sexta-feira, outubro 11, 2013
A idade da inocência
A propósito do frenesim em redor de Malala Yousafzai, uma daquelas criaturas que parecem saídas do mesmo reino de inverosimilhança das pessoas de bem que encontramos de vez em quando, uma equipa de reportagem dirigiu-se à sua aldeia para avaliar as reacções dos habitantes. Entre o orgulho natural da glória de uma filha da terra, um homem disse que era tudo muito bonito, mas desde que Malala tinha saído do país, os Talibans haviam destruído mais dez escolas e nenhuma tinha sido construída. O triste é que ele tem razão: o Nobel é o prémio do complexo de culpa do Ocidente, que se sente interventivo ao dar um prémio a uma adolescente pensando que vai alterar algo no terreno. Mas não: as negociatas do costume continuarão e a zona do Paquistão e do Afeganistão continuará dominada pelo mesmo grupo de irredutíveis extremistas que quase mataram Malala e que continuamente lutam pela instituição obscurantismo na zona. E o que fará o Ocidente que aplaude a jovem paquistanesa? Nada. Não move uma palha. Depois de erros de casting sucessivos nos últimos anos (e neste ainda podemos ter Putin a ganhá-lo...), o Nobel da Paz deste ano provará uma coisa: nós não merecemos Graça quando nos é apresentada tão inesperadamente, e talvez seja por isso que os suecos se sentirão compelidos a premiá-la. Nada contra Malala, cuja acção e rigidez de boas intenções deve reduzir uma boa parte de nós à imperfeição que passeamos pelo quaotidiano. Ela não tem culpa de sermos assim; e se calhar, na sua aldeia lá longe, na cordilheira do Pamir, não fazia sequer ideia de que estas pessoas que divulgam a sua história de coragem têm muito mais a ver com aqueles contra quem luta do que ela pensará
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