terça-feira, junho 20, 2006

Talentos



Saber escrever é daqueles talentos que pouca gente tem. Para começar, eu não o tenho. Há gente que me diz que tenho jeito para escrever, mas eu nunca fui muito dessa opinião. Quanto muito, tenho sorte quando me ponho a juntar palavras. Tinha de ter sorte nalguma coisa na vida, porra... :)
Saber escrever não é como saber fotografar, ou pintar, ou ter jeito para trabalhos manuais. Normalmente, diz-se que alguém escreve bem quando escreve uma banalidade qualquer que nos soa bem ao ouvido. Foi assim que o Paulo Coelho construiu carreira. Quase todos os grandes escritores que me lembro não foram considerados bons na época e só tiveram sucesso com trabalhos menores, ou depois de ganharem o Nobel, o que é outra coisas que contribui para chamar um escritor de bom.
As banalidades também acontecem nas outras artes que mencionei, mas safam-se muito facilmente hoje em dia, em que tudo o que nos pareça razoavelmente exótico ou esquisito é chamaod de arte. Quem escreve não tem essa sorte. Pontilhar a realidade com as palavras certas ou faezr corresponder cada letra a cada centelha das nossas emoções nunca é muito fácil. É mais simples traduzir algo triste dentro de nós através de uma cor ou de uma imagem do que com uma frase, ou um parágrafo. As palavras, por exemplo, não podem amar. As pinturas podem, as fotos também e mesmo o David de Miguel Ângelo tem pénis.
A sorte que tenho com palavras têm-me sido muito útil ao longo da minha vida estudantil, mas não me tem servido de nada nas restantes áreas. É muito difícil alguém te elogiar por algo que escreveste e que veio do fundo do teu coração e não consigo resolver os meus problemas com a escrita. É uma daquelas coisas que temos e que é razoavlente inútil. Por vezes, penso isso. Escrever fere as pessoas, e eu faço muito isso. Mas por outro lado, quando tenho um caderno à frente e uma caneta na mão e estou para aí virado... É uma sensação de libertação poder descarregar tudo em texto corrido. É uma experiência tão individualmente libertadora que me sinto feliz por estar vivo e poder fazê-la. Escrever pode ser um talento meio inútil, mas há tantas coisas ditas inúteis que fazem com que a nossa vida ganhe tanot sentido...

3 comentários:

Anónimo disse...

Ah bom! Assim já gosto mais. De volta aos posts cómicos de auto comiseração. "Oh silly little me..". A sério, já chateia um bocadinho e tenta fazer uma revisão nos teus textos. É o minimo de respeito que se exige. Se alguém se dá ao trabalho de ler o que escreves, devias, pelo menos, ter alguma consideração por essas pessoas. Compreendes que é chato ler coisas do género "chamaod" ou "tanot", não? Repito, é uma questão de respeito. É só isto.

João Almeida disse...

Bem, primeiro não sei quem é esse tal João F., e espero muito sinceramente que não me andem a confundir com ele!!

Agora numa de "TV Memória" i nem mais a propósito com este post, andava eu em arrumações (daquelas profundas) e dou quase com uma resma de papel religiosamente guardada, qual não é o meu espanto quando me apercebo que é um monte de fotocópias... pois, não eram umas fotocópias quaisquer, eram as "histórias" do Bruno de onde fazem parte enumeras "personagens" facilemente identificáveis no meio ceirense! E lá pensei eu: e quando este gajo escrevia?
Pois é, porque não tentares a tua sorte agora que certamente tens mais meios? Pro ano podes ser tu a lançar o teu livro na Ceirarte, olha o exemplo deste ano!

João Almeida disse...

...ups, só agora é que vi os erros!