segunda-feira, janeiro 12, 2009

Entreténs

Nestes tempos frios de Inverno, ficar em casa é cada vez mais uma opção. Ficam aqui 3 sugestões de séries levezinhas para o entretenimento caseiro dos leitores. Foram, ahm, adquiridas por este que vos escreve, e que deixa uma opinião pouco avalizada e especializada.

BURN NOTICE

Michael Westen é um agente especial do governo dos EUA, habituado aos piores cenários de guerra e que é muito bom naquilo que faz. Um dia, inesperadamente, é despedido; só que quando se é agente especial, não se é despedido como normalmente: recebe-se um burn notice e é-se enviado para uma cidade da qual não se pode sair. No caso de Westen, essa cidade é Miami. Enquanto tenta descobrir quem o tramou, Westen, abandonado, vê-se obrigado a confiar nas pocuas pessoas que lhe aparecem pela frente: amigos que o espiam para o FBI, uma ex-namorada irlandesa de tendências psicóticas e um gosto orgásmico por explosões, e, quando estiver mesmo desesperado, na família, nomeadamente uma mãe neurótica e um irmão que só faz asneiras.
"Burn notice" envolve a trama de Michael Westen e a sua investigação com o "procedural" de tratar de pequenos casos, como se fosse um detective privado, em Miami, usando os truques que ganhou enquanto trabalhava para o governo norte-americano. Esta série é uma fusão das habilidades tresloucadas de Macgyver e o estilo cool dos filmes de agentes secretos, com nenhum outro objectivo que não seja mostrar-se boa onda. Para isso contribui Miami, sempre solarenga, o carisma de Jeffery Donovan como Westen (carisma ou um lado granítico do seu estilo de representação que encaixa bem neste personagem) e um elenco de secundários com Gabrielle Anwar e o sempre confiável e mítico Bill Campbell, num papel que poderíamos descrever como Ash na reforma. Satisfatoriamente escrita e com uma realização adequada, é um programa de domingo à tarde para quem anseia pelo Verão e tem saudades de Angus Macgyver a fazer um carro com duas laranjas e um rolo de sisal.


LEVERAGE

"Leverage" parte de um dos princípios mais eficazes de popularidade entre os espectadores: o princípio Robin Hood, onde pessoas fazem coisas más por razões nobres. No caso, é um grupo de larápios que rouba aos ricos, poderosos e mauzinhos para ajudar gente como eu e tu, que se vê enrolada nas maquinações dos sistema. Tendo em conta a actual crise económica e o capachinho levantado aos bancos e demais instituições económicas pelo seu papel principal na derrocada financeira, é a feel good series do ano.
Nathan Ford, o líder da trupe, já trabalhou para uma insituição de seguros, e era mesmo muito bom no que fazia, mas quando o seu empregador negou pagar um tratamento experimental para o filho, que acabou por morrer de cancro, Nathan demitiu-se, passou pelo habitual abismo da insónia e do álcool por uns meses e quando voltou à acção, foi para reunir um grupo de experts bandidos e dar uma de Robin Hood. Os membros, todos mavericks e solitários de início, são escolhidos a dedo (Elliot, um Bruce Lee ocidental que dá sempre jeito ter à mão; Hardison, um negro com aparência de jogador de basquetebol, mas que é tão geek quanto Bill Gates é rico; Parker, enfant terrible, lourinha querida e especialista em assalto e intromissão com muito pouco de juízo restante na cabeça; Sophie Devereaux, a Meryl Streep do banditismo, com tendência a representar melhor quando envolvida em actividades criminosas do que em palcos a sério).
A série é entretenimento puro, sem grande preocupação cerebral, com o ocasional problemazinho de personagem para garantir que estas não se tornam protótipos. No entanto, com as voltas e reviravoltas de cada argumento, o nosso apetite por aventuras improváveis fica satisfeito. O destaque vai para o grande e muito subaproveitado pelo entretnimento em geral Timothy Hutton, que só com o seu talento e carisma suporta metade da série e faz com que os restantes companheiros de elenco pareçam 10 vezes melhores. Seguindo a recente moda televisiva, convida-se um grande actor e a série, mesmo não sendo brilhante, funciona automaticamente. É o que se passa com "Leverage", que se aconselha vivamente a quem gostou da saga "Ocean's, avisando-se desde já que Clooney, Pitt e Damon foram passar férias.



THE MENTALIST

A televisão actual está cheia dessa praga que são as séries de investigação de crimes. Por isso, começamo-nos a perguntar se precisamos realmente de outra. Vendo praticamente metade da primeira temporada desta nova série, a resposta é: sim, precisamos. Pelo menos desta. Porquê? Simples: ao contrário dos CSI, de "Medium", de "Mentes criminosas" e outros sucedâneos, onde as provas forenses e os perfis criminais são o motivo da festa, em "The mentalist"reduz-se a investigação ao mais básico e óbvio - a observação do comportamento humano.
A série, criada por Bruno Heller (também conhecido como o extraordinário criativo por detrás da magnífica "Rome", e que aqui se vira para o mainstream), tem como protagonista Patrick Jane, um antigo charlatão, que se fazia passar por psíquico, e que após a família ser morta por um serial-killer chamado Red John, que ele tinha feito o favor de insultar, tem uma, vá lá, crise de fé, e dcide pôr ao serviço da polícia o seu real talento, que é o de reparar e interpretar as mínimas acções das pessoas, estudando o seu comportamento para descobrir quem é culpado de um crime. A série podia não ter que contar e passar-nos ao lado, mas o facto é que Simon Baker, como Patrick Jane, encarna um princípio (o de saber ler os outros) que outro personagem televisivo conhecido tem (Gregory House), mas com um comportamento diferente: Jane é levemente arrogante, mas sedutor, convincente confiável, o que, em si, mostra o quanto o personagem é bom na análise do nosso comportamento enquanto humanos. Quase sempre com um sorriso nos lábios, ele arranca às pessoas aquilo que quer. Esta é uma série formulaica, sem grande complexidade, mas vale por ser quase um CSI antropológico, sem nódoas de sangue e DNA; mas com algo quase indelével, que é a nossa essência humana.
E se daqui a uns tempos ouvirem esta premissa mas com personagem diferentes, não estranhem: "Lie to me", com Tim Roth, sobre um especialista em detectar mentiras no comportamento das pessoas, está prestes a estrear na Fox.

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