zingers de Woody Allen, e falta, claramente, uma cena que dê a volta ao filme e o transforme(como acontece, por exemplo, quando uma certa caçadeira entra em cena no filme "Match point"). O filme parece uma sincera homenagem a alguns cineastas europeus que Allen venera (a intriga e a voz-off, destinada não a tirar conclusões, mas a fazer fast-forward até às melhores partes do périplodeférias, são de "JUles et Jim", de Truffaut; o enfoque na mulheres e muito Almodovariano) e o filme resulta muito bem nessa perspectiva, mas como objecto independente de referências, é um filme simpático de Allen, superior a algumas das suas obras recentes, mas que nãoé, ainda assim, uma obra definitiva desta fase da sua carreira, como "Match point". Falta-lhe um toque qualquer, que retire a história da parábola e passe para a nossa realidade. É, no entanto, um filme que se aconselha, principalmente para quem gosta de filosofar sobre o amor, de paisagens bonitas e espécimes humanos em muito bom estado de conservação. (vide Curz, Johansson, Hall e Bardem).

domingo, fevereiro 01, 2009

São comichões minhas...


...ou às vezes, dói mais levar com um foto na cara do que com a máquina fotográfica propriamente dita? (e bem sólidas que algumas dessas maquinetas são!)