Se estivermos num sítio qualque em que não conheçamos niguém, diz-nos a natureza humana que a melhor maneira de quebrar o gelo é dizer mal de um inimigo comum. Passou-se comigo esta semana na secretaria da minha faculdade, onde um extrovertido aloriano, que eu juro nunca ter visto na minha vida, me começou a tratar como se eu e ele tivéssemos vindo da mesma ilha a partir do momento em que ele disse "Esta gente é lenta como tudo!", ao que respondi com a piada "Quase tão lenta como tirar um curso de engenharia", naquele meu estilo carcaterístico de piada pseudo-intelectual sem graça, que arreda as pessoas. Neste caso, curiosamente, deu-lhe um sorriso e permitiu que, através de um ódio mútuo, ajudássemos um ao outro a passar o tempo através de uma conversa.
Isto para chegar ao que interessa: o ódio comum mais fácil de sintonizar entre dois indivíduos é aquele dedicado aos políticos. É a verdade. Todos gostamos de apedrejar um político gratuitamente, proque na generalidade eles são uma cambada de chulos, de corruptos e de ladrões, certo? Por isso, esta semana, quando surgiu no sempre confiável (cof, cof) jornal Expresso que o MNE Freitas do Aamaral dissera estar cansado das suas andanças, levantou-se um grande sururu de quase todos os ângulos políticos (Louçã, estranhamente, não mandou a piada do costume, nem fez metáforas pseudo-humorísticas), pedindo a Sócrates para demitir Freitas ( a facilidade com que se pedem demissões por dá cá aquela palha é um recurso cómico subestimado e apenas aprovbeitado pelos Gato fedorento num texto do seu blog) e acusando o MNE de laxismo e de boa vida.
Eu posso não concordar com algumas posições do MNE português, e já aqui referi isso algumas vezes, mas se há coisa que eu quero ouvir de um ministro é que ele está cansado! Não o quero ouvir dizer "Hoje fui para S. Bento, andei pela Internet, fiz umas palavras cruzadas e vi o "Portugal no Coração". Quero que ele se mostre estafado das viagens que faz, das reuniões que tem, dos telegramas e documentos que lê, e das coisas boas e más que realiza. No dia em que eu vir todos os ministros suados e de rastos, mesmo com asneiras pelo caminho, sinto satisfação por sabetem, pelo menos em fracção, aquilo que sente o cidadão normal.
segunda-feira, maio 08, 2006
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