sexta-feira, junho 13, 2008

Do nosso enviado especial a Neuchâtel...


Scolari vai deixar o comando da selecção para assumir o cargo de treinador do Chelsea, mas tem ainda um objectivo que vai querer concretizar já neste Campeonato da Europa. Depois de 4 anos a criar uma equipa mais competitiva, Felipão deseja acabar com a última barreira entre o futebol e o povo português: a acusação de que o desporto afasta as pessoas dos problemas reais do país. Jornalistas, bloggers e algumas pessoas decentes têm alertado para isto e o "Sargentão" concorda em pleno. Os jogadores apoiam-no e numa reunião nocturna no hotel Beau Rivage, depois de a equipa Rui Patrício/Petit ter ganho ao Tabu às equipas Bruno Alves/Meireles e Cristiano
Ronaldo/Jorge Ribeiro, encontraram uma solução para o problema: usar os seus golos como alertas.
A ideia é simples. De cada vez que Portugal obtiver um golo, o marcador levantará a sua camisola para lançar uma mensagem ao povo português. Scolari está tão orgulhoso que já exigiu ser chamado de "Sindicalistão" em vez de "Sargentão". Sabemos de fontes seguras e sempre fiáveis (a mãe de Cristiano Ronaldo) que o autor original da ideia foi Quaresma, que quando soube que havia porrada nesta história dos protestos se sensbilizado e identificado. O jogador do Porto relembrou uma história de criança, que envolvia alguns indivíduos da Damaia e dois PSP, às 2 da manhã, numa corrida de resistência de meio-fundo por alguns dos bairros mais problemáticos de Lisboa.
Sabemos que cada jogador defenderá o seu problema, qual ministro de um Governo. Dada a fraca probabilidade de marcar golos, Ricardo foi eleito ministro sem pasta. Cristiano Ronaldo, como vedeta, açambarcou o problema do momento, a crise dos combustíveis e até já tem uma frase: "Penso que se eu bebesse sem chumbo 95, não tinha dinheiro para passar da minha grande área. Olhem lá esses cubanos da gasolina!", naquilo que é também uma pequena homenagem ao herói político da sua terra natal; cansado de ser atropelado, Nuno Gomes abordou uma problemática bem menos geral: "Se protestar, saia da frente do camião!"; Pepe lança uma "Dependendo do ministro da saúde, os meus golos iam nascer à Áustria!"; o médio mais influente da selecção, Deco, deixou uma homenagem precisamente à classe média e escreveu para toda a gente ver: "Estão sacando a tua nota, meu! Abre esses olho, porra!", estando as suas duas frases a ser analisadas por Maria de Lúcia Lepecki, a propósito do acordo ortográfico; Moutinho mostrou-se duro com "Estás cansado só de me ver correr? Vai-te cansar a trabalhar mas é, malandrão!". O próprio Quim, antes de abandonar o estágio da selecção, lançou polémica, com uma "O George W. Bush é o Ricardo a sair-se aos centros da política internacional", mas o mau gosto foi notório, não se sabendo quem terá ficado mais chateado, se Ricardo, se as bolas centradas.

Se a UEFA permitir, poderemos já ver alguns destes protestos no próximo jogo contra a Suíça. O maiior problema será o da neutralidade dos helvéticos. No entanto, Scolari já se ofereceu para rapar o seu bigode à Hitler, e com esta situação, a Suíça abrirá certamente uma excepção.

1 comentário:

João Saro disse...

Bom post!

Apesar de achar patética a teoria de que a selecção (ou o Euro-2004, quando foi a primeira overdose de apoio) uniu um povo e que se não fosse isso estávamos completamente perdidos (já ouvi isto na televisão, garanto), a verdade é que é bom e saudável haver alguma coisa que faça o pessoal vibrar durante um mês.

Pena é que também seja só no futebol. Gostava de ver isso em relação a outros desportos e acho que até o próprio futebol ganhava com isso.

P.S.: Ricardo estás a ir bem... vá, controla-te, respira fundo, continua assim e, se formos a penalties, já sabes o que tens a fazer...