POis concerteza, caro amigo. Na verdade, há algumas categorias em que a coisa é praticamente trigo limpo, farinha amparo; outras porém oferecem mais resistência e é nessas que vou pelos menos pôr as coisas em perspectiva. É necessário notar que os Óscares nunca forma propriamente um ocncurso de quem é o melhor, mas mais de quem está a jeito para levar o prémio. é muito raro poder-se dizer que o melhor ganhou, mesmo dentro da subjectividade em que existe esse conceito de "o melhor". Exemplos? Temos alguns recentes: "Shakespeare in love" bateu "Saving private Ryan", na corrida de melhor filme; "CRash" bater "Brokecback mountain"; e claro, naquele que é um dos temas da edição deste ano, Scorsese nunca ter levado nadinha para casa. Nos últimos anos, os critérios de atribuição têm mudado entre votantes. Se até recentemente se privilegiava o sentido de espectáculo acima do conteúdo, ultimamente, apesar de tudo, as fitas tidas como significativas e importantes surgem como apostas certas. Sendo assim, vamos dar a uma olhada às categorias que ainda estão meio enevoadas.
ACTOR SECUNDÁRIO
Embora as coisas pareçam arrumadas, há ainda dúvidas (talvez porque mesmo agora, a expressão "Eddie Murphy ganhou o Óscar" continua a soar tão bizarra como seria há 15 anos atrás. A meu ver, há dois homens que não deixam dormir Murphy descansado: Alan Arkin, pelo intatável, mas carismático avô de "Little miss sunshine" e Mark Wahlberg, no tour de force que é o seu papel em "The departed". porquê temê-los? Simples. A Academia adora homenagens a veteranos e quem melhor que Alan Arkin para desempenhar esse papel este ano? Ainda por cima, actor secundário é uma daquelas categorias que se presta a homenagens a injustiças e perfeita para consagrar pessoas que há longos anos trabalham na indústria e merecem reconhecimento. Wahlberg, por outro lado, é a definição do que a categoria deve ser: um actor secundário, alguém que está lá, dá força à história, ma sé um personagem de apoio. E os actores, que são a maioria dos votantes aqui, gostam desta definição.
REALIZADOR
Ok, ok, é o ano de Scorsese. Mas quando metem Clint Eastwood ao barulho, assusto-me sempre, pois parece que o coração dos votantes fraqueja. Não, por favor! A madlição Scorsese tem raízes no interior de uma Aacademia conservadora e o mais icnrível é que o italo-americano tem sido batido nos cenários mais incríveis: perdeu contra actores que se estreavam como realizadores (Robert Redford, Kevin Costner (!), criminosos perseguidos pela lei americana (Roman Polanski), contra o próprio destino (quer dizer, Eastwood ganhou-lhe há dois anos num golpe de teatro nas últimas duas semanas) e só por duas vezes surgiu como underdog (quando Barry Levinson e Steven Spielberg eram os claros favoritos nestas categoria). Por este historial, e só por esta razão, esta categoria é nebulosa. Qualquer realizador normal, que tivesse ganho os prémios que Scorsese ganhou até agora nestas awards season, seria imediatamente declarado como claro favorito. E atenção a Paul Greengrass: às vezes, esta categoria revela grandes surpresas.
MELHOR FILME
Não me lembro de outro anos em que esta categoria estivesse particularmente tão impevisível. Muito rapidamente, prós e contras
- "The departed" - É aquele que melhores resultados alcançou nas bilheteiras, tem um grande elenco e uma equipa ténica competentíssima, mas é extremamente violento e não tem aquele aura de filme socialmente significante
- "The queen" - Uma obra séria eficaz, mas muito próxima da lógica de telefilme e demasiaod british
- "Little miss sunshine" - É o filme que aquece o coração e tem uma simpatia contagiante, mas falta-lhe a quase fundamental nomeação de melhor realizador e não tem aquele ar de obra importante
- "Babel" - O filme mais sério dos 5, uma obra politicamente importante sobre temas actuais; é porém demasiaod fragmentado e até pesado para o gosto de alguns votantes mais clássicos
- "Letters from Iwo Jima" - Tem Clint Eastwood, a ser louvado por ter feito dois filmes seguidos, mas num clima tão anti-bélico na comunidade artística norte-americana, cairá bem premiar uma obra que, ainda que anti-guerra, trate um conflito armado tão brutal?
Vistas estas pontas soltas, prevejo que tudo se desenrole assim (e é a primeira vez que faço esta previsão para todas as categorias, por isso desculpem qualquer erro...):
Melhor filme: "The departed" - Alternativa: "Babel"
Melhor realizador: Martin Scorsese - "The departed" - Alt.: Paul Greengrass, "United 93"
Melhor actor: Forest Whitaker - "The last king of Scotland" - Alt.: Peter O'Toole, "Venus"
Melhor actriz: Helen Mirren - "The queen" - Alt.: Meryl Streep, "The devil wears Prada"
Melhor actor secundário: Eddie Murphy - "Dreamgirls" - Alt: Matk Wahlberg, "The departed"
Melhor actriz secundária: Jennifer Hudson, "Dreamgirls" - Alt.: Abigail Breslin, "Little miss sunshine
Melhor argumento adaptado: William Monhahan, "The departed" - Alt.: Mark Fergus, Hawk Ostby, Alfonso Cuaron, Timothy J. Sexton and David Arata, "Children of men"
Melhor argumento original: Michael Arndt, "Little miss sunshine" - Alt.: Peter Morgan, "The queen"
Melhor filme de animação: "Cars" - Alt.: "Happy feet"
Melhhor filme estrangeiro: "El laberinto del fauno", Mexico; Alt.: "Des leben der anderen", Alemanha
Melhor documentário: "An incovenient truth" - Alt.: "Deliver us from evil"
Melhor fotografia: Emannuel Lubezki, "Children of men" - Alt.: Guillermo Navarro, "El laberinto del fauno"
Melhor direcção artística: Eugenio Caballero, Pilar Revuelta, "El laberinto del fauno" Alt.: John Myhre, Nancy Haigh, "Dreamgirls"
Melhor montagem: Thelma Schoonmaker, "The departed" - Alt.: Stephen Mirrione, Douglas Crise, "Babel"
Melhores efeitos visuais: John Knoll, Hal Hickel, Charles Gibson and Allen Hall, "Pirates of the Caribbean II" - Alt.: Mark Stetson, Neil Corbould, Richard R. Hoover and Jon Thum, "Superman Returns"
Melhor guarda-roupa: Milena Canonero, "Marie Antoinette" - Alt.: Sharen Davis, "Dreamgirls"
Melhor caracterização: David Martí and Montse Ribé, "El laberinto del fauno" - Alt.: Aldo Signorettio e Vitorio Sodano, "Apocalypto"
Melhores efeitos sonoros: Paul Massey, Christopher Boyes and Lee Orloff, "Pirates of the Caribbean II"
Melhor som: Christopher Boyes and George Watters II, "Pirates of the Caribbean II"
Melhor banda sonora: Javier Navarrete, "El laberinto dal fauno" - Alt.: Alexandre Desplat, "The queen"
Melhor canção: "Listen", "Dreamgirls" - Alt.: "Love you I do", "Dreamgirls"
Melhor curta-metragem: "Eramos pocos"
Melhor curta-metragem de animação - "The little matchgirl"
Melhor curta-metragem documental - "Two hands"
sábado, fevereiro 24, 2007
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
100 anos
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Lost in the island: 8
FLASHES BEFORE YOUR EYES
A primeira coisa que me ocorre dizer sobre o episódio passado é "What the fuck!?!?!". Há muito que não aparecia uma episódio verdadeiramente diferente em "Lost". Apesar de todos nós reconhecermos originalidade à nossa série preferida, convenhamos que, no seu básico, ela obedece a uma fórmula específica: correrias na ilha/desventuras na praia e flashbacks no intermédio. No entanto, agora deparámo-nos com um episódio em que 70% da acção de desenrola fora da ilha, sem que ficasse claro exactamente o que se estava a passar...
Mas já lá vamos. Desmond foi o foco deste número 8, e já estava na altura de se começar a desvendar algo sobre o misterioso escocês, que começou como personagem de paisagem no inicio da segunda série e foi crescendo até se tronar num dos favoritos dos fãs, o que contribuiu para que o seu papel na série fosse crescendo. Desmond é uma espécie de coração da série, com a sua relação de "amantes com o destino escrito nas estrelas" com Penny, a mulher que acaba até por continuar a procurá-lo e, como sabemso, encontrar. Se nunca m
ais ouvimos falar de Penny, sabíamos que Desmond ganhou, aparentemente, a capacidade de prever o futuro (como Hurley definiu numa frase histórica, "That man... He sees the future, dude"). Será nesse contexto que teremos de enquadrar tudo o que vimos do passado (?) de Desmond. Como fiquei algo confuso com toda a situação, quis consultar em primeiro o meu teórico Lost favorito, Jeff Jensen, da revista Entertainment weekly, e aparentemente, há 3 boas hipóteses de explicação.
A prmeira é uma tradução literal do título do episódio: "Flashes before your eyes". Quando estamos prestes a morrer, e lembremos que todo o flashback começa com desmond a rodar a chave na Hatch, diz-se que a nossa vida passa à frente dos nossos olhos. Os autores poderão ter desejado traduzir isso numa espécie de viagem no tempo, dando-nos a sensação de que havia algo mais do que a trip into memory lane.
A segunda relaciona-se com uma obra mostrada no episódio anterior, "A brief history of time", do físico Stephen Hawking, que entre outras coisas, disseca o conceito do continuum espaço-tempo (não adormeçam, fanáticos menos hard-core, ainda voltarei a Lost puro) e os buracos negros como túneis temporais, que era, assim só por acaso, a página que o Aldo, o tipo dos The others que se arriscou a levar um tiro no joelho, estava a ler. Pode ter sido uma viagem no temo, amplificada e posibilitada pelos pdoeres magnéticos da ilha, libertados quando Desmond rodou a chave, Nesta perspectiva, Desmond teria absorvido os poderes magnéticos da ilha para manipular a circulação do tempo.
A terceira prende-se com a Dharma e com uma lavagem ao cérebro por eles feita ao escocês, onde inseriram memórias pré-fabircadas, como a Senhora Aterradora da loja de anéis. Lembremo-nos que algumas das experi~encias da Dharma se prendem com Psicologia.
Mais detalhes das 3 teorias, vão a http://www.ew.com/ew/article/0,,20012336,00.html. Está lá tudo; escolham uma e divirtam-se.
Coisa boa da semana: a forte possibilidade de o Charlie quinar. Que maravilha!
E amanhã há mais: Jack novamente da liça. Não se fartam do doutor. E promessa da resoilução de 3 mistérios pendentes. Estou para ver.
Review rápida: "The queen"
"The queen", de Stephen Frears será, porventura, o filme que menos se percebe ter sido nomeado para um Óscar de melhor filme. Não porque seja mau, mas porque nao será exactamente um objecto de cinema: toda a sua lógica e aspecto devem mais ao telefilme. Por causa disto, a obra que trata dos cinco dias que se sucederam à morte da princesa Diana e do impacto deste evento nas relações entre a Monarquia, o governo do recém-empossado Tony Blair e o povo britânico perde grande parte do seu poder potencial. Stephen Frears tem uma realização sóbria, da clássica escola britânica (o que, vindo do autor que já nos ofereceu a transgressão em "A minha bela lavandaria", "Anatomia de um golpe" e "Dirty pretty things", é uma surpresa não só formal, mas temática, com a devoção ao establishment) e limita-se a ficar fora do caminho, porque sabe que há um trunfo que o filme tem, para lá do conciso e muito bem construído argumento, e que deve ser jogado constantemente: Helen Mirren, cuja performance como a personagem titular do filme é pouco menos que excepcional. Mirren não se limita a fazer uma imitação: desmonta as nossas concepções da rainha como figura pública, mostra-nos o seu lado íntimo e divide, através do domínio cabal da expressão facial, os dois lado distintos no interior da monarca. Existem outro bons actores no filme (Michael Sheen, como Tony Blair, tem também uma interessante interpretação, assim como o sempre confiável James Cromwell) e Frears faz um retrato diferente da família real do que estamos habituados, justificando as suas atitudes e, até certo ponto, levando-nos a aceitá-las como as mais correctas. Tendo em conta a imagem sagrada que o público tem de Diana, é obra. Numa nota pessoal, nunca percebi a comoção toda em volta da morte de Diana. Mas enfim, também nunca percebi o fascínio em redor de Inês de Castro, e as duas têm pelo menos uma coisa em comum....
Enfim, um bom filme para verem em casa, como eu vi, e helen Mirren vai mesmo ganhar Melhor acrtiz. Não duvidem disso.
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Pergunta parva
POrque é que, quando atendemos o telefone, perguntamos "Estou?"? Estamos a duvidar da nossa própria existência?
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Contraditório
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
14 de Fevereiro
Já houve uma altura em que me mostrava ácido e azedo pelo dia dos Namorados. Agora, sinto-me apenas sarcástico; e algo confuso. Isto porque, a meu ver, o dia dos Namorados não tem razão de ser. E antes que quem está preso a outra metade comece a reclamar, vamos lá a pensar: há realmente motivo para os namorados terem um dia especial para eles? É que se a resposta, a vida de namorado deve ser realmente má, para nmecessiaterm de uma altura fixa e específica no ano em que dizem: "Hei, vou dar um prenda à pessoa de quem gosto mais!" ou "Eh pá, a minha namorada é mesmo bestial! Hoje vou fazer-lhe algo de especial!" Se precisam de dia 14 para isto... é melhor reverem seriamente o que se passa na vossa relação.
E porquê dia 14 de Fevereiro? Será por estar frio, o que dá mais uma razão para os namorados se aquecerem um ao outro?
Há dias do não-fumador, dias de luta contra doenças e flagelos sociais, dias de pessoas importantes. Àparte da categoria de doença, não vejo onde é que o dia dos Namorados possa encaixar nas categorias supra-mencionadas. Mas isto sou só eu a dizer... Se calhar até é bom que haja um dia dos Namorados. Porque também há pessoas que não ligam à sua metade durante o resto do ano. Se calhar, o dia 14 é para eles.
E porquê dia 14 de Fevereiro? Será por estar frio, o que dá mais uma razão para os namorados se aquecerem um ao outro?
Há dias do não-fumador, dias de luta contra doenças e flagelos sociais, dias de pessoas importantes. Àparte da categoria de doença, não vejo onde é que o dia dos Namorados possa encaixar nas categorias supra-mencionadas. Mas isto sou só eu a dizer... Se calhar até é bom que haja um dia dos Namorados. Porque também há pessoas que não ligam à sua metade durante o resto do ano. Se calhar, o dia 14 é para eles.
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Lost in the island: 7
E acabou o sobressalto! "Lost" está de volta, o mundo voltou à sua normalidade aparente e todos nós, lostómanos, podemos voltar novamente a ficar meia semana pedrados e a outra meia à espera da dose seguinte.
O episódio de regresso foi nada menos que potente. Não terá sido o mais brilhante de todos, nem, como li algures, o melhor da terceira série. Mas foi talvez aquele que melhor condensou aquilo que me leva a adorar "Lost": pontas de mistério, um ritmo alucinante, as relações entre os personagens e o humor desconcertante (neste episódio, Sawyer brindou-nos com mais alguns dos seus epítetos, o meu preferido "Xnea", aplicado a Alex.) Nnum episóido sobre Juliet, ficámos a saber que a dominadora e algo assustadora Juliet fora no passado uma especialista em fertilidade a quem o insulto Xoninhas não faz justiça. Para além das transformações físicas que todos nós conhecemos, a ilha faz algo também à personalidade das pessoas. Parecendo que não, o flashback acabou por ser bastante revelador sobre alguns pontos da mitologia anteriormente abordados e que agora ficam mais claros: a obsessão por crianças, a perseguição a Claire e porque raio é que o Ethan tem cara de pedófilo. Mais uma vez, os argumentistas criaram em mim uma vontade de lhes fazer uma espera, ao colocarem o pão na boca do espectador para logo a seguir tirar e fazer caretas: a cena em que Tom (aka Zeke, aka Mr. Friendly, aka o personagem gay da série) responde a porque é que eles não levaram Ben para ser operado fora da ilha, visto que tem aceso ao exterior. "Ah, desde que o céu se tornou púrpura que.... Olha, olha, rompeste uma artéria!!!"
E a cara de corno com que Sawyer ficou quando Kate se desmancha a chorar ao relembrar o seu primeiro momento com Jack? O nosso médico, aliás, acabou por levar a sua avante, apesar de prever que o espera uma jaula. Juliet, essa parece-me que também experimentará o cativeiro.
Já agora, mais alguém fez as contas como eu? Juliet veio para a ilha no dia 11 de Setembro de 2001. Apenas curiosidade?
O momento mais alucinante do episódio não foi o tiro que a loura espetou a Danny (preferia que tivesse sido Sawyer a fazê-lo), mas sim a cena à la Laranja Mecânica, em que Carl, namorado de Alex (que toda a gente ficou espantada por saber que era filha de Ben... Hello? Já tinha sido referido e claro que não é filha biológica, mas sim adoptiva!). Isto confirma um lado profundamente sinistro dos The Others: aquilo era, indubitavelmente, uma lavagem ao cérebro e em simultâneo, um colocar de ideais que convêm. Será a ilha a base de uma seita comportamental? Um caso a ver.
Bem, qualquer coisa, é comentarem aqui! Previsões: Kate não se vai ficar e irá buscar Jack; o estado momentaneamente debilitado de Ben criará conflitos de poder nos The Others; e o Charlie tem de levar um balázio!
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
A segunda vinda
Clássico
Seja em que área artística for, há sempre um enorme bruá quando se discute se determinada obra é ou não um clássico. No cinema, por vezes, a coisa chega a envolver pancadaria, ou pelo menos berreiro de mercado. É difícil de arranjar critérios para essa definição: será o tempo que passou desde a estreia do filme? A sua importância artística? As novidades técnicas por ele utilizadas? A importância da mensagem?
Bem, não sou eu, certamente, que vos vou explicar. Há teóricos de cinema que fazem desta discussão o sue passatempo preferido. Na minha opinião, um clássico é aquele filme que, mesmo tendo sido feito há 50, 60, 70 anos, ainda me faz vê-lo sem nunca pensar que tem essa idade. Por isos é que "Citizen Kane" ou "Casablanca" ou, para não metermos só filmes americanos, "Les 400 coups" são clássicos. Fazem hoje tanto sentido como da primeira vez em que alguém os viu. Deixam marcas em nós.
Apanhei, por acaso, um desses filmes. Chama-se "Janela indiscreta", foi realizado por Alfred Hitchcock e sempre que o vejo, tenho de o ver até ao fim. Isto porque tudo encaixa: Grace Kelly nunca esteve tão luminosa, James Stewart é como Cary Grant, está sempre bem quando faz dele prórpio, o argumento tem falas incríveis entre os dois personagens e a tensão, do mistério, sexual e romântica, é constante do princípio ao fim. O tema principal do filme é o voeyurismo, praticado pelo personagem de Stewart, que se vê obrigado a ficar sentado numa cadeira de rodas durante várias semanas e tendo como único entretém ver o que fazem os vizinhos, o que é, no fundo, aquilo que fazemos enquanto espectadores de cinema. É um filme, portanto, sobre quem vê; e nesse sentido, faz também de nós personagens de um clássico. Hitccok era bom a este ponto.
sábado, fevereiro 03, 2007
Quando a vontade não chega
"Nome de código: Sintra" foi anunciado pela RTP como uma série inovadora em Portugal: com um orçamento de milhão e meio de euros, foi bastante cara para os padrões nacionais e tinha o objectivo ambicioso de entrelaçar uma intriga modera moderna, de suspenbse e mistério com outra paralela, mas passa no século XIX, e descrita na seminal obra "O mistério da estrada de Sintra", de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Foram buscar aquele que, para mim, é o melhor realizador a trabalhar na TV portuguesa, Jorge Paixão da Costa, e tinham um elenco de grandes actores, emcabeçados pelos sempre estimáveis Margarida Marinho, Fernando Luís, Adriano Luz e José Wallenstein. No entanto, a série espalha-se em toda a linha, e por uma razão muito simples: por detrás do chamariz da inovação, estão todos os defeitos que enchem a ficção portuguesa de há iuns anos para cá.
O primeiro dos falhanços vai dar sempre ao argumento: a tentativa de crirar uma coisa moderna e escorreita é louvável, mas quando não se tem unhas para arquitectar duas histórias separadas, ainda por cima em épocas distintas, mais vale ficarmo-nos por uma. Compreende-se que existe um paralelo importante para o enredo, mas a repetição exaustiva de flashbakcs e a falta de interesse que tanto uma intriga como outra acabam por ter estraga tudo. A história demora a avnçar e os personagens tê, na sua maioria, a espesura de uma filha de papel. NUma cena em que uma personagem feminina está deitada no sofá e relembra uma troca de beijos com um namorado com quem acabou, a música melosa indica-nos que é suposto sentirmos pena. Até sentíamos... se nos arranjassem maneira de termos investido emocionalmenmte nos personagens. Acho que esse é o problema dos argumentistas portugueses: não percebem que não são as situações que criam que vão fazer-nos tyrocer pelos personagens, mas sim a nossa relação com as próprias personagens. Isso é o mais importante. Pequenos pormenores.
A segunda razão vai dar á realização. Paixão da Costa é o homem por detrás da melhor série de TV de smepre em Portugal, "Polícias", e aí estava como peixe na água. No entanto, aqui, ele e o director de fotografia ocupam-se de belos planos de paisagens sintrenses e das faces dos personagens; no entanto, quando a acção enrijece e há uma ou outra perseguição ou explosão, adopta-se o grande plano e acabou. Claramente, Paixão da Costa não tem visto televisão nos últimos 7 an os e não sabe da existência de steadycam alpicada ao médium televisivo, como acontece em "24" e "Lost".
Terceiro, os actores. Há boas interpretações e até revelações (Diana Costa e Silva é um exemplo), mas quando se passa dos veteranos para os mais novos, a diferença é tão abissal que certas cenas, supostamente dramáticas, se transformam em momentos involuntários de riso. Há bons actores jovens em Portugal e alguns nem são muito difíceis de encontrar.
Em suma, louva-se a intenção, mas o resultado fica bastante aquém das expctativas: tiques habituais, como cenas de sexo a despropósito, diálogos inverosímeis e pontos de narrativa que vão dar a lado algum já podiam acabar. Para quando ficção televisiva à séria em Portugal?
O primeiro dos falhanços vai dar sempre ao argumento: a tentativa de crirar uma coisa moderna e escorreita é louvável, mas quando não se tem unhas para arquitectar duas histórias separadas, ainda por cima em épocas distintas, mais vale ficarmo-nos por uma. Compreende-se que existe um paralelo importante para o enredo, mas a repetição exaustiva de flashbakcs e a falta de interesse que tanto uma intriga como outra acabam por ter estraga tudo. A história demora a avnçar e os personagens tê, na sua maioria, a espesura de uma filha de papel. NUma cena em que uma personagem feminina está deitada no sofá e relembra uma troca de beijos com um namorado com quem acabou, a música melosa indica-nos que é suposto sentirmos pena. Até sentíamos... se nos arranjassem maneira de termos investido emocionalmenmte nos personagens. Acho que esse é o problema dos argumentistas portugueses: não percebem que não são as situações que criam que vão fazer-nos tyrocer pelos personagens, mas sim a nossa relação com as próprias personagens. Isso é o mais importante. Pequenos pormenores.
A segunda razão vai dar á realização. Paixão da Costa é o homem por detrás da melhor série de TV de smepre em Portugal, "Polícias", e aí estava como peixe na água. No entanto, aqui, ele e o director de fotografia ocupam-se de belos planos de paisagens sintrenses e das faces dos personagens; no entanto, quando a acção enrijece e há uma ou outra perseguição ou explosão, adopta-se o grande plano e acabou. Claramente, Paixão da Costa não tem visto televisão nos últimos 7 an os e não sabe da existência de steadycam alpicada ao médium televisivo, como acontece em "24" e "Lost".
Terceiro, os actores. Há boas interpretações e até revelações (Diana Costa e Silva é um exemplo), mas quando se passa dos veteranos para os mais novos, a diferença é tão abissal que certas cenas, supostamente dramáticas, se transformam em momentos involuntários de riso. Há bons actores jovens em Portugal e alguns nem são muito difíceis de encontrar.
Em suma, louva-se a intenção, mas o resultado fica bastante aquém das expctativas: tiques habituais, como cenas de sexo a despropósito, diálogos inverosímeis e pontos de narrativa que vão dar a lado algum já podiam acabar. Para quando ficção televisiva à séria em Portugal?
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
House quotes 2
Dr. House: I believe drug addicts get sick. Actually, for some reason, they tend to get sick more often than non-drug addicts.
Dr. Cameron: [Referring to Stacy] The woman you used to live with.
Dr. House: That's her Indian name. On her driver's license it's Stacy.
Dr. House: You know how they say, "you can't live without love"? Well, oxygen is even more important.
Dr. House: I'm happy to report that we are now so in sync, we're actually wearing each other's underwear.
Dr. Cuddy: Dr. Sebastian Charles collapsed during a presentation at Stoia Tucker.
Dr. House: Really? Crushed under the weight of his own ego?
Dr. House: Do you notice how all the self-sacrificing women in history; Joan of Arc, Mother Theresa, can't think of any others; they all die alone. The men, on the other hand, get so much fuzz, it's crazy.
O que é o sentido de humor? II
Acho espantoso que toda a gente diga que tem sentido de humor. Isso não pode ser. Algures, por aí, têm de existir carrancudos, gente que não sabe rir com uma piada e malta profundamente insuportável. O sentido de humor não é rir a torto e a direito, nem ter sempre um sorriso na cara. È bem mais que isso. É saber, em primeiro, fazer piadas consigo mesmo, respeitar os limites de humor dos outros e aceitar que os outros toquem nos nossos próprios limites. Se conheço muita gente que diz ter sentido humor, não há muitos que cumpram estes critérios.
A nível pessoal, de 0 a 20, acho que o meu sentido de humor se situa para aí no 14. Não tenho grandes problemas com a maior parte dos limites que habitualmente são colocaods pelas pessoas (religião, pessoas com deficiências físicas, catástrofes humanitárias, doneças graves estereótipos raciais e sexuais), e para além disso, compreendo a personagem House. Por outro, embora faça humor com as minhas próprias incapacidades e deficiências, não sou capaz de me libertar de mim próprio e, para além disso, tenhon esse hábito de usar o meu sarcasmo como um ariete que invade a paz do outro. Sou cheio de arestas.
O sentido de humor, esse de encontrar um lado mais leve em tudo e de saber que as piadas se opdem construri em desgraças, desde que haja um determinado gosto, é uma coisa hoje em dia impossível de ocnsgeuir, quando o politicamente correcto passou de movimento civil a doença e as pessoas começam a regressar a posturas intelectuais humorísticas que muito devem aos tempos medievais ( e acreditem que uso a palavra medival com toda a propriedade). Desde que uma amiga minha me disse, com um ar completamente sério, que tinha de ter cuidado com o que dizia sobre determinados temas, nomeadamente religião, e se justificou com o "Oh pá, não é correcto fazeres isso", perguntei-me a mim mesmo se o humor tem simplesmente função de palhaço. Eu acho que não: tem a função de ser mimo. Os palhaços divertem e fazem rir; os mimos comovem e fazem pensar. Embora sejam profundamente irritantes, mas enfim, que habitualmente faz humor arriscado, acab também por sê-lo.
A nível pessoal, de 0 a 20, acho que o meu sentido de humor se situa para aí no 14. Não tenho grandes problemas com a maior parte dos limites que habitualmente são colocaods pelas pessoas (religião, pessoas com deficiências físicas, catástrofes humanitárias, doneças graves estereótipos raciais e sexuais), e para além disso, compreendo a personagem House. Por outro, embora faça humor com as minhas próprias incapacidades e deficiências, não sou capaz de me libertar de mim próprio e, para além disso, tenhon esse hábito de usar o meu sarcasmo como um ariete que invade a paz do outro. Sou cheio de arestas.
O sentido de humor, esse de encontrar um lado mais leve em tudo e de saber que as piadas se opdem construri em desgraças, desde que haja um determinado gosto, é uma coisa hoje em dia impossível de ocnsgeuir, quando o politicamente correcto passou de movimento civil a doença e as pessoas começam a regressar a posturas intelectuais humorísticas que muito devem aos tempos medievais ( e acreditem que uso a palavra medival com toda a propriedade). Desde que uma amiga minha me disse, com um ar completamente sério, que tinha de ter cuidado com o que dizia sobre determinados temas, nomeadamente religião, e se justificou com o "Oh pá, não é correcto fazeres isso", perguntei-me a mim mesmo se o humor tem simplesmente função de palhaço. Eu acho que não: tem a função de ser mimo. Os palhaços divertem e fazem rir; os mimos comovem e fazem pensar. Embora sejam profundamente irritantes, mas enfim, que habitualmente faz humor arriscado, acab também por sê-lo.
O que é o sentido de humor?
A questão do aborto, a propósito do referendo do próximo dia 11, tem agitado a sociedade portuguesa nos últimos tempos. É um bocado parvo que assim, seja, proque tem o país tantos problemas para resolver e anda-se a discutir algo que, a meu ver, não tem qualquer importância, porque a lei actual é estéril: os crimes dão-se, mas as punições não aparecem, por isso qual a diferença entre isto e o aborto ser despenalizado? Quase nenhuma; e não me venham com a história da vergonha, porque em terras pequenas tudo se sabe. Se a mulher não for ao tribunal, mais tarde ou mais cedo, circulará o boato de que abortou, o boato transforma-se em facto, o facto em certeza, a certeza em fama duradoura. Acho que todos vocês sabem como funcionam os meios restritos.
Um dos campos onde toda esta problemática tem lançado sururu é o do humor, com o quarteto Gato Fedorento a estar no centro da discussão. Não vou gastar palavras a defendê-los, porque eles não precisa de ajudar para se defenderem. Mas toda esta situação me levou a pensar sobre o conceito de sentido de humor, que muita gente diz ter. Este conceito, neste caso específico, liga-se ao de liberdade de expressão. Convenhamos: um humorista não é um jornalista e mesmo que fosse, é antes disso um cidadão. Por isso, se quer dar uma opinião num texto seu, ou num sketch, dá e acabou. Que temos nós a ver com isso? Malta chico-esperta defende-se com "a RTP é paga cm o nosso dinheiro". E então? Antes do "Diz que é uma espécie de magazine", o professor Marcelo Rebelo de Sousa tem o seu espaço, onde defende o Nâo. Alguém o critica? Negativo, e acho que bem que não critiquem. Duas opiniões diferentes podem coexistir na mesma estação de televisão. É a chamada pluralidade de opinião, um conceito essencila num estado democrático. Li algures que sub-repticiamente, a RTP está a passar a mensagem socialista do Sim no referendo. Eu tenho uma opinião diferente: imediatamente a seguir a um "Prós e contras", onde a interrupção voluntária da gravidez foi o principal tema, a RTP passou o conhecido filme "7 noivas para 7 irmãos", um bonito imbróglio de amor e casamento que só fica resolvido quando nasce uma criança e as 7 noivas podem casar com os 7 irmãos. É subtil, claro, mas está lá.
P.S: Uma paróquia de que não me recordo o nome passou a crianças de escolas folhetos com uma bonita carta de um bébé abortado (dando a entender que o aborto traz, em si, crianças sobredotadas ao mundo), acusando a mãe de dedo em riste e perguntando, entre outras coisas: "Como é que deixaste que me cortassem aos pedaços e me atirasem para um balde?". É bonito. Exijo à mesma paróquia, como cidadão interessado, que dêem direito de resposta à criança que acabou por nascer, mas é hoje em dia espancado pela avó, violado pelo padrasto e ande na rua a roubar e a consumir drogas. Acho que devemos todos assumir a hipérbole.
Um dos campos onde toda esta problemática tem lançado sururu é o do humor, com o quarteto Gato Fedorento a estar no centro da discussão. Não vou gastar palavras a defendê-los, porque eles não precisa de ajudar para se defenderem. Mas toda esta situação me levou a pensar sobre o conceito de sentido de humor, que muita gente diz ter. Este conceito, neste caso específico, liga-se ao de liberdade de expressão. Convenhamos: um humorista não é um jornalista e mesmo que fosse, é antes disso um cidadão. Por isso, se quer dar uma opinião num texto seu, ou num sketch, dá e acabou. Que temos nós a ver com isso? Malta chico-esperta defende-se com "a RTP é paga cm o nosso dinheiro". E então? Antes do "Diz que é uma espécie de magazine", o professor Marcelo Rebelo de Sousa tem o seu espaço, onde defende o Nâo. Alguém o critica? Negativo, e acho que bem que não critiquem. Duas opiniões diferentes podem coexistir na mesma estação de televisão. É a chamada pluralidade de opinião, um conceito essencila num estado democrático. Li algures que sub-repticiamente, a RTP está a passar a mensagem socialista do Sim no referendo. Eu tenho uma opinião diferente: imediatamente a seguir a um "Prós e contras", onde a interrupção voluntária da gravidez foi o principal tema, a RTP passou o conhecido filme "7 noivas para 7 irmãos", um bonito imbróglio de amor e casamento que só fica resolvido quando nasce uma criança e as 7 noivas podem casar com os 7 irmãos. É subtil, claro, mas está lá.
P.S: Uma paróquia de que não me recordo o nome passou a crianças de escolas folhetos com uma bonita carta de um bébé abortado (dando a entender que o aborto traz, em si, crianças sobredotadas ao mundo), acusando a mãe de dedo em riste e perguntando, entre outras coisas: "Como é que deixaste que me cortassem aos pedaços e me atirasem para um balde?". É bonito. Exijo à mesma paróquia, como cidadão interessado, que dêem direito de resposta à criança que acabou por nascer, mas é hoje em dia espancado pela avó, violado pelo padrasto e ande na rua a roubar e a consumir drogas. Acho que devemos todos assumir a hipérbole.
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