
O dia de Portugal é espectacular, principalmente para quem não anda aí nos cafés a dizer "os espanhóis é que deviam tomar conta disto". Quem estivesse pelo menos uma hora, como eu estive, numa praia espanhola, mordia língua e arrancava os olhos, como penitência por tais blasfémias.
O mais espectacular acerca do dia de Portugal é a quantidade de conceitos errados que temos acerca do nosso país. Não, este post não se vai debruçar longamente acerca disso, até porque ao que parece, o fraco ADD de alguns clientes do estaminé não permite textos muito compridos. Ficam aqui 3 pequeninos pormenores da nossa História que provaveçmente desconhecem.
1 - Ninguém sabe ao certo onde foi a batalha de Ourique
Verdade, verdadinha. Afastando todos os contornos míticos da batalha em si (Jesus aparece a D. Afonso Henriques; 5 reis mouros com exércitos maiores que o Mar Negro; um acontecimento excitante nas cercanias do Alentejo), ninguém pode afirmar com total certeza onde se desenrolou o confronto, o que é incrível, tendo em conta que se chama "Batalha de Ourique", e que é um acontecimento que faz parte do espírito português, como prova o significado do brasão da nossa bandeira. Aliás, há até quem diga que nem sequer foi uma verdadeira batalha! Discutem-se Mértola, Castro Verde e obviamente Ourique, mas há quem desloque a acção para Norte, perto deLisboa.
2 - Isabel de Aragão (aka rainha Santa Isabel, taralalalala) era uma herege...
As certezas não são absolutas, mas um facto consumado é o de que Isabel de Aragão, cleberada por toda a eternidade como um paradigma de beatismo católico se correspondia com indivíduos que a Igreja contemplava gulosamente para a fogueira, como por exemplo Arnaldo de Vilanova e Raimond Lull, dois alquimistas do nordeste espanhol. Estes homens eram reconhecidos sábios no seu tempo, nas áreas científica e mística, mas já se sabe que, historicamente, estes são os primeiros indivíduos a terem uma conversinha com os dominicanos. Isabel chega a chamar Volianova de "grande mestre", o que implica uma relação de discípulo/aluno. Foi, talvez, através de Isabel que entrou no nosso país uma das ideia smais duradouras da mitologia nacional: as três idades de Joaquim de Fiore, que conduziram à criação do Culto do Espírito Santo em Portugal, uma estranha mistura de doutrina católica e paganismo à portuguesa, que sempre sofreu reprimendas por parte do Papado, mas que ainda sssim vingou e continua forte actualmente, nomeadamente nos Açores (o culto do Paracleto) e na zona de Tomar.
Long story short, sim, é provável que pelos padrões da altura, Isabel de Aragão fosse uma herege.
3 - Os Portugueses chegaram à América antes de Colombo
Afastando-nos da questão das reais lealdades de Cristóvão Colombo e de que Eric, o Vermelho terá sido realmente o primeiro europeu a atingit o continente americano (embora provas arqueológics obriguem a teorizar acerca dos romanos também, e nem nos vamos meter nas viagens ao contrário, ou seja, de nativos americanos que deram à costa na Europa), é um facto com várias provas a seu favor de que bacalhoeiros portugueses, liderados por Gaspar Corte-real, terão chegado ao Canadá por volta de 1465. Jaime Cortesão, um dos principais nomes da investigação histórica portuguesa, sempre preferiu a hipótese de Diogo de Teive ter chegado em 1452 à Terra Nova, que usa como fonte principal o filhod e Colombo, que afirmou que o pai copiou uns mapas feitos por um tal Diogoe de Teive que 40 anos antes de Colombo, chegara à zona do Labrador, no norte do Canadá. Claro que Colombo utilizou como referência um planisfério árabe anterior, pelo menos ao século XII, que já mostrava praticamente toda a costa do continente americano, e até um pouco da Antárctida, mas isso são outras histórias a serem discutidas noutros lugares. O que se retém é que a descoberta de Colombo tem muito pouco de realmente inovador.