sexta-feira, setembro 22, 2006

Algo está podre no reino da Hungria


O que tem acontecido nestes últimos dia spor terras húngaras acaba por me surpreender pelo tempo que demorou. De facto, a resolução rápida do problema da passagem para a democracia neste país de leste revelou-se ineficaz. A entrada do país para a União Europeia não disfarça as óbvias tensões e assuntos mal resolvidos que existem entre os húngaros, principalmente no que toca à supressão da identidade húngara de século e séculos de história de ocupação, e a ditadura comunista que deixou uma profunda marca no imaginário nacional. Durante anos os húngaors foram enganados, e esta história de um governo que mente durante 4 anos de governação é capaz de ter chateado um bocadinho as gentes magiares.
O primeiro-ministro Ferenc Gyurcsany dificilmente conseguirá resolver o problema sem alterar o seu governo profundamente. De facto, a política húngara viciou-se antes memsmo de poder passar a ser uma alternativa de mudança, quando os membros das elites políticas se regenraram de repente e passaram a ser as luminárias da democracia de tipo ocidental que se instalou no país. Embora a opressão comunista não fosse tão forte na Hungria como noutros países de Leste, as contas para ajustar estão lá; e não é coincidência que a primeira coisa a ser queimada no domingo tenho sido o monumento aos heróis soviéticos que morreram na defesa de Budapeste, durante a 2ª Guerra Mundial, assim como é óbvio que a maioria de extrema-direita e de direita que se encontra no centro das manifestações é um sinal claro de um nacionalismo exacerbado que sempre existiu, e que apenas agora se está a voltar para uma violência real. Num teor mais cómico, é de avisar os húngaros para irem com calma: se de cada vez que o nosso primeiro-ministro nos mentisse nós puséssemos fogo a tudo, o que restaria em Portugal para arder? É o mal destas democracias jovens, tão ingénuas, tão ingénuas...

Numa imagem que vi no "Público", o brasão dos reis católicos oficialmente presente na bandeira húngara foi substituído, nas bandeiras empenhada spelos manifestantes, pela delimitação geográfica habitualmente designada por "Grande Hungria", que representa os territórios retirados ao espaço magiar do final da 1ª Guerra, e sinal máximo de humilhação sofrida pelo país, segundo os seus habitantes, que condenou várias minorias húngaras a viver espalhadas por outros países; e ainda há esperança, nalgumas pessoas, de recuperar esses territórios, havendo noutras uma profunda raiva por tê-los perdido, culpando toda a gente desde os romenos até aos ocidentais. A Hungria, pude constatá-lo pessoalmente, é uma estranha mistura de ingenuidade histórica, atitude a tocar a xenofobia relativamente aos vizinhos e um estranho ódio recalcado. Talvez seja por isso que a HUngria foi, durante muoto tempo, o país com maior taxa de suicídios da Europa.

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