Fui apanhado desprevenido quando há uns dias um amigo meu com quem costumo discutir cinema me perguntou sobre o que ainda vinha aí este ano, e eu não soube entaramelar mais do que dois ou três filmes. Sou um daqueles seres humanos ingénuos que se auto-flagela quando não tem resposta para aquilo que é suposto saber de cor, até porque como ingénuo, tenho a ideia parva de que sou obrigado a saber o que quer que seja.
Mal cheguei a casa, tive de ir fazer uma rápida pesquisa, até porque eu próprio precisava de me actualizar e ter presente o que ainda espera os cinéfilos ou simplesmente aqueles que gostam de ir ao cinema durantes os próximos meses. Num apanhado rápido, e naquele risco tão habitual em quem faz destauqes do que quer que seja, naquela ânsia de "ora vamos lá a ver se não me escapa nenhum", aqui fica uma lista de potenciais bons filmes que deixo à vossa disposição. E para facilitar, completando todo um conjunto de ideias e atitudes desconcertantes que deram origem a este post, ainda calendarizo. Olha a maravilha!
"3:10 to Yuma"
Este ano, o Western parece estar de volta. Clint Easywood e Kevin Costner reviram-no nos últimos anos, de perspectivas diferentes, mas quase em tom de extrema-umção. James Mangold, o realizador deste filme, parece decidido a mudar o tom e oferecer ao espectador uma versão mais agitada de um original de 1957. Conta com dois actores da potência de Russel Crowe e Christian Bale, num duelo de carisma que poderá ser por si mesmo o confronto mais emocionante do filme.
"Shoot'em up"
Clive Owen como herói, Monica Bellucci como a mulher fatal e Paul Giamatti como um vilão que balança entre uma vida familiar e o ar de quem aparentemente tomou anfetaminas a mais. Tudo isto embrulhado num filme de acção que aparenta ser tão excessivo e grosso que tem todo o ar de ser uma paródia ao próprio género. Não sei que mais há a dizer.
"Eastern promises"
Os que gostam do seu Cronenberg alternativo e bizarro não apreciaram "A history of violence", mas eu cá fiquei surpreendido e bastante agradado com a recém-encontrada secura do director canadiano. Por isso estou ansioso por ver a sua nova incursão no território do dito normal, em Londres, no meio da comunidade russa local, com Mafia incluída. Viggo Mortensen, Naomi Watts, Vincent Cassel e Armin Muller-Stahl são o quarteto principal, acompanhados do novo e bizarro penteado de Mortensen, cada vez mais um daqueles actores de intensidade alta quando aparece no ecrã.
"The brave one"
Quando Jodie Foster faz um filme, de certeza que é dia de festa, pois tem-nos habituado a uma anoréctica lista de aparções nos últimos anos, sendo que a última foi em "Inside man", de Spike Lee. Foster volta a alinhar com um "auteur", desta vez Neil Jordan ("Michael Collins", "Crying game", "Entrevista com o vampiro"), no papel de uma locutora de rádio, a quem matam o noivo num assalto. Vai daí, perante a resposta fraca da polícia, decide tomar justiça nas suas próprias mãos. Uma noção diferente de girl power, sendo que Terrence Howard e Naveen Andrews também aparecem.
"In the valley of Ellah"
Aquele que parece ser, com a corrida a meio, o grande candidato aos Óscares deste ano. Realizado e escrito por Paul Haggis ("Crash"), conta a história de um soldado regressado do Iraque, que é encontrado morto de uma forma bastante violenta junto a uma base norte-americana no México. O seu pai, desolado com a perda, decide investigar o caso por conta própria, com a ajuda de umd discreta sheriff. O pai é Tommy Lee JOnes, a discreta sheriff é Charlize Theron e ainda há Susan Sarandon como a mãe do rapaz falecido. Apesar de os próximos meses apresentarem uma orgia de dramas de guerra, este parece-me ser um filme bastante consistente e que promete juntar valor artístico a valor comercial.
"The hunting party"
Richard Gere descobriu nos últimos anos uma consciência política que habitualmente se atira apenas à China, a propósito das inclinações budistas do actor. Desta vez, Gere junta-se a Terrence Howard e a Richard Shephard, que realizou "El matador", numa híbrido de cinema exposé e sátira política na história de dois jornalistas que tentam conseguir encontrar, em plenos Balcãs, o criminoso de guerra mais procurado no final do conflito da ex-Jugoslávia. O problema é quanod este pensa que ambos pertencem a uma equipa de assassinos da CIA. A tagline do filme resume as suas intenções: "Como é que estes dois vão encontrar o criminoso de guerra mais procurado do mundo, quando nem a CIA o consegue? Procurando." Touché.
"Across the universe"
Uma das propostas mais bizarras deste ano pertence a Julie Taymor, a realizaodra de "Frida", e tenta juntar três vectores definidos: o estilo musical, canções dos Beatles e um visual que deve a experiências com o LSD. Pelo meio, encontramos Evan Rachel Wood e um conjunto de jovens actores praticamente desconhecidos embrulhados no ambiente de contestação dos anos 60. Vamos lá a ver o que sai daqui.
"The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford"
Um filme com uma rodagem atribulada: supostamente, estava para estrear há dois anos, mas uma versão original de mais de três horas, que mais parecia um filme de arte e ensaio com o orçamento de meio blockbuster fez com que a Warner, o estúdio, exigisse a Andrew Dominik, o realizador, que metesse alguma acção pelo meio. Ao que parece, a poucos dias da estreia, o produtor Ridley Scott, Brad Pitt, o actor que interpreta James, e Michael Kahn, habitual responsável de montagem dos filmes de Spielberg, ainda estavam a dar uma volta ao filme. Uma das versões já passou por Veneza há pouco tempo e divdiu os críticos. Apesar disso, Brad Pitt ganhou o prémio de melhor actor, embora a interpretação que gere maior consenso seja a de Casey Affleck, irmão desse Affleck que estão a pensar, como o homem que decide trair um dos bandidos mais famosos do Oeste.
"Lust, caution"
Depois de "Brokeback mountain", Ang Lee dedica-se a um drama histórico que se desenrola na Xanghai da 2ª Guerra Mundial, onde uma jovem que pertence à resistência chinesa tenta seduzir e a matar um diplomata japonês. O que começa por ser uma simples issão sob a forma de uma série de encontros sexuais começa a evoluir para um perigoso jogo de emoções.
Este foi o vencedor do festival de Veneza este ano, e vem com a etiqueta da polémica agarrada: as audiências de Veneza caharam as cenas de sexo do filme explicitamente chocantes e nos EUA, vai receber a classificação de maiores de 18. O que realmente interessa aqui é a realização de Ang Lee, Tony Leung, um dos grandes actores chineses, numa interpretação previsivelmente intensa e a estreante Tang Wei com cenas sexuais de eriçar cabelos, numa ambiência visual digna de Won-Kar Wai.
"The kingdom"
Um misto de filme de guerra e thriller político, a obra de Peter Berg pode-se gabar de um star power que garante também qualidade interpretacional: Jamie Foxx, Chris Cooper, Jennifer Garner, Jason Bateman e Jeremy Piven. A história mete um equipa de agentes do FBI que se desloca à Arábia Saudita para investigar um atentado bombista contra cidadãos norte-americanos. A história do filme foi idmaginada por MIchael Mann, o realizador de "HEAT", "Collateraçl" e "Miami Vice", mas já se sabe que em Hollywood, as histórias são sxempre muito remexidas... No entanto, num tempo de consicência política relativamente à prersença dos Estados Unidos no mundo árabe, o star power deste filme e o estilo previsivelmente remexio de filmar podem fazer dele um dos blockbusters da segunda metade de 2007.
"The darjeeling limited"
Um filme de Wes Anderson é sempre um acontecimento. Anderson faz sempre comédias que parecem frias e que normalmente são jogadas de risco: quem gosta do estilo do realizador, está como quer; quem não gosta, nuca mais o quer ver à frente. Este "The darjeeling limited" não vai mudar isso, mas tem o condão de juntar dois habitués do realizador, Owen Wilson e Jason Schwartzmann, e um novato que é tudo menos mau ctor, Adrian Brody. Os três são irmãos desavindos que para recuperar o sentido de irmandade, se decidem por viajar pela Índia, numa iniciativa mística.
Depois das primeiras críticas com o seu último, "The life aquatic", Anderson parece arriscar por terrenos ainda mais arty. Para mais, Owen Wilson, em consonância com o seu deprimido personagem neste filme, tentou-se suicidar há umas semanas; e sabe-se que isso pode não ser bom para o sucesso do filme. Mas eu confio.
sexta-feira, setembro 07, 2007
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3 comentários:
Isto é o que se chama verdadeiro serviço público!
talvez.mas desconfio que para mim são + dois meses sem por o pé no cinema.nada me atrai. bolas.
pronto. talvez só «Across the universe» porque falaste em "ambiente de contestação dos anos 60" e «Lust, caution», pelo Ang Lee, por se passar no mundo dos olhos em bico e por me parecer que as cenas de sexo vão ser bonitas.
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