domingo, dezembro 30, 2007

Designação


Todos os anos têm uma designação: Ano do deficiente, ano da luta contra os caçadores de focas, ano internacional de sodomização de castores... Todos querem que todos os anos sejam importantes. O ano de 2008 não será excepção e pelo menos no meu caso, tem já um título que penso ser apelativo.
O ano orgasmo.
Perguntam-se porquê? Let me enlighten you.

5ª e última season de "The wire"
4ª season de "Lost"
Novo álbum dos Green Day
Uma nova série documental sobre OVNI em Portugal coordenada por el grande master professor Joaquim Fernandes
"Indiana Jones and the kingdom of the crystal skull"
Novo filme de "The X-Files"
"The curious case of Benjamin Button", de David Fincher

Quem se matar em 2008 vai parar directamente ao Inferno, sem apelo.

Erro


Gostei deste ano.
Não, não é engano. Leram mesmo bem: escrevi que gostei de alguma coisa relacionada com a minha vida em geral. Será vírus? Será doença? Não sei. Este é um daqueles posts que pode projectar este blog para lá da aura de "blog queixinhas" que já tornou folclore para quem o lê.
Experimentei coisas novas, o que é raro; consegui superar alguns momentos bem depressivos com alguma classe e voltar ao mais alto nível. Deu tempo até para conhecer pessoas novas.
Engraçado.
2008 pode ser ainda mais engraçado, penso.

Sem preço

Passarmos tempo ao paleio com pessoas com quem gostamos de estar e falar.
Quer dizer, vale 1,50 + 75 c... É fazer as contas.

terça-feira, dezembro 25, 2007

Publicidade

Queira apenas destacar um dos melhores slogans que aí anda. Entenda-se que seria o melhor na categoria "slogan que não se deve ouvir enquanto se está a comer".
Falo do anúncio a umas saquetas chamadas Imodium, que combatem esse flagelo que aflige alguns de nós ocasionalmente e que se acusa de diarreia.
O slogan é "Pare a diarreia antes que a diarreia o páre a si".
Simples, directo, estapafúrdio.
Português, pois claro.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

O livro esperado

Na ronda que faço pelas livrarias, buscando prendas de natal que de ano para ano se tornam uma espécie de caixa de brasas sobre a qual eu tenho de andar e esperar não me queimar nas chamas das minhas próprias dúvidas, reparo que há um número cada vez maior de livros que querem contar a história secreta dos Templários.
Acho que me pronunciou em nome de um grande número de pessoas quando digo: estamos fartos.
Exijo que alguém escreva a história pública dos Templários, que, no meio de tantas teorias da conspiração, está a ser violentamente ostracizada e esquecida. Quandoe ssa obra for publicada, eu me declaro como mais que provável comprador. De certa maneira, será o meu Graal pessoal.

sábado, dezembro 22, 2007

Contagem decrescente

"Lost" retoma ao serviço dia 31 de Janeiro. Estas são as boas e as más notícias. Os argumentistas que se ponham a pau com a greve, senão quem~os põe a pau sou eu.
Ora bem, para marcar o tempo que falta para o evento que vai tornando o Natal nesta terra menos deprimente do que é costume, postarei aqui, todas as semanas, duas das novos fotos promocionais desta 4ª temporada.
Comunguem comigo deste espírito.



quinta-feira, dezembro 20, 2007

Blogas

Um dos fenómenos mais fascinantes da Internet é a blogosfera feminina. Não estou a falar em termos gramaticais, claro, pois a palavra blogosfera é do género feminino. Aliás, facto curioso que partilha com o vocábulo "escrita", e o facto da actividade de encadear letras ter estado até muito recentemente fora do alcance das mulheres.
A blogosfera feminina está recheada de blogs interessantes. Neles, podemos encontrar mulheres que são inteligentes, espirituosoas e falam de temas da actualidade com leveza e estilo. Apresentam um à vontade com o sexo que de tão natural que é, quase prescinde a utilização da expressão "à vontade". Reconhecem que se enganam e que erram. E é isto o que há de fascinante neste ambiente: estas mulheres praticamente não existem na realidade.
Para fins argumentativos, isto não é uma daquelas falácias que pretende provar o seu oposto: ninguém está aqui a dizer que, precisamente, os homens reaus são tudo aquilo que está em cima descrito. Nem mesmo a parte do sexo. Mas é curioso como é tão raro encontrar na vida real mulheres assim. Há váriasrespostas para este enigma: o primeiro é que, decididamente, não conheço as mulheres certas. É possível. Algumas das raparigas mais interessantes que conheci fi-lo nos últimos anos, fora do meu ambiente natural. A segunda é a de que a Internet é, de facto, uma óptima máscara para quem tem um certo problema com a sua verdadeira personalidade e encontra ali um lugar seguro para ser quem bem lhe apetece. Também é provável.
A terceira hipótese é a de que este blog, um blog escrito por um homem, com temas másculos e, muito frequentemente, mariquinhas, é profundamente chato e aí sim, a história da comparação é válida, porque esses blogs de mulheres são infinitamente mais sumarentos em comparação.

Retiro o que disse. Na verdade, e quem é cliente habitual sabe-o, tenho tantas nóias como uma mulher normal, estado normal. Uma mulher normal com SPM era bem capaz de mastigar este blog e deita-lo fora com uma baforada de fogo se aqui escrevesse.

Regresso


Deixem-de desde já sossegar-vos, ou fazer uma dsfeita, conforme o caso específico: esta ausência não se deve ao facto de ter visto a luz (vulgo Jesus Cristo, ou aquela voz na cabeça da Joana Solnado quando ela se esquece de tomar os mdedicamentos para a Tourette). A escrita no blog tem sido, como devem notar, mais espaçada. Moleza, falta de temáticas, fraca participação do 12º jogador nas discussões que se lançam: qualquer uma dessas razões está certa e errada em simultâneo, como quase tudo o que nos preenche a vida.
Quanto ao fim de semana, aos que se preocuparam em verificar como ia o meu processo zen de "Vive la resistance", foi interessante. Eu gosto de conhecer pessoas novas, enquanto tenho tendências de eremita, mas quem aqui passa, sabe que sou cheio de paradoxos. Logo, foi uma oportunidade de ver homens e mulheres a reagir ao que era ançado, de maneiras diferentes, com sentimentos variados. Passei a respeitar mais as pessoas que, ao contrário de mim, crêem no Deus católico, pois encontrei casos de gente que acredita sinceramente em algo, e sente as coisas, ao ivés de debitar lugares comuns e dizer que coisas só porque são bonitas ou porque fica bem ouvir; gente que diz que sim, que acredita em Deus, mas só porque não acreditar não é bem a onda deles. Portanto, à falta de melhor, o contrário tem de servir.
Num curso que, final, também faz parte do escutismo, foi curioso encontrar muita gente que nunca tinha sido escuteira e que olhava para mim, que tenho 16 anos de mirim fardado, como quem espera ouvir palavras sábias e conselhos, algo que definitivamente não é o meu papel. Na verdade, eu sei pouco disto e não tenho nada o perfil de sapiente e grande chefe. Eu sou mais o agent provocateur. Indirectamente, oq eu aquelas pessoas me vão dizendo é que está na altura de crescer mas é, e deixa de ser fogareiro. Foi como eu disse: aprende-se sempre algo nestas coisas, e o importante é não ter medo da novidade: apenas aceitá-la ou bater-lhe, conforme a situação.
E sim, vou continuar a fazer humor com a religião. Por alguma razão passei o fim de semana inteiro e fazer cenas de "A vida de Brian".

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Oscar season





O anúncio das nomeações para os Globos de Ouro marcam o arranque a sério da época de adivinhação e profecia que rodeia os Oscars. Na verdade, a publicação dos prémio do National Board of Review já levantara alguma poeira, mas só agora os oráculos do careca dourado podem entrever o futuro com o um pouco mais de clareza. Mas só um pouco mais, porque neste negócio, como é sabido, ninguém sabe de nada; e este ano tudo está turvo. Por esta altura, na edição anterior, tínhamos já praticamente certezas de vencedores. Este ano, as nomeações são uma corrida em campo aberto.
Em Melhor filme, por exemplo, há talvez duas certezas: "No country for old men", o western dark dos irmãos Coen,está lá. O mesmo podemos dizer de "Sweeney Todd", musical de Tim Burton que saltou da Broadway para o cinema e tem conquistado a crítica. A partir daqui, especulação: poderá "There will be blood", o longo filme de 3 horas de Paul Thomas Anderson, entrar? Conseguirá "American gangster" vencer o cepticismo geral relativamente à sua qualidade? "Será que "Michael Clayton", thriller de advogados de Tony Gilroy surpreender? E "Atonement", o correspondente de 2007 a "O paciente inglês"? POderão filmes estrangeiros como "The kite runner" e "The diving bell and the butterfly" ter hipóteses? E o surpreendente "Juno", comédia independente e critical darling deste ano?
É o velho jogo de previsões. Mais para o início do ano, um esmiuçamento mais específico surgirá. Aguardai e sereis recompensados com mais uma odse de incerteza.

Fim de semana alucinante

Pela primeira vez desde há muito tempo, vou faltar a uma actividade de escuteiros do meu agrupamento. Isto para ir a outra: um fim de semana que emula um retiro espiritual e tenta que os seus participantes sintam uma presença qualquer, quiçá uma mão fria na nuca, o que é, convenhamos, desagradável.
É melhor parar com estas piadas. Ainda alguém lê isto e me denuncia aos organizadores.
Já fugi de incêndios, já fiz rappel e slide, já desci escarpas e mergulhei e lagos gelados. Coisas radicais e perigosas. No entanto, nada me desperta este temor como este fim de semana. Respiro fundo e entro num estado zen. Porque claramente, fins de semana espirituais e o meu actual estado de espírito têm tanto a ver como o fair-play com o Futebol Clube do Porto.
Mais uma vez, é melhor calar-me.
Um último desejo: que Deus no guarde, saúdinha e tenho a ligeira impressão de que tudo isto, afinal, me vai faezr algum bem. Não sie qual, mas vai. Acontece sempre que estou com medo de alguma coisas.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Paleio

Estar à conversa até às 4 e tal da manhã. Acho que a última vez que me aconteceu, falava-se aí de uma revolução qualquer contra os espanhóis, encabeçada pela casa de Bragança.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Os 10

As Produções Fictícias estão a promover uma votação de algum interesse: os cinquenta melhores programas de sempre da televisão portuguesa. Entenda-se que têm de ser de produção portuguesa. Ao início, sorri de mim para mim, pois pensei que, se calhar, dez bastavam. No entanto, ao pensar no assunto e ler as diversas opiniões, dei-me conta que estav errado. Mesmo arranjar 10 para fazer este post foi complicado, pois escolher um top próprio é sempre difícil: é uma tarefa de relativismo e temos semprede estabelecer os nossos critérios. No meu caso, acho que não existem critérios fixos. Antes de me chamarem qualquer nome, lembrem-se que a frase que acompanha este blog é "I'm a complex guy, sweetheart".
Os programas seguem sem nenhuma ordem em especial.



"Herman Enciclopédia" - Toda a gente ainda utiliza hoje uma ou outra expressão retirada dessa Herman Enciclopédia. Tinha um elenco como nunca mais se reuniu num programa de comédia (para além de Herman, Miguel Guilherme, José Pedro Gomes, Maria Rueff, Joaquim Monchique, Lídia Franco, Vítor de Sousa...) e personagens de charneira: Diácono Remédios, Henrique Melga, os organizadores da Expo 97... Quando vejo Herman a fazer algo de mau, lembro-me que ele um dia fez isto. E convenhamos: para quem lhe quer dar pontapés nos tomates por isso, a "Herman Enciclopédia" é o maior protector de tomates que existe.


"O tal canal" - O primeiro Herman, um programa cómico que rebentou com o que se fazia na altura e cuja trepidação ainda hoje se faz sentir na televisão. O nosso correspondente à estreia dos Monty Python em Inglaterra. Os Gato Fedorento nunca existiriam se um dia um senhor chamado Herman Kripahll não se tivesse lembrado de criar o menino Nelinho, o Estebes, o Tony Silva e esse senhor incontornável dos media que é Professor doutor Oliveira Casca. O país reflectido num programa de comédia.

"Polícias" - Em 50 anos incrivelmente pobres no que toca à ficção dramática nacional, esta série destaca-se com naturalidade como a melhor coisinha que foi feita por cá. Uma variação da estratégia da RTP da série de ficção histórica, esta passava-se nos nossos dias e acompanhava polícias do final do século XX. Curiosamente, também era escrita por Moita Flores! Vítor Norte, João Lagarto, Maria João Luís, Luís Esparteiro, António Pedro Cerdeira... Tudo o que é bom; e foi o mais próximo que tivemos de diálogos bem construídos e escorreitos.

"Horizontes da memória" - Não sei se foi ele que me fez gostar de História, mas apesar de não apreciar muito José Hermano Saraiva como historiador, é inegável a categoria dos seus programas, e também os dotes naturais de comunicador que tem. Apesar de ultimamente os seus programas serem pouco mais do que a divulgação turística de alguns locais, ainda me lembro quando era mais "piqueno" e me sentia fascinado com as exlicações do professor Saraiva.



"Duarte e companhia" - Uma das nossas grandes séries de culo, daquelas que eram más de propósito, porque só assim é que eram boas. A prova é que, anos depois, ainda vibramos com o dois cavalos vermelho, a Joaninha, o Rocha, o Átila, o Padrinho...A nossa grande referência de pop-culture televisiva, e o upgrade necessário a outra grande série que não podemos de maneira alguma olvidar: "Zé Gato".
E fujam, que vem lá a mulher do Duarte.


"Rua Sésamo" - Sem ela, a nossa infância teria sido uma pasmaceira. E basta isto.

"Fenómeno" - Um programa que passava na RTP 2, praticamente ignorado pela generalidade do público, mas uma grande bomba, um cruzamento entre trabalho jonralístico, documentário e ficção, dedicado à temática do paranormal em Portugal. Apresentando provas, casos, e não crenças, "Fenómeno" não nos dava soluções: apenas nos questionava sobre a possibilidade de sequer haver soluções. Para além disso, tinha como host um dos actores mais subaproveitados que cá temos, cara habitual dos anúncios da Yorn: Alfredo Brito



"Gato Fedorento - Série Fonseca" - Um OVNI na altura em que estreou: ainda me lembro de contar sketches a amigos meus e estes não se rirem, nem acharem piada. Passados uns meses, a coisa rebentou e andava em todo o lado. As outras séries que fizeram têm coisas muito, muito boas, mas esta foi a novidade absoluta quando estreou.

"Claxon" - Mais uma série ignorada, com o grande António Cordeiro a fazer o personagem homónimo, Margarida Reis (lembram-se?) como mulher fatal e Ricardo Carriço a iniciar a carreira, numa série noir à portuguesa. Pormenor: o inspector de polícia chamava-se Bob Caroço e todos os episódios, repetia a frase: "Eu é que sei desta merda toda!!!" Carriço viria a fazer a inovadora série "Major Alvega" uns anos mais tarde.



"Palavras ditas" - Mário Viegas era espantoso, e conseguiu transformar a poeisa em algo de acessível e cool. Um programa que estava uns anos à frente do seu tempo e que ainda hoje faria sentido. Há pouco tempo, houve um upgrade interessante, também na RTP, com "Voz".

Ok, 10. E faltam aqui alguns, de certeza. É a vossa parte: quais são, para vós, os 10programas portugueses de sempre?

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Um triunfo do ensino

O Governo já veio a terreiro congratular-se com o facto de no passado ano lectivo apenas aterem sido agredidos 185 professores ou funcionários nas escolas lectivas, pelo que constitui um decréscimo relativamente a anos anteriores. Acho que alguém no executivo de Sócrates leu o meu post comparativo entre humoristas e jornalistas e ordenou aos assessores de imprensa que fizessem um texto humorístico para provar que a realidade pode ser engraçada. Só assi consigo entender esta congratulação: como se fosse uma piada.
De facto, que alguém ache um avanço que mais do que zero professores levem bofetões dos alunos é um mistério. Enquanto aluno, nunca bati em nenhum professor e embora fantasiasse com isso durante um ou outro intervalo; enquanto professor, nunca fui agredido, nem nunca estve perto disso. Mas também, tenho 1,88m e barba, o que me faz mais bad boy do que realmente sou. As teorias educacionais habituais de que as crianças são bondosas inatamente e que os professores serão sempre respeitados porque são rpofessores não funcionam comigo. Enquanto este estado de coisas assim andar e os alunos até passarem de ano porque os professores quase o são obrigados a fazer, estamos bem. A desproporção de forças continuará.
E para o ano, o número descerá certamente. Assim como assim, o número de alunos também diminiu anualmente.

Tony Blair canta... The Clash!

A sério! Bem, não tão a sério...

Apontamentos de uma ida ao shopping

Senhores da Taschen: eu gosto muito dos vossos livros sobre pintura. A qualidade de impressão é de realçar e as palavras dedicadas aos pintores e períodos artísitocos neles abordados são de quem entende da coisa, não querendo ser inacessível. No entanto, gostava de chamàr a vossa atenção para para o seguinte facto. Picasso, Dali, Miró e Van Gogh não são os únicos pintores da História da Humanidade. Outros homens do pincel igualmente bons também se entretiveramk a rabiscar umas coisas e têm uma história de vida tão ou mais complicada. Por isso, dêem a este leitor a benesse de editar dois brutais calhamaços dedicados a Chagall, como o fizeram para os senhores atrás referidos. Está na altura de acabar com o monopólio dos gostos artísticos. Fica a nota.

Descubro o maior drama estético das mulheres com o vestuário do Inverno: manterem-se quentes e confortáveis, enquanto tentam não parecer terem 10 anos a mais.

A Sony, que editou todas as temporadas de "Seinfeld", devia levar uma malha das antigas, porque arranjou maneira de encaixotar todo o material Senfeldiano numa caixa apetecível, que inclu um coffee-book table (piada da série), um livro com descrições de cada episódio e toda a reunião do elenco 9 anos após a série ter acabado. Tudo isto mais barato doq ue se com´prássemos as edições individuais. Estou a deixar de ser master of my domain.

Eu tenho um sério problema em comprar roupa. Já o sabia, mas acho que está a ganhar contornos de fobia. Acho que já não faço uma revisão ao meu guarda-roupa há uns 5 anos. Este Dezembro, está na altura de enfrentar medos.

O Natal não é, definitivamente, a minha época do ano. Prefiro os outros meses em que as pessoas não têm de disfarçar o cinismo.

Porque há miúdas giras que estão sentadas em mesas com o olhar mais solitário deste mundo? Acho que estou a ser ignorante e ofensivo em simultâneo sem o saber.

Girls. Ponto final e adenda ao parágrafo anterior.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Humoristas = jornalistas?


Acho que uma das questões que tem sido mais imperceptíveis neste início do século XXI é a forma como o humor se vai transformando, lentamente, num órgão de informação mais fiável que os órgãos de informação efectivos. Parece estúpido e irresponsável dizer as coisas assim, mas quando os media se recusam a ser imparciais e independentes e estão ao serviço de alguém, temos de nos virar para algum lado.
Apesar de escrever isto após ter visto um brilhante sketch do Gato Fedorento onde Ricardo de Araújo Pereira e Zé Diogo Quintela entrevistam José Sócrates de uma forma tão descaradamente teatral como as entrevistas reais que lhe fazem, esta ideia vem crescendo em mim desde que que comecei a ver com regularidade "The daily show", que é o melhor exemplo do humor ao serviço da democracia que eu conheço. A forma como desconstrói a máquina propagandista em redor de George W. Bush, desde os seus assessores de imprensa até toda uma rede de cadeias de televisão que mostram o que acontece através do ponto de vista ideológico de quem governa é, em efectivo, a maneira mais exacta de mostrar o que realmente se passa e uma lambada na nossa cara a ver se acordamos. As notícias devem ter esse condão: mostrar a realidade e quando ela é má, faze-rnos sentir isso. Por isso o humor é tão importante nos dias que correm: mais ninguém se atreve a dar um pontapé no rabo do quarto poder. Excepto um político num cargo importante que tenha sido exposto por algum dos raros jornalistas a sério que ainda existem.
No sketch envolvendo José Sócrates, os dois humoristas atiram-lhe todas as perguntas que gostaríamos que Sócrates respondesse sem uma conversa fiada que cheira a bafio, nem um pretenso sentido de estado que quer apresentar quando recebe governantes estrangeiros. Por incrível que pareça, todas as respostas falsamente conseguidas através de uma engenhosa montagem soam reais, como se, pela primeira vez, ouvíssemos Sócrates a dizer a verdade sobre alguma coisa. Isso, pelo menos a mim, contribui dez vezes mais para compreender o lado negativo da acção deste governo PS do que ver uma hora de telejornal, onde nos podemos aperceber, a sermos perspicazes, do mesmo que o humor os impede. Mas é mais fácil chamar a atenção das pessoas com uma martelada na cabeça do que com um toque no ombro.