Depois do "amar do fundo do coração", parece-me que há outro chavão sobre o qual é preciso de reflectir com emergência. Falo do lema oficial dos bons samaritanos que é "aceitar a opinião dos outros". O que significa aceitar a opinião dos outros? É isso que urge discutir.
Toda a gente vive rodeada de espécies diferentes de pessoas. No meu caso específico, tento aceitá-las, porque mal do mundo que todos sejam ou iguais a mim ou a imagem de perfeição que idealizamos na nossa cabeça. Se aceitar é isto, ou seja, ouvir os outros e consciencializarmo-nos de que eles têm tanto direito a uma opinião como nós temos, e que há milhões de pessoas diferentes, estou aí, esse chavão cliché é um dos meus modelos. Eu próprio tenho opiniões bastante estúpidas às vezes e há gente que as aceita (não são muitos, mas essa minoria silenciosa anda por aí) e isso é uma coisa muito boa e que muito estimo.
Agora, se aceitar significa ouvir e não discordar, porque parece mal fazê-lo, eu não sou desses. Se um tipo chegar ao pé de mim e disser "Era agarrar numa katana e cortar os pretos todos ao meio, que são a escória da sociedade", eu não só vou discordar argumentativamente, como me vou descabelar ao ouvir tal coisa. Acho que como seres humanos, devemos ter valores de respeito mútuo e da percepção de que existem mundos diferentes onde determinados valores podem faezr sentido. Mas quando certas afirmações chocam com os valores pessoais de cada um, mesmo que isso seja aceitável noutro país ou noutra cultura, acho que temos não só o direito à exasperação, como o dever de demonstrar esse mesmo sentimento. Não será porventura a coisa mais certa dentro do que é designado o politicamente correcto, mas quantas ditaduras homicidas se mantiveram no poder devido ao politicamente correcto?
Se existe o direito à diferença, existe também i direito à livre opinião e à defesa dessa livre opinião. O grande problema do conceito de "aceitar a opinião dos outros" é delimitar uma linha racional e aceitável de modo a que os dois conceitos não colidam. Eu decerto não o consigo fazer. Limitei-me a lançar a minha opinião. Cumpram serviço público e digam de vossa justiça.
sábado, abril 29, 2006
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2 comentários:
antes de mais, parece-me importante dizer que para respeitar uma opinão é preciso que alguém a tenha. ter opinião sobre algo não é simplesmente dizer: eu acho "isto" pq sim. há que argumentar e precisar os fundamentos de uma opinião. assim, posso dizer que respeito uma opinião, mesmo que não concorde com ela, explicando eu os meus argumentos e ouvindo os da outra parte. por outro lado, põe-se a questão de quem sabe do que fala, ou não, e de quem sabe mais ou menos do que fala. se alguém me disser que "era matar os pretos com uma katana" que me exlpique os seus motivos pessoais, sociais e/ou históricos para o fazer... mas se o fizer, não me parece que a sua opinião será essa... é uma questão de profundidade, "brothers"... mas a questão de respeitar a opinião do outro não é só ouvir e contrapor argumentos, é tb saber ouvir quando se trata de alguém que sabe mais que nós...
Vitor H.
Concordo inteiramente. Grande Blog! eu reconheço que me engano e que outra pessoa tem razão; quando me apresentam argumentos convincentes dou razão, apesar de ser do mais teimoso que existe. Mas também há momentos em que é preciso concordar em discordar: que disse que era preciso "ganhar" e ter razão?
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