terça-feira, maio 08, 2012

Une baguette



A ideia de ver os Franceses em redor da Bastilha parece-me reminiscente do "Yes. we can" gritado pelos norte-americanos há quatro anos, com aquela pujança de quem estava a ser libertado de uma espécie de escravatura. O tempo passou e Obama não é o Messias, embora conte piadas muito melhor; Hollande parece uma espécie de António Vitorino, mas em ponto grande. Em perspectiva, é o messias que um país tacanho merece.
No fim de contas, França não é tão diferente do inimigo americano. À sua maneira, ambos são belos e idênticos artistas.

1 comentário:

J. Saro disse...

Por acaso, tenho achado um bocado forçada a comparação.

Em quase todas as eleições há um "Yes.We.Can." e este é maior sempre que se quebra um ciclo relativamente longo. Ver direita no poder em França e também o desejo de mudança (? por acaso, não estou certo disto... mas talvez um desejo anti-Alemanha/"ai a inflação, meu deus") na Europa.

A comparação com António Vitorino parece-me mais correcta. Obama não surgiu para libertar da crise (a crise surgiu na campanha, mas ainda se percebia pouco o que era e não foi isso o principal), surgiu como uma esperança pelo seu discurso (dos melhores que pude ver na política), pelo quebrar do candidato tradicional e o gajo até era escuro (quase como que "epá, temos um preto bom e vamos lá metê-lo... fogo, afinal, não somos assim tão maus").

Mais difícil é julgar o desempenho de Obama. E aí voltamos ao Yes We Can. Na verdade, não acho que houve assim tanta esperança em Obama fazer um milagre, como disse esse Yes We Can que referes surge normalmente nestas situações. Quase todos estavam preparados para a "desilusão". Mais curioso foi ver o esvaziamento da "direita" americana que se fragmentou e extremou-se... curiosamente, em prejuízo de Obama (cá acontece o contrário sempre que oposição toma esse rumo)