quarta-feira, julho 18, 2007

Cliché


Vou a chegar ao largo da Portagem em Coimbra e começa a circular no meu ouvido interno a banda sonora de "O fabuloso detino de Amélie". Acho estranho: como posso eu estar a delirar sobre isto, especialmente num lugar tão sombrio como é a Baixa de Coimbra?
Descubro que um grupo de jovens turcos (não de nacionalidade, é o que costumo chamar àqueles senhores e senhoras muito peace and love, roupas coloridas e estilo de vida livre)se instalou a pouca distância da estátua do velho Mata-Frades. Se ele fosse feito de carne e não de bronze, teria zurzido o ajuntamento. Foi ele que perseguiu as ordens religiosas no nosso país durante o meio do século XIX, incluindo os Jesuítas, que, como os jovens turcos, também tinham delírios ocasionais por inspirarem fumos estranho (no seu caso, incenso.) Mas continuou quietinho; e os jovens, ao som de Yann Tiersen, lá giravam uns malabares, enquanto um ou outro pediam dinheiro às pessoas que passavam.
Primeiro, um comentário que tem pouca a ver com o assunto deste post: animar as ruas de Coimbra de livre e espontânea vontade não é uma profissão. Logo, ninguém tem de lhes pagar. Não tenho nada contra estes jovens turcos. Na verdade, pelo menos em espírito preguiçoso, tenho algo a ver com eles. São boas pessoas. Mas ninguém tem de lhes dar dinheiro por isso. Por isso, não compreendo porque mostravam má cara quando os transeuntes não levavam a mão à carteira. Enfim, sempre há um limite na tolerância da liberdade de escolha.
Segundo, o assunto: já se tornou um cliché básico que Amélie e tudo o que se lhe relacione é exemplo para grupos de jovens turcos. Há razões para isso: falamos de um filme incrivelmente cromático, com uma heroína que veste de forma fora do normal, sem nunca entrar em piroseiras Floribélicas e ainda por cima, a fita é francesa! Se fosse americana, era um parvalheira estúpida sobre o amor. Mas é francesa, por isso, deve ter profundidade algures, certo? No entanto, se analisarmos bem, os princípios subjacentes à personagem Amélie são estranhamente anti-hippie movement: ela ajuda os outros, é certo, mas descobre que só consegue ser feliz quando é egoísta e decide dar atenção a si mesma e esquecer as outras pessoas; ao invés de respeitar a privacidade dos outros, mete-se na vida deles, muitas vezes com resultados catastróficos (vide mulher que vende tabac no café/stalker deliciosamente parvo); exerce vingança. Enfim, acessos de pessoa horrível.
Mas hei, é a Amélie. Eu gosto da Amélie. Na verdade, acredito que todos têm o direito a uma. No entanto, permito que a minha Amélie tenha acessos de cabreza. Isso está no interior de todas as pessoas. Excepto dos jovens turcos, claro.

3 comentários:

João Santiago disse...

gosto mais da Ophelia do Laberinto del Fauno.

gosto mais do Jason do Friday 13.

gosto mais do Tubarao de JAWS.

gosto mais do Austin Powers do Austin Powers.

gosto mais do Marv do Sin City.

gosto mais do Jack do Nightmare Before Christmas.

gosto mais do gato preto do Black Cat White Cat

gosto mais do Tony Montana de Scarface.

Mas..a Amelie è fixe. é diferente.gosto. mas as vezes farto ligeiramente.

Rita disse...

7 homens e uma mulher na lista de preferências...dá que pensar.

João Santiago disse...

enganas-te.

Primeiro o Tubarao de JAWS é femea.
Segundo, o gato preto é gata.

da que pensar em que?
posso dizer uma lista de mulheres que prefiro a Amelie! nao é dificil.

xau! kiss kiss bang bang