Enquanto insultava Paulo Coelho (sim, podem-me acusar de falta de imaginação) e percorria alguns blogs, perguntei-me quando é que as palavras começam a ser banais. Quando é que as expressões que usamos para transmitir aquilo que é sempre intransmissível perdem o poder e passar a ser letras escritas ou sons falados. Onde estará o momento em que poder poder mágico de um vocábulo é desvendado e assim apagado? É uma pergunta pertinente, porque provavelmente depende de nós. Acho que as palavras são, de tudo o que temos, aquilo que mais directamente depende de nós. Passam de uns para os outros. Na minha boca, esta é fraca; mas na tua é forte, naquela relação que tens com o outro.
Fascinam-me as palavras. Aborrece-me quando começamos a usar as mesmas palavras em situaçõe semelhantes, como se as pessoas fossem iguais para nós. Como se todas no fizessem sentir a mesma coisa. Devíamos ter palavras diferentes, frases diferentes, para que cada pessoa se pudesse sentir especial, mesmo quando o mundo parece ser tudo menos isso.
Já alguma vez uma palavra vos conseguiu fazer passar de um monte de esterco a um prato de arroz doce quente? A mim já. Algumas vezes. Mesmo que a pessoa do outro lado não soubesse que palavras abriam a minha fechadura.
Serão as palavras também intimidade? E que intimidade têm outras elas?
As palavras sabem o nosso limite quando as usamos. Por isso anunciam o génio de quem as sabe usar, mas também denunciam os impostores que querem ser mais do que são através delas.
Por isso gosto das palavras. De um modo secreto, elas são quem as escreve. Mesmo que se tenha de ler nas entrelinhas. Porque aí também existem palavras.
Nós é que não as vemos à primeira.
E não esquecer que as pessoas também têm entrelinhas. Mas estas já são mais complicadas de se ler.
Chegado este ponto, estas palavras estão cansadas. Ou apenas aborrecidas. Imploram-me que páre. Ponto final.
terça-feira, novembro 06, 2007
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1 comentário:
o início deste post fez-me lembrar os textos da "Carrie", do "Sex& the city".
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