sexta-feira, fevereiro 08, 2013

(Delírios à noite)


Ora, quando estamos sossegadinhos no nosso canto, a existência, que assume as feições de um jocoso anão endiabrado, lança-nos de Ford Escort Boston por entre estradas e caminhos onde apenas os máximos conseguem enxergar alguma solução. Ainda por cima, o meu não tem os faróis em conformidade com as consistência do breu desde há muitos anos, e conduzir à noite acaba por se transformar num exercício com duas consequências: aumentar a minha hipermetropia e conseguir presenciar, por momentos, um best of dos melhores momentos que Stevie Wonder vê num palco, quando toca ao vivo.

Propuseram-me que escrevesse uma peça. Depois outra. Ficámo-nos por um test-drive de quinze minutos depois de conferenciar com as calendas de Roma, para ver no que dá. Se alguma vez escrevi peças de teatro? Claro, no 9º ano, quando adaptei o "Auto da Barca do Inferno" em verso livre(mente manhoso) para uma peça de zero espectadores. De nada vale dizer isto à remetente da encomenda, que diz ter grandes esperanças para a empreitada. As Calendas mostraram-se mais comedidas, mas igualmente dispostas a esbofetearem-me se não aproveitar a oportunidade. Interessa tentar, claro. Mesmo que me espalhe em grande... Viver é uma sugestão de espalhos até aprendermos a andar sem escorregar. Disse-me alguém, acho. Mas posso estar enganado. com tantos remetentes.

No entretanto, um outro projecto mantém um espaço da minha mente na peugada de José Cid, dez mil anos depois entre Vénus e Marte, e com direito a passagem na Dimensão Alternativa? Qual? Não sei, mas certamente uma onde uma obscura área que criei numa adolescência deprimente me possibilita ocupar algum tempo e alguma cabeça, se bem que ainda não a carteira. O Boss, figura das entrelinhas, diz-me que pode ir longe. Eu encolho os ombros e continuo a pesquisar e a escrever. Na televisão, figuras políticas incentivam ao empreendedorismo. O Boss empreende e eu prendo-me à ideia de que posso fazer disto algo de bom, de novo e de significativo. Um pouco como D. Miguel, rei abolutista, deve ter pensado quando lhe sugeriram armar as Guerras Liberais.

Como a minha cabeça adora puzzles em catadupa, achou que devia mudar a sua natureza. Parva. Até parece que não me conhece e não lidou com esta catadupa de reviengas durante a trintena de anos que demorei a construir quase nada. Insensato, estou a ponderar dar-lhe ouvidos. Criar e aceitar oportunidads. Pessoas de bem dizem que me querem ver feliz. Talvez seja mais fácil, assim sendo, a parte do ver do que a que me toca. Assim como assim, se tiver que tocar, que seja boa música. Ao menos, criam-se melodias que ficam, e que até aos surdos trazem prazer. Pelo menos, foi o que escutei algures, dentro da minha cabeça


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