sexta-feira, maio 11, 2007

Apelar

Ok, se bem percebi do pouco que li sobre o caso, uma menina inglesa chamada Madeleine desapareceu. Presumivelmente, foi raptada. Os pais, que agora andam "ó tio, ó tio" encontravam-se a jantar num restaurante quando deixaram a filha em casa a dormir, com os dois irmãos gémeos, que presumivelmente seriam mais capazes que os pais para tomar conta da menina. A família é inglesa. Há um suspeito que adava a tirar fotografias à menina nos dias anteriores. Cristiano Ronaldo, Paulo Ferreira e David Beckham já fizeram apelos para que os raptores entregasem a menina, o que a termos em conta a eloquência de Paulo Ferreira, a sobriedade de Beckham e ar maduro de Ronaldo, poderá dar bom resultado. A políci britância eviou para cá 150 homens, para juntar à nossa garbosa PJ, que com afinco se está a dedicar o mais que pode.
Não é querer manter a tradicional contra-corrente deste blog, mas sinceramente isto deixa-me perplexo. Nada a favor contra raptos e tráfico sexual de crianças. Mas quantas crianças portuguesas desaparecem por ano em Portugal? E com quantas dessas há um preocupação assim? É por ter cabelos louros, por parecer a típica criança dos contos de fadas? É por ser inglesa? É porque os pais são altamente irresponsáveis? Porque nesse caso, vamos naturalizar as nossas crianças todas. É uma forma de zelarmos pelo futuro delas, no caso de tragédias destas lhes acontecerem. Ao menos, terei a certeza de que a polícia se movimentará com esta dedicação e afinco.

Não sei porquê, lembro-me sempre do caso daquele miúdo que é o clássico dos telejornais de cada vez que há um rapto, o Rui Pedro. A mãe dele não desistiu e investigou mais fundo. Chegou a encontrar uma imagem, num site de pedofilia, de um miúdo extraordinariamente parecido com o filho. Nem um detective da PJ. Nem mesmo um empregado de limpeza.

2 comentários:

Anónimo disse...

A indignação das famílias portuguesas vítimas de situações semelhantes é completamente justificada já que a lei é para todos e nenhuma delas viu, alguma vez, este aparato. Aliás, o processo de muitos deles passa pela investigação que os próprios decidem levar a cabo. Levanta-se a questão da abordagem mediática que não vai lá por outro critério senão pelo que "pegar". Tentaram ir pelo lado irresponsável dos pais, não pegou (e se fosse uma família working class portuguesa tinha sido a 1ª a pegar),o que pegou foi a pressão mediática dos tablóides britânicos sobre as nossas forças policiais incompetentes... e como nós queremos que continuem para cá a mandar bifes de férias no verão ao abrigo da mais antiga aliança entre países... fazemos tudo para inglês ver!

Vítor H.

Anónimo disse...

Eu até podia discordar de tanto aparato se comparado com outras situações semelhantes. A verdade, é que tratam-se de turistas, ainda para mais ingleses, no "All-garve" e está mais em jogo do que propriamente a criança, a imagem do "All-garve" na Grã-Bretanha. É fácil de dizer que é injusto (ah pois claro que é injusto), mas se um de nós tivesse tal poder faria a mesma coisa. No entanto, na realidade, isto é um pouco como em tudo. Será que a Câmara de Penacova caía se acontecesse o mesmo que em Lisboa. Poderia dar mil e um exemplos. O mediatismo tem uma enorme força.

O engraçado disto, é que para os Britânicos continuamos a ser uns retrógados que não sabem usar a televisão para a investigação (coisa que só mudaria caso a miuda aparecesse viva). Até já vi reportagens inglesas a fazerem alusão ao caso Casa Pia e ao seu fracasso.

J.Saro