Ontem dei por mim uma sala de cinema a ver "Burn after reading", dos irmãos Coen. Um filme divertido, uma comédia idiota sobre gente ainda mais idiota. Acho que ninguém escreve personagens idiotas como aqueles irmãos, e quando um burgesso que trabalha num ginásio responde pelo nome de Chad Feldheimer e é interpretado por um Brad Pitt com o desequilíbrio mental de alguns dos seus melhores papéis ("12 macacos", "Fight club"), estamos bem. Principalmente quando Clooney é, no filme, um atrasado mental quase do mesmo nível. Quase, disse eu.
Bom filme, à parte, esta sessão ficou marcada por um facto bizarro que nunca me acontecera: até onde a minha vista conseguia alcançar, eu era a única pessoa naquela sala que não tinham ninguém a acompanhá-lo; e quando falo em ninguém, falo na dimensão romântica do termo. Não havia amigos, não havia conhecidos ou parentes (quer dizer, podiam ser parentes, mas assim sendo, seguir-se-ão brevemente bébés com duas cabeças). Apenas e só namorados. A constituição portuguesa não o pode prever, mas este género de facto pode causar celeuma entre pessoas como eu, que tinham entrado naquela sala com o puto intuito de se esquecer de problemas e não vê-lo chicoteados na cara, de cada vez que desviava o olhar do ecrã. A fugra era impossível: ao meu lado, um rapaz, que claramente pensara que a fita era com Chuck Norris, cobrava à namorada o facto de esta ter algum gosto na escolha de filmes e penso que lhe terá feito um molde da cara em saliva. Não sei se deu tempo, o intervalo só durou sete minutos.
Este género de coisas deixa-me desconfortável. Isto é como ser pau de cabeceira num encontro, mas neste caso envolvendo dezenas de casais. Numa outra fase, podia estar pior, mas felizmente têm-me alimentado o ego às pazdas nos últimos dias. No entanto, fica aqui o meu pedido a quem de direito: salas diferenciadas para casais e solteiros. Esqueçam lá a história das quotas das mulheres no parlamento: esta sim, seria discriminação positiva, da mais necessária para o equilíbrio mental de toda uma nação.
sábado, outubro 18, 2008
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1 comentário:
Deliciosa comédia negra, também já vi.
Acrescentava eu a esta tua reflexão/apontamento, que para além dos irritáveis casalinhos, há os comedores de pipocas: insuportáveis!
Sem dúvida,eu gosto de ir ao cinema sozinha!
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