Localizado na zona Leste de Pequim, o Mercado de Antiguidades, conhecido no idioma local como "Panjiuayan" é um perfeito microcosmos de uma China que nem um estado repressivo e vigilante consegue dobrar. Porque encarna toda a anarquia que só pode existir num país com mais de um bilião de pessoas. É um espaço enorme, dividido em cinco parte bem distintas, longas ruas, algumas estreitas e outras bem espaçosas, mas com uma coisa em comum: tudo se vende; e quando digo tudo, estou lá perto. Só não vi pessoas e animais ao desafio dos saldos, e mesmo assim não garanto que não existisse, algures debaixo dos meus pés, uma sexta galeria subterrânea. De resto, se puderem pensar numa coisa, ela existia no Mercado. A confusão e a flexibilidade das regras é tal que é conhecido por um outro nome mais coloquial: o Mercado Sujo. Não porque seja particularmente perigoso ou dominado pelo crime; apenas porque tudo se negoceia com jeitinho e preço visto não será necessariamente preço pago. É algo que se vai descobrindo nesta Pequim mais próximas das pessoas e que se entende uma certa filosofia de trabalho que traria alegria aos patrões portugueses e horror aos empregados. A ideia de ganhar dinheiro é importante e se tivermos de fazer compromissos para isso, por muito que esses compromissos sejam contra-intuitivos, o Chinês acha justificável. Na noite anterior, enquanto deambulávamos por uma zona de restauração nocturna, vi a placa de um restaurante aberto vinte e quatro horas por dia - não para
take away, mas para refeições em mesa mesmo. Oferecia também espectáculos de tango ao vivo duas vezes ao dia. Está-lhes no sangue. Já aqui vos falei da antiguidade das Rotas da Seda, brotando de Pequim para florir por toda a Ásia rumo à Europa, do quanto o comércio faz parte sanguínea da vida destes povos de tão longe de nós. Não com salamaleques, mas resolvido numa simples conversa, na diplomacia de uma gargalhada, na simpatia imediata criada com duas piadas. Nestes quarenta e oito mil e quinhentos metros quadrados, negoceiam habitualmente mais de dez mil pessoas, divididas em quatro mil lojas ou bancas. Calcula-se que ao fim de semana, a altura em que se fervilha com mais vontade no espaço, por volta de setenta mil clientes e curiosos passeiem os seus olhos pelo que se oferece à vista a troco de uns yuans se desejamos possuir. Desde, dez mil são estrangeiros. Como nós; ou como Hillary Clintom que chegou a visitar este mercado numa visita oficial quando era Secretária de Estado norte-americana. O mais curioso é que apesar da sua fama e tamanho, começou em 1992 como um ajuntamento espontâneo de vendilhões à beira da estrada que passa defronte da entrada principal. Com o tempo, mais pessoas traziam os seus sacos e caixotes, com artesanato, quinquilharia e raridades, preservando a cultura popular chinesa numa capital cada vez mais a virar-se para o betão, o cosmopolitismo e uma certa ideia tacanha de progresso. Era como se ali, entre regateios e pregões, entre apertos de mão que valem mais do que PIN de cartões e notas e moedas que saem facilmente das carteiras quando seduzidas por uma boa proposta, estivesse o que é de facto o país. Eu vi muito nestes quinze dias, muitas facetas do que é ser chinês e as encruzilhadas em que a China se encontra numa geografia multicultural que não pode ser totalmente eliminada, por muito que seja o esforço. Mas aqui, sinto um pouco daquilo que é o espírito desta gente, não de simplicidade, mas de um pragmatismo quase frio, mas simpático. Quando me começo a perder entre berros e olhares convidativos, atirando o meu para a mercadoria, é que começo a encontrar uma China mais autêntica.
O que podemos aqui encontrar? Ora, o Mercado divide-se em cinco zonas principais. Logo à entrada, concentra-se uma série de bancas que vende exclusivamente ícones e estatuária budista. Se tiverem sorte, ainda apanham algum artífice a trabalhar numa. Algumas cabem num bolso, outras precisam de um guindaste e uma carrinha de caixa aberta para ser retiradas. Horas mais tarde, já à saída, passo no mesmo local. Uma estátua de Buda, quase da minha altura, está a ser carregada para um camião com a ajuda de uma empilhadora. Dá para entender porque esta zona fica ao ar livre, sem coberturas. Logo de seguida, dentro de um edifício de betão de dois andares, situam-se as lojas que vem mobília antiga e
vintage. Não chego a entrar, porque para mono, sinceramente, basto-me eu; e ainda que o voo para Portugal seja com a Lufthansa, a sua política de bagagem é ainda assim apertada. Mas dou uma olhada para o interior do primeiro andar. Uma das lojas anuncia exemplares mobilários do tempo da Revolução Cultural chinesa, o que os torna, desde logo, sobreviventes natos. Numa terceira zona, que atravesso com algum vagar, alfarrabistas tentam-nos com livros antigos. Oferece-se um manancial quase sem paragem de propaganda comunista que vai até aos tempos de Mao. Seguro nas mãos um exemplar do famoso "Caderno Vermelho", escrito pela luminária principal do comunismo chinês, datado de 1953, quatro anos após a Revolução Chinesa. Espalhados por outras bancas, ha´romances policiais censurados, bandas desenhadas contando as vidas de heróis comunistas, versões chinesas de clássicos ocidentais, como as peças de Shakespeare ou "Os três mosqueteiros" de Dumas, e também exemplares de jornais, calendários curiosos, pinturas tradicionais chinesas e cartazes de propaganda. É também numa banca em particular que encontro das coisas mais bizarras que vi à venda: baralhos de cartas temáticos e bastante politicamente correctos. Mais atrevidos até do que aqueles que envergam desnudas mulheres Um, por exemplo, representa uma alta figura do Partido Nazi em cada uma das suas faces. O Rei de Espadas é Himmler. O de Copas Goering. Cepo como era, claro que o amigo Adolfo tinha de ser o Rei de Paus, com Eva Braun a acompanhá-lo no naipe. Talvez os Chineses não vilanizem tanto o ex-Fuhrer porque afinal, o Holocausto fica-lhes tão distante quanto a nós o Grande Salto em Frente. Se há comunistas em Portugal convencidos das qualidades de Estaline e Mao, não podes estes amigos chineses ser igualmente ignorantes em relação ao ditador de bigode ridículo? Mas há mais até: naipes com líderes comunistas estrangeiros, de Trotsky a Tito; um apenas dedicado a OVNI; diferentes pratos de cozinha chinesa; vegetais coloridos; representações várias de dragões; pin-ups da década de 50; cartazes da boémia Paris do século XIX; e o pináculo de bom gosto de que é uma história ilustrada dos atentados de onze de Setembro de 2001 contada com estrutura irrepreensível. No naipe de Copas, o horror das imagens da tragédias, prédios em ruínas, a famosa foto do homem que salta de cabeça para baixo; no naipe de paus, a vida do mentor deste ataque, Osama Bin Laden, desde um ladino riquinho das Arábias até à assunção completa como barbudo terrorista e mentor de terroristas; no de Ouros; a reacção norte-americana: a guerra do Iraque, o Afeganistão a ferro e fogo, o Patriot Act, Dick Cheney quase fazendo de conta de tipo porreiro; no naipe final, o de Paus, a famosa operação que executou Bin Laden, sem a participação de Kathryn Bigelow. Mais à frente, noutra loja, encontramos uma variante de cartas com o triplo do tamanho e imagens diferentes. Na verdade, depois desta zona, quase acredito poder encontrar as próprias bolas do dragão algures debaixo de um pano vermelho numa banca. Não me surpreendo.
A quarta secção do Mercado Sujo é também a maior, de longe. É a do Meio e consiste, basicamente, num salve-se quem puder de produtos. Em contentores ou simples mesas, expõe-se joalharia. pinturas chinesas, caligrafias artísticas, jade, contas de plástico e de pedra, produtos em bronze, vasos de cerâmica, mobiliário de madeira pequeno, arte tradicional chinesa, arte tradicional tibetana, molduras, bijuteria, cerâmicas várias, álcool proibido, pinturas celebratórias do Ano Novo Chinês de Yangquling, escultura em madeira de Quyang, cristais de Jiangxi,... Ninguém sabe bem o que é falso ou autêntico. Pode ser apenas uma arca de tesouros infindável ou simplesmente o Evereste da falsificação. Só posso reportar o que vi por ali, no meio de tanta gente. Peçam-me para assegurar autenticidades e é impossível. Não levei uma lupa para ler as letrinhas miúdas de cada artigo. Comprei algumas coisas, claro, mas pela pura curiosidade de levar para casa produtos chineses comprados na China... A surpresa maior, no entanto, encontrei-a na última secção deste labirinto. Mesmo no seu centro, um outro edifício de dois andares passa despercebido pela sua falta de personalidade. No entanto, aqui se encontram as lojas mais selectas, onde os produtos trazem certificados de autenticidade, mas também preços exorbitantes. Entro com o Zé Luís e encontramos dois garotos a brincar aos cowboys. Tendo em conta os papel destes na exploração de culturas nativas, não posso deixar apropriado. Damos uma volta rápida no rés do chão A maior parte das lojas vende móveis, tecidos dourados, objectos brilhantes. Nada que nos interesse. Subindo ao primeiro andar, recebem-nos dois enormes bustos. Um é de Lenine. Outro de Mao. Dois ícones vermelhos, dois filhos da mesma mãe comunista, separados por quilómetros de distância e a ânsia de serem os únicos galos na Revolução mundial. Fotografo-os, aproveitando o jogo de reflexos das caixas que os tapam. Enquanto caminhamos nos corredores, encontramos uma loja que vende exclusivamente os mesmos baralhos de cartas que encontrámos na secção dos alfarrabistas. Existem outros sobre tragédias várias e temas ainda mais questionáveis (Chernobyl anda por lá, Hiroshima também. Penso ter visto outro sobre cenas de chacina e morte generalizada, mas pode ser a minha memória deixando-se levar pelo mau gosto). Infelizmente, está fechada. A desilusão insufla ambos e carregamos as nossas penas pelo resto do andar. É para lá de uma porta sem grande fanfarra, no entanto, que nos confrontamos com algo impensável. O interior desarrumado rodeia um homem calvo, bigode de Fu Manchu, que passa o tempo em torno de uma fumarada de nicotina. O som pálido de música tradicional chinesa não deixa a sala sem perguntas ou respostas. Mas em primeiro plano, muito perto de nós, um manequim inexpressivo enverga um uniforme militar. As calças são pretas e estão curtidas, gastas, mas limpas. A camisa, verdade, cobre-se de algumas insígnias, a maior parte preta ou branca, grande, mas não espampanantes. Nos colarinhos, inscrições em alemão que não consigo traduzir nas minhas limitações. Na cabeça do manequim, um capacete negro, de ferro, pesado. Vejo a águia emplumada; vejo a cruz gamada negra; botas de cabedal; colarinho branco debruado a negro. Olhamos um para o outro: é uma farda da Wermacht, a infantaria nazi, do tempo da Segunda Guerra Mundial. Não sabemos se é autêntico, mas... se for falsificação, está muito bem feita. Tem os pormenores todinhos, inclusive alguns mais específicos, de divisões de elite deste corpo do exército germânico. Por curiosidade, abordamos o dono da loja. Perguntamos onde arranjou aquilo. Fixa-nos inexpressivamente durante uns segundos e abana a cabeça. Não revelará. Quanto é? Aponta num papelinho: 300.000 yuan. Mesmo depois de desaparecidos, os verdadeiros nazis continuam a fazer razia. No caminho para a saída, continuo a perguntar-me acerca da tortuosa rota que levou aquela relíquia até Pequim. Os Nazis não combateram para estes lados, que eu saiba. Algum coleccionador? E que público haverá na China por este tipo de artigo? O Mercado Sujo, no entanto, continua a guardar os seus segredos.
O dia estava mesmo reservado para consumir. À tarde, damos por nós no Silk Road Market, um centro comercial gigantone de quase vinte andares prestação de serviços de compra e venda. De certa forma, é uma modernização do Mercado Sujo onde deambulei de amanhã. Os produtos também estão organizados e separados, mas aqui por andares; o negócio faz-se depois de muita conversa, mas sem apertos de mãos, só dinheiro na mão; e também podemos encontrar de tudo - com um bocadinho de esforço, se me dispusesse a vender um dos meus rins, tenho a certeza de que acharia comprador e intermediário. Os homens estão completamente virados para a relojoaria e electrónica e ambas as secções de localizam no nono andar. A porta do elevador abre-se e quando olho, há um longo corredor apenas com lojas de relógios. Mal a campainha de chegada soa, cabeças espreitam pelas portas das lojas. Está iniciada uma batida aos nossos yuans. Quando percebem que somos ocidentais, o frenesim da excitação aumenta exponencialmente. Um pouco como se um virgem adolescente desse por si trancado no vestíbulo de um desfile de modelos. Os convites chovem logo, querem convidar-me e levar-me a passear, algo que não estou sinceramente habituado. Entro logo na primeira loja que surge, mas mais como observador. Deixo outros viajantes mais experimentados na descodificação das regras do negócio. Não é muito complicado. Todos os lojistas falam um inglês aceitável e a primeira abordagem é clara. Um elogio lato, um comentário engraçado, pergunta acerca de onde somos. Invariavelmente, a reacção é "Ronaldo", mas lembro-me de um ter dito "Pena terem vindo embora de Macau, os portugueses de lá são todos muito simpáticos". Salamaleques feitos, sob a luz forte das montras, o primeiro passo é dado: quer um relógio? Diga a marca. Imaginem que desejam Montblanc. Sem problema ou hesitação, uma pesada e volumosa mala de metal surge que vinda da Terra Média em expresso Gandalf. A tampa dá de si e no interior, dezenas de caixas. Em cada uma, um relógio. Podem ser originais ou réplicas, é um bocadinho como no Mercado. Mas uma pessoa não está aqui ao engano. Sabe bem que esta é uma lotaria com pouco de aleatório e que muito provavelmente, as imitações reinam supremas. Podemos experimentar. Revelo já que não uso relógio. Na verdade, estou aqui em missão abnegada. Venho em compras. Para o meu irmão, principalmente, amante de relógios. Eu não gosto de lhes sentir a presença no pulso, tornam o tempo numa espécie de prisão acorrentada que consigo sentir sem ter pedido licença. Mas o rapaz ainda por cima desejou-me para padrinho do que de mais importante há vida dele, merece. Quando o jovial homem me aborda, procurando um cliente, finjo que sei muito do assunto. Digo a primeira marca que me vem à cabeça: Omega. O
product placement em filmes resulta de facto. James Bond como macho Alfa e Ómega. Numa olhada, naquela arquinha metálica com pega, encontro um relógio negro, com mostrador azul, ponteiros brilhantes. Apela-me. Não sei se ao meu irmão, mas se ele quiser trocar, até lhe dou a morada do centro comercial. Olho para o Zé Luís, que tem muito menos piedade e escrúpulos do que eu. Sei o que se segue, aquele jogo que os asiáticos tanto disputam e que pode cair para qualquer lado: regatear. É um jogo para o qual pessoas como ele nasceram, pessoas cujos escrúpulos seleccionáveis não incluem agiotas e especuladores. Deixo a coisa nas mãos dele. O preço inicial é mil e duzentos yuan. Isto atira para os cento e cinquenta euros, algo que não estou disposto a gastar. Sei que sou professor, milionário nascido, mas não. O regateio é uma operação cínica. Acontece, porque ambos sabemos que o verdadeiro valor do objecto não é o preço estabelecido. Muito menos aquele que estou disposto a dar por ele. Mas o relógio deve ser despachado. Por isso, há mortais encarpados e
flik-flaks à retaguarda naquilo que cada uma das partes está disposta a ceder. O truque é perceber as linhas do desespero, até onde podem ser esticadas e dobradas. As deste homem tinem sonoramente quando se chega aos quatrocentos yuan. Um desconto de mais de 50%. O argumento derradeiro até é dado por mim. Explico-lhe que ele pode ter um cliente que paga mil e duzentos, ou seis a pagarem várias vezes quinhentos ou seiscentos. Porque ao beneficiar-me, entra no goto dos meus amigos, explico; e os meus amigos tornam-se seus amigos. Pensativo, meditabundo, olha para o tecto; e cede. Cumpro a minha parte, encaminhando os restantes portugueses para ele, no meio de tantas lojas. Alguns levam três, quatro relógios. Não me sinto mal com a implacabilidade de regatear. Naquela tarde, estou certo de que o lojista ganhou o dia.
Ainda há espaço para despachar mais prendas, incluindo uma para a minha cunhada e uns tecidos de seda que a minha mãe me encomendou propositadamente. Isto junto a uma loja chamada Earhub, com um logotipo bem semelhante a um conhecido site de conteúdo visual mais arriscado. Já tenho tudo, penso. Falta-me uma prenda para alguém, mas não encontrei algo de que gostasse. Reencontramo-nos todos no rés do chão. A linha dezasseis do metro levar-nos-á para o centro de Pequim, onde terminaremos o dia jantando. Na saída, passamos junto a uma foto onde um grupo de jovens chinesas rodeia um bonacheirão sorridente, com ar patusco, que não é mais que o antigo mayor de Londres Boris Johnson. Aconteceu numa visita onde este ilustre homem de visão foi beber dos Chineses e da sua experiência olímpica de 2008, mesmo a tempo de Londres 2012. Os políticos chineses, de facto, não têm quaisquer problemas morais. Boris também não: estão bem um para o outro. Mesmo em frente à foto, há, claro, mais um banca de bugigangas. Claro que há. O dia foi tirado para isto. Atrás de uns bonecos, vejo um globo de neve Um acaso feliz, Tinhas-me pedido um, se a encontrasse. Que adoravas a redoma dos globos, isolando um pequeno mundo na sua calma e placidez, de como quem vive nele não é afectado por nada, mesmo nada do exterior. Várias vezes fazíamos piadas sobre o nosso pequeno planeta surgir quando nos juntávamos, quando o resto da realidade sumia por um buraco negro e sobrávamos nós, muitas vezes abraçados, muitas vezes anichados um no outro, sempre de mão dada, sempre acima de tudo e abaixo da nossa própria fatalidade quando existimos. Compro o globo e guardo-o. A intenção era dar-to, mas enquanto arranjo estas letras como substituto daquela dor que nos transforma em gelatina, continua lá em baixo, numa gaveta. Guardado, a prémio. À espera que por uma vez acabe o regateio. É teu, não preciso dele. Espera-te, mesmo quando não me esperas. Veio de um ponto da terra onde os beijos que dou no ar são para ti, onde à noite consegues ser o último fumo do meu estado de vigília, onde vais comigo sem presença. É o teu globo, a tua redoma. Não sei se o nosso planeta, mas está cheio de estrelas. Parte delas feitas de um sal que só nos meus olhos se esconde.