sexta-feira, dezembro 02, 2005
Ainda há artistas assim
Num mundo do cinema cad vez mais dominado por filmes hiper-publicitados, ocm milhentas entrevistas dos actores, manobras publicitárias em talk shows, entrevistas com fartura, posters a rodos e prendas a membros da Academia, sabe bem ver que há realizadores que se estão a borrifar para o sistema. Steven Spielberg já anunciou que vai abdicar de toda a parafernália habitual de marketing e lançar "Munich", o seu último filme, tal e qual como ele é: um filme; e a seguir, cabe às pessoas discutir o que viram, sem serem influenciadas. Tendo um tema polémico (uma birgada da MOSSAD é encarregue de executar os mentores dos atentados de 1972 em Munique, ligados à organização "Setembro negro"), e tão possível de ligar à actual situação norte-americana, o acto de Spielberg acaba por se mostrar ainda mais corajoso, e também vantajoso num mundo dominado por um discurso formatado, onde pronunciar o pensamento livre é mais um sarilho que um direito.
Apensarmos bem, apenas alguém com o estatuto e craveira de Spielberg se podia dar ao luxo de ignorar directivas de um grande estúdio. Ainda assim, não deixa de ser admirável que algume constatemente criticado por ser um artista conformista, comercial e ligado aos grandes estúdios e ao capital faça algo tão anti-comercial, ainda para mais com um filme seu que é indicado por quase toda a gente como o grande candidato a vencer os Óscares este ano. Resta saber se a qualidade do filme corresponde a este nível de expectativas. Pelo trailer, a mim, parece-me que sim; e quando Spielberg se vira para a seriedade assumida, o mundo treme e aparecem "ALista de Schindler" e "O resgate do soldado Ryan". Vamos lá a ver, Steve.
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