segunda-feira, abril 05, 2010

Ah, destes outra vez... Vou ali pôr Tokyo Hotel a tocar e já volto!


A minha visão do mundo assenta em pilares sólidos. Uns são jónicos, outros coríntios; alguns ainda são de mármore de Carrara. Um dos principais, porém, é feito de granito e nem sequer foi trabalhado. É um bloco bruto, puro, de orige,m não modificado e rijo. É feio como o caraças e ninguém gosta de vê-lo, mas ele por ali continua, pois nuncalevou uma marretada suficientemente forte para ir abaixo. Esse pilar tem um post-it escrito a dizer "Ninguém me curte".
Tem muitos anos, este pilar, e fundações imensas. Não sei de onde veio, e já várias vezes me perguntei quem o arrancou e de que formação rochosa surgiu ele, vigoroso, indestrutível e dominante. Muito tempo matutei nestas questões. Cheguei a pensar que num acesso de loucura, eu próprio fiz este pilar; ou que, num twist digno de "Fight lub", o pilar não existe e eu é que o vejo lá; que tal como o Jack do filme, se eu der um tiro no pilar, ele deixa de existir e posso cirandar por aí. A verdade não é essa. A verdade é que por cada ocasião em que penso "Esta merda tem de ir abaixo", aparecem logo vinte betoneiras de cimento a fixá-lo ainda com mais força. Gostava de percebê-lo e estudá-lo, para, enfim, tentar destruí-lo, ou pelo menos transladá-lo para um local mais discreto e menos importante que as minhas fundações. No entanto, é impossível.
Costumo chamar a este pilar o meu inimigo escondido. Porque o é. É um adversário contra o qual luto diariamente. Nunca sei se me diz a verdade, se me fala mentiras através dos buracos por onde o vento sopra e dá ilusões de vozes. O certo é que ele estálá: parado e imponente, inamovível e sem que possa fazer algo para desviá-lo. Houve tempos em que escrever me ajudava. Agora, nem isso. Ultimamente, pensei que conviver aliviava o fardo. Um pouco, mas não o suficiente para que não haja dias em que me apetece adormecer e acordar uns dias depois. Não sei se preciso de truques novos para lidar com este pilar ou simplesmente ignorá-lo. Porque de uma coisa sei: ele vai continuar, a cada dia que passa, com mais calhaus fixá-lo, um após o outro, enquanto se vai tornado a única coisa que consigo ver debaixo de mim. Tenho a certeza que não caio; mas andar sobre brasas nunca pode sr uma experiência agradável. A não se quer se seja um faquir havaiano; e eu tenho a certeza de que nunca estive em Honolulu.

P.S: Parte de mim sabe que mereço esta coisa de estar sozinho. Mas a outra parte de mim que é implicativa, pequena mas com força, não se quer conformar com isso. Acho que é aí que está a raiz do problema: o conflito entre aquilo que mereço e aquilo que parte de mim julga dever merecer. Apelo a mediadores de conflitos entre personalidade que intervenham em sugestões de solução para este conflito quase tão gravoso como os que decorrem no Corno de África.

3 comentários:

pintor de almas disse...

Abaixo o pilar!

Anónimo disse...

Fui é que escrevi! Mas enganei-me. O blog moribundo "Pintor de almas" não é meu. É do meu MQT, ou melhor, não é de ninguém- anda perdido algures na blogosfera.
Jinhos

Post-It disse...

andaste a corrigir as gralhas e os erros,muito bem, mas "estálá" continua bem grudadinho :p
(e depois ainda és contra o acordo ortográfico :p :p :p)