sábado, junho 06, 2009

Não fazer reféns


Tenho habilidades sociais que rasam o nulo. Isto é uma verdade com a qual tenho lidado desde há muito. Tenho muito pouca paciência para o superficial e para as pessoas em geral, mas ao mesmo tempo, tenho uma enorme paciência para aturar os outros. Parece contraditório, mas não é. Posso ficara ouvir os outros durante horas, se precisarem de desabafar ou se tiverem problemas. É algo que me aproxima dos padres, à falta da fé religiosa (e que possibilita estranhas situações dentro de provadores de lojas de lingerie também), mas também me afasta dos gajos bem sucedidos pois parece haver uma correlação entre rapazes que estão lá para ouvir as raparigas e a sua condição de solteiros. Cientistas do Botswana estão a estudar este fenómeno e posteriormente, serão publicados os seus resultados.
Situações em que estou perante pessoas que não conheço acabam por se transformar em algo de alucinante e imprevisível. A minha timidez natural evolui rapidamente para incontinência verbal contínua e se bem que nunca me torne chato (aparentemente), por outro lado não fico interessante com a passagem dos minutos. Ou até fico, e até posso aproveitar, mas nunca me dá para isso. Soa a suicídio, e é capaz de ser. Mas pelo que certas pessoas me dizem, o princípio de suicídio parece estar na base da minha relação com as pessoas. Antes de começarem, já eu estou a pensar em que como elas vão acabar, porque todo o tipo de ideias peregrinas me passam pela cabeça: a pessoa vai-me achar desinteressante ou chata, vai passar a andar com outras pessoas; vai-se aperceber que sou um bluff; nunca vai conseguir aguentar as minhas tendências maníacas. Sem querer, ou talvez com esse propósito bem definido, saboto-me. Como se ao entregar-me a outras pessoas, estivesse a condená-las a uma existência tormentosa. E sim, já reparei que tenho uam tendência para o egocentrismo e que esa maneira de me ver como uma praga é pouco mais do que um pessimismo egocêntrico e de auto-importância.
Há um verso de uma canção, em que o autor se intitula: "My own worst friend and my own closest enemy". Hoje, revendo alguns minutos do meu dia, fico exactamente com essa sensação, mas amanha passa e ac ulpa é dos outros. Navegar entre a autoflagelação e a paranóia aguda: quem disse que a existência humana é aborrecida?

1 comentário:

Post-It disse...

Hmmm, isto é um tratado de culpa ou desculpa, miúdo?
É que se estás disposto a pagar a factura, tudo bem. Agora se te incomóda, talvez devesses pensar em mudar.