A segunda metade do ano cinematográfico costuma ser normalmente dedicada aos filmes com potencial de premiação, nomeadamente com potencial de Óscares. A época de blockbusters ficou para trás e tem de se esperar pelo Natal para encontrar um ou outro espécime, que vai rareando cada vez mais nesta altura. É por isso que este post que destaca alguns dos potenciais bons filmes que estrearão entre este mês de Setembro e Dezembro no mercado norte-americano (vamos estender estreias até ao mês de Março em Portugal) focará maioritariamente fitas sérias ou pelo menos substancialmente artísticas.
"BURN AFTER READING"
Depois da consagração nos Óscares (com 3 prémios só à sua conta), os irmãos Coen seguem "No country for old men", que é pouco menos do que deprimente em termos de ambiência, com uma comédia que promete ser perfeita para apreciadores do desmiolado em celulóide, e que envolve um agente da CIA demissionário, um CD que aparentemente tem segredos governamentais, dois donos de um ginásio e Geroge Clooney como bronco de serviço. Apesar de terem ficado famosos quando entram negrume adentro, os manos têm no currículo belas comédias como "The big Lebowsky", "Raising Arizona" e "Oh brother, where art thou". Brad Pitt, George Clooney, John Malkovich, Tilda Swinton e Frances McDormand. constituem o elenco.
"RIGHTEOUS KILL"
Um motivo para se ver este filme? Al Pacino e Robert de Niro como uma dupla de polícias. Ou seja, aquela cena no café em "HEAT" expande-se para a totalidade de uma longa-metragem. Acho que isto basta.
"BLINDNESS"
José Saramago adaptado ao cinema por Fernando Meirelles? O bizarro aconteceu. Saramago não é dos escritores de que mais gosto, mas a sua ideia de uma terra de cegos onde uns poucos que vêem têm de ser reis é bastante interessante por si; pegada por Meirelles, um homem que fez duas longas-metragens arrebatadoras ("Cidade de deus" e "O fiel jardineiro"), pode vir a resultar numa fita poderosa a todos os níveis. A história de uma epidemia que começa a cegar a população mundial e as consequências no teciodo da sociedade actual é interpretada por Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Danny Glover e Sandra Oh.
"APPALOOSA"
O western tem ressurgido em força nos últimos anos. Em 2007, "3:10 to Yuma" foi um enorme sucesso de bilheteira, misturando os temas tradicionais do western com uma abordagem moderna do modo de filmar. Este ano, Ed Harris, que é um extraordinário actor, junta Viggo Mortesnsen e Jeremy Irons, que dispensam adjectivos como intérpretes, e adapta um livro de Robert Parker, que conta a história da disputa entre dois amigos (Harris e Mortensen) e um latifundiário vilanesco (Irons). Homens duros num género duro.
"MIRACLE AT ST. ANNA"
Realizar filmes de guerra é uma estreia para Spike Lee, realizador pária que voltou a cair nas boas graças do mainstream depois do sucesso de "Inside man". Para que a transição não fosse muito forçada, a história é sobre um esquadrão totalmente composto por soldados negros, algures em Itália, em plena 2ª Guerra Mundial. Para não variar, Spike Lee já começou a irritar gente. Clint Eastwood levou no maço por causa de "Flags of our fathers" e os Coen apanharam por tabela. Os italianos, esse povo que pouco tem de racista, também já se mostrou algo incomodado em ver Lee a rever-lhes a sua história do conflito. É esperar para ver, principalmente quando este filme começa a cheirar a Oscar.
"RELIGULOUS"
O realizador de "Borat" e Bill Maher, indivíduo que está para a Direita como a sarna está para os cães, num documentário declaradamente ateísta, onde ambos percorrem o mundo, questionando o porquê das crenças religiosas das pessoas? Mas este parece ser o filme incendiário do ano!
"ROCKNROLLA"
Guy Ritchie, depois de duas sovas da críticas seguidas, com "Swept away" e "Revolver" (que, batam-me, achei ser um filme interessante) regressa ao estilo que lhe trouxe a reputação: gangsters perdidos em bolandas pelos subúrbios de Londres. Soa a repetição, mas "Snatch" e "Lock, sotck and two smoking barrels" são dois grandes filmes de entretenimento até mesmo no Usbequistão. Gerald "300" Butler, "Idris "The Wire" Elba e depois Tom Wilkinson, Thandie Newton e Jeremy Piven embarcam na viagem, com uma estrela de rock drogada e a máfia russa em disputa com gangsters ingleses. Já se parece mais com os filmes de Guy Ritchie que conheço.
"BODY OF LIES"
Um thriller sobre o combate ao terrorismo no Médio Oriente, realizado por Ridley Scott e protagonizado por Leonardo Dicaprio e Russel Crowe. O suficiente, penso.
"W."
O actual presidente dos EUA ainda não saiu do cargo e já há um biopic feito sobre a sua vida. Oliver Stone é o realizador e isso já põe as pessoas de pé atrás. No entanto, há que lembrar que este é o mesmo homem que fez "Nixon", um execelente filme sobre o homónimo chefe de estado e que acabou por ser um estudo de personagem justo e surpreendente, quando se esperava o pior, e era fácil entrar pelo pior. Apesar do retrato facilitista que dele tentam fazer, Stone é um autor complexo e a interpretação de Josh Brolin como Dublia Bush parece acertar na mouche. Para mais, temos toda a entourage da mitologia Bushiana presente, e o filme estreia por altura das presidenciais de 2008.
"CHANGELING"
Clint Eastwood envereda pelo thriller sobrenatural, anos depois de "Play misty with me". Aqui, Angelina Jolie é a mãe de uma criança que desaparece de casa. Semanas mais tarde, a polícia devolve-lha. O problema é que... não é a mesma criança! Tem, pelo menos, um ponto de partida interessante.
"QUANTUM OF SOLACE"
Quem diria que algum dia conseguiriam reinventar James Bond? E que o homem mais criticado em antecipação, quando se anunciou que ia vestir a pele de 007, seria afinal o único capaz de pedir meças a Sean Connery? (Ok, eu pressenti esta segunda quando vi "Layer cake"; mas esqueci logo de seguida, por isso não foi coisa séria). "Casino Royale" foi um caso tão sério que se chegou a falar, com toda a naturalidade, de Daniel Craig podia ser nomeado para melhor actor. "Quantum of solace" é, pela primeira vez na franchise, uma continuação directa do filme anterior, e a direcção pertence ao ecléctico Marc Foster, que entre outros, fez "Finding neverland" e "Monster's ball". Desta vez, Bond procura vingança pela morte de Vesper Lynd e vai atrás do consórcio corrupto por detrás das acções de "Casino Royale". Blond Bond is back... with a vengeance.
"AUSTRALIA"
Baz Luhrman, a maníaca mente que arquitectou "Moulin rouge" e "Romeo and Juliet", experimenta agora o épico, com este filme que pretende abordar um capítulo da história do seu país, a 2ª Guerra Mundial. Nicole Kidman é uma dama inglesa que herda uma enorme quinta na Austrália e tem de aceitar, pela sua inexperiência, a ajuda de um rancheiro interpretado por Hugh Jackman. Imaginar Hugh Jackman de camisa de ganga entreaberta deve fazer ventilar algumas das leitoras, mas para os restantes, Luhrman nunca fez um filme feio e o mínimo que se pode esperar de "Australia" é uma delícia visual que supere "Moulin rouge". Para além disso, será interessante ver o que um esteta puro e iconoclasta fará com um género tão tradicional como é o épico.
"MILK"
Gus van Sant regressaa o mainstream, com este biopic sobre Harvey Milk, vereador da câmara de S. Francisco na década de 70 e que ficou para a história como o primeiro gay assumido a ser eleito para um cargo público nos EUA. Sean Penn interpreta Milk e pelo trailer, parece estar o Penn do costume, ou seja, excelente. James Franco, o ubíquo Josh Brolin e Emile Hirsch completam o cast de um filme altamente falado para a Oscar season que se avizinha.
"DEFIANCE"
Ed Zwick é um paladino de causas e de histórias esquecidas pela História, e depis de "The last samurai" e "Blood diamond", volta a pegar em factos pouco conhecidos: aqui, a resistência judaica aos Nazis na Bielorrússia. Se o tema parece à partida o costume no que toca a Holocausto, o casting levanta interesse: Daniel Craig, Liev Schreiber e Jamie Bell fazem de irmãos coragem, que de armas na mão, tentam escapar com um grupo de conterrâneos judeus para paragens mais seguras. Se Zwick não ceder às tentações do último quarto de hora de "Blood diamond", isto pode dar certo. Destaque para a direcção de fotografia do português Eduardo Serra.
"THE CURIOUS CASE OF BENJAMIN BUTTON"
David Fincher e fábulas românticas são dois conceitos normalmente incompatíveis. No entanto, este filme pode mudar isso: a adaptação de uma short story de F. Scott Fitzgerald, sobre um homem que nasce velho e percorre a sua vida sempre a rejuvenescer para morrer bébé é bizarra só por isso, e um conceito altamente interessante. Brad Pitt interpreta a personagem principal e Fincher rodeia-o por Cate Blanchett, Tilda Swinton e Julia Ormond. Blanchett parece interpretar o grande amor da sua vida e abordar todas as questões metafísicas e humanas relacionadas com o estranho padecimento de Benjamin Button será certamente a grande força do filme, tendo em conta os gostos de Fincher. O filme demorou dois anos a ser feito, sendo que Fincher estava envolvido em simultâneo com "Zodiac" e a supervisionar os efeitos especiais relativos às várias fases de rejuvenecsimento da perosnagem de Brad Pitt, numa minúcia demiurga típica do realizador. Por todos os motivos e mais alguns, é o meu filme de 2008.
sábado, setembro 06, 2008
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1 comentário:
Vais ver isto tudo?!
Um verdadeiro cinéfilo, é o que aqui temos! :)
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