quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Conclusões de uma noite de Óscares


1 - Os Óscares começam a tornar-se cada vez mais uma Academia do mundo. Nenhum dos intérpretes vencedores nas categorias de interpretação são americanos: Day-Lewis é irlanfês e Tilda Swinton é escocesa, o que em si não é grandemente estranho, mas o espanhol Bardem e a francesa Marion Cottillard são de uma esfera europeia que não tem uma presença assim tão forte em Hollywood. Isto pode ser explicado por vários factores, a começar pelo trabalho de estudos nacionais na promoção dos seus filmes nos EUA. O fenómeno estendeu-se para as categorias técnicas, onde a maior parte foi limpa por europeus , alguns a trabalhar em filmes europeus, outros em produções norte-americanas. Se os americanos não se põem a pau, a festa deixa de ser mesmo deles.

2 - Os Óscares tiveram a sua audiência mais baixa em 20 anos. Têm surgido várias justificações para este facto, desde a baixa popularidade dos filmes nomeados até ao apresentador, que tem um nicho demográfico específico para o seu humor. Mas a verdade é que há dois grandes culpados, a meu ver: a própria Academia e, incrivelmente, os grandes estúdios. A Academia manté o memso modelo de cerimónio há uns 50 anos, quando o que era Grande era sinónimo de Popular. Hoje em dia, vivemos numa época de transmissões televisivas em que uma cerimónia com quase 4 horas não resulta. Na verdade, o déficit de atenção que vai afectando o cidadão do século XXI acaba com qualquer hipótese de esta resultar. Eu próprio, que tenho acomapnhaod várias cerimónias nos últimos anos, reconheço que a principal dificuldade é aguentar os prémios menos importantes, e os númeors de dança, e afins. Bem cortado, o que interessa nos Óscares podem encaixar-se em duas horas, talvez um pouco menos. Por este andar, qualquer dia os Óscares tornam-se numa espécie de Natal dos Hospitais, o alvo de piadas de stand-up comedians facilististas.
Os grandes estúdios são culpados, porque fazem o que é costume: não apoiam os filmes menores, que habitualmente têm mais qualidade e são nomeados. Sendo assim, é óbvio que não chegam ao público. O objectivo dos Óscares é precisamente reconhecr mérito artístico. É estúpido pedir à Academia que nomeie filmes conforme a sua popularidade. Se assim fosse, teríamos "Transformers" a receber o prémio de Melhor filme, e eu não queor imaginar que tipo de silêncio embaraçoso se estabeleceria no Kodak Theatre se isso acontecesse. "Juno" provou, este ano, de que o público norte-americano não é tão estúpido como parece: é. afinal, um filme palavroso, sobre uma adolescente grávida, e com um aspecto indie que rendeu mais de 100 milhões de dólares, o que o torna um hit. Mesmo filmes como "No country for old men" e "There will be blood" rondaram os 50 milhões de dólares em receitas, o que é bastante bom para filmes tão negros, complexos e violentos. Urge uma reflexão sobre este aspecto, que será importante não só para os Óscares, como também para os estúdios e, por conseguinte, para o futuro do cinema.

3 - 3 Óscares para "The Bourne ultimatum", mesmo sendo técnicos. 0 para "Transformers". Mesmo nas catgeorias técnicas, a qualidade efectiva de um filme começa a pensar.

4 - Jon Stewart esteve brilhante. Muito mais à vontade que na sua primeira aparição como host há dois anos, esteve aquilo que o seu papel requere: o dono da casa que recebe os convidados, atira umas alfintedas, enquanto os faz sentir bem acerca da festa onde estão.

5 - Nunca tinha reparado em como Tilda Swinton é mesmo estranha; e os irmãos Coen parecem extraterrestres caídos neste planeta.

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