sábado, outubro 21, 2006

Reviem rápida: "The black dahlia"


Embora casos por resolver sejam frequentes, o que dá o mote para o filme, o de Elizabeth Short (ou "Black Dahlia") é um daqueles que permanece na memória colectiva do púlico, não só porque não foi resolvido, mas também devido aos pormenores macabros do homicídio. O caso deu-se em Los Angeles, em 1947, e era inevitávels que o cronista moderno da Los Angeles dos anos 40 e 50, James Ellroy, o mesmo que escreveu o magnífico "L.A Confidential", pegasse no caso para criar mais um livro, o que aconteceu; e foi assim que nasceu a trama do filme, que acompanha dois ex-pugilistas, tornados polícias, na caça do assassino de Elizabeth Short. Pelo meio há Scarlett Johansson, a fazer de ex-prostituta no meio dos dois homens, e Hillary Swank, a fazer de menina rica que gostava de ser prostituta.
Este filme de Brian de Palma é dePalmiano até aos ossos, e se isto parece uma redundância, não é é: quantas vezesz já vimos fitas de realizadores a quem estamos acostumados e que parecem tão descaracterizadas? No entanto, é um filme com marca de Palma para o melhor e para o pior: o melhor, obviamente, é a parte técnica de "The black Dahlia". Brian de Palma é um dos maiores virtuosos da câmara da actualidade e filma sempre com uma elegância tal que mesmo quando um filme é mau, é impossível ser completamente mau. Baseando-se no cinema noir (onde "The black dahlia" pertence por completo, com o seu enredo labirítinco e os seus personagens moralmente imperfeitos) e em Hitchcock, para além dos tradicionais travellings e long shots característicos do realizador, é quase como se fôssemos numa viagem e nos deixássemos levar. Para além disto, há a excelente direcção de fotografia de Vilgos Zsigmond e a direcção artística do veterano Dante Fereetti, habitual colaborador de Scorsese. A cena em que se descobre o corpo de Short é simplesmente incrível, quando num só plano-sequência, de Palma captura 4 acções diferentes enquanto decorrem simultaneamente.
Os males do realizadopr também se reflectem, no entanto: a falta de paixão com que aborda os personagens em um argumento que, a partir do meio, anda à deriva, batem certo com grande parte da filmografia do virtuoso. Quem pensar que vai ver um filme sobre a resolução do homicídio, desengane-se: só meia hora da fita é realmente dedicada a esse assunto, o restante centra-se na relação do trio de protagonistas. Mas balançando entre estes dois pontos, o filme não alcança um equilíbrio narrativo, e a partir da morte de um dos personagens, descamba e cai vertiginosamente, como se tivesse sido lançada uma bola de bowling sobre um castelo de cartas. Embora os actores estejam bem (mesmo Josh Hartnett), o filme perde, e muito, com esta falha. É como uma coisa muito bonita com um interior muito fraquinho.
Ah, Scarlett Johansson e Hillary Swank não aparecem nuas, mas são bem boas. E mais a sério, uma referência à fantástica Mia Kirshner, que interpreta Elizabeth Short em pequenas vinhetas a preto e branco no filme. Uma interpretação muito intensa e que merecia mais destaque, fosse o argumento mais centrado em Short.

Nota: 7

1 comentário:

João Santiago disse...

humm..eu gostei bastante do filme. Se calhar com outro a fazer de Bucky.