Não é para ser desmancha-prazeres, mas no fundo, eleger Obama como Presidente em 2008 nada tem de revolucionário. Afinal, ele é um negro contratado para limpar a merda que alguns ricaços brancos fizeram. Been there, done that, civilization.
Escrevo mesmo neste post, por ser o mais recente. Menos em jeito de piada (esta foi bem pensada... ainda não tinha visto por essa perspectiva), mas só levantar alguns pontos que a maior parte já foi muito dissecada.
1º Para dizer que a vitória até foi bem expressiva, ao contrário do que se pensou inicialmente... são 7% (e ainda se contam votos em estados favoráveis a Obama) de diferença e 364-174.
2º Certamente, para infelicidade da Raquel, o Missouri foi muitíssimo ligeiramente de McCain. Mas, atenção, Kansas City foi claramente Obama ;) (espero que a prenda sirva na mesma)
3º Voltando mais a sério, sob a tão prevista desilusão. Acho que vai acontecer mais na Europa e resto do mundo do que nos States (apesar de também lá vir a haver). Obama não é milagroso e não vai acabar com a pobreza no Estados Unidos ou com a fome no mundo. Por outro lado, não é tão radical quanto uns pensam que ele é. Mas é um grande político e é uma lufada de ar fresco (daquelas que não prevejo para Portugal nos próximos 10 anos, pelo menos). Resta saber o quanto vai conseguir fazer e esperar que consiga ter sucesso.
4º Uma nota para o candidato republicano... cedeu às exigências do seu partido (terror Palin), a uma campanha negativista e pouco produtiva (apesar de tudo não tão má numa eleição deste tipo), não soube ser ele próprio e regressar à sua ala mais independente do seu partido. Disso não se pode queixar, digo eu.
Destaque para o discurso de derrota. Foi, no meu ver, notável e, finalmente, revelou-se mais parecido como o que havia prometido e porque a sua eleição (nas primárias) também fez história no seu partido. Saiu bem na fotografia, mas a o States estão condenados a ver Palin a candidatar-se em 2012... nessa altura, todos vão ter saudades de McCain como candidato. Mais uma vez, acho que também é culpa dele.
5º Uma questão: Obama foi eleito por ser negro? A minha resposta é um não parcial. Ser negro (ou mestiço) é, sem dúvida, um símbolo, mas a imagem sempre esteve na política. No entanto, se não tivesse conteúdo, não teria sido eleito. Foi mais de ano e meio em duas longas e mediáticas campanhas, se não tivesse conteúdo, podem crer que não era eleito. E ainda bem que assim é. o nº que votaram apenas por essa razão deve ser igual ao nº que vota por achar que aquele candidato é mais bem parecido ou porque lhe deu um beijo na feira
6º Não concordo com este artigo que acabei de ler: http://arrastao.org/sem-categoria/sonho-americano/ Não me vou alongar muito por agora, talvez numa próxima, mas até sugiro como tema de um post para ti, Bruno! Só digo que comparar a história de Obama nos EUA a Sarkozy na França é ridículo e que esta vai ser uma tese futura (dou um ano) na Europa ou em parte dela que não consegue ver coisas boas para além das coisas más da América em relação à Europa.
7º Poucos devem ter visto ou noticiado que o discurso de Obama foi antecedido por umas preces em palco de um reverendo e de uma homenagem à bandeira norte-americana. Algo que Ricardo Costa tinha relatado pouco antes (não antevendo que tal voltasse a suceder) por por acaso ter estado, em 2004, na vitória de Obama para o Senado. Algo nada chocante lá, mas confesso que se fosse cá a história do reverendo me fizesse alguma impressão. E acho que a ti, Bruno, também... ou estarei enganado?
Desculpem um comentário tão longo, mas, na verdade, é isto que é pouco largo :p Ah, e sou leitor regular do Arrastão, alguns posts concordo outros discordo, mas há uns como o que mostrei que não consigo perceber a posição ;)
Joaozinho. cá vai, é raro mas estamos plenamente de acordo! gee! há que comemorar. Também não acho que a vitória se deva à raça, mas sim à 'mistica' (em termos escutistas) da campanha do Obama, a história da esperança e da mudança. Acho que a maioria do eleitorado norte-americano está ciente de que as coisas não vão mudar radicalmente, mas nisto da política o modo de fazer as coisas às vezes é tão importante quanto os resultados propriamente ditos (a tala questão da legitimidade das decisões aos olhos das populações). Para além disto, acho que a vitória de Obama tem o mérito de romper, pelo menos simbolicamente, com o legado racista nos EUA e de ter mobilizado, de forma inédita a meu ver, grande parte dos cidadãos norte-americanos normalmente alheados da política, ie. jovens, homens e mulheres, mulheres donas de casa, e pessoas idosas. Gostava de ver algo parecido em Portugal. Mas não. Cá, em matéria de ondas, só existe mesmo a da 'criminalidade violenta'.eheheh beijos
3 comentários:
Fogo!opá!Tu és do piorio!
Mas muito perspicaz, tenho de admitir!
Genial....
Yes, you can!...
Escrevo mesmo neste post, por ser o mais recente. Menos em jeito de piada (esta foi bem pensada... ainda não tinha visto por essa perspectiva), mas só levantar alguns pontos que a maior parte já foi muito dissecada.
1º Para dizer que a vitória até foi bem expressiva, ao contrário do que se pensou inicialmente... são 7% (e ainda se contam votos em estados favoráveis a Obama) de diferença e 364-174.
2º Certamente, para infelicidade da Raquel, o Missouri foi muitíssimo ligeiramente de McCain. Mas, atenção, Kansas City foi claramente Obama ;) (espero que a prenda sirva na mesma)
3º Voltando mais a sério, sob a tão prevista desilusão. Acho que vai acontecer mais na Europa e resto do mundo do que nos States (apesar de também lá vir a haver). Obama não é milagroso e não vai acabar com a pobreza no Estados Unidos ou com a fome no mundo. Por outro lado, não é tão radical quanto uns pensam que ele é. Mas é um grande político e é uma lufada de ar fresco (daquelas que não prevejo para Portugal nos próximos 10 anos, pelo menos). Resta saber o quanto vai conseguir fazer e esperar que consiga ter sucesso.
4º Uma nota para o candidato republicano... cedeu às exigências do seu partido (terror Palin), a uma campanha negativista e pouco produtiva (apesar de tudo não tão má numa eleição deste tipo), não soube ser ele próprio e regressar à sua ala mais independente do seu partido. Disso não se pode queixar, digo eu.
Destaque para o discurso de derrota. Foi, no meu ver, notável e, finalmente, revelou-se mais parecido como o que havia prometido e porque a sua eleição (nas primárias) também fez história no seu partido. Saiu bem na fotografia, mas a o States estão condenados a ver Palin a candidatar-se em 2012... nessa altura, todos vão ter saudades de McCain como candidato. Mais uma vez, acho que também é culpa dele.
5º Uma questão: Obama foi eleito por ser negro? A minha resposta é um não parcial. Ser negro (ou mestiço) é, sem dúvida, um símbolo, mas a imagem sempre esteve na política. No entanto, se não tivesse conteúdo, não teria sido eleito. Foi mais de ano e meio em duas longas e mediáticas campanhas, se não tivesse conteúdo, podem crer que não era eleito. E ainda bem que assim é. o nº que votaram apenas por essa razão deve ser igual ao nº que vota por achar que aquele candidato é mais bem parecido ou porque lhe deu um beijo na feira
6º Não concordo com este artigo que acabei de ler:
http://arrastao.org/sem-categoria/sonho-americano/
Não me vou alongar muito por agora, talvez numa próxima, mas até sugiro como tema de um post para ti, Bruno! Só digo que comparar a história de Obama nos EUA a Sarkozy na França é ridículo e que esta vai ser uma tese futura (dou um ano) na Europa ou em parte dela que não consegue ver coisas boas para além das coisas más da América em relação à Europa.
7º Poucos devem ter visto ou noticiado que o discurso de Obama foi antecedido por umas preces em palco de um reverendo e de uma homenagem à bandeira norte-americana. Algo que Ricardo Costa tinha relatado pouco antes (não antevendo que tal voltasse a suceder) por por acaso ter estado, em 2004, na vitória de Obama para o Senado. Algo nada chocante lá, mas confesso que se fosse cá a história do reverendo me fizesse alguma impressão. E acho que a ti, Bruno, também... ou estarei enganado?
Desculpem um comentário tão longo, mas, na verdade, é isto que é pouco largo :p Ah, e sou leitor regular do Arrastão, alguns posts concordo outros discordo, mas há uns como o que mostrei que não consigo perceber a posição ;)
Joaozinho. cá vai, é raro mas estamos plenamente de acordo! gee! há que comemorar. Também não acho que a vitória se deva à raça, mas sim à 'mistica' (em termos escutistas) da campanha do Obama, a história da esperança e da mudança. Acho que a maioria do eleitorado norte-americano está ciente de que as coisas não vão mudar radicalmente, mas nisto da política o modo de fazer as coisas às vezes é tão importante quanto os resultados propriamente ditos (a tala questão da legitimidade das decisões aos olhos das populações).
Para além disto, acho que a vitória de Obama tem o mérito de romper, pelo menos simbolicamente, com o legado racista nos EUA e de ter mobilizado, de forma inédita a meu ver, grande parte dos cidadãos norte-americanos normalmente alheados da política, ie. jovens, homens e mulheres, mulheres donas de casa, e pessoas idosas. Gostava de ver algo parecido em Portugal. Mas não. Cá, em matéria de ondas, só existe mesmo a da 'criminalidade violenta'.eheheh
beijos
Rita
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