Pinto da Costa suspira de alívio, apaziguador como é seu hábito, pelo facto de Anderson ir jogar para o campeonato inglês que, segundo as palavras do Timoneiro das Antas, é viril, mas não maldoso. Uma referência velada à lesão do jovem brasileiro no jogo contra o Benfica no reduto portista, por Katsouranis.
Mais uma vez, Pinto da Costa esuqce que: A) existiram, um dia, João Pinto, André, Jorge Costa e Paulinho Santos, que, como sabemos, eram cordeirinhos; B) a entrada de Katsouranis, apesar de dura, não foi falta; C) Que o campeonato inglês é cheio de cavalheiros, como o senhor Ben Thatcher, defesa do Manchester City, que, alguns devem estar lembrados, disputou a bola com Pedro Mendes num jogo para o campeonato da maneira abaixo exibida:
quinta-feira, maio 31, 2007
Levar com as culpas
O Papa recebeu os pais da pequena Madeleine no Vaticano, e abençoou uma foto da menina. Prevejo que a imprensa inglesa vai chatear como o caraças a Guarda Suíça do Vaticano se a criança não for encontrada na próxima semana.
terça-feira, maio 29, 2007
Momentos capazes de nos estragar o fim de semana
Alguém referindo-se a nós como uma peça de mobiliário, dizendo-nos que estamos a "ocupar muito espaço". Tem sentido, meço 1,88m. Mas em pé, ocupo pouca largura.
"Zodiac"
A melhor forma de se começar por falar de "Zodiac" é por esclarecer desde já uma coisa: não estamos a falar meramente de um filme, mas sim de uma experiência. Boa ou má. Os filmes de David Fincher têm esse poder no espectador. Fincher é um cineasta com um grande arsenal visual, mas raramente perde de vista (e esse "raramente" é "Fight Club") uma certa tradição clássica no contar de uma história. "Zodiac" é uma ave rara, um objecto de estilo clássico preso em 2007, um foragido dos anos 70 que se instala no nossos dias, com afiliações a filmes dessa década, como "All the president's men" ou, visualmente, "Klute", ambos de Alan J. Pakula, uma das obras preferidas do realizador.
Baseado numa históra verídica, acerca do conhecido caso de um serial-killer que assombrou a área de São Francisco, no final da década de 60 e, segundo algns, início da de 70, o filme segue as investigação feitas por dois lados, a imprensa e a polícia, através de 4 homens, todos eles reais: o jornalista Paul Avery (Robert Downey Jr.), os detectives David Toschi (Mark Ruffalo) e Bill Armstrong (Anthony Edwards) e o cartoonista Robert Graysmith (Jake Gyllenhall), o autor dos dois livros acerca do Zodiac que inspiraram o filme. Seguindo uma linha narrativa contínua, sem cair na tentação de usar flashbacks ou flashforwards, "Zodiac" consegue dar coerência aos esforços separados, e depois conjuntos, do quarteto, ao organizar os eventos (mesmo os que possam estar discutivelmente ligados às acções do Zodiac) por ordem. Parecendo algo de simples, é uma decisão fundamental para um filme que tem duas horas e meia e uma atenção ao detalhe que fará as delícias de qualquer autista. Era a única maneira de um maníaco demiurgo do cinema, que utiliza até os actores como cores de uma paleta com que pinta filmes, como Fincher, levar o projecto a bom porto. Ele sabia-o.
Com este filme, Fincher introduz-nos a um novo campo do seu estilo de filmar: a elegância. Os planos de câmara são suaves, às vezes fixos; quando ele navega na redacção do Chronicle, é como se os nossos olhos deslizassem sobre veludo e não perdessem pitada. Com uma montagem simples e uma direcção de fotografia que segue a máxima Fincher "eu mando em tudo, até na luz", onde ele não mostra sequer um pintelho daquilo que não quer que vejamos e onde parece haver uma linha invisível que delimita onde é que o negro começa e acaba, o realizador norte-americano revela-se mais do que um esteta: de certa forma, ele é um coreógrafo de formas ao serviço da história. Porque para lá de todos estes artifícios artísticos, é o que este filme tem mais: acções e palavras. Muito se fala em "Zodiac". Desviar os olhos do ecrã pode ser o princípio do fim do filme para o espectador. No entanto, Fincher escolhe, propositadamente, não se demorar naquilo que, na vida dos personagens, os desvia da investigação A sua relação com a caça ao assassino é o que mais interessa e todos os pormenores extra que nos são oferecidos servem apenas para sublinhar o grande tema do filme, que não é a análise de serial killers: é sim o efeito que a obsessão, por vezes inexplicável, tem num homem e no seu mundo pessoal. Quando a esposa de Robert Graysmith lhe pergunta porque dedica ele tempo nesta missão, ele responde "Porque mais ninguém o faz", uma razão ao mesmo tempo vaga e certificativa do perfil heróico de um homem que aspira a ser mais do que é. Lembrei-me imediatamente do Roy Neary de "Encontros imediatos de 3º grau".
Boa parte da acção é-nos trazida pelos olhos de David Toschi e Robert Graysmith, sendo por isso fácil destacar Mark Ruffalo e Jake Gyllenhall do elenco. Eles estão muito bem, individualmente e quando contracenam um com o outro, como as duas pessoas mais obcecadas com o Zodiac, nalguns momentos quase ao ponto da insanidade. O momento em que se conhecem, na estreia de "Dirty Harry", cuja trama foi inspirada no caso do Zodiac, é memorável e marca a diferença entre a investigação real e a investigação ficcional: na ficção, em C.S.I, 40 minutos chegam para apanhar o criminoso. Na realidade, nem 40 anos. Para além de, através dos jogos de jurisdição mostrados, haver também essa coisa chamada burocracia...; e os dois actores mostram o desgaste progressivo dos seus personagens e de como vergam a essa evidência da impossibilidade de encontrar uma verdade e encerrar o caso. Na verdade, como espectadores, também queremos essa sensação de closure. E embora o filme dê pistas para uma solução, nunca nos oferece nenhuma de bandeja. É por isso desconfortável. Robert Downey Jr. canaliza este sentimento para a alma auto-destrutiva de Paul Avery, tornando-o num personagem com traços de comic relief, mas dotado de um percurso trágico que o leva a sucumbir às drogas e ao alcoolismo. Como diz a tagline do filme, "Há muitas maneiras de se perder a vida para um serial-killer"...
"Zodiac", dê por onde der, será um dos melhores filmes deste ano. Do que vi até agora, é o melhor, por ser um "JFK", uma das minhas referências, sem delirium tremens. Fincher não cai na tentação de mostrar que é engenhoso (nós já sabemos disso) e cinge-se à história, sem nunca se trair, mostrando sempre dois ou três pormenores de classe: a construção de um edifício, a Transamerica Pyramid, para marcar a passagem do tempo; toda a cena do homicídio de Paul Stine; a conversa entre Graysmith e o suspeito Bob Vaughn, um momento de arrepio puro. de certa maneira, também Fincher se tornou escravo do Zodiac. Mas aqui, com resultados de excelência. Uma experiência de cinema.
E é por isso que mal posso esperar pelo início de 2008: 4ª temporada de Lost e a estreia de "The curious case of Benjamin Button", a próxima opus do mestre. Ou seja, mais uma razão para obcecar.
domingo, maio 27, 2007
Review rápida: "Spider-man 3"
Eu quis esperar uma semana para confirmar. Não podia analisar o filme a quente (algo que, certamente, acontecerá quando vir "Zodiac"), e deixei que a poeira assentasse em mim. E concluí que não há como fugir: "Spider-man 3" é uma desilusão.
Gostava de me alongar nesta crítica, elogiando o filme às pazadas, porque gostei bastante do primeiro e o segundo é, para mim, um blockbuster perfeito. Este terceiro filme, na sua vontade de querer ser mais, patina precisamente onde os anteriores tinham sido fortes: a sua coesão argumentativa, a estrutura da história, o equilíbrio entre o vistoso e o que tem de ser contado, pelos personagens e suas acções. O que afinal interessava era Peter Parker e a sua evolução como pessoa, interligada com a do seu alter-ego heróico.
Sam Raimi, na opus 3, parece abrir mão de tudo isto, ao fazer do filme uma feira-popular, com diversões para todos, entretenimentos duvidosos e onde o algodão doce umas vezes é muito bom, outras é rançoso. Encontraos Peter Parker num sítio onde não o víramos anteriormente: bem sucedido: tem a mulher da sua vida, o emprego corre-lhe bem, Nova Iorque parece finalmente gostar do Homem-Aranha. Até que entra em cena um simbionte alienígena, um melhor amigo que o trai e algo relacionado com a morte do tio Ben que ameaçam lançá-lo na pisicna das suas inseguranças e deitar tudo a perder.
Um ponto de partida interessante que pedia drama de personagens e não 3 vilões recheados de efeitos especiais, a destruir um conjunto que dveia ser coeso. Sam Raimi, habitaulcienasta cinético, contiua com a sua precisão maníaca de montagem, mas numa sequência onde quer enfiar 4 personagens à luta, deita tudo a perder, apesar de um ou outro bo pormenor. O filme, esquizofrénico, deixa o espectador desesperado. Quando é bom, é do melhor; quando é mau, bate mesmo no fundo.
Fala o fã do aracnídeo: no próximo filme, deixem-se de megalomania,s back to basics (que é como quem diz, à fórmula tradicional) e como sei que há um quarto capítulo aí, fica a oportunidade para se redimirem...
Parece que a mulher não interessa...
Ambrosia
No Natal de 2006, a Disney decidiu lançar, pelo 13º aniversário (haja data mais redonda...), a versão 3-D do clássico absoluto do cinema de animação "The nightmare before Christmas", obra realizada por Henry Selick, um dos maiores especialistas da animação de volumes, e produzida, escrita e, se quisermos crer nos créditos, co-realizada por Tim Burton. A fita, baseada em pequenas histórias, poemas e personagens que pulavam na cabeça do criador de "Eduardo Mãos de Tesoura", é um prodígio de imaginação e arte sobre a tecnologia, e uma prova em si que a difícil técnica de stop-motion utilizada para rodar o filme não constitui de modo algum um obstáculo, pois tudo decorre com uma fluidez tal que o nosso cérebro até pensa estar a assistir a uma obra de imagem real.
A edição de aniversário vinha com a particularidade de algumas das canções dos originais (que é, à sua maneira, um musical sobre amor, morte e, claro, freaks), compostas pelo sempre genial Danny Elfman terem sido regravadas por artistas e bandas actuais. Boa parte é algo dispensável, como as que Fall out boy e Panic at the disco gravaram, mas há excepções, como a de Fiona Apple, que interpreta um dos mais belos temas do filme, "Sally's song", com uma voz espectral, fantasmagórica, etérea, que me deixa pessaolmente curioso de saber como funcionaria esta senhora no mundo de Tim Burton. Para mim, seria um casamento perfeito.
E escutar isto é ambrosia para os ouvidos.
A edição de aniversário vinha com a particularidade de algumas das canções dos originais (que é, à sua maneira, um musical sobre amor, morte e, claro, freaks), compostas pelo sempre genial Danny Elfman terem sido regravadas por artistas e bandas actuais. Boa parte é algo dispensável, como as que Fall out boy e Panic at the disco gravaram, mas há excepções, como a de Fiona Apple, que interpreta um dos mais belos temas do filme, "Sally's song", com uma voz espectral, fantasmagórica, etérea, que me deixa pessaolmente curioso de saber como funcionaria esta senhora no mundo de Tim Burton. Para mim, seria um casamento perfeito.
E escutar isto é ambrosia para os ouvidos.
quinta-feira, maio 24, 2007
Season finales
Esta semana, duas séries tiveram os seus season finales, "Heroes" e "Lost".
"Heroes" foi chato, pouco excitante, sem surpresas e numa série com super-heróis que até têm poderes porreiros, com o seu clímax na cena fulcral deste episódio, não tem uma única cena de combate decente em toda a série.
"Lost" teve emoção, respostas, surpresas, momentos de humor, pancadaria a sério, vilania, actores decentes e uma surpresa final que é um soco no estômago dos valentes.
Perante isto, a conclusão lógica e científica: "Heroes" é para fracos.
terça-feira, maio 22, 2007
A voz da verdade
Fui ver hoje "Spider-man 3" e deixarei a crítica mais tarde, mas deixem-me partilhar a coisa mais formidável da sessão: à minha frente, estava uma criança, que tinha para aí 5, 6 anos, que passou o filme todo a perguntar à mãe as coisas óbvias que n+os recalcamos quando estamos a ver filmes: "Mãe, porque é que ele está zangado?"; "Mãe, então mas ele não tinha explodido?"; "Mãe, porque é que ela está a chorar?".
Por momentos, fui abandonado pelo meu espírito analítico e recordei porque é que ir ao cinema é dos actos mais mágicos que existem na vida.
Por momentos, fui abandonado pelo meu espírito analítico e recordei porque é que ir ao cinema é dos actos mais mágicos que existem na vida.
Truques para estados de espírito
Anti-socialidade:
Um telemóvel pode ser uma excelente maneira de evitar conversar com aquela pessoa que merecia estar trancada num bunker durante uns anos.
Um telemóvel pode ser uma excelente maneira de evitar conversar com aquela pessoa que merecia estar trancada num bunker durante uns anos.
segunda-feira, maio 21, 2007
Flutuações
Verdades passageiras da vida (ilustradas por canções)
Ben Folds (original de DR. Dre e Snoop Dog) - "Bitches ain't shit"
P.S: Sugere-se o acompanhamento lateral de "People are strange", dos Doors
Tirar a barriga de misérias
Pelo aspecto do trailer, isto vai ser um festival que fará "Grindhouse" parecer um filme sobre cortes nos jolehos dos miúdos da pré-primária.
quinta-feira, maio 17, 2007
Sucesso em português
Uma cientista portuguesa resolve um mistério científico com mais de um século. Uma coisa é certa: como não é desgraça, nem mete meninas inglesas louras, não deverá aparecer nos nossos telejornais.
Quase todas as células humanas têm uma espécie de torre de controlo, como nos aeroportos. Pouco antes de se dividirem, têm de fazer uma segunda torre de controlo para a nova célula. Até agora, pensava-se que a torre velha tinha de servir de molde para a nova. A equipa de Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciências, em Oeiras, descobriu que, afinal, essa construção faz-se a partir do nada — um avanço científico a publicar amanhã na revista “Science”, que pode dar pistas sobre o cancro e a infertilidade masculina.
As torres de controlo das células, a metáfora de Mónica Bettencourt Dias para designar os centrossomas, foram descobertas no século XIX. Alexander Fleming, o descobridor da penicilina, foi o primeiro a ver estas estruturas minúsculas da célula — ao microscópio, porque têm cerca de 0,5 mícrons (a espessura de um cabelo humano é entre 50 e 100 mícrons). Mas foi o biólogo alemão Theodor Boveri quem percebeu, em 1888, o papel destas estruturas. Considerou-as o órgão especial da divisão das células e levantou a hipótese de que podiam estar envolvidas no cancro, que se caracteriza por uma multiplicação anormal das células.
De facto, os centrossomas regulam a divisão das células. Nessa altura, as células têm de criar tudo em duplicado (embora se descobrisse, em 2001, que certas células se dividem sem precisar de centrossomas). Depois, é como se entre os dois centrossomas (um para cada célula filha) existisse uma corda e cada um puxasse para seu lado os cromossomas.
Os centrossomas também são cruciais para a forma que a célula irá ter: “É uma estrutura muito importante para formar o esqueleto celular, seja a cauda de um espermatozóide ou a estrutura de qualquer uma das nossas células, que é regulada pelos centrossomas”, explica Mónica Bettencourt Dias.
A equipa da investigadora portuguesa encontrou a resposta para a pergunta que anda na cabeça dos biólogos desde o século XIX: como é que se forma o centrossoma? “Pensava-se que esta estrutura, que já estava na célula, servia de molde para o novo centrossoma. Mas não é assim”, diz Mónica Bettencourt Dias. “Basta ter as 'plantas’ da torre de controlo. Não é preciso ter um molde, por isso esta estrutura é mais fácil de se formar do que se pensava.”
A planta de construção a que a investigadora se refere é uma molécula, a proteína SAK. E a prova de que ela permite efectivamente a formação dos centrossomas de raiz está nas experiências efectuadas pela equipa em ovócitos de moscas-do-vinagre. Os ovócitos não possuem centrossoma (são os espermatozóides que os fornecem, na altura da fertilização): No entanto, explica a investigadora, “quando introduzimos a proteína SAK nos ovócitos, ficaram cheios de centrossomas”.
Além de esclarecer um mistério biológico a um nível muito básico, este avanço pode revelar-se importante para combater o cancro e a infertilidade masculina.
Nas células cancerosas, há centrossomas a mais, cada um a puxar para seu lado. “Quando puxam, pode acontecer que cada célula filha não herde exactamente o mesmo material genético.” Por exemplo, podem ocorrer alterações em genes com a função de evitar o aparecimento de tumores. “Se calhar, no cancro o excesso da proteína SAK leva a um aumento do número de centrossomas. Não sabemos, é uma hipótese”, diz a cientista.
Talvez esta molécula possa ser usada no diagnóstico do cancro e, a longo prazo, como alvo de tratamentos.
Nos espermatozóides, a ausência desta molécula conduz à ausência ou malformação do centrossoma. O espermatozóide é assim incapaz de se deslocar até ao ovócito.
Ana Rodrigues Martins, de 25 anos, é a primeira autora do artigo a publicar amanhã. Começou a fazer o doutoramento na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, orientada aí por Mónica Bettencourt Dias e David Glover, outro dos autores, a par de cientistas italianos da Universidade de Siena.
“Estou muito contente”, diz apenas Mónica Bettencourt Dias, de 33 anos, que veio para Portugal em 2006, depois de cinco anos em Cambridge.
Fonte: www.publico.pt
Quase todas as células humanas têm uma espécie de torre de controlo, como nos aeroportos. Pouco antes de se dividirem, têm de fazer uma segunda torre de controlo para a nova célula. Até agora, pensava-se que a torre velha tinha de servir de molde para a nova. A equipa de Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciências, em Oeiras, descobriu que, afinal, essa construção faz-se a partir do nada — um avanço científico a publicar amanhã na revista “Science”, que pode dar pistas sobre o cancro e a infertilidade masculina.
As torres de controlo das células, a metáfora de Mónica Bettencourt Dias para designar os centrossomas, foram descobertas no século XIX. Alexander Fleming, o descobridor da penicilina, foi o primeiro a ver estas estruturas minúsculas da célula — ao microscópio, porque têm cerca de 0,5 mícrons (a espessura de um cabelo humano é entre 50 e 100 mícrons). Mas foi o biólogo alemão Theodor Boveri quem percebeu, em 1888, o papel destas estruturas. Considerou-as o órgão especial da divisão das células e levantou a hipótese de que podiam estar envolvidas no cancro, que se caracteriza por uma multiplicação anormal das células.
De facto, os centrossomas regulam a divisão das células. Nessa altura, as células têm de criar tudo em duplicado (embora se descobrisse, em 2001, que certas células se dividem sem precisar de centrossomas). Depois, é como se entre os dois centrossomas (um para cada célula filha) existisse uma corda e cada um puxasse para seu lado os cromossomas.
Os centrossomas também são cruciais para a forma que a célula irá ter: “É uma estrutura muito importante para formar o esqueleto celular, seja a cauda de um espermatozóide ou a estrutura de qualquer uma das nossas células, que é regulada pelos centrossomas”, explica Mónica Bettencourt Dias.
A equipa da investigadora portuguesa encontrou a resposta para a pergunta que anda na cabeça dos biólogos desde o século XIX: como é que se forma o centrossoma? “Pensava-se que esta estrutura, que já estava na célula, servia de molde para o novo centrossoma. Mas não é assim”, diz Mónica Bettencourt Dias. “Basta ter as 'plantas’ da torre de controlo. Não é preciso ter um molde, por isso esta estrutura é mais fácil de se formar do que se pensava.”
A planta de construção a que a investigadora se refere é uma molécula, a proteína SAK. E a prova de que ela permite efectivamente a formação dos centrossomas de raiz está nas experiências efectuadas pela equipa em ovócitos de moscas-do-vinagre. Os ovócitos não possuem centrossoma (são os espermatozóides que os fornecem, na altura da fertilização): No entanto, explica a investigadora, “quando introduzimos a proteína SAK nos ovócitos, ficaram cheios de centrossomas”.
Além de esclarecer um mistério biológico a um nível muito básico, este avanço pode revelar-se importante para combater o cancro e a infertilidade masculina.
Nas células cancerosas, há centrossomas a mais, cada um a puxar para seu lado. “Quando puxam, pode acontecer que cada célula filha não herde exactamente o mesmo material genético.” Por exemplo, podem ocorrer alterações em genes com a função de evitar o aparecimento de tumores. “Se calhar, no cancro o excesso da proteína SAK leva a um aumento do número de centrossomas. Não sabemos, é uma hipótese”, diz a cientista.
Talvez esta molécula possa ser usada no diagnóstico do cancro e, a longo prazo, como alvo de tratamentos.
Nos espermatozóides, a ausência desta molécula conduz à ausência ou malformação do centrossoma. O espermatozóide é assim incapaz de se deslocar até ao ovócito.
Ana Rodrigues Martins, de 25 anos, é a primeira autora do artigo a publicar amanhã. Começou a fazer o doutoramento na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, orientada aí por Mónica Bettencourt Dias e David Glover, outro dos autores, a par de cientistas italianos da Universidade de Siena.
“Estou muito contente”, diz apenas Mónica Bettencourt Dias, de 33 anos, que veio para Portugal em 2006, depois de cinco anos em Cambridge.
Fonte: www.publico.pt
Balance
Paul Wolfowitz, master neo-con, está prestas a ser demitido da presidência do Banco Mundial por favorecer explicitamente uma das suas subalternas com o duplicar do salário e outras regalias. Essa subalterna, só por acaso, é sua namorada. Também ajuda ele ter tido uma carreira desastrosa no curto período em que esteve no cargo.
Marques Mendes escolhe para candidato do PSD à câmara de Lisboa Fernando Negrão, ex-director da PJ e actual arguido num processo a decorrer no tribunal. O PS, por seu lado, avança com António Costa, que desempenhava funções de deputado no Parlamento Europeu, posição que ocupava depois de devidamente eleito.
O mundo tem esta estranha de se auto-regular e equilibrar em todos os domínios. Até mesmo o da dignidade pública.
Marques Mendes escolhe para candidato do PSD à câmara de Lisboa Fernando Negrão, ex-director da PJ e actual arguido num processo a decorrer no tribunal. O PS, por seu lado, avança com António Costa, que desempenhava funções de deputado no Parlamento Europeu, posição que ocupava depois de devidamente eleito.
O mundo tem esta estranha de se auto-regular e equilibrar em todos os domínios. Até mesmo o da dignidade pública.
Cão II
Ando com problemas de consciência: de cada evz que olho para o meu cão acorrentado, sinto-me tremendamente mal. Não tenho o diretio de lhe fazer aquilo. Dói-me de verdade a cara que ele faz quando está com aquilo ao pescoço, a mandar pinotes, e com a força imóvel da parede a puxá-lo para o seu sítio. Não é justo.
E todos nós já nos sentimos como o cão. Iso é que dá ainda mais pena.
E todos nós já nos sentimos como o cão. Iso é que dá ainda mais pena.
terça-feira, maio 15, 2007
O produtor V
Hoje, a 3 dias da estreia desse evento certamente anunciado em todos os livros religiosos, "Zodiac", deixo aqui a curta da série que este blog tem apresentado, esta realizada por um realizador que muito estimo, porque já esteve no meu top 5 absoluto, mas os últimos anos não lhe têm sido úteis. Falo do homem que inventou o cinema de acçao de Hollywood nos anos 90, quando os cineastas da brutalidade norte-americanos começaram a copiar descaradamente os seus filmes de Hong-Kong: John Woo, o homem que conseguiria Fazer com que Paulo Portas parecesse cool. O título é "The hostage" e fez-me lembrar, após uma série de fracassos cinematográficos, porque é que John Woo ainda é um dos melhores poetas do movimento no cinema.
segunda-feira, maio 14, 2007
Epifania I
Uma experiência catártica que nos abana, fazendo-nos pensar se quando queremos mudar algo na nossa vida, não teremos de experimentar novidades que não entram na nossa estrutura mental. Mas que deviam. Mesmo que sejamos crianças de 6 anos.
sábado, maio 12, 2007
Intermission
Nouvelle Vague, "Relax"
P.S: Chamem-me doido, mas elas exalam mais sex-appeal que a Shakira, a Beyoncé e as Pussycat Dolls juntas.
P.S: Chamem-me doido, mas elas exalam mais sex-appeal que a Shakira, a Beyoncé e as Pussycat Dolls juntas.
sexta-feira, maio 11, 2007
Apelar
Ok, se bem percebi do pouco que li sobre o caso, uma menina inglesa chamada Madeleine desapareceu. Presumivelmente, foi raptada. Os pais, que agora andam "ó tio, ó tio" encontravam-se a jantar num restaurante quando deixaram a filha em casa a dormir, com os dois irmãos gémeos, que presumivelmente seriam mais capazes que os pais para tomar conta da menina. A família é inglesa. Há um suspeito que adava a tirar fotografias à menina nos dias anteriores. Cristiano Ronaldo, Paulo Ferreira e David Beckham já fizeram apelos para que os raptores entregasem a menina, o que a termos em conta a eloquência de Paulo Ferreira, a sobriedade de Beckham e ar maduro de Ronaldo, poderá dar bom resultado. A políci britância eviou para cá 150 homens, para juntar à nossa garbosa PJ, que com afinco se está a dedicar o mais que pode.
Não é querer manter a tradicional contra-corrente deste blog, mas sinceramente isto deixa-me perplexo. Nada a favor contra raptos e tráfico sexual de crianças. Mas quantas crianças portuguesas desaparecem por ano em Portugal? E com quantas dessas há um preocupação assim? É por ter cabelos louros, por parecer a típica criança dos contos de fadas? É por ser inglesa? É porque os pais são altamente irresponsáveis? Porque nesse caso, vamos naturalizar as nossas crianças todas. É uma forma de zelarmos pelo futuro delas, no caso de tragédias destas lhes acontecerem. Ao menos, terei a certeza de que a polícia se movimentará com esta dedicação e afinco.
Não sei porquê, lembro-me sempre do caso daquele miúdo que é o clássico dos telejornais de cada vez que há um rapto, o Rui Pedro. A mãe dele não desistiu e investigou mais fundo. Chegou a encontrar uma imagem, num site de pedofilia, de um miúdo extraordinariamente parecido com o filho. Nem um detective da PJ. Nem mesmo um empregado de limpeza.
Não é querer manter a tradicional contra-corrente deste blog, mas sinceramente isto deixa-me perplexo. Nada a favor contra raptos e tráfico sexual de crianças. Mas quantas crianças portuguesas desaparecem por ano em Portugal? E com quantas dessas há um preocupação assim? É por ter cabelos louros, por parecer a típica criança dos contos de fadas? É por ser inglesa? É porque os pais são altamente irresponsáveis? Porque nesse caso, vamos naturalizar as nossas crianças todas. É uma forma de zelarmos pelo futuro delas, no caso de tragédias destas lhes acontecerem. Ao menos, terei a certeza de que a polícia se movimentará com esta dedicação e afinco.
Não sei porquê, lembro-me sempre do caso daquele miúdo que é o clássico dos telejornais de cada vez que há um rapto, o Rui Pedro. A mãe dele não desistiu e investigou mais fundo. Chegou a encontrar uma imagem, num site de pedofilia, de um miúdo extraordinariamente parecido com o filho. Nem um detective da PJ. Nem mesmo um empregado de limpeza.
quarta-feira, maio 09, 2007
Tudo igual
Na Madeira, chegou-se a temer o pior: todos sabem que as ditaduras se cracterizam pelo rigor orçamental, e isos é certo que não existe no arquipélago. No entanto, as coisas normalizaram-se, quando se confirmou que Alberto João Jardim permanece em novo mandato consecutivo: sabe-se que a estabilidade governativa é outra característica fundamental dos estados ditatoriais.
Publicidade enganosa
Adoro aqueles anúncios com gente famosa em que o slogan é "Este é X, que não acabou os estudos." Olhem o da Judite de Sousa, por exemplo. Mesmo trabalhando num quiosque, continua a poder ir aos mesmos cabeleiros que paga com o salário de jornalista e apresentadora de televisõa. És espantoso.
Vale a pena?
Acho que sim. É trabalhoso chegar ao post 500, há dias em que não me apetece escrever nada e há semanas inteiras em que a minha capacidade de escrever equivale à de um rapaz de 4 anos com Progeria. Mas ler comments a um post nosso ainda é das sensações mais recompensadoras que tenho: um verdadeiro rush de adrenalina. E servir os outros também. E poder ter um espaço para escrever, mesmo que ninguém ligue nenhuma.
Mas felizmente há quem ligue.
Luz ao fundo do túnel...
Numa época em que fantasmas vivem no estádio da Luz (excpeto Miccoli, que, a ver pelas notícias, vai deixar o Benfica e transformá-lo, portanto, num cemitério sem candeeiro), onde a equipa não faz sorrir os adeptos, vale a pena lembrar que há em Portugal equipas com piores actuações que as mais recentes da equipa do mesmo bairro do Clube Futebol Benfica: as equipas de arbitragem. Ficou a lembrança dos Gato Fedorento no domingo. Agora, que eles foram realmente parciais, quero ver quem é que pia sobre isto.
Humildade
Refugiando-me nas estatísticas do meu blog, pensava que era o maior, que tinha aqui uma coisa como deve ser, interessante, bem escrita e do camandro. Distraídamente, através do blog de uma amiga, comecei a visitar outros espaços da blogosfera através de endereços nos comentários e tenho a concluir isto:
Complex women: 100 - Complex guy: 0
segunda-feira, maio 07, 2007
Ganhar o dia
Dizem-nos que ficamos fofos quando estamos nervosos. E ganhamos o dia porque não estamos acostumado a ouvir isso. É tão simples.
2º círculo do Inferno
Acompanhar uma rapariga a fazer compras a uma loja de bijuteria e afins. Principalmente quando a prenda não é para ela.
domingo, maio 06, 2007
sexta-feira, maio 04, 2007
O produtor IV
Relembrando que "Zodiac" estreia a 19 de Maio, é altura de expôr mais uma da scurtas-metragens da série "The hire", que, lembremos, foi produzida por God himself, David Fincher. Hoje, é a vez de Tony Scott, o ultra-nervoso, esteta psicadélico e Red Bull humano por detrás de "Top Gun", "Man on fire" ou "Caça ao Outubro Vermelho", mostrar o que vale com uma desventura onde Gary Oldman, Danny Trejo e o falecido James Brown se envolvem numa parábola de contornos faustinaos. Atenção ao final, onde surge o cameo de uma estrela musical de maus fígados...
quinta-feira, maio 03, 2007
Un-fucking-believable! II
Nos EUA, um casal de coreanos, donos de uma lavandaria, foram processados por um juiz. Rzão: perderam um par de calças que lhe pertencia, mas só durante 3 dias. Afastando o bom senso de lado, o juiz achou que esta questão devia ser resolvida nos tribunais e resolveu ser zeloso até à medula. E quanto é que pediu de indemnização? Fez as contas e achou que 65 milhões de dólares seria uma boa maquia...
Quem ficou a rir? Os coreanos, na verdade. A Ordem dos Juízes norte-americana recebeu já dezenas de pedidos para que tal juiz nunca mais fosse nomeado para nada. Nice.
O mais engraçado é que as calças reapareceram passado uma semana, e o casal de coreanos foi levá-las a casa do juiz, na esperança que ele esquecesse o sucedido. Mas um juiz ganha pouco, não é? E as calças deviam ser bordadas a fio de ouro. Ou assim. Ou tinham uma protecção especial para os genitais de platina. A notícia não dizia.
Quem ficou a rir? Os coreanos, na verdade. A Ordem dos Juízes norte-americana recebeu já dezenas de pedidos para que tal juiz nunca mais fosse nomeado para nada. Nice.
O mais engraçado é que as calças reapareceram passado uma semana, e o casal de coreanos foi levá-las a casa do juiz, na esperança que ele esquecesse o sucedido. Mas um juiz ganha pouco, não é? E as calças deviam ser bordadas a fio de ouro. Ou assim. Ou tinham uma protecção especial para os genitais de platina. A notícia não dizia.
quarta-feira, maio 02, 2007
Golpes de génio I
Há tipos brilhantes, que o são reggularmente e nada podemos faezr contra isso. Joss Whedon é assim. Um dia, decidem exceder-se e dão ao mundo golpes de génio. Um dos que Whedon malhou foi o fabuloso episódio musical de "Buffy, the vampire salyer", intitulado, em homenagem aos musicais da MGM "Once more, with feeling." Misturando a estrutura de um musiscal onde as personagens vão debitando, por entre partes de diálogo normal músicas onde reflectem os seus sentimentos, e utilizando como gimmick um demónio que chega a Sunnydale e tem o poder de pôr todos a a cantar e dançar as suas emoções até arderem, Whedon aborda os dramas pessoais e sentimentos dos seus personagens, sem nunca perder o sentido de ritmo do género. Fica como exemplo este número, "Walk through the fire". Vão perceber o que as palavras chatas não conseguem exemplificar.
terça-feira, maio 01, 2007
É só começar, dizem...
Tenho aos meus pés uma mala preta, daquelas de trazer ao ombro, com dezenas de relatórios da UE, avaliando as condições da Hungria para entrar nese Clud Med de nações. Desde que a minha orientadora, há 5 meses, me disse que o meu trabalho necessitava de uma base documental, em vez do habitual exercício intuitivo em que normalmente me saio bem (e que dá a ilusão, aos meus professores, de que posso vir a ser aquilo que a civilização ocidental se acostumou chamar de aluno brilhante), temia este momento: pegar em paleio institucional, muitas vezes rasando termos económicos que me vão obrigar a libertar da minha preguiça, e ler, analisar, sublinhar, disecar e reduzir o espírito de um país a meia dúzia de critérios. Não parece bonito assim escrito, e é ainda mais chato de faezr na vida real.
Eu tenho de admitir que gosto do exercício de fazer trabalhos escritos, e dizer isto agora vai fazer com que seja objecto de gozo infinito. Gosto mesmo. No sentido em que me obriga a escrever, enquandrando o meu estilo anárquico numa estrutura rígida como é a do trabalho académico: formatação, citações, notas de rodapé, blá, blá, blá. É quase como se me obrigase a orrdenar o meu caótico ser pensante. A minha professora de Português do Secundário, uma das duas professores que me influenciou na vida (o que, tendo em conta a percentagem de docentes que tive, diz muito do nosso sistema de ensino), aconselhou-me o Latim para fazer isso. Nãp segui o conselho dela, e hoje apercebo-me de que estava errad. ter-me-ia dado disciplina, que é uma coisa que me falta. Mas assim muito.
E é preciso disciplina para embarcar numa tese sobre Europa de Leste, área em que a bibliografia existente é quase nula no nosso país. Vou ter de improvisar. Adoro improvisar. Tenho-me dado bem. Esperam-me 11 meses a dar uma de Macgyver dos Mestrados.
Paleio de macho como segundo idioma
Expressão de hoje:
"Põe-te no caralho antes que o caralho se ponha em ti"
"Põe-te no caralho antes que o caralho se ponha em ti"
Prazer Amélie
Sombras
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