quarta-feira, novembro 26, 2008
O narrador
Confesso que ainda não me habituei à realidade de ser possível que David Fincher, homem cujo celulóide beijo languidamente, seja nomeado para o óscar de melhor realizador este ano, culpa de "The curious case of Benjmain Button". Não me iinterpretem mal: o homem é um génio, e este filme vai possivelmente deixar-me num estado próximo de destroço humano, quando o vir, e assomar à saída completamente salgado da minha torrente de lágrimas. No entanto, ver o "enfant terrible" a ser aceite pela máquina é uma experiência ainda desagradável. Mas hei, este ano, a corrida ao careca dourado está tão bizarra que nada me espanta. Mas esse é um assunto para outro post.
Fincher é um homem do cinema, da realização, de contar histórias. Por mais bizarros que sejam os eues filmes, epor mais variados os temas, o interesse dele é a pulsão narrativa de encadear acontecimentos, pondo ao serviço deste supremo dever de um realizador de cinema o seu arsenal inquestionável de habilidades técnicas. Como disse na minha crítica ao mesmo, "Zodiac" era um objecto dos anos 70 preso no século XXI, e isto deve-se a esse factor. Ele é um clássico iconoclasta, um tipo destinado a fazer avançar o cinema como arte narrativa. O homem é isso tudo, mas não é uma coisa: um relações públicas. estamos a falar do tipo que, quando instado a comentar a sua experiência em "Alien 3", respondeu elegantemente que preferia ter cancro do cólon a realizar outro filme.
A sua habilidade (ou inabilidade) no tratamento da imprensa irá certamente estar mais em foco agora que "Benjamin Button" se começa a assumir como o filme que vai dominar os Óscares deste ano, pelo menos no que toca às nomeações. A habitual ronda de imprensa que os possíveis nomeados têm de fazer todos os anos colocará um deus pessoal meu contra hordas de jornalistas. No primeiro round, aquando da apresentação à imprensa do filme, no sábado, o cenário começou-se a montar. Perante várias perguntas acerca das suas motivações para fazer este filme em específico (que, à partida, parece tão longe das suas áreas de interesse), Fincher encolhia os ombros e respondia que gostara da história. Só isso.AO invés de se lançar em grandes discursos destinados a arrastar os media, Fincher foi simples, honesto e ele mesmo. Que mal há em querermos pôr o que sabemos ao serviço de uma boa história? Jornalistas criticaram-no por este simplismo, mas talvez seja por isso que eu gosto cada vez menos de njornalistas e cada vez mais de Fincher.
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