quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Clássico


Seja em que área artística for, há sempre um enorme bruá quando se discute se determinada obra é ou não um clássico. No cinema, por vezes, a coisa chega a envolver pancadaria, ou pelo menos berreiro de mercado. É difícil de arranjar critérios para essa definição: será o tempo que passou desde a estreia do filme? A sua importância artística? As novidades técnicas por ele utilizadas? A importância da mensagem?
Bem, não sou eu, certamente, que vos vou explicar. Há teóricos de cinema que fazem desta discussão o sue passatempo preferido. Na minha opinião, um clássico é aquele filme que, mesmo tendo sido feito há 50, 60, 70 anos, ainda me faz vê-lo sem nunca pensar que tem essa idade. Por isos é que "Citizen Kane" ou "Casablanca" ou, para não metermos só filmes americanos, "Les 400 coups" são clássicos. Fazem hoje tanto sentido como da primeira vez em que alguém os viu. Deixam marcas em nós.
Apanhei, por acaso, um desses filmes. Chama-se "Janela indiscreta", foi realizado por Alfred Hitchcock e sempre que o vejo, tenho de o ver até ao fim. Isto porque tudo encaixa: Grace Kelly nunca esteve tão luminosa, James Stewart é como Cary Grant, está sempre bem quando faz dele prórpio, o argumento tem falas incríveis entre os dois personagens e a tensão, do mistério, sexual e romântica, é constante do princípio ao fim. O tema principal do filme é o voeyurismo, praticado pelo personagem de Stewart, que se vê obrigado a ficar sentado numa cadeira de rodas durante várias semanas e tendo como único entretém ver o que fazem os vizinhos, o que é, no fundo, aquilo que fazemos enquanto espectadores de cinema. É um filme, portanto, sobre quem vê; e nesse sentido, faz também de nós personagens de um clássico. Hitccok era bom a este ponto.

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