sábado, maio 04, 2013

Um pequeno apontamento acerca da estupidez


Todos têm defeitos que os descabelam, e um dos que me coloca possesso é a estupidez; e aqui, quando falo de estupidez, é da voluntária e orgulhosa: o indivíduo que é idiota puramente burgesso e labrego de discurso e ideias, e ainda assim tem a mania de que sabe coisas e melhor ainda, deve ser escutado e respeitado. Estou a fazer esta separação, porque quero ser justo para com aqueles que, mais simples, não sabem mais porque não podem. Porque a vida não lhes foi simpática, ou então porque não querem e vivem bem assim, respeitando as suas limitações, mas mantendo uma curiosidade saudável pelo mundo. Há quem lhe chame sabedoria popular ou simplicidade, mas eu prefiro tratar isso como saúde mental. Afinal, se não formos curiosos, resta-nos pouco como seres humanos, e como gente. 

Tenho defendido nos últimos meses que uma guerra à inteligência tem existido de há uns anos para cá. Não apenas nas altas esferas, como se gosta de pensar quando dedos apontam a governantes e testas de ferro, mas no cidadão comum. Tudo aquilo que possa ser considerado um pensamento complexo é encarado como "teorias", dito desdenhosamente como se fosse sarna a coçar e desparasitar o mais rápido possível para não chatear. Alguém que gosta de ler é um parvalhão que merece ser insultado na rua, e qualquer coisa de semelhante a raciocínio articulado leva com bocejos e aquele ar de quem acabou de sair da cama pela manhã. Mas depois, chovem queixas acerca do estado das coisas, no molhado das redes sociais, das mesas de café e no tête à tête das ruas. Não queremos ser chateados pelo pensamento, mas depois, exigimo-lo naquele que elegemos, porque, claro está, nós temos: os outros não. Coitados deles. Se aparece alguém que se mostra capaz de falar um pouco mais a sério, e de forma capaz, o rótulo da arrogância aparece com rapidez. É verdade que entre um arrogante estulto e outro versado não há grande diferença de atitude; há no entanto na realidade, que costuma ter, espanto um preconceito contra a incompetência.

Nem me quero referir às grandes batalhas que se travam entre Iluminismo vs Obscurantismo, num cenário que retrocede até aos século XVIII nalguns aspectos. Nem quero, inclusive, defender um castelo científico ao qual já apontei defeitos por várias ocasiões. Dirijo-me apenas à inteligência pura de cada um de nós: acordai. Se querem um país melhor, aprendam a pensar. não desprezem livros e letras, tenham curiosidade. Falam crescer espírito crítico. Não aceitem aquilo que vos põe à frente, nem mesmo que venha com o rótulo do Facebook. Aceitem opiniões alheias, conversem argumentando e não insultando, deixem que outras ideias passem por vós, quanto mais não seja para reforçarem as vossas estruturadamente. Não se entreguem à estupidez, por favor. Porque o que é demais, farta.

Sem comentários: