terça-feira, abril 13, 2010

Como descarrilar um país

Trailer Cinema "Pare, Escute, Olhe" from Pare, Escute, Olhe on Vimeo.



Uma das minhas actividades preferidas na minha carreira de escuteiro desenrolou-se para as bandas de Trás-os-montes. Alguém achou que seria uma ideia danada percorrer a pé as margens do rio Tua. Bendita a pessoa e a ideia. Tive a oportunidade de visitar aquela que continua a ser, para mim, uma das mais belas zonas de Portugal, e percorrer um pedaço de caminho único: a linha de caminho de ferro do Tua. As suas curvas sinuosas a contornar montes, os seus carris estreitos onde não parece caber um comboio e a vista sobre o rio que lhe dá o nome são três razões, entre mais, que levam quem por lá caminha (e na altura em que o fiz, ainda não era ilegal) a julgar que passou um portal qualquer e entrou num dimensão à parte.
Li há algum tempo no jornal que esta expressão que utilizei, "pedaço de caminho único", poderá deixar de fazer sentido literalmente: planos de construção de uma barragem ameaçam submergir esse pedaço único de história portuguesa. Não estou a exagerar. A contrução da linha do Tua fez parte de um plano, que alguns chamaram ambicioso, de acabar com a desertificação do interior transmontano e criar assim uma ligação com o resto do país, evitando o envelhecimento populacional. Como parece que esse problema está mais do que resolvido, resolveu-se em primeiro desactivar a Linha e agora querem ver-se livres dela metendo-a debaixo de água. É assim que s eplaneia o rumo e o futuro de um país.
Pode-se chamar a isto de crime. Um crime ambiental, social e de roubo de identidade. Mas tem sido prática em Portugal desactivar esta linhas ferroviárias de média e pequena dimensão e apostar em ferrovias de alta velocidade e grande dimensão. Como se ligar Portugal ao país vizinho fosse mais importante do que manter as pequeunas comunidades nacionais interligadas. Quase como se no slato para a Europa, Portugal se esquecesse de si mesmo e de aquilo que o compõe.
Como já se viu, não sou nenhum especialista em reflexões. Por isso, recomendo o visionamento do documentário de que deixo o trailer neste post. O realizador é Jorge Pelicano, o mesmo de "Ainda há pastores?", e tem todo o ar de poder ser algo de muito interessante sobre esta matéria. Quando lhe puser a vista em cima, logo me alongarei sobre este assunto. Porque embora não seja fascinado por comboios, sou fascinado por beleza; e o betão não me faz cócegas do lobo frontal.

2 comentários:

Anónimo disse...

1ºo comboio foi mais um meio de fuga que uma salvação, levava os parcos recursos da região mas nada nos trouxe,para o turista pode ser bonito mas quem cá passa aqui não vive,
roubo de identidade o comboio também a tirou aquela zona era diferente antes do comboio chegar, trouxe insatisfação,a vida no Tuaera e é dura mas quem lá vivia não se apercebia disso,ali a agricultura é magra tiravam-se 300kg de cereal/hectare quando era miúdo, não dava para viver os meus tios trocaram o Tua pelo Porto e por França,
Um caminho de ferro não é uma zona ecológica portanto o crime ambiental já existia muitos répteis eram trucidados pelo comboio a vegetação natural ffoi destruida para a sua implantação a erosão do vale foi acelerada logo aventar que é um crime ambiental, é relativo
vai passar a ser um espelho de água artificialmente criado com outras formas de vida,
crime social, foi a criação da linha que permitiu ao meu avô e a 78 indivíduos da sua aldeia de irem para a tropa em 1916, foi devido ao comboio ter quebrado o isolamento que o meu avô foi incorporado num regimento para ser gaseado na Flandres morreram uns 50 do vale do Tua e morreram milhares quando a gripe chegou no comboio em 1918/19
o texto não descreve a paisagem pode ser bela (relativo)mas é agreste
a descrição é mais uma experiência erótica:As suas curvas sinuosas a contornar montes, os seus carris estreitos onde não parece caber um comboio
de uma barragem ameaçam submergir esse pedaço único de história portuguesa.
Não estou a exagerar. AI EXAGERA E MUITO A contrução da linha do Tua fez parte de um plano, que alguns chamaram ambicioso, de acabar com O ISOLAMENTO, MAS CRIOU O INÍCIO Da desertificação do interior transmontano
eRA ISSO QUE DEVIA ESTAR AQUI criar assim uma ligação com o resto do país, É assim que
s e planeia o rumo e o futuro de um país.um indivíduo que gasta energia para produzir e enviar este texto também não a produz
se pensa que a energia eléctrica é produzida de graça...então pode-se chamar a isto de crime e a outras coisas também
o que se segue é conversa sem sentido não deve ter reparado na excessiva rede de estradas que cruza agora o vale do Tua ou não ^sabe ver
Mas tem sido prática em Portugal desactivar esta linhas ferroviárias de média e pequena dimensão e apostar em ferrovias de alta velocidade e grande dimensão. Como se ligar Portugal ao país vizinho fosse mais importante do que manter as pequeunas comunidades nacionais interligadas. Quase como se no slato para a Europa, Portugal se esquecesse de si mesmo e de aquilo que o compõe.
Como já se viu, não sou nenhum especialista em reflexões. Por isso, recomendo o visionamento do documentário de que deixo o trailer neste post. O realizador é Jorge Pelicano, o mesmo de "Ainda há pastores?", e tem todo o ar de poder ser algo de muito interessante sobre esta matéria. Quando lhe puser a vista em cima, logo me alongarei sobre este assunto. Porque embora não seja fascinado por comboios, sou fascinado por beleza; e o betão não me faz cócegas do lobo frontal.

Anónimo disse...

a apascentar cabras e ovelhas, a roçar matos e a cortar lenha, desde os 6 anos cultivei durante 14 anos uma agradável quantidade de doenças várias e devido à tuberculose fui safo da guerra colonial e dum emprego público, pelo que emigrei do Tua aos 22 e só voltei aos 50 por isso quero que o tal Pelicano venha passar uns invernos nas casas antigas do Tua a ber se gosta desses atavismos