terça-feira, fevereiro 08, 2011

Odeio as luzes da ribalta

Nunca liguei muito ao meu aspecto. Um rápido olhar pela minha desconjuntada figura chegará para concluir que o tempo dedicado à minha aparência é inferior ao que um pervertido demora a perder a compostura num desfile da Victoria's Secret. Marimbo-me quase por completo para aquilo que visto, muito raramente compro roupa e o meu cabelo já não vê um pente há anos, e em toda a minha existência,viu gel de forma muito espaçada. Qual não foi o meu espanto então quando, há três anos, descubro uma auto-estrada a correr a minha cabeça de um lado ao outro.
A questão inicial nem foi a falta de cabelo. Foi não conseguir perceber o porquê. Que eu me lembrasse, ninguém da minha família tem este tipo de problemas; e honestamente, nunca maltratei o meu manto capilar ao ponto de sofrer uma vingança destas. Mas há coisas que, honestamente, não têm grande explicação. Eu, que sofro dos males do homem civilizado, devia estar à espera disto. Depois dos estados deprimidos ocasionais e da neurose, o princípio de calvície seria o passo mais lógico.
Este problema fez-me concluir outra coisa com que tenho dificuldade em lidar ainda hoje: existe vaidade em mim. Isto deixou-me surpreendido, talvez porque ainda manquejo a resqu+icios da minha pseudo-intelectualidade passada (um intelectual não liga ao aspecto), mas começar a ver a pele da minha careca fez-me concluir que adoro a minha cabeça pejada de tufos de cabelo e que farei tudo o que me for possível para manter esse status quo. Inclusivamente, utilizar produtos de uma marca com nom nome tão catita quanto "Aroma da Terra" (João Saro, a tua mãe deve-me 10 euros de publicidade). Tem-se tornado um ritual polvilhar a minha cabeça com um produto de cheiro estranho após o banho, mas penso que é em nome de um bem maior: o meu cabelo. Claro que pode ser encarado como a definição de vaidoso, mas eu prefiro chamar-lhe defender o meu próprio corpo. Hoje em dia está na moda renomear coisas óbvias.
Por enquanto, o percurso para a desertificação capilar está relativamente controlado. Mas chegará um dia em que perante o meu aspecto, apenas a minha personalidade mágica me salvará. Noutras palavras, just kill me now.

4 comentários:

João Saro disse...

Compra mais 150 euros e em produto e pede um desconto... lol

Epá, esse produto não sei, mas há um que me faz milagres: Gel Balsamo para os pés (sara aqueles "cortes" entre dedos da humidade). E ainda outro que gostava de abusar só pela gula (Protarom, ou como se chama... até comia colheradas a seco... sobre o efeito nutricional nunca liguei muito eheh)...

Quanto ao seres vaidosos... nem que não fosses pelo inverso... ninguém (em que esteja 1%, pelo menos, inserido socialmente) deixa de lado escolhas puramente estéticas. Nem que mais não seja apenas por evitar alguma estética (evitarias usar umas calças cor-de-rosa, uma camisa abixanada com um lenço larilas ao pescoço, não?).

Anónimo disse...

Pseudo-intelectualidade PASSADA? É isso, é.

DR

luminary disse...

Pseudo-intelectualidade passada e um anónimo a assinar DR? Nunca podia ter engendrado piada melhor!

Post-It disse...

restaurador-olex!
olarilas.
:p