Antes de mais, peço reais desculpas por ter vindo a escrever tão pouco neste exílio madeirense. Aparentemente, trabalhar tem dois efeitos secundários: reduz a vontade para certas coisas e provoca cansaço. Por infeliz coincidência, ambos influenciam a produção deste blog. Vou tentar vencê-los e entregar.vis belos nacos de prosa. Ou então vou só tentar vencê-los. É melhor não ser demasiadamente exigente comigo mesmo.
Opinar faz parte do nosso DNA como seres humanos. É um desporto que praticamos com regularidade, e em que basta um pormenor para acontecer grande espectáculo. Avaliar alunos é obedecer ao nosso DNA, mas com a recompensa de um salário. No entanto, parece melhor do que é.
Não gosto muito de avaliar por diversos motivos, sendo que alguns deles são resquícios do meu tempo de aluno revoltado com a injustiça das notas. Atribuir um número ao esforço de um aluno é redutor, ainda mais quando o máximo é a nota cinco. Porque há quatros e quatros, e a distinção não aparece na pauta. Dá vontade de chegar junto de determinado aluno e quase pedir desculpa por lhe dar nota igual a outro que não lhe é igual, mas que, segundos os regulamentos da escola, se lhe equipara. Equilibrismo no seu melhor, e um desporto que acaba por ser radical para a nossa consciência.
No meio desta confusão, uma satisfação: duas notas 5 estão garantidas. Assim, de caras, num primeiro período, e dadas com aquela certeza que, em momentos raros, dá aos professores uma sensação de missão cumprida, por um lado, e por outro de "f***-se, não estragues essa m***a". A menina na foto acima não me tirou 100% nos dois testes por 2% e uma idiotice que me levou quase às lágrimas. Ter uma aluna com este potencial nas mãos assusta-me. Ter mais 5 ou 6 como ela dá-me a volta aos intestinos de uma maneira boa. Sempre disse, e defendo, que é muito mais fácil lidar com maus alunos do que com bons alunos. Ninguém espera nada dos bons alunos. Se eles de repente tirarem boas notas, é lucro para quem ensina. Pegar em bons alunos e levá-los a cumprir todo o potencial que têm... Esse é o desafio, principalmente quando lhes pegamos quando são mais novos (isto soou mais pedófilo do que é realmente). E já sei que comigo, os desafios têm aquela relação difícil. Para meu bem, e para bem do negócio funerário da Madeira, espero que este seja um caso diferente!
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