segunda-feira, agosto 18, 2008

"The X-Files: I want to believe"


Quis esperar uns dias até fazer a crítica deste filme. Afinal, a série "The X-Files" é uma parte importante do meu processo de crescimento. Não estou a exagerar. Para além de ter sido importantíssimo no definir da minha sensibilidade de escrita, tornou-se uma das coisas com que sou identificado, para o bem e para o mal. A minha devoção a esta série é tão grande que a tentei enfiar em todos os campos da minha vida, mesmo nos escuteiros, e uma vez no secundário, quando um teste de Francês calhou no dia dos meus anos, a professora espetou um tema para fazer composição sobre a série como prenda de aniversário, apenas porque era universalmente conhecido que eu seguia Mulder e Scully como um farol.
Sim, eu sou um X-Phile. Admito-o. Mesmo com o final da série, não descansei. A primeira coisa que comprei quando a FNAC se instalou em Coimbra foram as primeiras duas tmeporadas da edição britânica da série (na altura, nenhuma luminária se lembrara de as editar em Portugal). Qualquer suspiro de Chris Carter, era para mim uma esperança de renascimento da série; e comecei a ver "Californication" apenas e só porque David Duchovny entrava (depois, como já aqui analisei, descobri que é uma bela série). Logo, a minha avaliação do filme estará contaminada. Ficam avisados
Não convém revelar pormenores da trama. Nem vou, não preciso. Digo apenas isto: este filme só será apreciado inteiramente por quem seguiu toda a saga da série, inclusivé a 8ª e 9ª tempoaradas. Isto porque o filme não se concentra num caso paranormal, como era apanágio da série. Aliás, o caso em si tem mais a ver com ciência do que com sobrenatural. O filme é acima de tudo sobre a relação de Mudler e Scully e o que aocnteceu nestes seis anos em que não tivemos a sua companhia semanal, pois o tempo real foi respeitado. Uma das críticas que vejo mais vezes apontada a esta fita é a falta de crença que os actores parecem demonstrar no filme. Meus amigo,s aquilo é propositado: Mulder e Scully estão envelhecidos e dez anos de desgaste, de levar constantemente porrada de inimigos invisíveis, de lutar contra o futuro, de procurar a verdade, têm o seu efeito. Quem estava à espera de os ver felizes e contentes, e a saltar cantando, não conhece a série devidamente; e se conhece e pensou isto, bem, não percebeu minimamente o trajecto dos personagens. Tirando um ou outro pormenor de fundo, o que é compreensível numa série com 200 episódios, o local onde os encontramos emocionalmente faz sentido. De certa forma, pergunta o que acontece aos pares perfeitos que concretizam uma tensão sexual de anos e passam a viver numa relação. Para descobrirem, vejam o filme.
Um ponto que podemos apontar como desapontante é o argumento. Mas isto é uma questão de gosto: eu queria um caso paranormal, Chris Carter não mo deu. Na verdade, isso não me surpreende. Na série, as coisas estavam bem divididas. Chris Carter está muito mais à vontade a lidar com questões científicas e filosóficas do que com terror puro e o sobrenatural a sério. "The post modern Pormetheus" e "Triangle", os dois episódios que ecsreveu e que foram nomeados para os Emmys, são exercícios de estilo sobre experimentação genética que dá para o torto e vortex temporais. Este carácter da escrita de Carter está mais evidente em "Millennium", uma série que, a nível de ambiente e temáticas, tem muito mais a ver com este "I want to believe". Daí que, por entre o melodrama de Mulder e Scully, o caso em si não respire, e é aqui que tanto fã acérrimo, como o espectador normal vão sentir o filme a coxear. Dá pena, pois apesar do pendor decorativo dos dois agentes do FBI interpretados por Amanda Peet e pelo rapper XZibit, Billy Connolly compõe um padre pedófilo que tem visões de vítimas de crimes bastante interessante.
São Mulder e Scully e a sua dinâmica que nos atraem ao filme, às suas temáticas e ao constatar que os desafios da série não desapareceram. Num pequeno pormenor delicioso, quando Mulder e Scully estão na sede do FBI, olham para uma foto de George W. Bush e imediatamente a reconhecida melodia de sete notas tonais em Ré Maior que compõem o tema da série soa. Riso garantido, e a lembrança de quem o lema "Trust no one" não morreu. Nunca morrerá. É por isso que "The X-Files" é das séries mais relevantes que o medium televisivo jamais nos ofereceu. Este filme, com pena, não é tão relevante. Mas é um presente de Chris Carter para os fãs. E por isso, obrigado Chris. 2012 está aí à espreita, um terceiro filme vinha a calhar...

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