quarta-feira, julho 01, 2009

O Miguel Filho do Jack


Tentei esperar que a comoção principal pela morte de Michael Jackson passasse, mas ao que parece, isto ainda vai durar umas semanas entre exposição do corpo, funeral, testamento, manifestações de pesar, reconhecimento público, homenagens póstumas e até mesmo o reconhecimento de que o gajo não era só pedófilo, mas um músico genial. As coisas que se descobrem com a morte do homem!
Não assisti à mediatização das mortes de Elvis e John Lennon e à sua força no imaginário popular, mas durante o meu período de vida, ja tive a oportunidade de apreciar 4 falecimentos relativamente pesados: a princesa Diana, o Papa, a Amália e agora o Michael. Estes momentos são sempre curiosos e fazem-se pensar nas questões de importância da celebridade, no relativo valor humano e importância das figuras em questão. O que nos atrai a admirar alguém? É isso que, no fundo, nos faz ter uma empatia maior com estes desconhecidos pessoais do que com pessoas que vemos no dia a dia e são nossos amigos. As pessoas descobrem agora que admiravam Michael Jackson. Antes, eles era o pedófilo; agora, é um génio brutal! É normal os artistas terem um lado escuro e auto-destrutivo, e mesmo, como no caso de Jackson, a fama de coias não provadas (não irei aqui discutir se as acusações tinham fundamento ou não). Contribui para o que faz deles mitos. A sua vida privada e aparente excentricidade comportamental levou a que lhe chamassem "Wacko Jacko". E agora, assiste-se ao desmentir de mitos: ele tinha uma doença de pele, afinal as operações não eram só plásticas aleatórias!!
Claro que ele não era só excentricidade, e é por isso que a morte de Michael Jackson é mais marcante que será a a de, vamos lá, Cláudio Ramos. O homem era bom no que fazia, e não era só bom: era um daqueles que dava um empurrão. A habilidade e facilidade com que misturava não só géneros musicais (soube que o irresistível riff de guitarra que abre "Black or white" é de Slash, dos Guns 'n Roses, mas já tinha conhecimento de que a meio da década de 90 ele abriu a caixa de Pandora do batuque brasileiro, quando convidou o Olodum para colaborar em "They don't really care bout us")), mas também artes performativas (dança, cinema, expressão corporal) era notável, e é isso que o distingue de todos os outros artistas pop da nossa história: a habilidade de revolucionar, e de fazer algo de novo. Claro que compôs músicas orelhudas como o caral... Lembro-me que numa conversa coim uma amigo, poucos depois de sabermos da morte do homem, conseguimos enumerar assim de chofre uns dez temas que ambos conhecíamos, e não somos fãs dele. Mas "Thriller", "Don't stop till you get enough" ou "Billie Jean" fazem-me ter vontade de fingir que sei dançar.

Agora, lá foi ele. Não curou o cancro, não descobriu uma energia renovável perpétua, mas gravou uns discos, foi o pai de duas gerações de artistas e pelo meio, fez-me ter pena que nunca tivéssemos tido a oportunidade de assistir a um musical por ele concebido. Parece-me assim de alto, que não é mau legado.
Resta saber se Carlos Cruz terá a mesma avaliação quando bater a bota.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nenhum juiz condenou o Michael Jackson por pedofilia. Se o era ou não...dificilmente se saberá, logo porquê "o gajo não era só pedófilo, mas um músico genial"?

Embora não sendo o meu género musical de eleição e não aprecie a excentricidade do MJ, considero-o grande referencia na música Pop e nos 'telediscos'.

Outra info de interesse: o Eddie Van Halen gravou as guitarras em 'Beat It'.acho que o Slash tocou esse solo apenas 1 par de vezes ao vivo, por isso..confirma se é autoria dele.

JP, enviado especial a contra-atacar posts do Bruno
(desde Granada)

luminary disse...

Em granada, sê granadeiro!:)

A observação "O gajo não era só pedófilo, mas um músico genial" era uma observação irónica ao facto de que a maior parte das pessoas pareciam ter-se esquecido de que o Michael Jackson tinha uma carreira musical, e não era um coleccionador de escândalos profissional. Realmente, perante a lei, nada foi provado, e avaliando assim de longe, os dois casos estavam muito mal sustentados, mas eu não percebo de direito. Como disse no post, o homem era um dos grandes símbols da música popular do século XX e um artista genial. Isso ninguém lhe tira.

O solo da "Beat it" é mesmo do Van Halen, mas o Slash tem outra ligação ao Miguel Jackson: é o autor do inconfundível riff de guitarra que sustenta "Black or white".

Bruno, postador oficial do blog, a jogar num esquema de losango diamante (desde o Caixa Campus do Seixal)