sexta-feira, junho 19, 2009

Bater no morto


Há uma coisa que em Portugal sempre foi moda, desde que a nossa democracia estabilizou, é atacar o governo em vigor. Permite-se-lhe uma estado de graça, que pode ir de meio ano a um ano e depois, é cascar. Tenha-se ou não se tenha razão. No caso do governo socrático, há bastantes motivos para apontar críticas e defeitos, mas aparentemente, motivação válida é coisa que não interessa muito para quem critica. Tudo o que se puder apanhar para mandar é utilizado. É a natureza da besta política.
A entrevista do primeiro-ministro à SIC foi logo motivo de chacota e achincalhamento momentos a seguir ao término, como pude constatar nalguns twitters que sigo. O homem tinha sido mole e doce, e por isso, ridículo. Quando ele era arrogante e assoberbado, também era mau, por isso, Sócrates teráde escolher uma terceira via. Pode optar pelo banana, mas acho que alguém também ia implicar com isso. As críticas não vieram apenas de políticos, mas também de jornalistas. Ora, eu sempre pensie que a motivação dos jornalistas era informar e não opinar, mas desde há muito que isso deixou de ser problema, oq ue sugere que o código deontológico do jornalista devia ser mudado. O jornalismo português é muito de modas. Quando Sócrates era colocado num pedesteal e fazia asneiras, eram elogios e críticas à oposição que bloqueava a capacidade de decisão do brilhante George Clooney português; agora que já é seguro malhar no homem, um mínimo espirro com baruho bizarro leva logo a perguntas acerca do novo aeroporto.
Pena que essa capacidade de crítica não seja aplicada a quem está na moda. Paulo Rangel, que levou o PSd a uma vitória na eleições europeias, disse ontem na SIC Notícias que a entrevista a Sócrates lembrava as "Conversas em família" e que isto era um prenúncio de regresso ao neo-marcelismo. Em primeiro lugar, acho Paulo Rangel um bronco. É umaopinião que fundamento em perspectivas políticas e também no sue uso da língua portuguesa, que o transformam no equivalente a Jorge Jesus no mundo político. Depois, comparar Sócrates a Marcelo Caetano entra naquele espírito tão lindo que é equiparar qualquer governante aos antigos senhores do Estado Novo. Em Portugal, resulta: o fantasma de Salazar ainda paira sobre nós, porque deixamos, e é um argumento populista de primeira água. No tempo marcelista, existiam, entre outras coisas, uma censura oficial, o aprisionamento de muitos opositores do governo e a manutenção de uma guerra colonial. Rangel prova que tem o raciocínio de um cacao e o rei na barriga. Na verdade, parece-me o ideal para uma figura destacada do PSD.
Claro que isto não saiu em destaque em lado nenhum, não só porque chegámos à banalização da noss aprópria memória, como por aqui, só se bate em quem está moribundo.

10 comentários:

João Saro disse...

Sorry, mas a entrevista ao Sócrates foi uma piada, na minha opinião, de mau gosto. O menos é ainda a representação de Sócrates que via-se que andou a afinar a voz, mas aquela entrevista foi uma conversa quase à Mário Soares. Um pouco exagerado, sei, mas a jornalista parecia estar a fazer uma entrevista sobre um livro ou uma associação de caridade.

1ª nota - os jornalistas podem fazer opinião, sim! Devem é claramente distinguir de notícia.

2ª nota - não te vi tão preocupado na altura do Santana em que toda a gente o comparou a Marcelo Caetano (e foi opinião generalizada, ao contrário de agora).

3ª nota - essa comparação do Paulo Rangel ao Jorge Jesus é muito foleira. Não sei em que te baseias, mas acho que é hábito teu julgar mal as pessoas por um ou outro erro que possam ter tido ou porque achas que não estão ao nível que defines... e basta ver o teu post para ver uns erros, que sei serem descuido e que toda a gente tem.

Podia haver mais algumas notas, mas se fosse a dar a minha opinião a fundo sobre a questão deste post, nunca mais saía daqui. Ficam alguns reparos, que não passam de mera opinião.

Anónimo disse...

Política é importante. São eles que tem 'coragem' para se oferecer a governar um país.

No entanto está tudo tão cheio de aldrabices, falsas promessas, figuras ridículas, erros, etc que fazem os políticos cair em descrédito. Ah e nisto os portugueses são bons.

Por opção, não me informo mais sobre estes temas e especificamente não vou opinar sobre esta entrevista porque não a vi/ouvi.

Não desgosto do Sócrates, neste momento não há líder partidário à altura e vou apostar na BWIN em como ele ganha as próximas legislativas.

p.s-prefiro beber umas minis sem falar em política.

JP

João Saro disse...

JP,

Eu não fã de Sócrates, mas prefiro que seja ele a ganhar (sem maioria absoluta) do que a MFL. Sempre tem mais visão para o país. Mas aconselho-te a ser um pouco mais reservado onde gastas o dinheiro. Apesar de achar que PS vai ganhar, a coisa está bem mais baralhada do que antes de 7 de Junho.

Opá, quanto às minis, há conversas melhores, mas eu gosto de falar/discutir política... acho tão interessante como discutir de futebol, sinceramente. (e falamos muito mais de futebol :p )

Rita disse...

concordo a 100% com o joao saro, posts 1 e 3 (que raro...eheheh)
sim, pq eu tb gosto de politica...com a unica diferença de que gosto bem mais de politica do que de futebol.
e sim, a entrevista foi palhacada...dele. foi falsinho, falsinho.
ela, podes nao gostar do estilo, mas é coerente...as entrevistas dela sao smp assim...calmas, as x a roçar o monocórdico...

Anónimo disse...

'falsinho, falsinho'...
Se me conseguirem apontar 2 ou 3 políticos 100 % verdadeiros, honestos, respeitadores, etc, pago um fim de semana no hotel 7* do Dubai. e como cortesia ofereço uma Moet Chandon.

JP

João Saro disse...

O Obama ainda conta? lol

Rita, podes estar certa quanto ao estilo dela (não me lembro dela a entrevistar políticos), mas estranho estranho achei a incoerência de critério, porque na anterior o Ricardo Costa foi para além do papel de entrevistador (exagerou no meu ver) e pouco tempo depois a sequela foi o oposto.

Rita disse...

aponto sim sr (3 politic@s honestos)...e sabes em quem estou a pensar.
beijinhos

Anónimo disse...

ah ah ah..dá-lhes tempo.
isso é pior que o benfiquismo irracional do meu pai.

JP

luminary disse...

Se me conseguires apontar 3 seres humanso 100% honestos, respeitadores, verdadeiros, dou-te o que estás a oferecer e ainda um passe para o elevador do Mercado válido durante um mês. Três pessoas, em qualquer área, inclusivé venda de esquentadores. O ênfase está no 100%.

Anónimo disse...

O que é que a venda de esquentadores tem a ver para o caso? Há alguma coisa de desonesto ou desrespeitador nisso?

Começa-se no Paulo Rangel e termina-se a falar no meu emprego..enfim.

JP