sexta-feira, maio 12, 2006

Raio do código!



A propósito da sua estreia mundial na próxima semana, o filme "O código Da Vinci" tem vindo a apanhar bordoada dos quadrantes do costume, os religiosos, para quem um filme ficcional aparentemente pode destruir a fé enraízada de crentes pelo simples facto de alegar uma teoria para a qual não se apresentam grandes provas. O cínico em mim diz que a religião também um pouco isso: aceita-se algo que nos é contado e sobre o qual nada de factual existe. Mas não é o cínico em mim que está a escrever isto.
Os mesmos que malham na irrealidade do livro e agora do filme são aqueles que aplaudem o brutal retrato que Mel Gibson faz da Paixão de Cristo no filme homónimo, onde o Messias é sovado brutalmente desde o momento em que é capturado até aquele em que o cricificam e ainda assim consegue carregar uma cruz de madeira de dezxenas de quilos até ao cimo de um monte agreste, enquanto uma multidão em fúria o apedreja e espanca. Aparentemente, com tudo o que o filme de Gibson tem de memorável, porque o tem, a insistência na religião como glorificação do sofrimento nada incomoda a Igreja Católica, os seus representantes e organizações sucedâneas. Até agrada, pelo que se depreende dos aplausos. O Vaticano incomoda-se tanto com o Código Da Vinci como com o facto de ser o bispado de Leiria-Fátima a ficar com os lucros todos do santuário sem dar uma parte aos seus patrões em Roma. Esses pecadores...
Argumento eu agora: tanto o livro como o filme são, claramente, obras ficcionais. Dan Brown pode vir com o que quiser, com diplomas, com livros, mas comete erros a nível científico no seu livro. No entanto, eu não peço ciência naquele livro: peço entretenimento; e consigo-o. Se quisesse uma obra séria sobre história religiosa, lia livros do historiador norte-americano Geza Vermes e acabou. O filme não é um documentário, é ficção. Terá perseguições, tiros, cenas de luta, tensão sexual entre os protagonistas e tudo o que um blockbuster hollywoodesco deve ter. Claro que espíritos fracos irão acreditar em tudo o que lhes é dito. Tudo bem. Há questões que o livro levanta, e a que não dá resposta adeuqada, e que merecem ser levantadas. Eu acho que estamos no século XXI, mas isso sou só eu. Eu gosto de questionar aquilo que acredito. Acho que é um exercício que nos mantém muito humanos.
Portanto, venham protestos de um lado e do outro, eu gosto de chamas e todos têm algo por onde pegar e onde ter razão. Agora não vou negar: um filme em que Amélie Poulain e Forrest Gump de dedicam a perseguir a linhagem de Cristo? Esse vou lá estar para ver, adoro fitas de série B

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