quarta-feira, fevereiro 25, 2009
A VERGONHA
Sim, eu sei que era previsível e que eu antevi e essa coisada toda, mas não posso deixar de dizer que atribuir os Oscar de melhor filme a "Slumdog millionaire" é a VERGONHA! Como tenho escrito sempre em maiúsculas, faço questão de ser coerente. Já aqui dei a minha opinião sobre o filme, achei-o bom, mas havia pelo menos dois filmes superiores: "Milk" e "The curious case of Benjamin Button". Não será a primeira, nem a última, vez que a Academia premeia o filme que menos merece (ou que pelo menos nomeia filmes que não merecem a distinção), mas quando se estava emocionalmente investido numa obra, como eu estava, torna-se difícil de engolir. No fundo, os Oscars foram o que sempre são, ou seja, um reflexo do tempo presente; e de momento, a esperança está a caminho. É muito melhor premiar uma obra de força positiva universal do que um tratado sobre a passagem do tempo, a vida e a morte. Parecendo que não, a morte e a passagem do tempo são coisas pouco positivas.
De resto, justiça na atribuição do Oscar a Penelope Cruz, e também a Heath Ledger. Vi nove em dez interpretações nas categorias secundárias (faltou-me Michale Shannon, em "Revolutuonary Road", e ambas eram as mais fortes na respectiva categoria, deixando de ser meros papéis para se tornarem em abstractas forças da natureza. Para melhor actor, Sean Penn foi uma boa escolha, tão boa como Mickey Rourke. Era uma questão de opção: a habildiade Penn em desaparecer no seu personagem ou as viscerais força e pungência de Rourke, num incrível desempenho em "The wrestler".
Nas categorias técnicas, não me oponho à maior parte dos prémios ganhos pelo filme de Danny Boyle (que merece aquele Oscar, porque o filme dele; David Fincher tem um trabalho superiormente mais difícil, mas não achei um Oscar mal atribuído, tanto mais que Boyle é um dos tipos mais originais a trabalhar no cinema actual), porque se pode sempre argumentar a seu favor. Agora, direcção de fotografia e banda sonora são dois flagrantes erros de casting. A banda sonora de "Slumdog millionaire" é um agrafado de sampes, canções pop e orquestrações banais, longe de representar aquilo que é bom na música de um filme. Os trabalhos de Alexandre Desplat, em "Benjamin Button", e Thomas Newman, em "Wall-E" são claramente superiores, e até se escutaram excertos durante a cerimónica prová-lo. Quanto a fotografia, embora Anthony Dod Mantle tenha um registo interessante por detrás da frenética câmara de Danny Boyle, penso que esta seria uma competição entre Claudio Miranda, na citada obra de Fincher, e Wally Pfister, em "The daki knight". O cinema como arte ficaria muito mais bem servido com estes dois reconhecimentos
Mas enfim, são os Oscars, e todos os anos, cá estamos nós para desilusões e afins. Faz parte da rotina de ver isto e ter interesse pelo careca dourado. Ao que parece, ha mais para o ano; e cá estejamos todos com saúde.
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3 comentários:
Gostei do Oscar politicamente correcto do Sean Penn. E o seu discurso levou-me às lágrimas - foi o momento pateta da noite.
Bruno
Eu não consigo encontrar interesse nos Óscares!!!
gostei do oscar de Sean Penn. Porque acredito no discurso e, mais do que isso, nos valores por detras do discurso. não acho pateta. acho sim pateta que achem que isto dos direitos das pessoas seja pateta. mas enfim...
beijinhos, complex
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