sexta-feira, março 15, 2013

Palermices em torno de infantilidades emocionais




Quem pode livre ser, gentil Senhora,
Vendo-vos com juízo sossegado,
Se o Menino que de olhos é privado
Nas meninas de vossos olhos mora?

Ali manda, ali reina, ali namora,
Ali vive das gentes venerado;
Que o vivo lume e o rosto delicado
Imagens são nas quais o Amor se adora.

Quem vê que em branca neve nascem rosas
Que fios crespos de ouro vão cercando,
Se por entre esta luz a vista passa,

Raios de ouro verá, que as duvidosas
Almas estão no peito trespassando
Assim como um cristal o Sol trespassa.

                          Luís de Camões



Para um zarolho, a sua vista alcançava o que dez mil olhos não vêem toda uma vida. Os meus, pelo menos, só vêem isto de quando em vez, e fazem-se de cegos às visões claras da luz que, ironia, me cega. Jogar no escuro, e saltar à corda desfiada em traços brancos, jogando às escondidas a apanhar macaquinhos, chineses porque distantes. A distância é a da poesia que se aproxima do que sentimos e somos, para nos deixar entrever por debaixo da pala o que ignoramos.
Mas enquanto levarmos tudo na brincadeira, está visto que é da melhor criancice.

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