As Produções Fictícias estão a promover uma votação de algum interesse: os cinquenta melhores programas de sempre da televisão portuguesa. Entenda-se que têm de ser de produção portuguesa. Ao início, sorri de mim para mim, pois pensei que, se calhar, dez bastavam. No entanto, ao pensar no assunto e ler as diversas opiniões, dei-me conta que estav errado. Mesmo arranjar 10 para fazer este post foi complicado, pois escolher um top próprio é sempre difícil: é uma tarefa de relativismo e temos semprede estabelecer os nossos critérios. No meu caso, acho que não existem critérios fixos. Antes de me chamarem qualquer nome, lembrem-se que a frase que acompanha este blog é "I'm a complex guy, sweetheart".
Os programas seguem sem nenhuma ordem em especial.
"Herman Enciclopédia" - Toda a gente ainda utiliza hoje uma ou outra expressão retirada dessa Herman Enciclopédia. Tinha um elenco como nunca mais se reuniu num programa de comédia (para além de Herman, Miguel Guilherme, José Pedro Gomes, Maria Rueff, Joaquim Monchique, Lídia Franco, Vítor de Sousa...) e personagens de charneira: Diácono Remédios, Henrique Melga, os organizadores da Expo 97... Quando vejo Herman a fazer algo de mau, lembro-me que ele um dia fez isto. E convenhamos: para quem lhe quer dar pontapés nos tomates por isso, a "Herman Enciclopédia" é o maior protector de tomates que existe.
"O tal canal" - O primeiro Herman, um programa cómico que rebentou com o que se fazia na altura e cuja trepidação ainda hoje se faz sentir na televisão. O nosso correspondente à estreia dos Monty Python em Inglaterra. Os Gato Fedorento nunca existiriam se um dia um senhor chamado Herman Kripahll não se tivesse lembrado de criar o menino Nelinho, o Estebes, o Tony Silva e esse senhor incontornável dos media que é Professor doutor Oliveira Casca. O país reflectido num programa de comédia.
"Polícias" - Em 50 anos incrivelmente pobres no que toca à ficção dramática nacional, esta série destaca-se com naturalidade como a melhor coisinha que foi feita por cá. Uma variação da estratégia da RTP da série de ficção histórica, esta passava-se nos nossos dias e acompanhava polícias do final do século XX. Curiosamente, também era escrita por Moita Flores! Vítor Norte, João Lagarto, Maria João Luís, Luís Esparteiro, António Pedro Cerdeira... Tudo o que é bom; e foi o mais próximo que tivemos de diálogos bem construídos e escorreitos.
"Horizontes da memória" - Não sei se foi ele que me fez gostar de História, mas apesar de não apreciar muito José Hermano Saraiva como historiador, é inegável a categoria dos seus programas, e também os dotes naturais de comunicador que tem. Apesar de ultimamente os seus programas serem pouco mais do que a divulgação turística de alguns locais, ainda me lembro quando era mais "piqueno" e me sentia fascinado com as exlicações do professor Saraiva.
"Duarte e companhia" - Uma das nossas grandes séries de culo, daquelas que eram más de propósito, porque só assim é que eram boas. A prova é que, anos depois, ainda vibramos com o dois cavalos vermelho, a Joaninha, o Rocha, o Átila, o Padrinho...A nossa grande referência de pop-culture televisiva, e o upgrade necessário a outra grande série que não podemos de maneira alguma olvidar: "Zé Gato".
E fujam, que vem lá a mulher do Duarte.
"Rua Sésamo" - Sem ela, a nossa infância teria sido uma pasmaceira. E basta isto.
"Fenómeno" - Um programa que passava na RTP 2, praticamente ignorado pela generalidade do público, mas uma grande bomba, um cruzamento entre trabalho jonralístico, documentário e ficção, dedicado à temática do paranormal em Portugal. Apresentando provas, casos, e não crenças, "Fenómeno" não nos dava soluções: apenas nos questionava sobre a possibilidade de sequer haver soluções. Para além disso, tinha como host um dos actores mais subaproveitados que cá temos, cara habitual dos anúncios da Yorn: Alfredo Brito
"Gato Fedorento - Série Fonseca" - Um OVNI na altura em que estreou: ainda me lembro de contar sketches a amigos meus e estes não se rirem, nem acharem piada. Passados uns meses, a coisa rebentou e andava em todo o lado. As outras séries que fizeram têm coisas muito, muito boas, mas esta foi a novidade absoluta quando estreou.
"Claxon" - Mais uma série ignorada, com o grande António Cordeiro a fazer o personagem homónimo, Margarida Reis (lembram-se?) como mulher fatal e Ricardo Carriço a iniciar a carreira, numa série noir à portuguesa. Pormenor: o inspector de polícia chamava-se Bob Caroço e todos os episódios, repetia a frase: "Eu é que sei desta merda toda!!!" Carriço viria a fazer a inovadora série "Major Alvega" uns anos mais tarde.
"Palavras ditas" - Mário Viegas era espantoso, e conseguiu transformar a poeisa em algo de acessível e cool. Um programa que estava uns anos à frente do seu tempo e que ainda hoje faria sentido. Há pouco tempo, houve um upgrade interessante, também na RTP, com "Voz".
Ok, 10. E faltam aqui alguns, de certeza. É a vossa parte: quais são, para vós, os 10programas portugueses de sempre?
sexta-feira, dezembro 07, 2007
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