domingo, janeiro 31, 2010
Nomeações para os Óscares
A Academia de Artes e Ciências cinematográficas revela, na próxima terça-feira, os nomeados deste ano para os Óscares. Como já vem sendo tradição, este blog aventura-se em terrenos adivinhatórios do cinema e lança os seus palpites relativamente aos possíveis nomes anunciados. Este ano, há uma importante alteração ao esquema geral das coisas: os Óscares alargam o seu leque de cinco nomeados para dez. Isto significa a entrada em competição de filmes que, possivelmente, nuca teriam hipótese de outra maneira, e torna a corrida deste ano muito mais imprevisível do que poderia ser.
Sem mais delongas, aqui ficam as minhas apostas.
Melhor filme de animação (pela primeira vez, vamos ter cinco nomeados, porque conseguiu-se cumprir um mínimo de 15 filmes a concurso)
"Up"
"Coraline"
"The fantastic Mr. Fox"
"The princess and the frog"
"9"
Melhor actor secundário
Christoph Waltz - "Inglourious basterds"- O principal favorito à vitória
Matt Damon - "Invictus" - Recompensa que tem uns dois anos de atraso
Stanley Tucci - "The lovely bones" -Um vilão absolutamente horrível, por um daqueles actores invisíveis que sabe sempre bem honrar com uma nomeação
Woody Harrelson - "The messenger"- Desde o início que tem sido consistenmente indicado em prémios percursores
Christopher Plummer - "The last station" - A nomeação mais frágil, mas parece-me que o misto de veterania e papel real lhe valerá a nomeação
Melhor actriz secundária
Mo´nique - "Precious" -A favorita à vitória final
Anna Kendrick - "Up in the air" - Consistente desde o início de temporada de prémios
Vera Farmiga" - "Up in the air"- Este é um filme de actores, uma dupla nomeação não surpreenderá
Melanie Laurent - "Inglourious Basterds" - Neste filme que é claramente apoiado por actores, como o indicam o prémio do SAG, alguém será nomeado. Aposto em Melanie Laurent, porque acredito que haverá uma surpresa na categoria. E essa surpresa poderá incluir Diane Kruger.
Penelope Cruz - "Nine" - No difícil quinto lugar, aposto que aparecerá alguém do elendo de "Nine". É um filme de actores, e Penelope Cruz será a que terá melhor hipótese. Ela ou Marion Cotillard. E nunca, nunca descartar Julianne Moore, em "A single man".
Melhor actriz
Meryl Streep- "Julie and Julia" - La Streep está garantida
Sandra Bullock - "The blind side" - A rival de La Streep este ano, também (medo!)
Carey Mulligan - "An education" - A jovem revelação britânica está também garantida
Gabby Sidibe - "Precious" - Confirmada
Emily Blunt - "The young Victoria" - O traiçoeiro quinto lugar. Na minha opinião, isto é entre Emily Blunt e Helen Mirren, em "The last station". Ambas são britânicas e interpretam personalidades reais. No meu caso, a aposta em Blunt é uma questão de feeling.
Melhor actor
Jeff Bridges - "Crazy heart" - Certinho, e o provável vencedor
George Clooney" - "Up in the air" - Confirmado, a estrela de "Up in the air" e um daqueles gajos de quem toda a gente gosta
Morgan Freeman - "Invictus" - O respeitadíssimo Freeman a interpretar Mandela num filme de Eastwood. É como seguir uma fórmula.
Jeremy Renner - "The hurt locker" - Ele carrega "The hurt locker", o grande favorito dos Óscares deste ano
Colin Firth - "A single man"- Desde que recebeu o prémio de Melhor actor em Veneza que Firth está na linha da frente, mas cuidado com a ultrapassagemd e Viggo Mortensen, em "The road"
Melhor realizador
Kathryn Bigelow - "The hurt locker" - A favorita à vitória neste momento e a primeira mulher com uma hipótese real de ganha ro Oscar de melhor realizador
James Cameron - "Avatar"- Garantido, com o filme mais rentável da história
Quentin Tarantino - "Inglourious basterds" - O auteur terrible também está garantido num filme adorado por actores
Jason Reitman" - "Up in the air" - Um filme clássico que cai bem entre realizadores conduzirá Reitman à sua segunda nomeação em três anos
Lee Daniels - "Precious" - A lógica indica que Daniels ocupe este lugar, mas um bichinho na minha cabeça alerta para Neill Blomkamp, realizador de "District 9", numa possível surpresa
Melhor filme
"The hurt locker"
"Avatar"
"Up in the air"
"Inglourious basterds"
"Precious"
"District 9"
"Up"
"Invictus"
"An education"
"A serious man"
Aqui é a categoria mais divertida de prever. Penso que os cinco primeiros filmes são caso encerrado. A partir daí, é um jogo de adivinhar. Pelos prémios percursores e feeling geral na indústria, "District 9" receberá uma nomeação, algo impensável há uns meses. A Pixar, que no ano passaod esteve à porta com "Wall-E", conseguirá finalmente sair do ghetto da animação com "Up". "Invictus" é um filme tão tradicionalmente oscarizante que me parece impossível ficar de fora. "An education" preenche a quota britânica, que ultimamente tem dominado os Óscares. O último lugar é uma grande incógnita."A serious man", dos Coen, parece-me ter a dianteira de momento, mas dois candidatos podem destroná-lo: "Star Trek" (sim, leram bem: "Star Trek") ou "A single man", a obra moody de Tom Ford. É preciso ter atenção.
sábado, janeiro 23, 2010
quinta-feira, janeiro 21, 2010
Possuído
Se eu quisesse tirar esta música da mona, até era capaz. Mas muito honestamente, para o Bornéu com a racionalidade, e deixem-me estar aqui possuído à vontade. Preferencilamente pela Marion Cotillard, nada contra os homens que compõem os Franz Ferdinand.
sexta-feira, janeiro 08, 2010
Virgem Santísima, Jesus Senhor, o Diabo a sete!
Não é o meu estado civil, mas sou agnóstico. É a melhor forma de definir espiritualmente. Não tenho grande crença em Deus, ou deuses, mas não estou completamente convencido de que vivamos no mundo material. Dou o benefício da dúvida e reservo-me ao direito de não ser dogmático.
Não quero com isto dizer que não me abespinhem as religiões, ou que não as ache ilógicas ou parvas. Na sua grande maioria, são-no. Aquela em que fui criado, a Católica, é um imenso de novelo de falta de sentido, tudo muito bem embrulhado com uma Trindade Santíssima que não convém questionar. Na fase final da adolescência, era um ateu irritado e irritante. Achava que tinha de enfiar aquilo em que acreditava pelos olhos das pessoas adentro, como se estivessem adormecidas. Escusado será dizer que isso me causou dissabores (e ainda causa). Foi aí que decidi estar mais caladinho no que toca a estas coisas e dar um ar neutro, que não compromete. Com a minha decisão de me ter tornado dirigente escutista, esse ar neutro mostrou ser ainda mais necessário.
No entanto, há coisas que me irritam profundamente, para lá de tudo; e outras que mostram ser absolutamente necessário quebrar a minha neutralidade e partir a loiça. Nesta segunda categoria, está uma lei irlandesa que entrou em vigor no primeiro dia do ano, e que está a ser cohecida como "a lei da blasfémia". Reduzindo ao básico, afirma que a blasfémia é um crime punível legalmente. A definição deste crime é lapidar: blasfémia é considerado todo e qualquer acto que pela sua publicação ou proclamação possa ofender intencionalmente as crenças religiosas das pessoas. Se o arguido for condenado, pagará uma multa que pode ir até aos 25.000 euros.
A palavra medieval é várias vezes usada sem razão, mas aqui é totalmente aplicável: isto é o regresso à Idade Média das teocracias e de uma separação muito obscura entre o estado laico e a religião. Estávamos habituados a ver isto nos EUA e, de uma forma mais exagerada, em certos estados árabes (numa ironia, no mês de Dezembro, o ministro irlandês Michael Martin chamara à atenção, numa ruenião da UE, para a falta de tolerância religiosa no mundo árabe). Claramente, os irlandeses têm memórica curta, porque nunca devem ter tido problemas com luas religiosas...
Está na altura de acabarmos com o politicamente correcto e dizer: basta!! Há um direito a ser-se respeitado por crenças religiosas, mas eu quero ver contemplado o direito à descrença e à liberdade de proclamar isso se assim apetecer. Não me importa que se diga que há coisas absolutamente parvas na religião. Porque há! Nas mãos de homens, é hipócrita, é selectiva e discriminatória. A Bíblia diz que a sodomia é crime? Diz pois; mas no Levítico, comer crustáceos (como o camarão) dá direito ao Inferno. Se querem guiar a vossa vida pelo que diz um livro, ao menos sejam honestos e levem-no à letra. Querem-me dizer que Cristo é amor e aceita todos? Tudo bem, mas vamos falar então de quando Cristo manda dar uma volta àqueles que não o aceitam; querem afirmar que S. Paulo metece ter esse S. antes do Paulo? Supimpa, mas vamos falar do seu lado misógino e de filho da mãe invejoso. Se vamos levar tudo o que existe à letra na religião, discutam-se as coisas abertamente e chamem-se as coisas pelos nomes. Isto não é blasfémia: é ser honesto. Porque no mundo religioso, a verdade pode ser a pior ofensa de todas.
Sinto-me agradecido por Portugal, país bastante religioso, me permitir escrever isto num sítio público sem temer represálias; agradeço que haja pessoas de bom senso a não me expulsarem de um local por estas mesmas razões, quando têm toda a legitimidade insitucional para fazê-lo. Mas esta lei da basfémia, nascida em plena União Europeia de valores e liberdade para todos, pode ser a primeira peça de dominó que começará a cair. Já vi esse dia mais longe. E se não posso rezar para que não aconteça, posso ao menos barafustar. Enquanto for à borla.
P.S Fica o seguinte e interessante artigo - http://blasphemy.ie/2010/01z/01/atheist-ireland-publishes-25-blasphemous-quotes/
quarta-feira, janeiro 06, 2010
Flying to 2/2/2010 - The Lost supper
What goes around, comes around
Estive novamente em sabática. Vários motivos originaram isso e ainda vos devo dois tops da década que passou. Estão a ser elaborados, tenhai paciência. Retomarei com programação habitual, para gáudio de alguns.
Há uns tempos, neste belo pedaço de prosa (http://lostintheisland.blogspot.com/2007/11/modas.html), saltei de bastão em punho sobre cadernos Moleskine. Uma boa amiga minha provou-me que de facto, aquilo que dizemos se pode voltar contra nós quando menos esperamos. Deu-me uma prenda, que muito agradeço, em forma de um dilema de valências várias.
Primeiro, prendou-me com um objecto que critiquei aqui. Obviamente, vou usá-lo. No fundo, fez-me pensar bem no que aqui escrevo; e tendo passado este ano num exercício de auto-censura acerca de algumas coisas, temo ficar sem temas sobre os quais discorrer.
Em segundo, há que reconhecer que saber previamente que aquilo é uma espécie de Maserati dos cadernos me causa problemas. Usá-lo passou a ser uma coisa elevada, de necessidade específica apenas para assuntos decentes, tiradas interessantes, ideias geniais. Isto é algo que, vamos lá com honestidade, não abunda em mim. Terei o ocasional rasgo neste blog, mas no dia a dia, o meu cérebro ando meio que adormecido e torpe. De facto, 2010 vai ser um ano em que empreenderei uma busca pelo meu encéfalo.
Pensando bem, talvez este Moleskine seja o submarino ideal para tal coisa. Não é amarelo, é bem preto, mas foi-me dado com carinho, de certeza. Se há coisa que preciso respirar nma busca pelo meu cérebro, acho que é isso mesmo.
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