domingo, dezembro 13, 2009
O Geocaixão
Tornei-me já há algum tempo aficcionado do geocaching, uma brincadeira/desporto/maluqueira/substituto de droga (riscar o que não interessa) que me levou a comprar um GPS que não me servirá para mais nada que não isto. Investimentos que dão frutos: esse era o meu nome do meio até o meu pai ter sugerido Simões.
O geocaching consiste em caixas que uns escondem e outros procuram através de coordenadas GPS. Alguns geocachers (o nome das criaturas que brincam a isto) colocar-me-ão em fogueirs por reduzir o jogo a esta simplificação, mas é exactamente o que a coisa é. Eu fazia disto nos escuteiros, chamava-se "Caça ao tesouro". Aqui, juntamente com uma maior elaboração dos esconderijos, não tenho é de andar fardado nem pretender que tenho crenças que não possuo.
Costumo praticar isto com uns amigos e vamos por aí cachar. Bela vida. Só que há uns dias, ia-se transformando, numa bela morte.
Estávamos nós a percorrer um trilho pelo meio do mato, quais sete anós (só que sendo cinco), num final de tarde que já parecia noite cerrada, quando a coisa se deu. Um passo dado em segurança que rapidamente se transformou numa queda livre barreira abaixo.
Não sei se me apercebi do que estava a acontecer, honestamente. Sei que apesar de estar a mergulhar para uma morte certa, não gritei, disseram-me mais tarde. Apenas me viram desaparecer, e pensaram que era brincadeira. Eu também devo ter pensado isso.
Uns quatro, cinco metros depois, aterrei em algo que me pareceu folhagem. Como disse, era de noite, estava escuro. Mas sei que havia mais espaço para preencher até ao chão. Passara lá de dia e tinha essa memória. Aquele colchão estava parado ali, em pleno ar, como uma mão estendida para apanhar as minhas costas. Uma pessoa mais impressionável teria sido obrigada a reconsiderar a sua falta de fé. Trepei barreira acima e encontrei os meus companheiros incrédulos, a perguntar-me se estava bem. Não tinha um arranhão e na minha cabeça, aquilo fora tão anormal como acordar de manhã.
Isso foi o mais estranho. O não sentir nada de anormal. Aliás, eu não senti o que quer que fosse durante o tempo de queda: não senti medo, raiva, tristeza. Nem sequer senti que podia morrer e isso ter grande consequência nop meu estado de consciência. Era como se me fosse indiferenre morrer ou viver. Talvez tenha sido choque, não sei. Mas essa é a coisa que guardo desta experiência: será que não tenho não vontade de viver? Sei que não quero morrer. Devo estar num limbo entre estas duas coisas.
Enquanto não descubro a solução disto, faço caixas. Pode ser que nalgumas delas esteja a solução do enigma.
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2 comentários:
Foi rápdo e inesperado, puto. E talvez, no fundo, achasses que não te ía acontecer nada, assim ao jeito de Coelhinho Mágico, Alice :D
Boas Festas!
bjocas
(Ena pai! Comi umas letras: falta DA Alice)
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