terça-feira, agosto 19, 2008

A pior invenção do século XX...


... foi o politicamente correcto. Uma idiotice sem fim que leva a que as sensibilidades se exagerem e que faz com que as coisas mais inocentes pareçam ofensas e que piadas destinadas a um alvo sejam desviadas para outro. Na semana passada, assistimos a organizações de deficientes malharem em "Tropic thunder", a prometedora nova comédia de Ben Stiller, pois a certa altura, Thug Speedman, personagem que no filme é uma deveta de filmes de acção grunhos, decide que está na altura de ganhar um Óscar e que o melhor é interpretar um deficiente mental. A certa altura, discute com outro personagem a melhor maneira de interpretar por causa dos prémios, e este replica-lhe que o melhor é não ir "full retard". Escusado será dizer que isto é uma grande bicada nos actores que se vendem por prémios e que se acham altamente importantes e senhores do mundo. Algumas almas viram nisto um desprezo pela condição de deficiente mental, o que, e agora vou ser incorrecto, me faz pensar essas organizações não serão elas próprias encabeçadas por deficientes mentais. Mas daqueles que não têm medo de ir "full retard".
Uma semana antes, a selecção de basquete espanhola foi chicoteada em público, por causa da foto acima exibida. Eles fazme aquilo que qualquer criança faz quando se lhe pede que interprete o chinês: puxam os olhos para o lado. Olhos em bico. A China ficou ofendida; mas aqui, com razão. A China evoluiu. Hoje, tem costumes que podiam ter sido utilizados para melhor retratar a alma oriental: a selecção espanhola podia ter dramatizado o massacre de Tiannamen; talvez a dramatização de repressão policial sobre estudantes; o aprisionamento do Dalai Lama; os postes da selecção a fazer de torres de fábricas deitando fumo para o céu. Mas escolheram os olhos em bico. Malditos jogadores! Toda a gente sabe que o desporto não desenvolve inteligência.

Para além dos chineses, jornalistas do lado de cá decidiram que era uma oportunidade a não perder de alinharem pelo lado chinês. O mesmo que fora desmascarado dias antes por ter usado um playback e efeitos digitais na cerimónia de abertura. Custou a muita gente que a cerimónia fosse um estrondo. E como pegar na questão dos direitos humanos saiu de moda (e seria, convenhamos, uma simplificação redutora daquilo que é a complexidade chinesa, uma regime opressor democráico, ou vice-versa), vamos lá a ser picuinhas. Potque toda a gente sabe que por aqui, nunca se fez aquilo em cerimónias oficias. Jamais! Respeito aos artistas! Não ao playback! Excepto nos Óscares; e nos Grammys; e nos Emmys; e na Eurovisão; e...

Como eu disse, a pior invenção do século XX.

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