sábado, agosto 30, 2008

O sabujo


Os Democratas acabaram o seu congresso e o candidato adversário, John McCain, já mostrou que a campanha vai ser marcada por tácticas sabujas. Nada que me espante na política norte-americana, seja ela de Democratas ou Republicanos, mas McCain inventa uma jogada tão audaciosa em perversidade como arriscada no seu possível resultado prático: anunciou para sua candidata a Vice-Presidente Sarah Palin, governadora do estado do Alasca.
isto é genialidade: no momento em que o paryido Democrata está dividido pelo fervorosos (e idiotas) apoiantes de Hillary Clinton, que se recusam a votar no candidato do seu partido porque não é Clinton, McCain oferece-lhes um clone ginecológico. Essa é aliás a única razão, a meu ver, pela qual um tipo veteraníssimo que passou a pré-campanha a criticar a inexperiência de Barack Obama escolhe uma mulher que é Governadora há apenas dois anos, ainda por cima num estado sem importância política relevante e totalmente afastado de centros de decisão política. Alguém que, há um mês, disse numa entrevista não saber o que fazia um Vice-Presidente e que defende valores totalmente contrários aos Democratas. Apenas por ser mulher. Eele está a dar a deixa aos dissidentes do partido rival para pensarem não com a cabeça, mas com a vagina. Apesar de serem homens.

Obviamente, os apoiantes de Hillary Clinton nunca ouviram Ben Folds. Mas McCain.,já.

sexta-feira, agosto 29, 2008

Decisions, decisions


Nos últimos dias a minha vida tem sido nisto.

Uma voz a martelar-me a cabeça insistente, dizendo com reprovação:

There you go, giving a fuck when it ain't your time to give a fuck

And I give.

E a voz conclui, com ar de quem vive há muitos anos:

Happy now, bitch?

Aula de catequese


quarta-feira, agosto 27, 2008

5 filmes incrivelmente másculos: parte 1

Há que definir muito bem este conceito de filme másculo antes de se começar. Para já, o critério de quantidade de homens não existe. Podemos assistir a uma cena com 100 espécimes do sexo masculino do ecrã, mas cujos cromossomas X foram apagados algures na infância, estando agora a meio caminho entre o coninhas e o frouxo.
Depois, um homem bonito não faz um filme másculo. A saga "Ocean's" tem de tudo para todos os gostos: tem Clooney, tem Pitt, tem Damon e tem Garcia e Cheadle se estiverem para aí viradas. No entanto, onde está a dureza? Se virmos o filme sem som, parece um episódio alargado de "Queer eye for a straight guy".
Por fim, que acções podem ser definidas como masculinas? Depois destes Jogos Olímpicos, jogar à bola não; e após ler notícias sobre bombistas suicidas mulheres, aleijar gente também não. Pelo menos, o aleijar no geral. Actividades específicas como "1 homem contra 100" ou psicótico assassino são bem viris. Será melhor que fiquemos pelo mais óbvio dos clichés: beber, veículos motorizados, higiene específica do homem, conversas sbre quem tem a pila maior e sobre engates e proezas sexuais... A bem da eterna simplificação do espécime masculino (porque somos todos assim, certo?), vamos arrepiar caminho por aqui. Sem mais delongas:

1 - "Goodfellas": Ora aqui está uma fita que começa com uma frase que atravessa a cabeça de muitos meninos: "As long as I can remember, I always wanted to be a gangster". O personagem de Henry Hill tem várias atitudes másculas ao longo do filme: show-off no engate (quando leva a potencial namorada a um restaurante fino, enquanto é cumprimentado por toda a gente, desde o criado ao dono do restaurante), tem várias amantes e recebe estimulação oral na cozinha, antes de sair para o trabalho. Para mais, é mafioso. No entanto, é um menino, comparado com os seus dois amigos mafiosos, Jimmy Conway e Tommy de Vitto. Conway aniquila alguém apenas porque pensa que este está a preparar alguma e Vitto porque lhe apetece. Ambos vestem fatos que não são parolos, mas também não são bons. Nada de questões de moda. Ah, e Conway e Vitto são interpretados por Robert de Niro e Joe Pesci.

2 - "Die Hard": Esta é uma escolha lógica, se pensarmos bem. John Mclane, o personagem principal do filme, tem de combater sozinho um bando de facínoras armados até aos mamilos. Nós, homens, gostamos disto. Para além disso, fá-lo descalço, o que é corajoso e idiota em simultâneo. Na sua demanda, mostra-se não razoável para com o vilão, que é o paradigma da sofisticação assassina e da capacidade de negociação (ou seja, qualidades altamente femininas), e fá-lo através de atitudes infantis e ditos que ficam no ouvido, mas não querem dizer nada (yippie-kay-ay, motherfucker). Usa um wife-beater, o que é uber testosterona. O único senão é a razão pela qual o filme se desenrola: Mclane viaja até Los Angeles para se reconciliar com a mulher. Isto é como admitir a derrota perante o inimigo. No entanto, homens mais sábios reconhecerão que esta história de lutar conra terroristas para ganhar a afeição da mulher é um daqueles esquemas malucos de engate, tão queridos ao espécime macho.

3 - "Predator": Há am hipótese série de que este é O filme mais macho de todo o sempre. Uma olhada pelo elenco bastaria para se concluir este simples facto. Quer dizer, temos Arnold Scwarzenegger, Bill Duke, Carl Weathers (hei, Apollo Creed), o antigo lutador de wrestling Jesse Ventura, o argumentista de "Arma mortífera" Shane Black, o índio dado a bulhas em bares Sonny Landham e o hispânico Richard Chaves. Isto é um concentrado de testículos multi-étnico, capaz de fazer o mais maricas dos toureiros virar homem a sério. Se isto não bastasse, o filme encarrega-se de reafirmar as credencias da fama destes semi-deuses: Bill Duke barbeia-se no meio do mato com uma faca do tamanho da minha perna, e sem qualquer tipo de espuma; Jesse Ventura usa como arma de eleição uma metralhadora Gatlin que habitualmente é utilizada em helicópteros. E carrega-a mato fora!; 64 pessoas morrem ao longo do filme; e claro, temos frases clássicas que são epítomes de masculinidade: "You're one... ugly motherfucker!"; "Stick around"; "If it bleeds, we can kill it"; "I ain't got time to bleed". Arnie acaba o filme a combater o Predador todo nu na selva. Isto é de macho.

TO BE CONTINUED...

terça-feira, agosto 26, 2008

Querido diário...


Woody Allen escreveu uma espécie de diário para o jornal New York Times, acerca da rodagem do seu mui aguardado "Vicky Christina Barcelona", um filme com Javier Bardem Penelope Cruz e Scarlett Johansson. E sim, os meus dedos começaram a arder compulsivamente quando escrevi estes três nomes. A fita tem sido bastante elogiada, com um "regresso à boa forma", que lhe dão de tr~es em três filmes... Ao que parece, podem haver Óscares envolvidos.
Ficam aqui alguns excertos das suas impressões da experiência: a sua relação com os actores, a cidade de Barcelona, as suas rotinas pessoais...

MARCH 5

Met with Javier Bardem and Penélope Cruz. She’s ravishing and more sexual than I had imagined. During interview my pants caught fire. Bardem is one of those brooding geniuses who clearly will need a firm hand from me.

APRIL 2

Offered role to Scarlett Johansson. Said before she could accept, script must be approved by her agent, then by her mother, with whom she’s close. Following that it must be approved by her agent’s mother. In middle of negotiation she changed agents — then changed mothers. She’s gifted but can be a handful.

JUNE 1

Arrived Barcelona. Accommodations first class. Hotel has been promised half star next year provided they install running water.

JUNE 5

Shooting got off to a shaky start. Rebecca Hall, though young and in her first major role, is a bit more temperamental than I thought and had me barred from the set. I explained the director must be present to direct the film. Try as I may, I could not convince her and had to disguise as man delivering lunch to sneak back on the set.

JUNE 20

Barcelona is a marvelous city. Crowds turn out in the streets to watch us work. Mercifully they realize I’ve no time to give autographs, and so they ask only the cast members. Later I handed out some 8-by-10 photos of myself shaking hands with Spiro Agnew and offered to sign them, but by then the crowd had dispersed.

AUG. 10

I suppose it comes with the territory. As director one is part teacher, part shrink, part father figure, guru. Is it any wonder then that as the weeks have passed, Scarlett and Penélope have both developed crushes on me? The fragile female heart. I notice poor Javier looking on enviously as the actresses bed me with their eyes, but I’ve explained to the boy that unbridled feminine desire for a cinema icon, particularly one who wears a sneer of cold command, is to be expected. Meanwhile when I approach the set each morning bathed and freshly scented, between Scarlett and Penélope there is a virtual feeding frenzy. I never like mixing business with pleasure, but I may have to slake the lust of each one in turn to get the film completed. Perhaps I can give Penélope Wednesdays and Fridays, satisfying Scarlett Tuesdays and Thursdays. Like alternate-side parking. That would leave Monday free for Rebecca, whom I stopped just in time from tattooing my name on her thigh. I’ll have a drink with the ladies in the cast after filming and set some ground rules. Maybe the old system of ration coupons could work.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Umas palavras sobre o feminismo...

Bill Maher é um tipo que referi aqui há uns tempos e que, bem, diz umas verdades. Aqui, aborda o feminismo. Esta semana, estreou um documentário, "Religulous", por si conduzido, sobre o porquê de sermos religiosos. Mal posso esperar.

sábado, agosto 23, 2008

Reviews rápidas


"Wall-E"

É difícil classificar "Wall-E", porque apelidá-lo de filme de animação é entrar em terreno pantanoso. A razão? É radicalmente de qualquer filme de animação que tenham visto recentemente. Não se esforça por debitar palavras e piadas, não faz meta-referências fáceis e não tem personagens comic relief óbvios. Se alguém duvidasse da diferença, tinha o trailer de "Madagascar 2" a passar antes do filme.
A história é simples: 700 anos depois deos humanos terem deixado a Terra entulhada de lixo e portanto, impraticável para a vida, Wall-E, uma unidade robôtica de condensação de lixo, ainda trabalha, sendo o último modelos da sua marca, que, na prática, governava a Terra. Tanto tempo dotou-o de algo que se pode comparar a uma personalidade e o pequeno robô começa a imaginar se haverá algo para lá da sua tarefa e do sue mundinho. É então que aterra uma nave e chega Eve, um robô de última gereção que parece ser filha da relação entre dois Ipod.
"Wall-E" começa com 40 minutos sem qualquer diálogo que não sejam 3 palavras: Wall-E, Eva e Directiva. Parece quase bizarro que se aposte comercialmente num filme assim, e no entanto resulta. Para mais, temos um personagem robô, que não tem uma cara definida, sem qualquer um dos traços que habitualmente transmitem os nossos estados de espírito: não tem sobrancelhas, não tem boca, não tem bochechas. tem apenas uns penetrantes olhos em cima de umas linetas. Ainda assim, é mais expressivo do que boa parte dos personagens que vimos recentemente em filmes de animação. Isto é cortesia de Ben Burtt, que lhe fez os efeitos sonoros, e é conhecido por ter inventado um batalhão de línguas para os personagens da saga "Star Wars".
O filme transmite mensagens, mas nunca as atira à nossa cara. Nós percebemo-las se tivermos dois dedos de testa. O subtexto ecológico e a subtil crítica à nossa bela capacidade de não querer fazer nada se houve um comando e um sofá está presente num futuro em que toda a gente é obesa. Apesar de se aventurar pelo futuro, e envolver uma pleiade de robôs e de naves, "Wall-E" é menos um filme de ficção científica e mais uma história de amor dleicada, com apoio no musicla "Hello Dolly" e a impossibilidade que é duas unidades robóticas, Wall-E e Eve, terem mais químicas faíscante do que muitos actores de carne e osso. Duas sequências em particular estão entre as mais românticas do ano e fazem-nos esquecer por momentos que estamos a assistir a um filme de animação, algo que se no varre da cabeça à medida que o filme se desenrola.
Um triunfo da Pixar, o melhor filme da companhia, a par de "Toy story 2" (e estamos a falar do estúdio com uma taxa de praticamente 100% de obras-primas, o que não desprestigia os filems anteriores) e o vencedor antecipado da categoria de Melhor filme de animação. Wall-E, o personagem, é das criações mais deliciosas dos últimos anos, um emulador de Chaplin preso num corpo de robô; "Wall-E", o filme, é a prova de como se pode agrdar às massas e a quem gosta de cinema a sério, sem medo de voltar a ser criança e sentir o sue coração a palpitar por algo em estado puro.



"Hellboy 2"


Guillermo del Toro fez um interlúdio entre o seu magnífico "El laberinto del fauno" e a épica empreitada que vão ser os dois filmes de "O hobitt" e voltou a pegar num dos seus heróis favoritos: Hellboy, criação de Mike Mignola. O primeiro filme fora já um excelente exercício escapista, que pertencia mais à cabeça de del Toro do que aos nossos hábitos blockbusterianos: o mundo mágico de mitos, as criaturas fantásticas, os próprios freaks que são Hellboy, Abe Sapien e Liz podiam ter mesmo saído da cabeça do mexicano.
Tendo já introduzido o mundo do personagem anteriormente, "Hellboy 2" passa logo ao que se quer, ou seja, à acção. é um filme mais rápido, mais fluido, mais ritmado que o primeiro. A história envolve uma coroa que controla o temível Exército Dourado e um desejo de vingança de um príncipe elfo, Nuada, relativamente aos humanos, que com a sua ganância, vão aniquilando um mundo mágico que não sabem existir. A história é tipicamente Deltoriana, nos seus valores.
O filme ganha desde logo por pormenores triviais, como a vida no interior do BPRD (o departamento onde trabalham Hellboy e colegas), a turbulenta vida a dois entre Hellboy e Liz, e o o aprofundar do personagem Abe Sapien, que tem direito a uma história romântica neste segundo filme. Apesar de soar a um filme de grupo, o centro é Hellboy e em boa hora o realizador lhe dá mais tempo de antena, não só em cenas de acção, mas acima de tudo para demonstrar como Ron Perlman é perfeito para a sua personagem, com o seu humor seco e o seu ar de eterno adolescente que, mesmo sendo filho do Diabo, tem como grande desejo pertencer ao mundo humano, apenas para concluir que isso será impossível e que esse sonho não é sonho para ninguém: ninguém deveria querer pertencer ao nosso mundo.
Um belo filme do género fantástico, ideal para quem gosta de ver um dos melhores realizadores do género a trabalhar.

terça-feira, agosto 19, 2008

Desculpa Pequim 2008


Acho que o maior confronto deste Pequim 2008 é entre as exageradas e hiperbólicas expectativas portuguesasquando a medalhas e a óbvia incapacidade dos atletas portugueses em lidar com essa pressão. Arnaldo Abrantes, atleta dos 200 metros, disse que quando viu o estádio cheio, as pernas baquearam, que aquilo não eram condições para ele... Temos ouvido desculpas que nem precisavam de ser dadas, se tivéssemos a real noção daquilo que normalmente fazemos em Jogos Olímpicos. Na verdade, a vermos bem, não estamos muito diferentes do normal. Acho estranho, claro, que cheguemos a Pequim com campeões mundias, campeões europeus, líderes de rankings, e no fim de contas, os resultados sejam os mesmos de sempre. Mas isto parece-me sintoma de algo que não tem a ver com o valor real dos atletas. Acho que é falta de noção do noção do que éesta compettição, ond ehá atletas que abdicam de provas internacionais só para treinar. É uma diferença de mentalidade.
A melhor desculpa deste Pequim de 2008 é uma prova disto. Marco Fortes acabara de não se apurar para a final do lançamento do peso. Ninguém esperava nada dele, podia ter simplesmente aplicado qualque frase desportiva cliché, tipo "São isto os Jogos Olímpicos", ou, "Há aqui atletas em grande forma", mas saiu-se com uma "Isto não é hora para andar a lançar o peso. De manhã é para estar na caminha. Quando estava a lançar o peso, só me apeteceia esticar as pernas num colchão."

E é assim...

A pior invenção do século XX...


... foi o politicamente correcto. Uma idiotice sem fim que leva a que as sensibilidades se exagerem e que faz com que as coisas mais inocentes pareçam ofensas e que piadas destinadas a um alvo sejam desviadas para outro. Na semana passada, assistimos a organizações de deficientes malharem em "Tropic thunder", a prometedora nova comédia de Ben Stiller, pois a certa altura, Thug Speedman, personagem que no filme é uma deveta de filmes de acção grunhos, decide que está na altura de ganhar um Óscar e que o melhor é interpretar um deficiente mental. A certa altura, discute com outro personagem a melhor maneira de interpretar por causa dos prémios, e este replica-lhe que o melhor é não ir "full retard". Escusado será dizer que isto é uma grande bicada nos actores que se vendem por prémios e que se acham altamente importantes e senhores do mundo. Algumas almas viram nisto um desprezo pela condição de deficiente mental, o que, e agora vou ser incorrecto, me faz pensar essas organizações não serão elas próprias encabeçadas por deficientes mentais. Mas daqueles que não têm medo de ir "full retard".
Uma semana antes, a selecção de basquete espanhola foi chicoteada em público, por causa da foto acima exibida. Eles fazme aquilo que qualquer criança faz quando se lhe pede que interprete o chinês: puxam os olhos para o lado. Olhos em bico. A China ficou ofendida; mas aqui, com razão. A China evoluiu. Hoje, tem costumes que podiam ter sido utilizados para melhor retratar a alma oriental: a selecção espanhola podia ter dramatizado o massacre de Tiannamen; talvez a dramatização de repressão policial sobre estudantes; o aprisionamento do Dalai Lama; os postes da selecção a fazer de torres de fábricas deitando fumo para o céu. Mas escolheram os olhos em bico. Malditos jogadores! Toda a gente sabe que o desporto não desenvolve inteligência.

Para além dos chineses, jornalistas do lado de cá decidiram que era uma oportunidade a não perder de alinharem pelo lado chinês. O mesmo que fora desmascarado dias antes por ter usado um playback e efeitos digitais na cerimónia de abertura. Custou a muita gente que a cerimónia fosse um estrondo. E como pegar na questão dos direitos humanos saiu de moda (e seria, convenhamos, uma simplificação redutora daquilo que é a complexidade chinesa, uma regime opressor democráico, ou vice-versa), vamos lá a ser picuinhas. Potque toda a gente sabe que por aqui, nunca se fez aquilo em cerimónias oficias. Jamais! Respeito aos artistas! Não ao playback! Excepto nos Óscares; e nos Grammys; e nos Emmys; e na Eurovisão; e...

Como eu disse, a pior invenção do século XX.

segunda-feira, agosto 18, 2008

"The X-Files: I want to believe"


Quis esperar uns dias até fazer a crítica deste filme. Afinal, a série "The X-Files" é uma parte importante do meu processo de crescimento. Não estou a exagerar. Para além de ter sido importantíssimo no definir da minha sensibilidade de escrita, tornou-se uma das coisas com que sou identificado, para o bem e para o mal. A minha devoção a esta série é tão grande que a tentei enfiar em todos os campos da minha vida, mesmo nos escuteiros, e uma vez no secundário, quando um teste de Francês calhou no dia dos meus anos, a professora espetou um tema para fazer composição sobre a série como prenda de aniversário, apenas porque era universalmente conhecido que eu seguia Mulder e Scully como um farol.
Sim, eu sou um X-Phile. Admito-o. Mesmo com o final da série, não descansei. A primeira coisa que comprei quando a FNAC se instalou em Coimbra foram as primeiras duas tmeporadas da edição britânica da série (na altura, nenhuma luminária se lembrara de as editar em Portugal). Qualquer suspiro de Chris Carter, era para mim uma esperança de renascimento da série; e comecei a ver "Californication" apenas e só porque David Duchovny entrava (depois, como já aqui analisei, descobri que é uma bela série). Logo, a minha avaliação do filme estará contaminada. Ficam avisados
Não convém revelar pormenores da trama. Nem vou, não preciso. Digo apenas isto: este filme só será apreciado inteiramente por quem seguiu toda a saga da série, inclusivé a 8ª e 9ª tempoaradas. Isto porque o filme não se concentra num caso paranormal, como era apanágio da série. Aliás, o caso em si tem mais a ver com ciência do que com sobrenatural. O filme é acima de tudo sobre a relação de Mudler e Scully e o que aocnteceu nestes seis anos em que não tivemos a sua companhia semanal, pois o tempo real foi respeitado. Uma das críticas que vejo mais vezes apontada a esta fita é a falta de crença que os actores parecem demonstrar no filme. Meus amigo,s aquilo é propositado: Mulder e Scully estão envelhecidos e dez anos de desgaste, de levar constantemente porrada de inimigos invisíveis, de lutar contra o futuro, de procurar a verdade, têm o seu efeito. Quem estava à espera de os ver felizes e contentes, e a saltar cantando, não conhece a série devidamente; e se conhece e pensou isto, bem, não percebeu minimamente o trajecto dos personagens. Tirando um ou outro pormenor de fundo, o que é compreensível numa série com 200 episódios, o local onde os encontramos emocionalmente faz sentido. De certa forma, pergunta o que acontece aos pares perfeitos que concretizam uma tensão sexual de anos e passam a viver numa relação. Para descobrirem, vejam o filme.
Um ponto que podemos apontar como desapontante é o argumento. Mas isto é uma questão de gosto: eu queria um caso paranormal, Chris Carter não mo deu. Na verdade, isso não me surpreende. Na série, as coisas estavam bem divididas. Chris Carter está muito mais à vontade a lidar com questões científicas e filosóficas do que com terror puro e o sobrenatural a sério. "The post modern Pormetheus" e "Triangle", os dois episódios que ecsreveu e que foram nomeados para os Emmys, são exercícios de estilo sobre experimentação genética que dá para o torto e vortex temporais. Este carácter da escrita de Carter está mais evidente em "Millennium", uma série que, a nível de ambiente e temáticas, tem muito mais a ver com este "I want to believe". Daí que, por entre o melodrama de Mulder e Scully, o caso em si não respire, e é aqui que tanto fã acérrimo, como o espectador normal vão sentir o filme a coxear. Dá pena, pois apesar do pendor decorativo dos dois agentes do FBI interpretados por Amanda Peet e pelo rapper XZibit, Billy Connolly compõe um padre pedófilo que tem visões de vítimas de crimes bastante interessante.
São Mulder e Scully e a sua dinâmica que nos atraem ao filme, às suas temáticas e ao constatar que os desafios da série não desapareceram. Num pequeno pormenor delicioso, quando Mulder e Scully estão na sede do FBI, olham para uma foto de George W. Bush e imediatamente a reconhecida melodia de sete notas tonais em Ré Maior que compõem o tema da série soa. Riso garantido, e a lembrança de quem o lema "Trust no one" não morreu. Nunca morrerá. É por isso que "The X-Files" é das séries mais relevantes que o medium televisivo jamais nos ofereceu. Este filme, com pena, não é tão relevante. Mas é um presente de Chris Carter para os fãs. E por isso, obrigado Chris. 2012 está aí à espreita, um terceiro filme vinha a calhar...

sábado, agosto 16, 2008

Um senhor


"Quero agradecer aos portugueses, porque toda a gente vê as minhas provas e quero pedir desculpa, porque estão a pagar para eu estar aqui e não consegui chegar à final. É um momento mau, porque esse é o meu trabalho. Queria dar pelo menos a final. Sinto-me na obrigação de pedir desculpas, porque esse é o meu trabalho e pagam-me para fazer isto. Deixei o meu país ficar mal."

Não se queixou dos árbitros; não disse "A culpa é ds Federação, que não nos apoia"; não apontou o clima e a poluição como causa do falhanço.
Francis Obikwelu é o nosso segundo campeão olímpico.

(O primeiro fora João Neto, vocês viram o quanto o homem estava quebrado quando foi elimiado nos -79kg no Judo? Derrota psicológica por ippon!).

quarta-feira, agosto 13, 2008

Especial: 10 grandes episódios de "The X-Files"


1 - "Ice", 1x08: Mulder e Scully vêem-se numa base polar, no Árctico, habitada por cientistas que investigam amostras de gelo bem, bem antigas, depois de um incidente, envolvendo uma pistola, uma bala e um corpo humano ter levado o FBI a investigar o caso. A resposta é um pequeno verme que encontra o sue caminho até ao cérebro do hospedeiro, alimentando-se do sue hipotálamo e ijntectando adrenalina no sangue. Um episódio pleno de paranóia, desenrolando-se totalmente na base e um prodígio de tensão com pouco mais do que a natureza humana e alguns efeitos prostéticos a causar-nos calafrios.

2 - "Squeeze", 1x03: O terceiro episódio de toda a série, e o primeiro a não envolver OVNI, inaugura oficialmente o esquema monster of the week que viria a marcar a primeira temporada da série. Aqui, temos um clássico: Eugene Tooms, um homem que consegue distender o seu corpo de modo a passar por qualquer tipo de entrada e precisa de se alimentar de figos para poder sobreviver. Aoesar de ser uma das criaturas mais memoráveis da série, o terror vem do medo universal de alguma coisa inesperada entrar em nossa casa, por onde não esperamos, com o intuito de nos fazer mal, muito mal.

3 - "Beyond the sea", 1x13 - É o primeiro episódio a abordar realmente a perosnagem de Dana Scully e logo com um evento trágico: a morte do seu pai, cuja visão a céptica Scully tem no momento emq ue este morre, a quilómteors de distância. Mas o caso é sobre um serial-killer, Luther Lee Boggs, no corredor da morte, que se diz psíquico e vai dando informações ao FBI sobre um outro serial-killer que está a actuar. Para além do tenso jogo de quid pro quo entre Scully e BOggs, na linha de "o silêncio dos inocentes", há a brilhante interpretação de Brad Dourif, um homem cuja cara parece ter sido esculpida pela equipa de maquilhagem de "The X-Files"

4 - "Darkness falls", 1x20 - Um alerta ecológico contra o desbaste de florestas. E estamos em 1993, sem alarmices Algorianas. Um factor paranormal é um mimo: ao derrubar árvores no estado de Washington sem apelo nem agravo, uns lenhadores libertam uns insectos que estavam hibernados e que começam, implacavelmente, a matar gente. A partir do momento em que Mulder, Scully e dois representantes da empresa dos lenhadores são obrigado s a ficar trancados numa casa, é a pura claustrofobia, monstrando que mesmo neste planeta cheio de cidades, ainda há muitos espaços onde estamos completamente indefesos.

5 - "The host", 2x02: Russos, problemas com radiações e um parasita do tamanho de uma mota nos esgotos de Baltimore. Enough said.

6 - "Duane Barry", 2x05 - Numa das participações especiais mais memoráveis da série, Steve Railsback interpreta Duane Barry, um homem que afirma ser raptado frequentemente por extraterrestres e que toma de assalto uma agência de viagens, fazneod várias pessoas reféns. Mulder, como especialista em tudo o que é spooky, é chamado para negociar. O episódio tem duas partes e na segunda, Scully é raptada, naquele que foi um dos pontos de viragem da série.

7 - "Fearful simmetry", 2x18 - A abertura deste episódio ficou-me na memória muito tempo depois de o ter visto: uma força, aparentemente invisível, derruba tudo à sua passagem numa cidade, matando um trabalhador de umas obras na estrada. Mais à frente, deparamo-nos com um elefante, morto de exaustão, deitado no alcatrão. Um gigantesco WTF atravessa-nos a cabeça e parece que tem tudo a ver com jardins zoológicos, extinções e extraterrestres que mostram mais preocupação pela nossa fauna do que nós.

8 - "Dod Kalm", 2x19 - Mulder e Scully são enviados à Noruega, quando são desobertos corpos de mairnheiros de um navio norte-americano que parecem ter envelhecido anos numa questão de dias. Este episódio contém momentos importantes no desenvolvimento da relação entre Mulder e Scully, e também a curiosidade de ver os protagonitas como se tivessem de 80 anos para cima. Para além disso, o gimmick é uma delícia.

9 - "The calusari", 2x21 - Uma fotografia tiradas segundos antes de um miúdo de dois anos morrer parece mostrar uma intervenção espiritual em todo o rpocesso; e quando outra pessoa na família morre, a avó chama os Calusari, que são exorcistas à romena. Terror em doses cavalares e possessões demoníacas com fartura, num episódio que nos lembra que esta série, de vez em quando, tem como único objectivo causar-nos pele de galinha.

10 - "Humbug", 2x20 - Este episódio marca o momento em que o wonder boy Darin Morgan escreve pela primeira vez para a série. Morgan, que viria a escrever dois dos melhroes episódios de "The X-Files", aborda aqui um caso que decorre numa comunidade composta apenas e só por freaks circenses, como mulhere sbarubdas, o homem que come tudo e a mulher sereia. Uma pequena delícia, o paranormal no meio do anormal, e uma pequena homenagem ao vaudeville e aos tempos de PT Barnum.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Força aí, miúda!


Telma Monteiro não ganhou nenhuma medalha e já li e ouvi chamarem-lhe desilusão e fracasso. A miúda tem 21 anos; então e se não subiu ao pódium. Dez milhões de portugueses também não.
E lembrem-se: ela é das únicas atletas giras da comitiva olímpica portuguesa. Já viram as tipas do remo? Então, vejam e dêem graças.
Telma, 2012, 2016 e talvez 2020. Esquece lá as chinesices e força aí, miúda!

quarta-feira, agosto 06, 2008

"The dark knight"


Estive várias semanas sem escrever coisas a sério para os clientes deste blog, porque, pronto, há preguiça e um segundo buraco no meu rabo, o que lido assim desta maneira faz com que eu pareça saído do filme "O expresso da meia-noite". Mas não. Foi mesmo um bisturi que o fez. No entanto, prometi a mim mesmo que regressaria mal visse "The dark knight". Isto porque desconfiava que seria, vou usar a minha expressão geek para quando gosto mesmo de uma obra cinematográfica, uma puta de filme. E é. Não é uma puta de filme de super-heróis; ou a puta de um blockbuster. É uma puta de Filme. Assim mesmo, com F maiúsculo, que é como o referirei ao longo desta review, e para afastar de vez preconceitos generalizados.
"The dark knight" não é uma sequela directa do filme anterior. Fora um pequeno cameo que não revelarei, não há ligação directa com a história de "Batman begins". Basicamente, Batman conseguiu cumprir o que desejava: quebrar o domínio da Mafia, inspirar medo nos criminosos e criar uma reacção na apatia das pessoas, reacção essa que surge simbolizada por Harvey Dent, procurador-geral de Gotham que usa a filosofia "doa a quem doer" e consegue ser esse oxímoro que é o advogado idealista. Este envolve-se com Rachel Dawes, a ex do alter-ego de Batman, o milionário Bruce Wayne, agora mais habituado ao seu disfarce de playboy internacional. No entanto, o desbaratar da Mafia deixou um vazio no submundo criminoso. É aqui que entra o Joker, indivíduo misterioso cujo vestuário parece saído de uma produção de Filipe la Féria, e com um tempramento que, acredito, o lendário encenador não desdenharia.
É aqui que entra o bizarro, porque falamos de um blockbuster, ainda por cima um que envolve heróis de BD. A referência mais louvável que tenho nesse campo é, obviamente, "Batman returns", um dos grandes filmes dos anos 90, uma obra que trasncende o género de "filme de BD" para se transformar numa reflexão sobre anormais. Enfim, um género em si mesmo, o género de Tim Burton. Sempre soube que um filme deste tipo podia ser uma metáfora para problemas existenciais e pessoais. O que não sabia, e me apanhou de surpresa neste "The dark knight", é que os filmes de BD podem ser uma reflexão sobre filosofia, política e moral. Porque em última instância, o fiulme é tudo isto, e é isso que me fascina. Para além de ser um filho das dores existenciais pós-11 de Setembro, "The dark knight"coloca questões incómodas, sobre a natureza do bem e do mal, o que é humanidade e sobre o que está assente a sociedade em que vivemos, ou, noutras palavras, até onde é que as pessoas aguentam ser civilizadas, qual o momento a partir do qual vale tudo. Qual o momento em que o Joker passa a ser o símbolo do comportamento... Pelo meio, e como se isto já não bastasse, entretém-se a dissecar a natureza do heroísmo e a validade de lutarmos por causas. Tudo isto em duas horas e meia, embrulhado por entre belas sequências de acção e personagens que são arquétipos dos valores em choque do filme, como qualquer uma das boas histórias e eopepias mítico-mitológicas antigas, que ainda hoje nos fascinam. No fundo, os personagens são complexos, mas ressoam naquilo que representam: Batman é um herói, cujo desrespeito pelas leis é necessártio, mas não será isso condenável e até fascista?; o Joker como a Anarquia e Coas em abstracto, o elemento que puxa o herói até ao limite, que não pode ser derrotado pela força bruta, porque tira tanto gozo da destruição que provoca como da destruição que provocam nele; Harvey Dent como o verdadeiro herói trágico deste filme. E vamos ficar por aqui no paleio sério que já pareço João Lopes. E acreditem: por muito que respeite o homem, ele não nasceu para gostar de blockbuster snorte-americanos. A não ser que Spielberg os realize.
Christopher Nolan excede-se na realização do filme. Embora, a certa altura, pareça não conseguir aguentar todo o arcaboiço do filme, resiste e leva três histórias que davam cada uma um filme num todo razoavelmente coeso. Melhrou mesmo na execução e filmagem das cenas de acção, aumentando a sua dimensão e filmando a Chicago que é Gotham como uma personagem integrante do filme. É lamentável que ainda não tenha aprendido a filmar cenas de luta: fá-las da mesma maneira, e sempre mal. Mas realmente, para quem escolhe actores como ele, isso é um pormenor de somenos: falar de Heath Ledger é reduzir o que ele faz no ecrã. Na sala em que vi o filme, o público estava completamente preso a Ledger, e este é o único elogio que me vão ouvir dizer. Tudo o resto já ouviram por aí. Aaaron Eckhardt ainda não é uma estrela nbão sei como, porque ele consegue representar com igual eficácia as duas, digamos, faces de Harvey Dent. A meu ver, a representação mais esquecida do filme (tirando o apagamento brilhante de Gary Oldman na personagem de Gordon) é Christian Bale. Soturno, sorumbático, lacónico, ele é o o que aguenta o filme, por entre os verdadeiros murros do estômago que vamos recebendo. Não se deixem enganar: apesar do enorme sucesso que está a ter, não estamos em território do feel good movie. A única luz que vemos ao fundo do túnel, por vezes, é a abnegação de Batman, ver até onde ele está disposto a ir para defender Gotham, e a decência, mesmo quando o mais indicado seria fazer o contrário. Bale representa tudo isto de forma brilhante.

Para não alongar m uito a coisa, vão ver. Quanto mais não seja, para se unirem a todo um conjunto de críticos em Portugal que está a deitar abaixo um filme que tem sido universalmente louvado. E sim, eu tenho de dizer isto rque é merecido: obrigado, Heath Ledger.