sexta-feira, março 27, 2009

O efeito Portugal

A revista Playboy irá ter por fim uma edição portuguesa. Só estranho a demora, pois já ha alguns se fala à boa pequena que o país está de tanga.
Na capa, está uma cantora/modelo, de mãos nas ancas, beicinho destacado e um estilo gráfico que ou é uma homenagem ao facto de a Playboy ter sido fundada em 1954, de tão datado que é, ou então um erro de casting tremendo, deixando-nos com saudades dos geniais grafistas que compunham a velha revista Gina numa cave algures em Carnaxide.
Ainda não pus as mãos na revista e só aí poderei emitir uma opinião mais bem formada, mas como provavelmente essa oponião será formulada nos poucos minutos em que a tiver na mão, passando-lhe os olhos sem a intenção de comprar, mais vale ficarmo-nos com a capa. A Playboy, como marca, sempre se evidenciou pela quantidade e qualidade de mulheres nuas que trazia, claro, mas foi também um objecto de jornalismo onde se cruzavam entrevistas a gente que interessava (e podia estar aqui a encher o post de nomes, mas ficam Fidel Castro, John Lennon, Salvador Dali, Martin Luther King, Albert Schweitzer, Clint Eastwood ou Norman Mailer), short stories e crónicas de quem percebia alguma coisa de encarrilamento de letras (entre outros Arthur C. Clarke, Isaac Asimov, Ian Fleming, Roald Dahl, Jorge Luís Borges, John Updike ou Gabriel García Marquez) e a colaboração de alguns dos retratistas mais brilhantes da História (como Herb Ritts, Annie Leibowitz ou Helmut Newton). Digamos que esta pode ser uma revista para homens, o horror das mulheres (como a feminista Gloria Steinem tão bem condensou, quando ameaçou que cuspiria na cara de Hugh Heffner, proque este tinha levado as mulheres à condiação de objectos), mas nesse campo, era uma revista muito bem feita.
A edição é tipicamente portuguesa, porque ao invés de estímulo intelectual e discussão de grandes temas, ficamo-nos pelo que é básico: gajas nuas, futebol e hype. A grande entrevista desta priemria edição é feita a Costinha (ouvem-se grilos no cenário de fundo), há 20 perguntas feitas a Pacman, vocalista dos Da Weasel e há 4 colaboradores que não sendo desconhecidos ou desprovidos de talento, não serão aquela referência (Ana Anes, que escreveu um livro chamado "Sete anos de mau sexo, está mesmo a jeito para ser gozada e gozada e gozada... sem qualquer intenção de trocadilho).
Enfim, Playboy, versão lusa, faz jus ao nosso país; e no entanto, consegue encontrar, no meio do potencialpara o desastre, alguma poesia. Já viram bem Rute Penedo, a primeira playmate nacional? Não, a foto dela não está na capa, mas sim nas páginas centrais da revista. No caso da nossa Playboy, tal como outras coisas tão portuguesa, a beleza está mesmo no interior.

4 comentários:

Nuno disse...

Uma vez li uma Playboy e devo dizer que não foi uma revista que eu considerasse alguma coisa de especial. Valeu por algumas fotos muito boas lá pelo meio, porque a nível de conteúdo até é uma revista fraquinha.

Anónimo disse...

Esta escolha não me agradou nada. Ela pode ser jeitosa, mas é uma sonsa.Chata! Deviam ter escolhido uma personalidade carismática, vivida,com histórias para contar...a Lady Betty, por exemplo. Isso, sim, era de
valor.
Ciao!

Post-It disse...

Ahah! :D A Maryland arrasou com o seu comentário!
Se bem que a Lady Betty nua deve ser mais figura de freak show, medooo!

Vamos lá ver se Potugal, este país minusculo, tem miúdas e figuras púb(l)icas interessadas em mostrar as partes marotas.

Anónimo disse...

Caro, Licas. Faço das palavras da nossa abelha Maia, as minhas. Segundo essa ave rara, intitulada de Maia : "para a primeira edição da Playboy, nada melhor do que uma mulher madura como eu". AHAHAHAHA
A Maia tem cá uma piada...Com aquele narigão ocupava a capa da revista e o resto nem vê-lo...
Susu