quarta-feira, abril 26, 2006

Mais um ano!



Passou-se ontem mais um ano desde que se deu o 25 de Abril, essa data charneira do século XX português. Uma data tão marcante que actua quase como uma fractura na psique portuguesa, que, bem lá no fundo, ainda acredita que utopia é igual a libertinagem e que mal vê qualquer coisa a chatear-lhe o quintal, mesmo que a chatice seja leg+itima, brade aos céus que fascismo nunca mais e 25 de Abril sempre.
Está-me a parecer que o comum portuguê,s mesmo o que viveu a época, se está a esquecer que o 25 de Abril não foi apenas um dia: foi um período de 1 anos e picos, no sue ponto alto e finalizou no 25 de Novembro, já aqui referido; e o Conselho da Revolução, mentor das políticas mais imediatas de pós-25 de Abril, só foi extinto em 1982. O conceito de liberdade é todo muito bonito, mas penso que, tantos anos depois, está na altura de deixarmos de embelezar o 25 de Abri. Foi profundamente importante para a vida actual, a democracia é uma coisa bonita, fascistas num buraco bem tapados, mas vejamos as coisas com clareza.
E ainda mais, vejamos as coisas! Tirando uns documentários do Canal História e a transmissão do filme "Capitães de Abril" (o "Música no Coração" deste feriado), não vi fazer-se alarde da data que se vivia. Um pouco mais de respeito, meus senhores. 25 de Abril ainda é Revolução e em muitos aspectos, vivemos numa sociedade, principalmente ao nível mental, do antes da revolução. Leia-se o livro de José Gil "O medo de existir" e percebe-se um pouco melhor porquê. Portanto, lembremos sempre essa manhã em que, incrível, até Paulo de Carvalho foi um herói e uma figura respeitada. A carga mítica a isto obriga.

2 comentários:

LupinLongo disse...

25 de abril sempre, capitão salgueiro nunca te esqueceremos.

Rita disse...

o meu dia 24 de abril foi passado, em parte, a palmilhar Coimbra em busca de um livro para crianças que explicasse o 25 de Abril. Em vão, está claro... Surpreende-me ainda e sempre, para além da falta de livros mesmo dedicados ao periodo 25.04-25-11, a falta de filmes, peças de teatro, pinturas, esculturas e tudo o que é arte. Muito porque os artistas costumam estar na vanguarda dos movimentos e ser os 1os a acabar com os silêncios e as invisibilidades dos assuntos políticos. É estranho e não é. 20 anos e picos sem falar 'a serio' do tabu deixa mossas...acho que há em muitos o medo de abrir a caixinha dos ventos incontroláveis e acabar com a doce amnésia ou pacto de silêncio sobre o que se passou. É uma pena. Eu gostava de saber muito mais sobre 'a' data e, de preferência, na 1ª e 2ªs pessoas.